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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 2 - 0 União da Madeira: Jonas Tinha Passe Para o Autocarro Patrocinado Por CR7

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(Fotos: João Trindade)

 

 O União regressou à divisão maior esta época após longos anos de ausência. A sua subida não me causou emoções nenhumas, nem boas, nem más. Agora, depois de realizados os dois jogos de campeonato já posso partilhar a sensação de desejo de não os ter de encontrar na próxima época. Uma equipa treinada por Norton de Matos, que tem a nossa simpatia pela sua passagem recente pelo Benfica B, não parecia ser causadora de grandes antipatias. Até que entrou em cena o homem forte da SAD a mostrar todo o seu portismo e sempre pronto para afrontar o Benfica.

Na primeira volta fomos para a Madeira após a brilhante vitória europeia de Madrid e voltámos sem jogar devido ao mau tempo na Choupana. O circo montado pelo dirigente do União apresentava o clube. Voltámos mais tarde para o jogo que ficou em atraso e correu mal, perdemos dois pontos.

 

Agora, tudo parecia mais calmo. O União vinha à Luz num domingo especial, dia de aniversário do Benfica, preparava-se um grande ambiente no Estádio da Luz e a motivação estava mais alta que nunca. Estranhamente, os madeirenses não conseguiram vir para Lisboa a tempo e horas. Jogo adiado para uma 2ª feira à noite. Dos quase 60 mil lugares ocupados passamos para 44 mil presentes e a oportunidade de ver a equipa jogar em dia de anos esfumou-se. O União da Madeira para a história como o único clube que conseguiu não jogar com o Benfica nas datas estipuladas duas vezes na mesma época!

 

O contexto deste jogo era muito particular, temos um derby escaldante no horizonte e a palavra de ordem na preparação deste jogo era gestão. Além das lesões era preciso gerir o facto de Jardel não poder levar cartões, assim como Renato Sanches.

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Rui Vitória apostou em Grimaldo no lugar do castigado Eliseu e manteve os centrais. Do lado direito reapareceu Nelson Semedo. A grande mudança aconteceu no meio campo onde Talisca foi a escolha para jogar com Samaris. Depois, Pizzi, Gaitán, Mitroglou e Jonas tinham a obrigação de resolver o jogo. O fantasma do nulo da primeira volta também espreitava e a promessa de encontrarmos um adversário bem fechado na defesa era preocupante.

 

O União apresentou-se ainda mais fechado do que o esperado. Abdicou da bola e preocupou-se em formar dois muros defensivos. À frente de Gudiño, o guarda redes que o Porto emprestou, estancavam Paulo Monteiro e Diego Galo com Paulinho a fechar à direita e Joãozinho na esquerda. Logo na frente dos centrais havia Soares e Tiago Ferreira com a ajuda mais lateral de Danilo Dias e Amilton, sobrava Toni Silva na frente e Shehu no meio campo. Mais defensivo que isto era difícil.

 

Felizmente o Benfica entra bem e logo aos 5' Jonas faz o que ninguém fez na primeira volta, 1-0 para o Benfica e um enorme suspiro de alivio. Percebia-se que era daquelas noites que o mais importante seria fazer o primeiro golo. Esperava-se que o União retirasse os dois autocarros, duas linhas de quatro a defender, para fazer pela vida mas não aconteceu. A equipa madeirense tentou timidamente uns contra ataques e até chegou a assustar Júlio César que até teve de fazer de terceiro central numa dobra fora da sua área resolvida a pontapé.

 

Só dava Benfica mas o segundo golo não aparecia e mantinha o resultado num nível perigoso.

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Bons pormenores de Grimaldo e muita timidez de Nelson Semedo, enquanto Talisca limitava-se a cumprir os mínimos, tal como Samaris.

A questão de Renato não ter visto um cartão amarelo em Paços de Ferreira esclareceu-se ao longo deste jogo. Enquanto o resultado esteve em aberto não era de todo descabido que Vitória tivesse de lançar o miúdo para ter a certeza que ganharia o jogo, como aconteceu em Marvila. A questão ficou resolvido a um quarto de hora do fim com o segundo golo de Jonas a descansar tudo e todos. A tarefa estava cumprida e já se podia espreitar o final do jogo em Guimarães que nos aproximou mais do primeiro lugar.

 

Foi um clássico 2-0 com um golo em cada parte apontado pelo melhor avançado da equipa. Devia ter sido assim na primeira volta mas agora é olhar para a frente e pensar em ir vencer o derby.

Destaque para o ambiente no estádio onde se acredita muito no Tri. Os momentos em que o cântico de Benfica dá-me o 35 estende-se a todas as bancadas tornam tudo muito mais claro. Todos queremos continuar a festejar campeonatos.

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Missão cumprida contra um clube que pode voltar para os escalões secundários com as suas camisolas patrocinadas por essa figura tão usada pelos sportinguistas, com os seus autocarros defensivos e com o seu dirigente super dragão. Não deixam saudades nenhumas.

União da Madeira 0 - 0 Benfica: Um Triste Adeus ao Tri

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Andou-se a gerir os danos até acertarmos o calendário de maneira a manter a motivação em níveis aceitáveis. Os danos foram as derrotas contra os rivais mais a derrota em Aveiro contra o Arouca. Logo à 2ª jornada a equipa de Rui Vitória cometia um grave erro no campeonato ao sair derrotada de um jogo que não podia perder. Assim, desvalorizaram-se os desaires no clássico e no derby, partidas sempre de resultado imprevisível, e quisemos acreditar que o jogo com o Arouca tinha sido um acidente. Não foi. Esta noite na Choupana ficou provado que não foi.

 

O cenário não podia ser mais simbólico, um estádio que adia jogos devido ao nevoeiro, que recebe jogos do Nacional e às vezes do União. O mesmo estádio que um dia antes vivia mais uns minutos peculiares do futebol português com um penalti por marcar mesmo sem nevoeiro. Foi aqui que o Benfica tentou jogar após a vitória de Madrid mas voltou para o Continente para distribuir os seus jogadores pelas selecções.

O jogo ficou marcado para dia 23 de Dezembro mas os responsáveis do Benfica fizeram todos os esforços para antecipar a data. Tendo como objectivo o bem estar dos atletas, permitindo que passem um natal mais descansado perto das suas famílias, o Benfica aproveitou a trágica saída da Taça de Portugal para convencer o União a jogar agora. Para isso ajudou-se a encher o estádio com oferta de bilhetes pelos supermercados da Ilha. Tudo pensado para que não falte nada aos jogadores.

O Benfica chega à Madeira depois de vitórias no Bonfim e em Braga, sabendo que para gerir uma desvantagem de 5 pontos para o primeiro classificado teria de dar tudo na Choupana para não se atrasar mais. Não era aceitável que uma equipa embalada por vitórias seguidas na liga cedesse pontos contra uma fragilizada formação que acabava de sofrer uma pesada goleada em Paços de Ferreira.

 

Só que apesar do esforço e iniciativa de quem organiza o futebol do Benfica, da presença de milhares de adeptos nas bancadas e da necessidade absoluta de não falhar, a equipa do Benfica repetiu a exibição miserável de Aveiro na primeira saída deste campeonato.

Não há explicação possível para a entrada em jogo tão desleixada nem para a falta de atitude no resto do primeiro tempo. Ver uma equipa a atirar-se contra um muro vezes sem conta sem pensar em soluções para o contornar ou derrubar é aflitivo. Não é compreensível o que se tentou fazer com a inclusão de Fejsa num meio campo que pouco ou nada tinha para defender. Cedo se viu que o União não ia abdicar do seu 4-5-1 e que não estava interessado em atacar.

 

O jogo pedia alternativas e soluções mas no Benfica ninguém mudava nada, ninguém tentava improvisar nada. Nem dentro, nem fora de campo. Pizzi, que tem sido o melhor jogador do Benfica, voltou a tentar as movimentações que tão bem funcionaram contra equipas que mostraram outra postura em campo, isto é, mais ofensivas. As transições rápidas de Pizzi a sair das alas para o meio aqui valiam de zero uma vez que os adversários nem tentavam acompanhar quem transportava a bola limitando-se a concentrarem-se posicionalmente criando uma barreira intransponível. Era preciso que os defesas laterais subissem com mais qualidade, que arrancassem bons cruzamentos, que tentassem o remate de longe, especialmente Eliseu. Foi tudo o que não aconteceu. O União controlou com tranquilidade as ofensivas do Benfica.

O jogo pedia Samaris no lugar de Fejsa ou então Pizzi na posição do sérvio. Como estava é que não podia ser. Surpreendentemente não foi essa a interpretação do treinador do Benfica que manteve tudo na mesma.

O Benfica entrou mais objectivo na 2ª parte sentindo que já tinha dado meio jogo de avanço a um adversário que estava disposto a defender com tudo o pontinho. Como nenhumas das iniciativas deu golo a equipa voltou à triste de figura de correr de cabeça contra o muro e voltar para trás para fazer o mesmo. Depois, o União fez o mesmo que o Arouca tinha feito assim que se apanhou a ganhar na 2ª jornada, anti jogo roubando minutos atrás de minutos úteis ao jogo. O Benfica voltou a cair nesta armadilha, até o Renato interrompeu um ataque para atirar a bola para fora permitindo assistência a um adversário! Surreal.

É verdade que há duas ou três defesas decisivas do guarda redes do União mas tudo o resto era zero. O posicionamento dos jogadores com bola em situação de ataque continuado é medíocre, o aproveitamento das bolas paradas é embaraçoso, a falta de ideias para mexer na equipa e no jogo é assustadora. Lançar Carcela, juntar Raul a Mitroglou e recorrer a Talisca é só mais do mesmo que já vimos noutras derrotas.

Acresce ainda a falível postura defensiva, tanto em transição como em bolas paradas, que explica como o União podia ter chegado ao golo mesmo sem atacar. Tudo demasiado preocupante para nós, adeptos, e para quem orienta a equipa, acredito eu.

 

O jogo de hoje anulou tudo de bom que vinha a verificar no crescimento da equipa porque são jogos deste tipo que dão campeonatos, se quase 4 meses depois a equipa volta a bloquear da mesma maneira contra um dos adversários mais fracos da Liga então a esperança esfuma-se. A margem de manobra é nula, era ganhar ou ganhar, fez-se tudo à volta da equipa dando todas as condições para se trazer um bom resultado da Madeira e a resposta de jogadores e treinador foi decepcionante.

Devíamos ter saído deste jogo a 5 pontos da liderança e pensar no duelo entre os dois rivais para reentrarmos nas contas do título. Saímos do acerto de calendário a 7 pontos do líder. É inadmissível!

O facto de termos jogado agora significava duas coisas, que já estávamos fora de uma competição e aproveitámos essa folga e que queríamos premiar os atletas no Natal. Se a resposta foi esta sugiro que se marque um treino aberto para o final da tarde do próximo dia 23 para retribuir o seu empenho.

 

É, sem dúvida, uma boa época para casar e arrumar a vida familiar e passar a lidar jogo a jogo com a realidade. É pena porque já me tinha habituado bem à ideia de ir ao Marquês em anos seguidos.

Não perceber que era preciso dar tudo contra o União é não entender a importância que teria um tricampeonato para o Benfica. À volta do plantel percebeu-se, no estádio da Choupana é que não.

O Nevoeiro Revelou Mais um superdragão

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Esta passagem recambolesca pela Madeira teve uma vantagem, revelou mais um superdragão escondido com rabo de fora. Longe de mim pensar que o União da Madeira tinha como presidente da SAD um moço de recados afecto ao Porto.

Achei estranho as declarações disparatadas e a reacção infantil no facebook mas depois lá percebi. Este é o homem que um dia pediu 1 milhão de euros pela transmissão de um Benfica B - União da Madeira na Luz.

Os leitores madeirenses apressaram-se a contar as peripécias deste dragão escondido na Ilha da Madeira. Também o presidente do Marítimo já reagiu e não deixa dúvidas quanto à pinta de Luis Filipe:

"Penso que o presidente do União não anda no seu perfeito juízo. Ato tresloucado deveria ser assacado a quem construiu um estádio naquela zona ou quem construiu mais acima. Está a referir-se, certamente, a quem liderou o processo de obras no Vale Paraíso, por isso deve estar a chamar tresloucado ao Jaime Ramos, ao filho do Jaime Ramos e a outros que lá estavam e construíram do erário público o seu complexo", acusou, acrescentando:"Não é bonito que quem viveu toda a vida à custa do erário público, e que tem e teve a sua vida facilitada através da Secretaria de Educação, ou através do IDRAM ou através da Assembleia Legislativa, dizer agora que o ex-presidente do Governo cometeu um ato tresloucado. Há uma velha frase que tem muito a ver com o União, que é cuspir no prato que comeu. É isso que o líder do União está a fazer."

O presidente do Marítimo questiona porque não se transferiu o União-Benfica para a Ribeira Brava. "Os espectadores que estavam na Choupana cabiam lá perfeitamente", assinalou.

 

Portanto, este episódio do nevoeiro acaba por ser negativo para o Benfica que vinha de uma vitória para o campeonato e de um dos triunfos mais épicos na Europa dos últimos anos e não pôde aproveitar o balanço na Madeira. Mas serviu para revelar mais um clube gerido em tons de azul e dourado.

Uma Liga Nebulosa

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 O União Futebol Clube Clube de Futebol União é um clube da Madeira que passou as últimas décadas a jogar nas divisões secundárias. Esta época conseguiu regressar ao campeonato principal. Desde a última vez que esteve na primeira divisão o clube lutou para estar nas ligas profissionais e subir à principal. Passados 20 anos o União volta a receber na Ilha da Madeira os maiores clubes do país e preparou-se para isso.

O União arranjou um patrocínio para as camisolas no Museu CR7, tem um orçamento de 3 milhões de euros para o futebol e apresentou o Centro Desportivo da Madeira, na Ribeira Brava, como recinto desportivo para receber os seus jogos em casa. É um estádio inaugurado em 2007 com capacidade para 2500 espectadores e está registado no site da Liga como sendo o seu.

Até aqui tudo a bater certo, um clube que cresceu e lutou pelo regresso ao principal campeonato do país mostrando obra feita.

 

Depois vem a realidade diabólica do futebol português. Logo no primeiro jogo em casa o União marca o jogo para o Estádio Municipal de Machico, um recinto inaugurado em 2005, com capacidade para 3300 pessoas. (isto segundo as fichas de jogo consultadas, como esta do Maisfutebol ) Um grande regresso com vitória por 2-1 no derby com o Marítimo.

Depois veio um empate a zero com o Vitória de Guimarães na... Choupana. Porquê na Choupana?!
O União recebeu o Arouca e o Paços de Ferreira em duas jornadas seguidas que teve de fazer na Madeira novamente no Municipal de Machico.

 

Portanto, o União oficialmente, segundo o site da Liga de Clubes, devia jogar no Centro Desportivo da Madeira na Ribeira Brava, mas em 4 jogos foi jogar para Machico e Choupana.

Até que chega a vez do Benfica visitar o União. Os dirigentes do clube madeirense não hesitam e marcam o jogo para a casa do Nacional. Suponho que a única razão para não jogarem em casa seja simplesmente a ganância. Querem melhores condições para a transmissão televisiva e uma receita de bilheteira que nunca podiam obter no Centro Desportivo da Madeira.

 

Eu sigo com alguma atenção as ligas de futebol de Espanha, Alemanha, França, Itália ou Inglaterra e não me recordo de ver esta manha dos clubes mais pequenos irem com a casa às costas para estádios maiores que o seu só para receberem as equipas do topo da tabela. Os clubes aceitam as suas limitações e jogam orgulhosamente na casa que conseguem ter. Vejam os jogos no Stade Jean Bouin, Stade Ange Casanova ou no Vitality Stadium, só para dar alguns exemplos.

Em Portugal instalou-se a facilidade de trocar de local conforme o freguês com toda a naturalidade. O Maia nunca esteve na 1ª divisão, no entanto o seu estádio recebeu tantos jogos da principal liga nos anos 90 que até dava para escrever um livro. A partir daí é recorrente ver os clubes com estádios pequenos, à sua imagem como é natural, a correrem para os recintos maiores mesmo que fiquem a quilómetros de distância.

E o que fez a Liga de clube nas últimas décadas para acabar com isto? Nada, claro. Acha tudo muito normal. Não poucas vezes vira-se o bico ao prego e passam a ser os clubes maiores os mais criticados. Porque é muito melhor jogar num estádio maior do que jogar nos campos originais mais apertados. Mas, que eu saiba, não são os clubes maiores que pedem aos mais pequenos para fazerem uma receita maior e abdicarem de receber a festa do futebol nas suas casas com a sua gente. A Liga é que já devia ter acabado com esta mama, cada um joga onde na sua casa que é aquilo que é e mais nada.

No caso do União devia ser na Ribeira Brava que é o recinto que eu vejo oficializado na página da Liga.

 

Para complicar a situação, há um estádio em Portugal que sabemos que traz riscos à realização de qualquer jogo marcado entre o Outono e a Primavera devido às características climatéricas do local onde foi construído. Ir lá uma vez por época é stressante, ir duas é mesmo pedir chuva. E nevoeiro?

O famoso nevoeiro que tantas vezes afecta a realização dos jogos apareceu ontem em todo o seu esplendor. Podia-se dizer que ninguém estava à espera mas ao fim destes anos todos de Nacional na primeira divisão já se sabe que a primeira pergunta que se faz antes de qualquer jogo por lá é: e o nevoeiro.

 

Viu-se na televisão que não havia visibilidade para se jogar. Esperou-se uma hora e a Liga adiou o jogo. Poucos minutos depois o nevoeiro desapareceu mas uma hora volvida e o campo estava outra vez afectado.

Para agravar a situação seguem-se os jogos das selecções. As regras da Liga são claras quanto à obrigatoriedade de remarcar o jogo para depois dos jogos das selecções. Os clubes devem chegar a um acordo quanto a nova data, caso não seja possível será a Liga a agendar. Sabe-se que a partida terá de ser jogada até ao fim da primeira volta do campeonato, um problema para a Liga resolver.

 

O Benfica perante este cenário regressou a Lisboa. Hoje há onze jogadores do plantel do Benfica que são obrigados a começar o trabalho com as suas selecções. Nélson Semedo, Eliseu, Gonçalo Guedes, Rebocho, Raul Jimenez, Mitroglou, Samaris, Gaitán, Ederson Moraes, Lindelof e Lystov, juntam-se aos treinos para representarem os seus países.

 

Perante isto o que diz o Presidente da SAD do União, Filipe Silva?

Por ele jogava-se hoje. Aliás, ontem houve precipitação porque mais 10 minutos e dava para jogar. Recordo que uma hora depois destes 10 minutos o nevoeiro voltou em força. O Filipe até tirou fotografias para mandar à Liga, diz ele, para verem como dava para jogar depois da decisão do adiamento.

Então e o que ele pensa do Benfica? Pensa que talvez fosse óptimo não jogar. O terreno está mais pesado, joga-se menos à bola e foi visível que saíram apressadamente porque tinham compromissos em Lisboa mesmo antes do árbitro decidir que não haveria jogo.

Tudo brilhante, meu caro Filipe Silva. Desde o meio dia até às 17h não houve uma só hora completa de visibilidade no estádio mas o Benfica saiu à pressa cheio de compromissos.

Mas o Filipe até vai mais longe e acha que isto de ter mais de uma dezena de jogadores à espera de viajarem para representarem as suas selecções é coisa menor. Isto porque esta época tiveram o André Moreira convocado para a selecção sub-21 e conseguiram adiar a ida do jovem por um dia para ele jogar numa 2ª feira à noite com o Vitória. Bastou avisar.

Sim é parecido. O Benfica só tem onze jogadores convocados por vários países.

Isto porque o Filipe queria jogar hoje. Hoje já devem estar umas condições espectaculares na Ilha.

 

E é isto o nosso futebol. O Presidente da SAD de um clube que aponta um recinto desportivo como sua casa para depois nunca a usar e andar a jogar em campos emprestados, em vez de pedir desculpa pela ambição e ganância financeira, é só disso que se trata, atira-se ao clube visitante que tem um dos calendário mais preenchidos do futebol português. Explicar porque não joga no campo que escolheu oficialmente como seu é que não.

Nada disso, o bom do Filipe até tem mais coisas para nos dizer. Alberto João Jardim tem culpas indirectamente. foram os actos tresloucados que se fizeram no passado os culpados disto tudo. Se houvesse um estádio regional, teríamos transferido o jogo para os Barreiros, diz o Filipe Silva.

Bem, de falta de estádios não podem os madeirenses queixarem-se. É incrível que no meio de tantos recintos desportivos prontos para se jogar, o Benfica tenha regressado a casa com um jogo em atraso.

 

Entretanto, a Liga de clubes tinha um provedor do adepto para mostrar a sua preocupação com quem vai aos estádios. A nova equipa de Pedro Proença à frente da Liga mostrou preocupação com os espectadores quando tomou posse. A minha pergunta para os responsáveis do futebol português é a seguinte, que medidas já foram tomadas junto dos adeptos que gastaram dinheiro em viagens do Continente para a Madeira em vão? E como vão devolver o dinheiro dos bilhetes aos adeptos que optaram por não ir votar para estarem presentes a apoiar o seu clube na Ilha?

 

Servirá este circo de exemplo para se acabar com a palhaçada das mudanças de estádios? É que nós, adeptos, odiamos estas mudanças. Falo pelos benfiquistas que não queriam o jogo da Taça da época passada fora da Covilhã, nem gostam de ir Aveiro em vez de uma viagem a Arouca para aproveitar as iguarias gastronómicas, por exemplo.
E os clubes maiores ficam assim tão beneficiados com essas trocas? Pelo que vi em Aveiro com o Arouca, não me parece nada.

A única razão para esta vergonha continuar é a ambição dos dirigentes fazerem receitas que não podem fazer porque nunca investiram num recinto desportivo que as proporcione. Querem grandes retornos de bilheteira? Construam estádios dessa dimensão e paguem a manutenção.

Já agora, espero que não tirem o jogo da Taça de Viana do Castelo.

 

Passado o nevoeiro e o barulho, ficam mais uns adeptos prejudicados financeiramente, fica mais uma figura cómica para o panorama triste do futebol português, Filipe Silva, mais um caso em que ninguém vai assumir culpa de nada, mais uma dúvida no ar sobre qual é realmente o estádio do União e um problema para o Benfica gerir que é saber que tem de regressar mais uma vez à Madeira para um jogo que já devia estar feito.

 

São muitas questões, muitos pontos que podiam servir para reflexão mas todos sabemos que o espectáculo tem de continuar e ninguém quer saber disto para nada.

 

PS Não vivo na Madeira e por isso tive o cuidado de ir procurar fichas de jogo publicadas sobre os jogos do União em casa. As mesmas apontam para jogos no Estádio Municipal de Machico mas vários leitores já reagiram emendando esse dado. Segundo eles, os jogos com Vitória, Paços de Ferreira, Marítimo e Arouca foram disputados no Centro Desportivo da Madeira, na Ribeira Brava.
Agradeço o esclarecimento.
Passo a estender as minhas criticas, então, aos meios de comunicação social que acompanharam estes jogos do União e me levaram ao engano ao identificarem o local do jogo erradamente. Não dá para compreender!