Depois do cenário negro que aqui partilhei na última crónica, tentei reagir. Comecei a pensar onde era o próximo jogo e cheguei à conclusão que não poderia estar no Bonfim por compromissos profissionais. Um concerto na Sala Tejo da Altice Arena ia anular a minha ida a Setúbal e obrigar ver o jogo na televisão. Mas estava tão em baixo que nem pensei muito no sábado.
Depois veio a Gala e ouvi o Ferro, o Pizzi e Bruno Lage a falarem em dar a volta, recuperar e acabar com o mês terrível. Entusiasmei-me e fui ver horários. Afinal, o jogo até era cedo, isto bem organizado dava para ir ao Bonfim e sair a correr para o Parque das Nações e ficava com um sábado bem preenchido.
Tudo certo, entrada cedo no Estádio para evitar as famosas filas do Bonfim. Tempo suficiente para olhar à volta e concluir que só o Benfica me faz ir a recintos destes. Se há estádio onde está tudo mal neste campeonato, é este em Setúbal. Até as escolha dos equipamentos me deixa desconfortável.
Mas o que interessava era a bola rolar e ver o Benfica, finalmente, reagir e voltar a jogar bem até conquistar os 3 pontos.
A primeira parte foi passando e aquele sentimento de revolta e frustração que se tenha alojado no final do jogo com o Moreirense vai reaparecendo silenciosamente. Afinal, tanto discurso e o futebol voltou a ser o mesmo, para não dizer ainda pior. A primeira parte do Benfica em Setúbal não tem qualificação possível. Se era aquela reacção que os jogadores queriam mostrar, então podiam ter avisado que era só mais do mesmo. Tudo lento, tudo sofrido, tudo previsível. Parece outra equipa.
Lage optou por tirar Weigl do onze, para tristeza de um grupo de alemães que estavam no sector visitante com uma bandeira do Dortmund, deixou Rafa no banco e apostou em Cervi e Samaris. Chiquinho voltou a ser chamado a segundo avançado. E o resultado de tudo isto é apenas e só mais do mesmo. A equipa está em falência técnica de ideias perante o espanto e desespero dos seus adeptos que mesmo assim enchem o espaço deles e apoiam do principio ao fim. Nem Adel a driblar, nem Vinicius a ser lançado, nem livres, nem cantos, nada.
Nestas alturas de desespero temos que nos agarrar a qualquer coisa, neste caso foi o facto da equipa atacar agora para o nosso lado que ia dar melhor resultado. Temos marcado naquela baliza, vai correr melhor.
Arranca a 2ª parte, toda aquela curva vermelha no Bonfim a acreditar que ia ser uma inspiração para os ataques do Benfica e o que acontece é o golo do Vitória! Surreal.
Dá-se uma rápida reacção que leva à conquista de um penalti. Pizzi assume e marca. Benfica continua por cima e volta a marcar mas o golo é anulado por fora de jogo. A questão é: porque é que só depois de sofrer um golo é que a equipa começou a jogar assim?!
Aos 76' novo penalti. Pizzi volta a assumir. Escolhe o lado contrário e falha. Porque é que a marca de penalti é uma ilha de areia, não sei responder mas o Pizzi já tinha a experiência de ter marcado o primeiro.
Até ao fim foi reviver tudo de novo. Uma espécie de pesadelo sem fim. O futebol do Benfica bloqueou e não há forma de vermos o futebol que queremos.
Mais um angustiante empate que nos mostra que não é com palavras e promessas que se sai deste buraco que têm sido as exibições do Benfica.
Isto tudo só não é ainda mais dramático porque o líder tem uma atracção misteriosa pelo abismo que faz com que não descole. E, portanto, adiamos mais uma semana este sofrimento.
Para a próxima semana, o Porto vai a Famalicão e o Benfica recebe o Tondela. Animador? Devia ser mas uma pessoa pensa no que tem sido o futebol do Benfica nos últimos tempos e assusta-se.
Nova oportunidade para mostrar alguma vontade de mudar este negro cenário, para todos. Para a equipa técnica e para os jogadores: Reajam a sério!
O Benfica foi ao Bonfim com escassas possibilidades de chegar à Final Four da Taça da Liga. Um cenário que, por ironia do destino ou dos sorteios, era tirado a papel químico do no 2017 quando o Benfica foi fechar o ano no mesmo estádio e encerrar a sua participação na terceira competição do calendário português.
Na altura tive oportunidade de ir a Setúbal assistir ao jogo e vibrar com a roleta do João Carvalho e com o primeiro golo do Rúben Dias na equipa principal do Benfica. Nesse jogo o resultado foi 2-2 e só serviu para cumprir calendário.
Desta vez, a remota hipótese que o Benfica tinha em ser apurado resumia-se a esperar que o Vitória de Guimarães não ganhasse em casa ao Covilhã. Ora, sabendo-se que a fase final será jogada no cenário mais apetecível para os vimaranenses se imporem, em Braga, era óbvio que o Vitória ia cumprir a sua obrigação.
Mesmo assim, demorou mais de uma hora a chegar a notícia da vantagem da equipa de Ivo Vieira, tendo o Benfica aproveitado para cumprir também a sua parte e colocar-se em vantagem. Golo de Raul de Tomas que ainda deu alguma emoção a esta cinzenta competição. Depois lá veio a esperada notícia dos golos dos minhotos e aí o golo de Jota já só serviu de fraco consolo, tal como já tinha acontecido na Covilhã. O Vitória de Setúbal aproveitou a desmotivação alheia para empatar o jogo com dois golos inesperados, o primeiro com Zlobin a facilitar e o segundo de Guedes a desafiar todas as leis da precisão de um remate. Bem a equipa de Setúbal a mostrar uma personalidade completamente diferente daquela que mostrou na Luz há umas semanas quando era treinada por Sandro e tinha Acácio Santos a explicar à imprensa que o processo da equipa era óptimo. Está muito bem entregue a equipa a Julio Velázquez que mostra um futebol bem mais digno.
Desta vez não pude ir ao Bonfim, se tivesse ido dava a viagem por bem empregue só de ver aquele golo do puto Jota. Por falar nos golos, vamos já esclarecer aqui uma coisa importante: "bater" no Jota e no RDT porque não festejaram os golos de maneira efusiva é só mais um triste episódio da malta que faz a famosa confusão entre exigência e "demência".
O RDT marca um golo depois de aproveitar um mau passe do defesa contrário, não tem sido titular, a primeira época fora de Espanha não lhe está a correr bem e ia festejar loucamente um golo na Taça da Liga? Se não o fez em plena Champions depois de um golaço na Rússia ia fazer ali?!
E o Jota que assina um golão no meio de uma exibição que nem a ele o estava a convencer, sabendo que o Vitória já estava apurado e reparando que só está a conseguir marcar em alturas em que já não chega para ajudar a equipa. Teve o cuidado de agarrar o emblema e beijá-lo no meio daquele contexto.
Se ambos festejassem iam ser criticados por serem tolinhos e andar a festejar golos que não servem para nada na competição menos importante da época. Isto não é nada fácil de lidar, chiça!
Só para concluir esta não questão deixo o meu exemplo a título pessoal. Raramente festejo um golo de maneira exuberante ao longo da época. No jogo com o Estoril a seguir à derrota em casa com o Porto com aquele golo do Herrera, o Benfica ganhou com um golo do Salvio perto do fim. Nem me mexi. Só senti alivio por cumprirmos o mínimo mas já tinha interiorizado que a derrota no clássico tinha comprometido o campeonato. Isto é criticável? Não é. Como também não é lógico criticar quem festejou, a começar por jogadores e staff no relvado. É uma não questão.
O Benfica termina esta fase de grupos com três empates. Já na época passada só conseguiu chegar à fase final com um golo de Seferovic perto do final da partida na Vila das Aves. O pior veio depois. Eu senti que não somos bem vindos naquela Final Four de apuramento de Campeão de Inverno numa semana de festa do futebol com um circo montado em Braga com a Liga Portugal a mostrar ao país como é bonito o futebol português. Demasiado artificial para mim. Tão artificial que nem me esforcei para viajar a meio da semana e ver a meia final ao vivo. Desconfio daquele show off todo. Acima de tudo, não tenho memória curta e aquilo que vi no Porto - Benfica dessa noite em Braga ainda hoje incomoda-me. Repito, deu para sentir que não somos bem vindos aquele evento.
Tenho toda a moral para falar da Taça da Liga porque no arquivo vão encontrar muitos textos em que sempre defendi que o Benfica tem que levar a sério a prova e vencer para continuar a somar taças no seu rico Museu Cosme Damião. Quando lhe chamavam Taça da Cerveja, Taça da Carica, Taça Luicilio, quando se diziam aliviados de sair da prova antes do final para não terem desgaste, o Benfica sempre prestigiou a prova. A Taça da Liga cresceu, ganhou dimensão e evoluiu muito graças às sete finais que o Benfica venceu.
Mas a Liga Portugal não soube aproveitar e cimentar a prova. Não soube ou não conseguiu dar o passo final definitivo para que a competição se impusesse com importância no calendário nacional. As mudanças que foram feitas estragaram a ideia inicial e o formato encontrado é do nível do terceiro mundo.
O facto do vencedor da Taça da Liga não ter acesso a uma prova europeia mata à nascença o interesse de quase todos os clubes que lutam por essa possibilidade. A calendarização da prova é absurda. Os primeiros jogos só servem para despachar clubes mais pequenos que ainda nem acabaram a pré temporada e avança-se para um sorteio de fase de grupos que é uma mal disfarçada selecção da natureza à espera que os três clubes de sempre confirmem a presença na tal Final Four. Tudo se faz para que Benfica, Porto, Sporting e Braga estejam nas meias finais. É embaraçoso e pequenino.
A competição nasceu com boas intenções, dar tempo e espaço aos mais jovens de aparecerem num nível competitivo mais interessante. Mas, entretanto, foi criado um campeonato de Sub-23 e há as equipas B a jogarem na segunda Liga profissional. A Taça da Liga perdeu-se neste contexto e mantém um regulamento tão labiríntico que faz com que o público desconfie se aquilo é tudo cumprido. No ano passado tivemos aquele caso do Porto no Jamor, agora temos o Portimonense a protestar um jogo. Para trás temos imagens desoladoras de estádios vazios com jogos a horários idiotas desde o verão até agora. Guardo com um certo carinho as imagens de um resumo de um jogo em Barcelos que devia ter umas 100 pessoas envolvidas, já a contar com as equipas.
O Benfica deixou claro nesta última semana as suas prioridades. Em relação ao jogo da Taça de Portugal com o Braga, Lage manteve Tomás Tavares no 11. E Zlobin. Mesmo assim, com a chamada segunda linha o Benfica tem que ganhar, isso tem que ser uma obrigação. Mas não deu, em especial naquele jogo com o Vitória de Guimarães na Luz, onde ficou claro que não ia ser fácil fazer mais dois jogos em Janeiro. Lá está, depois recordo-me da nossa última presença na Final Four e não consigo ficar demasiado frustrado.
O Carlos Carvalhal tem toda a razão quando diz que isto é para os que precisam de ganhar a vida. Ele e o Rio Ave são a imagem mais simbólica do que é a Taça da Liga actualmente, uma aberração forçado que quer escolher a dedo finalistas e vencedores. É bom para quem precisa disso para ganhar a vida. Ele não precisa e acha que foi ultrapassado um risco demasiado perigoso. Quer bater com a porta. Fica a perder o Rio Ave, fica a perder o futebol português porque o Carlos Carvalhal é do lado bom que ainda há no futebol.
A Liga Portugal no passado mês de Janeiro não pareceu nada incomodada com outro roubo que aconteceu no clássico do Minho. Este ano não vai ter o Benfica e a sua gente para acenar com fan zones e vendas de bilhetes. Vão continuar sem conseguir encher a Pedreira. Ficam a perder como todas as organizações perdem quando não têm o clube que mais gente arrasta presente.
Disse-o em Janeiro, repito agora, esta competição deixou de fazer sentido, por tudo o que expliquei e argumentei atrás, e só a Liga Portugal parece não se importar com isso. Continuam apenas e só preocupados em transformar um semana de Janeiro numa festa tosca, artificial a que juntam o ridículo título de campeões de inverno a uma competição que é uma mão cheia de nada. Mas é sempre divertido ver os que mais desprezaram a prova, os que lhe chamaram os nomes mais imaginativos a festejarem loucamente a sua conquista. Ainda vai dar para ver o único clube, do grupo dos protegidos no formato da prova, que não conquistou o troféu a quebrar essa falha e a festejar como se não fosse um alivio ser corrido a meio da competição.
Uma palavra final para o Vitória de Guimarães que não tem culpa nenhuma deste lodo todo e conseguiu o apuramento de forma bem justa. Que consigam dar uma alegria maior à sua legião de adeptos que bem merece.
Aos 83 minutos de jogo, cartão amarelo para Odisseas Vlachodimos. O guarda redes do Benfica é advertido por demorar tempo a repor uma bola em jogo. Makaridze, o guardião do Vitória terminou o jogo sem ver nenhum cartão. Isto depois de ter passado os primeiros 64 minutos, mais de uma hora de jogo, sem pressa nenhuma em jogar futebol.
É daqueles momentos que vou guardar com carinho no final deste campeonato.
Também posso trazer para a discussão as diferenças entre a entrada de Masilla sobre Rafa e a de Taarabt sobre Zequinha.
Isto para dizer que o árbitro Tiago Martins não veio à Luz para mostrar desacerto, falta de talento ou incompetência. Tiago Martins veio à Luz para provocar e atrapalhar. Não foi por acaso que conseguiu ser o elemento que mais influenciou as reacções das bancadas.
Foi só mais uma pedra no caminho do Benfica. A tarefa já era complicada, o golo tardava em aparecer e tudo somado foi mais uma noite de grande sofrimento para a nação benfiquista que acabou bem com os três pontos conquistados, ou seja, o mais importante foi feito.
Já se percebeu que a equipa do Benfica entrou numa fase mais desinspirada com muita dificuldade em resolver jogos teoricamente mais fáceis. Foi assim com o Gil, foi assim em Moreira de Cónegos e voltou a ser assim nesta recepção ao Vitória de Setúbal. E só estou a falar de jogos da Liga porque é o que interessa para esta análise.
Bruno Lage está a sentir isto mesmo e hoje optou por uma mudança relevante. Desfez a dupla de ataque, Tirou RDT e lançou Gedson naquela posição.
A ideia era boa mas não entusiasmou. Contra um Vitória FC de carácter defensivo a solução não teve efeitos imediatos. Depois, confirma-se o eclipse exibicional de Pizzi e com isso a falta de profundidade no jogo exterior da equipa, o que leva para opções mais interiores, previsíveis e fáceis de contrariar. Mais uma vez, foi Rafa a dar um toque extra de qualidade no futebol do Benfica.
Com uma primeira parte cinzenta e uma segunda a prometer muito sofrimento, foi do banco que veio a solução. Vinicius entrou e marcou, justificando a aposta do clube, Gabriel tinha entrado para o lugar de Fejsa e adiantou a equipa no terreno. A Luz suspirava de alivio e virava-se para o árbitro que ia ganhar maior protagonismo a partir daqui. Os mais de 53 mil adeptos na Luz perceberam a importância do momento e manifestaram-se com um carinhoso apoio à equipa enquanto reagia revoltada com decisões provocadoras de Tiago Martins.
O Vitória acreditou que podia reagir e largou a postura mais defensiva para se lançar em ataques, especialmente depois da expulsão de Taarabt.
O Benfica resistiu e segurou mais uma vitória muito importante. Sem empolgar, longe das grandes exibições mas a conseguir ganhar jogos que não correm tão bem. Vai recuperando gente como Gabriel e Vinicius, o que são boas noticias.
Hoje o desafio era maior do que bater o Vitória, resistir à condução de jogo de Tiago Martins também foi um importante obstáculo. No fim do dia são 3 pontos, missão cumprida..
Passo já a explicar o titulo da crónica. Quando João Félix fez o seu golo e correu para o irmão lembrei-me de uma canção dos Sham 69 que diz "If The Kids Are United, Then We'll Never be Divided". Uma das músicas que mais ouvi, certamente.
Só um momento muito especial, uma imagem muito forte, é que faria com que eu fosse buscar este tema na minha memória.
Vivem-se noites de magia na Luz, João Félix tem tornado tudo muito mais especial e continua a coleccionar momentos e imagens para a eternidade com uma naturalidade impressionante!
O Benfica anda a transformar períodos de tensão em celebrações divinas.
Isto porque estamos na recta final daquilo que é uma corrida a dois mas não da maneira que nos querem vender. Oiço e leio por aí que a Liga está a ser decidida como se fosse uma renhida corrida de formula 1 com os carros lado a lado até ao momento final. Não concordo. A impressão que tenho é mais de um contra relógio ao mais alto nível do ciclismo. Há um rival que já fez o seu trajecto sem falhas e o Benfica está a 5 Km de completar a sua parte. Só que já sabe que não poderá falhar uma pedalada que seja, sob pena de perder a corrida. É que o concorrente está descansado na meta à espera de um tropeção. É ver o que tem sido os jogos do Porto neste campeonato, até o insuspeito Rui Santos acha que levam 10 pontos a mais...
Com este cenário, ao Benfica só resta ter a concentração máxima nos seus jogos e fazer o que Bruno Lage tem dito desde aquela vergonhosa meia final da Taça da Liga, foco naquilo que podemos controlar, ou seja, o nosso futebol.
Nesse aspecto, o momento é prometedor. Depois dos 1-4 em Santa Maria da Feira, dos 4-2 ao Eintracht na 5ª feira, nova chapa 4, agora ao Vitória de Setúbal.
É prometedor porque na última vez que o Vitória FC veio à Luz numa recta final de campeonato, perdi uns anos de vida com aquele triunfo por 2-1 com Pizzi a desafiar o 2-2 que, felizmente, não apareceu.
Desta vez, o Benfica esteve sempre na frente e marcou logo no arranque da partida. Grande jogo de João Félix, de Florentino e de Rafa. Todos os jogos há um conjunto de jogadores a aparecerem mais fortes e inspirados que guiam a equipa para os resultados pretendidos. Claro que ainda há a destacar o jogo de Seferovic, que marcou e de todos os que ajudaram a conquistar os 3 pontos.
Pizzi ficou marcado pelo penalti que não conseguiu converter, Ruben Dias fez um penalti desnecessário, Ferro não teve a sua melhor noite e Samaris esteve um pouco abaixo da noite europeia mas todos foram importantes para controlar a vantagem e construir um resultado que permitisse uma noite mais tranquila do que seria de esperar.
Regresso ao tema "If The Kids Are United" para realçar, com tristeza, que continuamos a ter um ambiente muito estranho na Luz. Os putos Félix deram o exemplo de união, a equipa toda dá o mesmo exemplo quando se trata de celebrar golos mas isto não se reflecte nas bancadas. Absolutamente deprimente a assobiadela prestada à equipa, pior do que isso, a um miúdo como Florentino, antes do intervalo com a equipa a vencer por 2-1. Inexplicável. Isso não é exigência, é demência, meus caros.
E depois, antes dos 60 minutos, ver Bruno Lage a pedir apoio a umas bancadas adormecidas é embaraçoso. O que é que se passa?! Não percebo em que ponto é que a Luz se transformou num espaço assim. Esta plateia não mereceu aquele desarme do "Tino" que acabou em golo. Desculpem mas não merece mesmo. Talvez por saberem isso, a maioria dos espectadores vira costas ao jogo 10 minutos antes do seu final, completamente desinteressados da possibilidade de mais um golo ou de uma possível calorosa ovação já depois do jogo terminado que conforte os nossos jogadores para as cinco finais que faltam. Nada disso, quando a equipa se junta no relvado para agradecer ao público já só deve lá estar 20% da assistência anunciada uns minutos antes nos marcadores da Luz. Deprimente.
Mais uma prova superada, uma vitória justa, segura e relativamente tranquila que nos deixa optimistas para o que falta jogar.
Está na hora de assumir que odeio o Estádio do Bonfim. A primeira vez que lá entrei foi na década de 80 e já cheirava a mofo. Era uma viagem aos anos 60, pelo menos. Em 2018 a sensação é exactamente a mesma, mesmo porque o recinto continua inalterado.
As longas filas para entrar, os acessos, as cadeiras, as bancadas, o ódio que se sente na gente da casa, a maneira exageradamente agressiva com o Vitória sempre joga contra o Benfica. Hoje tinham 13 faltas cometidas ao intervalo. Na recepção ao Porto fizeram 13 falta durante o jogo todo!
Tudo é mau naquele estádio. O relvado, o frio, o vento, a visibilidade, a distância para o terreno de jogo, tudo é mau. Então porque é que insisto em lá ir? Mais... Como é que é possível que este seja um dos estádios onde mais entrei na vida para ver o Benfica?
Porque, geograficamente, fica muito perto de casa. Porque é dos raros recintos abaixo do Rio Tejo que temos para ver o Benfica. Porque se junta sempre uma turma de amigos e companheiros de bancada para apreciar a gastronomia sadina. Hoje não foi excepção, excelentes doses de choco frito a um preço muito acessível numa espécie de lanche ajantarado.
E para ver o Benfica acabamos sempre por esquecer todas as contrariedades que o Bonfim oferece. Pelos vistos, até ataque ao autocarro do Benfica houve. Bons exemplos que os sadinos importam.
Esta noite, ao entrar no Estádio do Vitória houve a sensação de sempre, daquela viagem no tempo. Mas com o desenrolar do jogo percebi que, desta vez, era uma viagem aos dourados anos 90. Que arbitragem foi esta?!
O Mendy fez 8 faltas e não viu um amarelo. Pizzi fez uma falta, levou um amarelo. Almeida também levou amarelo à 3ª falta. O Mano faz uma falta que trava um perigoso ataque do Benfica e não leva o segundo amarelo. Enfim...
Mas o meu lance favorito é aquele golo do Zivkovic em que é assinalado fora de jogo quando ele arranca antes do meio campo. E o Vitória marca essa falta com a bola para lá da linha do seu meio campo. Delicioso.
Eu também quero muito ver o Benfica a jogar um grande futebol, a vencer fácil e a dar espectáculo. Curiosamente, em Setúbal raramente vi tal coisa acontecer na minha vida desde os anos 80. Aliás, quando vou para o Bonfim vou mentalizado para sofrer e só peço para ganhar nem que seja só por 0-1 com um golo de Jonas. Está óptimo.
O Benfica podia e devia ter saído de Setúbal com um resultado mais tranquilo mas por não ter conseguido concretizar, Rafa, Grimaldo e Zivkovic, por exemplo, não tiveram sorte nenhuma nas finalizações, a equipa acabou a defender a magra vantagem com Odysseas a negar o empate ao 88'. Altura em que o Vitória foi realmente perigoso, a dois minutos dos 90!
São 3 pontos conquistados num terreno tradicionalmente complicado contra uma arbitragem incrível.
Já tivemos más noites em Setúbal ao longo dos anos. Hoje o desfecho foi bom. Mas, por exemplo, no Jamor uma noite desinspirada custou logo uma derrota penosa. O líder da prova já ameaçou ter noites más, como essa, mas há sempre alguma coisa a endireitá-lo. No Bessa foi um penalti ignorado, em casa contra o Portimonense passou-se de um possível 0-2 para um triunfo de 4-1 com outro penalti esquecido. Assim fica muito fácil. Muito fácil mesmo. Que Braga e Sporting finjam que estão mortos quando deviam reagir a isto, é lá problema deles. O Benfica não se pode calar. É que voltar aos anos 90 é como ir ao Bonfim, cheira sempre a Mofo e já sabemos com o que contamos.
O caro leitor deve estar a estranhar a imagem que ilustra esta crónica. Aviso, desde já, que não está preparado para esta pequena história.
Ora, o que vemos aqui? Este é o cenário que quem está na bancada Superior Sul do Bonfim vê ao olhar de dentro do Estádio para fora. Trata-se de uma igreja que está ali mesmo ao lado. Chamo a atenção para os objectos redondos brancos. São três.
A meio da segunda parte já tinha entrado naquele período desesperado de começar a andar de um lado para o outro na fila mais alta da bancada e pensar a que minuto é que a angústia ia passar. Enquanto os jogadores do Vitória não marcavam um livre vi três pratos de plástico no chão e resolvi pegar neles. O jogo recomeçava e a bola sai de campo com reposição novamente para a equipa da casa. Em sinal de irritação lancei os pratos para fora do estádio sem me preocupar mais com aquele momento.
Pouco tempo depois um companheiro de bancada chama-me e aponta para os pratos que estavam como a fotografia documenta. Diz ele: já viste como ficaram os pratos? Incrível, dois equilibrados no telhado e um no chão. Sabes o que quer isto dizer? Está feito! Está limpo! Um no chão , dois no telhado, vamos ganhar 1-2!
Ri-me e voltei a olhar para o relvado na esperança que aquela inesperada macumba tivesse efeito rápido na equipa. Salvio deu um sinal quando se isolou mas finalizou por cima. Até que aparece o penalti. Nervos, muitos nervos, quando Raul parte para a bola. Festa total na bancada com o golo. No meio da euforia quem aparece? o Companheiro com ar deliciado a apontar lá para fora. Eu nem percebi o que era até que ele se aproximou e apontou para os pratos a gritar: Estás a ver?! Eu não disse?!
Há muito tempo que não abraçava assim um companheiro de luta desconhecido até aquele momento.
Ou seja, há toda uma multidão espalhada pelo mundo empenhada em estudar o jogo desenvolvendo teorias sobre estatísticas do jogo, sobre planos científicos de treino, sobre aplicação de estratégias e tácticas para depois vir um gajo de Lisboa para Setúbal lançar uns pratos de plástico na bancada e resolver o jogo.
Estes delírios colectivos dentro dos 90 minutos que nos movem semana a semana são fabulosos.
Sobre o jogo, deve ser isto a que chamam estrelinha de campeão. Vitória arrancada a ferros numa exibição com pouca inspiração mas muita transpiração.
O facto de Jonas não ter ido a jogo criou um ambiente de tensão extra ao jogo mesmo antes deste começar. Hoje percebeu-se a tal influencia que Jonas tem na equipa além dos golos. É ele o elo mais forte de ligação entre as dinâmicas da equipa. Sem dúvida nenhuma que faz toda a diferença irmos com o "10" ou não irmos. A equipa ressentiu-se, o jogo atacante nunca saiu fluido, nem natural, nem convincente.
Ironia das ironias, quem resolve a partida é Raul Jimenez ao empatar com um golo ao segundo poste após cruzamento de Rafa e ao marcar o tal penalti. Não é a mesma coisa jogar com o brasileiro ou o mexicano mas ambos apresentam qualidades muito importantes que nos permitem ganhar jogos.
Não foi bonito nem entusiasmante? Talvez não mas lembro jogos parecidos em rectas finais de campeonatos que acabaram bem para nós, nomeadamente um jogo na Luz com este mesmo Vitória que também começou com um golo cedo dos sadinos e ia acabando mal com um atraso de Pizzi mal calculado. Tal como hoje, saímos desse jogo esgotados emocionalmente.
Vitória importantíssima.
Uma nota para o repasto pré jogo. Desta vez, reuniu-se à mesa gente vinda do Minho, do Porto, do Algarve ou de Lisboa. Nem todos se conheciam, novas amizades se fazem e todos unidos por um motivo superior, o Sport Lisboa e Benfica. Grande almoço no restaurante O Miguel em Setúbal. Entradas óptimas, ovas, salada de polvo, queijo, choco. E pratos à altura, nomeadamente os filetes de peixe galo com açorda. Saciou a fome até ao regresso a casa. Uns com viagens mais longas do que outros e apenas com uma certeza, para a semana todos fazemos outra vez o mesmo caminho para ver o Benfica jogar.
Esta é a força que nenhuma saraivada nem num jota marques conseguirá entender ou obter para os seus lados. É a força única do Benfica que já está imune às azias pós jogo e com foco no próximo.
João Carvalho faz uma recepção magistral já em plena área do Vitória. Perto da linha de fundo rodopia sobre adversários e num ápice mágico fica virado para dentro de campo podendo assistir na perfeição Seferovic que fez golo. Toda a magia de João Carvalho aconteceu ali à minha frente a uns metros da nossa bancada. Lembrei-me logo daquela roleta do Miccoli contra o Beira Mar na Luz. Também à minha frente.
Porque é que vi as duas? Por sorte? Não. Por convicção. Por exemplo, o que me fazia ir ver um Beira Mar à Luz na altura do Miccoli? O italiano nunca foi campeão pelo Benfica, nunca ganhou nada pelo Benfica, que me lembre. Mas faz parte do imaginário dos adeptos aquele momento mágico contra o Beira Mar. Quantos estavam na Luz? Estavam aqueles que consideravam que era digna a sua presença num jogo oficial do Benfica.
Tal como ontem no Bonfim. Aquela bancada reservada a visitante estava mais bem composto do que em 80% dos jogos para o campeonato que ali se disputam.
Já não contava para nada? Está bem, e então? Quantas vezes em tantos anos que acompanhamos o Benfica já vimos jogos oficiais do Benfica que não contavam para nada? Eu vi muitos. E vivo bem com isso.
O que não entendo é a pergunta: Tu foste a Setúbal?!
Fui. E vi o Ruben Dias a marcar um golo pelo Benfica. Aquele momento que esperava há vários anos depois de o ver evoluir em todos os escalões de formação que a BTV acompanhou. Ontem foi noite do menino cumprir o seu destino. Gostei muito de estar lá para o aplaudir. Tal como aplaudi a magia do João. Momentos que já valeram a viagem.
Por muito que queiram convencer-me que nós, os que fomos ao Bonfim, é que somos os malucos, não vão conseguir.
Hoje em dia tudo é muito claro. Há uma realidade simples e clara, ir ao estádio e ver a equipa de que gostamos. Depois, há outra realidade, bem mais popular actualmente, que é ficar agarrado às televisões, às redes sociais, às notificações dos smartphones e reagir euforicamente ao maior e mais vergonhoso ataque de sempre concertado entre dois clubes e a maior parte da comunicação social contra o Benfica.
Sim, nós comprámos os jogadores do Rio Ave, sim nós comprámos cinco, ou mais jogos, nos últimos anos. E a seguir vão descobrir que comprámos o Bryan Ruiz, e o Marega e todos os jogos dos últimos 4 campeonatos e corrompemos todas as 12 competições que vencemos das últimas 16 em disputa. Isto enquanto o Sporting soma mais não sei quantos campeonatos ganhos por magia e o Porto vence o prémio nobel da gestão desportiva da UEFA. Eu vivo bem com isto tudo porque prefiro ir ao Bonfim ver o João Carvalho e o Ruben Dias a brilharem num jogo que não conta para nada. Porque vou com a mesma vontade com que fui ver o Basileia na Luz. É a mesma motivação que me fez ir a Vila do Conde ver o Benfica no tal jogo que nós comprámos. Tive oportunidade de ver como foi fácil vencer esse jogo.
Enquanto tiver vontade de ir ver os jogos, vivo bem com isto tudo. O João Carvalho entende-me.
Se não se importam, vou voltar ao outro jogo com o Vitória F.C., aquele para a Taça de Portugal onde levantei várias questões que ninguém quis discutir nem responder. Não só ninguém quis discutir como, cada vez mais, o espaço de comentários deste blog se tornou um convite a insinuações e insultos que me levou a tomar a decisão que mais à frente explicarei.
O Vitória de Setúbal voltou à Luz, agora para o campeonato, insistindo em usar o seu equipamento alternativo. Desta vez, confundia-se com o escuro dos equipamentos do árbitros. A resistência em usar o equipamento tradicional escapa-me.
Além das questões que levantei no anterior encontro acrescento uma curiosa história dessa partida. Quando os responsáveis sadinos perceberam que as cores do seu guarda redes confundiam-se com o equipamento do Benfica, resolveram a questão enviando um carro a Setúbal para trazer um equipamento de outras cores. Isto, durante o jogo para que na 2ª parte o guardião pudesse fazer a troca. É assim o futebol português. Deve ser destes pormenores que Couceiro se queixou na conferencia de imprensa depois do jogo.
Por outro lado, o treinador vitoriano insistiu na rábula de quebrar a tradição ao Benfica de atacar primeiro para a baliza norte.
Couceiro, já percebemos que no Vitória F.C. está tudo descontrolado, nem Presidente há, e mostram o belo exemplo nos equipamentos que preferem usar. Mas com o Benfica, isso de quebrar tradições, costuma resultar mal. Foram afastados da Taça e hoje levaram um cabaz jeitoso para Setúbal. Sendo que a maioria dos golos até foi na baliza norte, mais perto do banco de Couceiro e de Edinho que tanto prometeu antes do encontro da Taça de Portugal.
Não tenho pena nenhuma do Vitória F.C. depois disto.
Apesar dos adeptos sadinos mostrarem todo o seu ódio para com as cores benfiquistas sempre que recebem o Benfica no Bonfim, na Luz há espaço para cachecóis do Vitória em plena bancada central. Sem dramas e para memória futura:
O Benfica hoje alcançou a sua 6ª vitória seguida em provas internas. Desde o empate do Funchal que a equipa da Luz ganhou todos os jogos. Ora, como o Porto perdeu pontos em Aves (onde o Benfica venceu por 1-3) o mês de Novembro termina com o tetra campeão a 3 pontos do 1º lugar. Para uma equipa que foi dada como morta e enterrada até nem está mau este cenário na Liga NOS, convenhamos.
Mas nem esta goleada por 6-0 mostrou uma equipa perfeita, nem as exibições mais apagadas em resultados anteriores, bem mais curtos, revelavam um drama tão profundo que se traçou.
Quem chegou até esta parte do texto é porque está mesmo interessado em o ler e, por isso, deixo aqui uma explicação importante que só os leitores mais fieis merecem.
Nos últimos tempos, toda e qualquer crónica é motivo para vários comentários desagradáveis entrarem no blog. Nem falo dos (bem) pagos rivais que enchem o espaço com comentários imbecis de teorias orquestradas. Falo dos vários benfiquistas que acham que têm o direito de insultar e fazer juízos de valor só porque respiram. Estão enganados em tudo.
O facto de eu colaborar com a BTV não me retira o discernimento para escrever as minhas crónicas. Eu publico crónicas desde 2003 na internet. Já tive outras páginas antes de 2009, altura em que abri este Red Pass. Não me lembro de ter assinado um único texto que fosse encomendado ou condicionado. Já passei por ciclos muito negativos na vida do Benfica em que escrevi que acreditava que a situação ia melhorar, já aconteceu estarmos em senda vitoriosa e eu publicar textos desconfiados. Até já aconteceu ter estado uma época inteira sem escrever nada depois de tudo perdermos, vejam lá. Ah, e nessa altura não estava exposto na BTV.
Convém lembrar ou esclarecer que colaborar com o canal do clube não é a mesma coisa que ser funcionário do mesmo. Acho que se percebe a diferença. Eu comecei por ser convidado a dar os meus testemunhos num documentário chamado Vitórias & Patrimónios que teve mais de 100 episódios dedicados a todas as vertentes da vida do clube. Já agora, esse programa não foi produzido pela Benfica TV, foi uma produtora independente que o fez, e foi com eles que colaborei em vários episódios que ainda hoje vão passando em repetição na grelha do canal. Não tenho dúvidas que só fui convidado por ter um historial de crónicas e textos sobre o Benfica em blogues pessoais e colectivos desde 2003. Foi o único argumento válido para me convidarem e foi por isso que aceitei.
Depois, naturalmente, surgiram convites desde 2010, altura da gravação do documentário, para programas, esses sim na BTV. Aceitei sempre os convites para debates com outros sócios com blogues, para painéis de comentários, para análises pré e pós jogos, para um programa sobre o Mundial 2014. Isto sempre de uma maneira muito natural.
Como se sabe, sempre mantive o blog activo, sempre dei aqui as minhas opiniões e sempre fiz crónicas de jogos. É verdade que a colaboração com o canal passou a ser mais intensa e profissional a partir do momento que aceitei um convite para fazer um programa semanal, no qual tenho imenso orgulho, e que ainda se mantém no ar. A partir daí, acabei por ser solicitado para mais espaços do canal, convites que aceito sempre por achar que posso acrescentar qualquer coisa a nível de conhecimento, informativo e de memórias.Felizmente, esta ligação tem servido para testemunhar os maiores feitos do futebol do Benfica dos últimos anos. O inédito tetra à cabeça.
Não precisava de explicar isto, porque é público. Sempre confessei que estas crónicas não pretendem ser um espaço de discussão com ninguém, são apenas um exercício egoísta de documentar o que acho de cada jogo para minha memória futura. Uma espécie de dossier dos jogos do Benfica pessoal mas aberto ao público. Não me interessa se gostam ou não. Ninguém é obrigado a vir aqui ler. Ninguém me paga para publicar nada, portanto nem isto tem de ser lido, nem eu tenho de aturar gente imbecil. É muito simples.
Nos últimos três anos o Benfica tropeçou muitas vezes, perdeu muitos pontos, andou várias ocasiões longe do título, foi dado como morto inúmeras vezes e eu sempre dei a minha opinião. O melhor exemplo é a crónica de um 0-0 com o União da Madeira, que até figura no livro oficial do clube que assinala o Tri. Quase sempre recusei entregar-me ao derrotismo e ao drama. Tive sempre razão nos últimos três anos em quase todas as competições. Só que depois nos meses de Maio dos últimos anos nunca vejo ninguém chegar aqui e escrever nos comentários: desculpa lá o que te insultei durante a época, somos campeões, correu bem. Não, nunca ninguém reconhece que afinal havia um rumo que teve um bom fim.
Esta época ultrapassou todos os limites. Fizemos uma campanha miserável na Europa e eu nunca escrevi aqui que estivemos bem. Mas as reacções iam sempre no mesmo sentido. Coisas como "agora estás na BTV não podes dizer mal" aqui não pegam. Publico sempre a minha opinião, seja depois de levar 5 em Basileia, seja depois de dar 6 ao Vitória. O que as pessoas não podem esquecer é que o autor desta página tem muitos anos de ver o Benfica. Pago as mesmas quotas mensalmente desde Maio de 1984, mantenho o meu lugar cativo em dia época após época, vejo os jogos na Luz na mesma bancada há muitos anos e vou atrás do Benfica por esse país, e Europa, fora sempre que posso, sem favores de ninguém. A novidade aqui é: O Benfica não nasceu com os routers e modems. Já houve muito Benfica vivido antes da Internet. Pensem nisso.
Por a minha vida profissional passar por uma colaboração com a BTV, que muito me orgulha, repito, não quer dizer que o Benfica seja a minha vida profissional. Não é mesmo. E por isso não estou para levar com palermas que julgam que tudo sabem e que todos podem insultar. Daí que tenha acabado aqui o espaço para comentários. Não me preocupa absolutamente nada o que acham ou deixam de achar. Só estou a ter deste desabafo no meio de uma crónica porque respeito muito todos os companheiros benfiquistas, e não só, que gostam de visitar este espaço e sempre respeitaram o que aqui foi publicado.
A nível pessoal ainda menos tenho para explicar. Basta dizer que fiz dois anos de casado no dia deste jogo e estive na Luz. Não é preciso acrescentar muito mais.
Enquanto eu achar que devo partilhar estas minhas considerações de cada jogo mantenho o blog. Reparem que não alimento o Red Pass para ganhar dinheiro com publicidade, não tem, nem mantenho nenhuma agenda, como se diz agora, com nenhum fim obscuro. Isto aqui são só textos subjectivos sobre cada jogo do Benfica. Assim tem sido desde 2003 no blog Terceiro Anel, assim continua a ser no Red Pass. Sem truques.
O Benfica ganhou po 6-0, Jonas passou os 100 golos pelo Benfica. Íamos ao Dragão para sair de lá com uns 8 pontos de atraso, podemos acabar a jornada com os mesmo pontos do Porto. Ou ficar a 3 ou a 6. Já não é o mesmo do que 8. Tem sido sempre esta a minha postura nos últimos anos. Nunca achei que estivesse tudo bem e perfeito mas não contem comigo para achar que está tudo mal. E não procurem aqui politiquices, polémicas, mails, arbitragens e afins porque esse nunca foi o meu campeonato, nem há de ser. Eu sempre me comprometi a falar do jogo, de futebol. O compromisso comigo sempre foi esse. Sei que falar só de futebol em 2017 não interessa a ninguém. Não faz mal, já encontrei um nicho de companheiros que tem a mesma teimosia que eu. Vivo bem com isto.
E agora só peço que mantenhamos o ciclo vitorioso interno.
Vou começar pelos pormenores que ninguém quer saber. Um jogo da Taça de Portugal no Estádio da Luz, o primeiro desta temporada. Ora, diz a regra, bem velhinha, que nesta competição em caso de semelhança nas cores dos equipamentos a equipa da casa muda o equipamento. Passei a minha vida toda a ver jogos entre Benfica e Vitória F.C. tanto no Bonfim como na Luz com os clubes a usarem as suas cores de equipamento normais. Aliás, em 2005 no Jamor o Vitória bateu o Benfica com as suas camisolas verde e brancas às riscas verticais.
Pois bem, expliquem-me lá qual é a necessidade de usar o equipamento alternativo. E se havia essa necessidade porque é que não foi a equipa da casa a mudar?
O mais engraçado é que com tanta preocupação em alterar as cores tradicionais, a equipa sadina conseguiu ir a jogo com um guarda redes equipado com cores que se confundiam com as camisolas do Benfica. Dizem-me que na televisão ainda era mais evidente do que no estádio. Tanto assim foi que Cristiano na 2ª parte aparece equipado de... amarelo!
Eu sei que sou um chato do caraças com estes pormenores, mas também gostava de saber o que aconteceu às quinas de campeão nacional nas mangas das camisolas do clube campeão? Não era costume na Taça de Portugal o "ovo" da Liga desaparecer para dar lugar às quinas de campeão numa manga? Agora, só vejo lá outro "ovo", o da Taça de Portugal, presumo que seja devido ao Benfica ser o actual vencedor do troféu.
Mistérios do futebol português que não interessam a ninguém mas que eu gostava muito de saber as respostas.
Para entrarmos no jogo mais uma curiosidade, o Vitória F.C. de José Couceiro não perdeu a oportunidade de trocar o campo obrigando o Benfica a jogar para sul na primeira parte. Fica registado.
Depois de uma paragem para as selecções definirem as suas posições no próximo mundial, a competição regressou a Portugal. A 4ª eliminatória da Taça de Portugal, 2ª para estas duas equipas, foi disputada na Luz e resultou no apuramento do Benfica para a próxima ronda.
Curiosamente, foi a Taça de Portugal a abrir um novo ciclo positivo para o Benfica nas competições internas. Desde o desafio no Algarve com o Olhanense que a equipa de Rui Vitória só soma triunfos. Foi ao norte bater o Aves e o Vitória de Guimarães, ganhou ao Feirense em casa e agora confirmou o ciclo positivo com mais uma vitória. O próximo desafio interno é uma repetição do encontro de hoje mas a contar para o campeonato e será bem diferente do que vimos hoje.
O Benfica apresentou duas ideias fortes para esta partida, a manutenção na aposta do 4-3-3 que deu bons sinais em Guimarães e uma janela de oportunidade para vários jogadores menos utilizados. Ao que se acrescenta mais uma estreia de um miúdo trabalhado no Seixal, o norte americano Keaton Parks que até fica bem ligado ao jogo por acção sua no 2º golo da equipa.
Portanto, o desenho táctico manteve-se, as individualidades mudaram. Varela regressou à baliza, curiosamente bem menos ansioso do que no começo da época, Douglas na direita, Grimaldo na esquerda, Luisão e Jardel no meio, isto na defesa.
No meio campo, Samaris, Pizzi e Krovinovic, nas alas Cervi e Rafa, na frente Jonas.
O Benfica venceu o jogo mas voltou a demonstrar uma atracção pelo perigo algo incompreensível, isto porque chega ao 1-0 de maneira natural. Após muita posse de bola, vários ataques, pressão alta, velocidade e oportunidades de perigo até chegar o golo. Um original canto batido por Pizzi com a bola rasteira que vai até Cervi, o argentino agradece e remata convictamente para golo.
Antes de Pizzi bater o canto, o capitão do Vitória, Nuno Pinto, não tirou uma bola do relvado que estava ao seu lado a atrasar a continuação do jogo. Irritou Pizzi e a bancada. Acabou por sofrer golo. O futebol por vezes bate tão certo.
Depois de conseguida a vantagem a equipa caiu na tal tentação de recuar, ceder a posse de bola e voltar a procurar o segundo golo. É estranho e tem acontecido regularmente esta época.
A tendência manteve-se na 2ª parte e só com as entradas de André Almeida, Raul e Keaton é que se sentiu sangue novo na equipa. Estar a vencer por 1-0 é sempre intranquilo e se pensarmos que nos últimos três encontros com o Vitória de Setúbal o Benfica só venceu um que acabou com um grande susto que podia ter dado um dramático 2-2, temos o cenário que justifica os nervos vividos nas bancadas da Luz.
Por falar em bancadas, nem 30 mil benfiquistas acharam que este cartaz, um duelo entre clubes que já venceram Taças de Portugal e Taças da Liga, com bilhetes a preços reduzidos, era digno da sua presença. Os outros aguardam confortavelmente pelo Jamor.
É verdade que a vantagem era mínima mas também não se pode dizer que o Vitória tenha estado muitas vezes perto do empate. Varela respondeu muito bem a uma oportunidade que podia ter dado o empate com uma finalização de um jogador do Vitória em flagrante fora de jogo. Depois veio o lance que os entendidos vão falar para sempre e até, quem sabe, fazer livros. João Amaral isolado tenta meter a bola entre as pernas de Varela, só que este consegue parar o remate fazendo a bola ressaltar para as suas costas onde já estava Jardel a aliviar. Enquanto se virava para chegar à bola envolveu-se com o jogador sadino que caiu. João Capela podia ter apitado penalti mas interpretou que Jardel já tinha resolvido o lance antes. Foi isto que vi.
Para acabar com as dúvidas, Krovinovic fez o 2-0 que arrumou a questão e apurou a equipa para os 1/16 de final da Taça de Portugal.
Uma vitória lógica e natural, um ciclo de vitórias a nível interno muito interessante, um sistema táctico que parece que veio para ficar, algumas oportunidades agarradas, outras nem tanto e uma exibição que não deslumbrou mas suficiente para garantir o objectivo da noite.
Pois bem, hoje foi a vez de Lito Vidigal cancelar a conferência de imprensa que antecedia o jogo com o Vitória FC porque apenas compareceu a Rádio Santo Tirso!
Isto duas semanas depois de sala cheia antes da recepção ao Benfica.
Ninguém quer saber do jogo, ninguém quer saber do encontro entre o Vitória de Setúbal e o Desportivo das Aves. Um jogo da Liga do futebol com talento. Uma partida no país do campeão europeu de futebol. O presidente da FPF terá alguma coisa a dizer sobre este desprezo pelo futebol ou só está preocupado em cursos para dirigentes?
E a culpa desta ausência de interesse por jogos da Liga é dos grupos organizados adeptos e das claques legalizadas? Os programas de televisão que poluem horas e horas o futebol português nada comentam sobre esta autentica anormalidade digna de um país culturalmente e desportivamente de terceiro mundo?
O futebol em Portugal é um circo à volta de três clubes, dois deles juntaram-se contra o que tem ganho mais e o resto é deserto como dizia o outro.
Alguém se vai preocupar com isto? Liga? FPF? Imprensa?
Claro que não.
Vergonhoso mas previsível. Ninguém gosta de futebol em Portugal. Tirando meia dúzia de "malucos" que ainda se indignam com isto. A minha indignação fica aqui testemunhada, tal como fiz quando aconteceu em Vila do Conde.