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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 3 - 2 Rio Ave: Futebol de Meia Noite

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Primeiro uma palavra elogiosa para os adeptos do Benfica que compuseram as bancadas da Luz de forma muito digna para um jogo às 21h15, numa noite fria e chuvosa de inverno, numa 3ª feira. Outra palavra para os adeptos do Rio Ave que não puderam assistir ao jogo no estádio porque este horário ignorou por completo que há adeptos em Vila do Conde que gostam do seu clube, de futebol e da competição.

Ou seja, perante o desprezo total pelos adeptos da parte de quem organiza, o Benfica apresentou uma moldura humana interessante mostrando, assim, que é muito maior do que qualquer competição e organização em Portugal. 

Depois do vergonhoso agendamento de jogos dos 1/4 de final da Taça de Portugal espero que a FPF não tenha a hipocrisia de continuar a usar os rótulos de Prova Rainha ou Festa da Taça. 

A única prova rainha desta noite foi o Telejornal da RTP que fez da festa da Taça uma conquista de audiências que já dão para um mês de festa na televisão pública. Tudo com o desprezo total, de novo, para com os adeptos de futebol. 

 

Agora elogios para o adversário. O futebol que o Rio Ave pratica tem que ser elogiado. Que belo trabalho apresenta Carlos Carvalhal à frente do Rio Ave. Futebol com bola, apoiado, com atracções de zonas para depois explorar espaços contrários, futebol atrevido, futebol descomplexado, o gosto de construir a partir de trás, ter paciência a organizar e, também, muita qualidade sem bola, zonas de pressão bem delineadas, posicionamentos fortes, e olhos postos na baliza contrário. Jogadores como Taremi, Diego, Nuno Santos, Piazón e o Dr. Tarantini, fazem dos vilacondenses uma bela equipa de futebol. 

Lutaram pelo apuramento até ao fim, não aguentaram a mais valia individual natural do Benfica e saem da Taça de Portugal com honra. Situação bem diferente daquela que viveram na Taça da Liga de onde foram corridos porque a organização não os quis na Final 4. 

 

Pelo meio umas palavras para Artur Soares Dias. Posso não perceber nada de arbitragens e até ignorar muita coisa relacionada com árbitros neste espaço, porque não gosto mesmo de falar do assunto. Mas peço que não nos tomem por otários. Eu percebi perfeitamente o que aconteceu ali nos dois lances mais polémicos do jogo. Há uma falta sobre Chiquinho na área do Rio Ave que o VAR tem obrigação de ver e dizer a Soares Dias que é penalti ou, pelo menos, para ir rever a jogada. Nada disto aconteceu e na resposta sai golo do Rio Ave. Impensável! 

Depois, do nada, Artur Soares Dias marca um penalti sobre o Adel que se nota logo que é uma decisão absurda. Marcou só para poder dizer que até marca penaltis para o Benfica. Só que ele sabe perfeitamente que ali o VAR não ia ignorar e chamou-o logo para ir rever o lance. Nem era preciso, bastava dizer-lhe que não havia falta e saber se ele estava bem para tomar uma decisão daquelas. Assim, o VAR não decidiu nada e o árbitro emendou de forma previsível. 

O problema destes árbitros é que se sentem as pessoas mais importantes do mundo ao verem que conseguem irritar ao mesmo tempo dezenas de jogares e milhares de adeptos. Quando o que se lhes pede é mais competência e menos vaidade. 

Apesar de tudo isto, o Benfica mostrou uma enorme atitude e força de superação na segunda parte com vários ajustes e novas apostas. Ferro não estava bem no jogo e saiu, Weigl recuou para central (ironia do destino) e entrou Seferovic e fez os dois golos da reviravolta e apuramento para as meias finais da competição.

Para todos os imbecis que acham normal ir insultar o jogador para as redes sociais: vocês não merecem esta alegria. Pensem nisso. 

Ainda foram a jogo Samaris e Rafa. O português é um "reforço" de inverno numa altura em que o calendário se intensifica. 

Tomás Tavares e Cervi tiveram uma noite brilhante, os outros souberam aparecer na medida certa para cumprir os objectivos. Noite infeliz para Zlobin e Ferro.

O Benfica regressa às meias finais da Taça de Portugal, tal como na época passada e aproveito para repetir que este formato é uma aberração numa prova a eliminar. Duas mãos para decidir os finalistas é completamente contra todo o espírito da prova. Mas ninguém quer saber disso e se temos jogos entre os mesmos clubes em fases diferentes da prova, qual é o mal de uma meia final a duas mãos? Enfim.

 

Já a seguir há um derby para jogar. Regressamos ao mesmo contexto de Agosto e tudo o que interessa sobre o derby é se Bruno Fernandes joga ou não. Como se isto fosse problema ou tema para o Benfica. Ele jogou na Supertaça? E qual foi o resultado? E depois saiu? 
Então qual é o assunto? 

Deixo uma dica, se o conseguirem vender, façam uma cláusula que lhe permita vir jogar sempre que houver um derby mesmo depois de vendido. 

Portugal, um país de futebol. Dizem. 

Benfica 2 - 0 Rio Ave: Exibição Convincente Anti Xistra

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Vamos começar por uma excelente notícia para o Benfica e para o futebol em geral. Estamos a viver a última época de Xistra. Em 2019, Carlos Xistra esteve na meia final da Taça da Liga em Braga. Um jogo que foi uma ode aos anos 90 como todos nos lembramos. Depois apareceu na Luz num Benfica - Tondela que Seferovic resolveu mesmo no fim, aos 10 minutos ficou um penalti por marcar sobre Samaris. E hoje voltou a apitar o Benfica na Luz com uma primeira parte digna para o álbum de aberrações. É a última época desta criatura na Liga Portugal. 

O melhor da noite foi mesmo a exibição do Benfica. Depois de vários jogos a ganhar mas com os adeptos a pedirem exibições melhores, o Benfica hoje brindou a plateia da Luz com o futebol que a todos entusiasma. O resultado da passada 4ª feira foi melhor, o dobro dos golos, mas o futebol desta recepção ao Rio Ave foi superior. 

Ferro voltou ao eixo da defesa e viu o companheiro Ruben celebrar a centena de jogos pelo Benfica com mais um belo golo de cabeça. Outro golo com origem numa bola parada. Era justo que o Canal 11, e outros, voltassem aos debates das bolas paradas do Benfica. 

Florentino apareceu no lugar de Samaris e fez a melhor exibição da época, Pizzi regressou ao lado direito do ataque do Benfica com entusiasmo renovado depois da passagem pelo banco. Um golo e uma assistência para o melhor marcados do campeonato. 

Chiquinho e Vinicius voltaram a ser aposta na frente e foram, novamente, convincentes. 

Na segunda parte houve momentos de nota artística com um futebol apoiado, bonito, ao primeiro toque, em progressão e a deixar a bem trabalhada defesa do Rio Ave em apuros. 

A equipa de Carlos Carvalhal merece elogios, joga com personalidade, sabe o que faz em todos os momentos do jogo e é um adversário de grande valor. 

Hoje o Benfica jogou bem, empolgou e saciou as bancadas da exigente Luz. Juntou ao apuramento da Taça de Portugal a terceira vitória seguida na Liga e garantiu a liderança isolada até ao jogo com o Santa Clara não dependendo do resultado do jogo do Porto para manter o primeiro lugar. 

Continua o registo impressionante de Bruno Lage à frente da equipa, agora com 10 jogos e só 3 golos sofridos, um número poucas vezes visto no passado, está a 5 golos dos 100 marcados na Liga NOS desde Janeiro e continua a somar vitórias. Com a vantagem de vermos a equipa acrescer a nível de qualidade colectiva.

Numa semana o Benfica passou para a liderança e parece já confortável com a posição. Ou não fosse o campeão. 

Vivemos bem com a pressão, vivemos bem com a exigência, vivemos bem com a liderança. Só vivemos mal com a existência de Xistra mas, felizmente, está a acabar. 

Rio Ave 2 - 3 Benfica: Por Este Rio Acima

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Dia 12 de Maio, dia de peregrinação em Portugal. Os mais fervorosos a saírem um pouco de todo o lado do país rumo a Vila do Conde para a última deslocação da temporada do Benfica. 

Quando seguia viagem para norte, dei por mim a pensar se já tinha assistido a alguma vitória tranquila do Benfica nos Arcos. Nunca tive essa sorte.

Aliás, andei tão para trás nas minhas memórias que recuperei um jogo em que estádio do Rio Ave se vestiu totalmente de vermelho para uma apresentação do Benfica aos adeptos do norte nos Arcos. Foi na pré temporada de 2002/03 contra o Celta. Nem o regresso de Nuno Gomes evitou outra derrota com os espanhóis. 

Porque é que é importante recuperar esse dia de verão de 2002? Porque eu estava em Vila do Conde e fiquei surpreendido com a quantidade de adeptos que foram ao estádio apoiar a equipa. Não por ser no norte, o Benfica sempre teve apoio a norte, mas pela grave crise que o clube estava a atravessar. Em pleno Vietname do Benfica, os adeptos do norte eram tão fieis e dedicados que a Direcção do clube achou pertinente fazer ali um jogo de apresentação. 

Pois bem, esse respeito foi muito importante para o Benfica nunca perder a sua ligação com o povo. Por muito maus que fossem os resultados, o carinho dos adeptos do Benfica nunca faltou. E foi essa resistência que fez possível que o clube recuperasse a sua identidade, o seu destino de vencer e chamar as pessoas à sua passagem. Só isto explica que em 2019 tenhamos ficado com imagens eternas de uma multidão apaixonada por uma equipa, por um emblema, pelo nome do Sport Lisboa e Benfica.

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Estes milhares de adeptos estão ali para mostrar o seu agradecimento a todo o futebol do Benfica. O agradecimento por nunca terem desistido mesmo depois deste país ter condenado o clube na praça pública de todos os crimes e mais alguns, mesmo depois deste país ter manchado o nome do clube nos últimos anos, e acima de tudo, mesmo depois de termos passado os últimos dois anos numa luta suja, titânica e desnivelada com todos os adeptos do único clube maior que o Benfica em Portugal, o Anti Benfica. 

Não se tratava de euforia, não se tratava de festa antes do tempo, não se tratava de deitar os foguetes antes da festa, tratava-se, apenas e só, de uma gigantesca demonstração de carinho, de apoio, de acreditar que o Benfica pode continuar a conquistar campeonatos mesmo que haja um surreal trabalho diário em toda a imprensa para evitar que isso aconteça. 

Meus amigos, esta é que é a força do Benfica. São os milhares que esgotaram o Estádio dos Arcos para apoiar durante o jogo e, arrisco escrever, os outros tantos milhares de benfiquistas que mesmo sem bilhete para entrar no recinto, invadiram a rotunda e as imediações do Estádio para dar este apoio incrível. 

Tudo isto foi importante para dar mais força ao Benfica que, afinal, ia começar a partida com o Rio Ave em 2º lugar na Liga NOS. Estes eram os factos às 20h de domingo. O Benfica tinha muito que trabalhar, tinha que encarar o jogo com toda a concentração para garantir que saía dos Arcos na liderança novamente. 

Foi isso que aconteceu. Tanto se pediu que o Benfica entrasse melhor nos jogos, que aos 3' Rafa fez o 0-1 dando origem a uma explosão de alegria movida pelo alivio de ver recuperado o 1º lugar bem cedo.

Como era de esperar, o Rio Ave deu muita luta e voltou a complicar muito a vida do Benfica. Na Luz chegou a estar a vencer por 0-2, no jogo que marcou a estreia de Bruno Lage e Daniel Ramos em cada banco.

Quando tudo apontava para o 0-1 ao intervalo aconteceu o momento mais polémico. O Rio Ave queixou-se de um penalti de Florentino, o Benfica respondeu com o 0-2.
São momentos marcantes porque há motivos para dúvidas. Daniel Ramos diz que se transformou o 1-1 em 0-2. 

A verdade é que Florentino pôs-se a jeito para ser marcada falta. Mas como já ouvi nesta Liga, a falta começa fora da área e, por isso, nunca seria penalti. Seria um livre perigoso que estava longe de dar o 1-1. Mas mesmo que acontecesse o penalti reclamado e fosse transformado, é preciso lembrar que o Benfica em Braga foi para o intervalo a perder e na Luz com o Portimonense estava empatado. Reagiu sempre bem, como se sabe.

Já o 0-2 parece-me que não tem discussão, João Félix está fora de jogo. Acho muito estranho que o VAR não tenha mandado o árbitro analisar tudo com calma. 
Mas eu também achei muito estranho que o VAR não funcionasse na Luz com a SAD de Belém ou no Jamor com a mesma SAD. E aí não vi ninguém preocupado. Aliás, eu ainda gostava de perceber o papel do VAR em lances que deram 10 pontos a mais ao Porto, como explica o insuspeito Rui Santos, e qual foi o seu papel nas meias finais da Taça da Liga. Mas aqui já não vejo ninguém muito interessado. A época tem sido toda isto, desculpem mas a mim não me vão convencer que os problemas com o VAR começaram em Vila do Conde. Antes pelo contrário, é uma nota de rodapé na quantidade de disparates que vimos por esses campos fora. Terceiro classificado incluído, basta ver o número de penaltis a favor.

 

O Benfica com 0-2 tremeu por culpa própria, não soube matar o jogo e acabou por sofrer o 1-2 que trazia à memória a recuperação muito apreciado do Rio Ave com o Porto naquele mesmo local. 

Pizzi fez o 1-3 e parecia ter resolvido a questão. Só que o 1-4 nunca aconteceu, oportunidades não faltaram, e o Benfica acaba a sofrer com o 2-3 do Rio Ave.

Um belo jogo numa atípica noite quente nos Arcos, cinco golos, emoção e uma felicidade imensa no sentimento do dever cumprido no final da partida.

Ponderei não o fazer mas não resisto. O Benfica nunca falhou com nada ao Coentrão, pois não? Pagou tudo, a tempo e horas. Recuperou o homem, revelou o jogador, apoiou-o sempre em tudo. Fez dele um jogador tão bom que até o Real Madrid achou que estava à altura dos maiores desafios. O Benfica fez do Coentrão um quase ex jogador para um craque do plantel do Real Madrid. Como todos os outros jogadores que saem da Luz para vidas melhores, o clube nunca lhes faltou ao respeito. Infelizmente, este Coentrão quer acabar como começou, uma triste e embaraçosa nota de rodapé no futebol português. Desprezo e que daqui a uns anos não tenhamos que ter mais pena dele do que temos agora.

 

Ir ao norte significa comer bem. Desta vez a sugestão foi a gastronomia da Adega do Testas em Vila do Conde. Atendimento de simpatia superior, carne grelhada de qualidade imbatível. Batata frita caseira, arroz com grelos e enchidos num caldo irresistível. Tudo mais do que aprovado. 

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A última saída da época foi tão cansativa como reconfortante. Uma jornada de benfiquismo para a história deste campeonato e do clube.

Para tudo isto fazer sentido, já sabem, encarar o último jogo na Luz com a mesma seriedade, a mesma convicção e a mesma ambição. Falta menos de uma semana para carimbarmos um dos títulos mais incríveis de sempre. Até lá ficam as recordações de um norte vermelho.

 

Benfica 4 - 2 Rio Ave: Voltar a Respirar

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O começo foi doloroso. Parecia que o pesadelo de Portimão estava para continuar... 

Mas quando a equipa ganhou confiança e acertou nas transições ofensivas aconteceu uma daquelas "remontadas" à antiga que dá gosto dizer que se esteve no Estádio para ver.

O cenário era complicado, a derrota na jornada a meio da semana ditou mesmo a queda da equipa técnica liderada por Rui Vitória e o sangue novo veio do banco da equipa B com Bruno Lage como rosto mais conhecido.

O desafio era, acima de tudo, convencer os jogadores a darem mais, muito mais, do que tinham mostrado contra o Portimonense. Bruno Lage preparou o jogo, olhou para o adversário e optou por um clássico 4-4-2. Ao contrário do que a convocatória parecia indicar, o parceiro de Seferovic não foi Ferreyra. Nem Castilho. Os dois reforços ficaram no banco e a aposta foi em João Félix. Portanto, na ausência do castigado Jonas, Seferovic e João Félix na frente. Salvio recuperou o lugar na direita e Cervi foi aposta na esquerda. Discutível a ausência de Zivkovic, uma boa dor de cabeça para o treinador.

No meio Pizzi e Fejsa, Gedson saiu da equipa depois da exibição nula do Algarve, e lá atrás tudo igual. 

Mudavam as dinâmicas atacantes com mais procura por jogo interior e relevância para o papel dos dois homens da frente que foram essenciais para a vitória. Pelos golos marcados e pelo que fizeram jogar.

Estas são as boas notícias deste novo ciclo. As más viram-se logo no começo da partida. Muitos desequilíbrios defensivos, pouca consistência no meio campo sem bola pouca oposição à velocidade e imprevisibilidade individual dos adversários. SE a ideia é melhorar o processo ofensivo, então é urgente afinar e acertar em toda a organização defensiva.

A perder por 0-2, à imagem do que tinha acontecido em Portimão, a equipa do Benfica ficava entregue a si própria. Aqui com a vantagem de jogar em casa e com os adeptos a quererem ajudar. Primeiro houve forte assobiadela à apatia da equipa mas assim que se percebeu que vontade de vencer era mais que muita a plateia começou a ajudar. Vieram os golos e a harmonia com as bancadas passou a ser total. 

O que me faz confusão actualmente no Estádio da Luz é a passagem da depressão colectiva à euforia desmedida em poucos minutos. Também me parece que os adeptos estão algo perdidos no meio de tantas emoções, boas e más. 

Já expliquei que nunca assobiei nem mostrei um lenço mas não critico quem o faz. Quando a equipa sofre o 0-2 achei normal a assobiadela geral. Não concordei porque acho que nunca vem ajudar em nada. Mas faz parte do jogo. Acho que ainda fico mais incomodado quando vejo a famosa onda depois de consumada a reviravolta. Se os assobios se explicam por justificado descontentamento com a fragilidade defensiva da equipa, a onda não tem explicação. Estamos numa fase delicada da época, mudámos de treinador e não sabemos por quanto tempo vamos ter esta equipa técnica, estamos a sete pontos do líder, andamos no 4º lugar da classificação, onde estão os motivos para a euforia? Por termos dado a volta a um resultado? Ok, tudo bem mas a mim parece-me exagerado.

Prefiro olhar para o que de bom saiu deste jogo de hoje, prefiro olhar para a frente e tentar perceber os problemas que Lage vai ter já nos Açores. Volta Jonas, quem sai? Mantemos o 4-4-2? E quando Rafa estiver recuperado? Enfim, temos tanto com que nos preocupar que nestas vitórias só consigo sentir alivio. 

Uma palavra elogiosa para Bruno Lage que aceitou o desafio de liderar a equipa num momento delicado e prestou um óptimo serviço ao clube. Tanto no jogo como nas declarações que se seguiram.

O golpe profundo de Portimão foi estancado hoje contra o Rio Ave. O futuro está já aí e é preciso manter este sentimento de missão. Sem euforias e sem depressões, de preferência.

Benfica 5 - 1 Rio Ave: Inspiração na Baliza Grande

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Entre o dia 4 de Fevereiro de 1985 e o dia 4 de Fevereiro de 2018, nasceu Rúben Dias em 1997.

Em 1985, num fim de semana como este, eu tinha 11 anos e apressei o fim do almoço familiar. Para espanto dos meus pais, o motivo era um jogo do Benfica. Um jogo da Taça de Portugal que , tal como agora, passava sempre para segundo plano quando o adversário era de divisões inferiores. Eu expliquei que ia pelo Benfica e que não interessava contra quem era. Até que a minha mãe perguntou afinal com quem era o jogo. Régua, respondi de imediato. 

Pelo silêncio e pelo ar preocupado percebi que os meus ficaram preocupados. A partir dali deixaram de estranhar as idas à Luz. 

Esse jogo com o Régua aconteceu no mesmo dia desta partida com o Rio Ave. Foi uma tarde divertida, havia muita gente que da Régua nas bancadas, os equipamento da equipa da 3ª divisão eram originais, camisola com o desenho da bandeira municipal de Lisboa mas em vermelho e branco o que obrigou o Benfica a jogar com o lendário equipamento branco adidas da Shell. 

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 Dei conta desta efeméride ao preparar o jogo com o Rio Ave e isto fez-me viajar no tempo. Como tenho a felicidade de conversar com craques daqueles tempos, antes da partida de ontem puxei conversa com o José Luís sobre esse jogo. Ele foi titular com o irmão, o Jorge Silva que até fez o primeiro golo, e sorriu quando lhe mostrei imagens do jogo. Fotografias que o ilustre benfiquista Francisco Araújo, de Arcos de Valdevez, me fez chegar depois de lhe perguntar se ele tinha alguma coisa sobre aquele dia. O Francisco tem sempre algo sobre qualquer jogo do nosso clube. É uma reserva enciclopédica que foi ainda mais longe. Contou que o guarda redes do Régua dessa tarde é benfiquista ferrenho e costuma vir à Luz ver o Benfica! 

 

Em 1997 já estávamos longe dos tempos gloriosos dos anos 80. Já tinha passado muito tempo daquele Benfica - Rio Ave de 1986 num sábado à noite, que era um acontecimento por ser à noite e que só acontecia em vésperas de compromissos europeus. Eu adorava os jogos à noite, aquelas torres de iluminação acesas, os jogadores com quatro sombras projectadas no relvado, o orgulho de termos a luz mais potente do país e uma das mais eficazes da Europa. Depois banalizou-se, como se sabe. 

Nessa recepção ao Rio Ave de 1986, já com Silvino na baliza, o meu primeiro ano pós Bento, o Benfica venceu por 3-1 um aguerrido Rio Ave que quase sempre se mostrou ambicioso nestes confrontos. Depois fomos a Bordéus e não demos a volta ao 1-1 da Luz, perdemos 1-0 e caímos na Europa.

Em 1999, já Rúben Dias era nascido, e nosso Vietname ganhava contornos dolorosos, voltámos a repetir o 3-1. Era o arranque da 2ª volta com Souness e Vale e Azevedo, com Nuno Gomes (vão ver o Conversas à Benfica com ele)  a marcar um golo e a falhar um penalti, com Cadete a fazer o 2-1, com o Benfica a jogar em casa de camisola preta e calções vermelhos e com um tal de Pepa a entrar nos minutos finais para fazer o 3-1 deixando a Luz em delírio e a acreditar que ia chegar ao titulo.

Em 2009 com Quique Flores o Benfica só tinha vencido um campeonato desde o jogo de 1999. Corria atrás do primeiro lugar já na 2ª volta do campeonato e para vencer o Rio Ave foi preciso chamar Pedro Mantorras, o jogador do povo como Hélder Conduto lhe chamou nessa noite no relato para a RTP. Mas ainda não foi naquela época que o Benfica voltou a festejar um campeonato. Faltava-nos qualidade e jovens que sentissem o clube desde cedo.

Faltavam-nos jogadores como Rúben Dias que em 2018 são titulares naturais do Benfica e participam numa reviravolta épica num jogo com o Rio Ave.

 

Foram dois jogos e meio a sofrer com este Rio Ave. Só ao fim de dois jogos e meios é que o Benfica 2017/18 conseguiu dar a volta ao futebol dos vilacondenses. Fê-lo com força e à campeão. Aquela segunda parte faz-nos sonhar mas também nos faz pensar porque é que não pode ser sempre assim e, de preferência, logo de inicio nos jogos.

 

 

 

De 0-1 para 5-1 em 45 minutos. Golos todos marcados na Baliza Grande da Luz. Também só foi possível alimentar o mito da Baliza Grande porque o Rio Ave respeita a ordem natural de ataques do Estádio da Luz, ao contrário de outras equipas de verde, diga-se.

 

A conclusão a tirar desta goleada é que a atitude, a dinâmica, a motivação e o empenho, são mais importantes que qualquer 4-3-3 e que não é só por um jogador estar ausente que devemos sofrer com a questão da sua substituição. A maneira com que se abordou a 2ª parte é que é determinante, se foi com o Zivkovic ou com o João Carvalho, acaba por ser secundário. Mesmo porque deu para jogarem os dois e até foram os centrais a darem o exemplo de como se finaliza na área de cabeça.

 

Vou repetir o que disse sobre o Belenenses do Silas, o treinador do Rio Ave merece a boa imprensa que tem, merece elogios pelo seu futebol mas se não lutar com os seus jogadores para que estes não caiam na tentação do anti jogo com perdas de tempo primárias nunca poderá ter o cenário todo positivo. 

 

O sentimento de satisfação de uma vitória do Benfica é sempre o mesmo, seja contra o Régua em 1985, seja contra o Rio Ave em 1999, seja em plena luta pelo Penta, o que nos tem que interessar é sempre o Benfica. 

O golo do Rúben Dias festejado ali no Topo Sul da Luz com ele a bater no emblema e a olhar para os seus é um grande momento. Mesmo assim guardo com mais carinho o primeiro dele pela equipa principal, foi no Bonfim e os que lá estavam sabem como foi especial.

 

Viajar com o Benfica ao longo do tempo é um privilégio de uma vida.

 

PS: agora não se esqueçam de irem investigar a Taça de Portugal de 1985 por causa daquilo do guarda redes do Régua...

Rio Ave 3 - 2 Benfica (Após Prolongamento): A Derrota Interna Mais Amarga da Época

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 Estive no Algarve no jogo com o Olhanense e fui à Luz ver a eliminatória com o Vitória de Setúbal. Estive para ir a Vila do Conde mas acabei por ficar em Lisboa por motivos profissionais. Quero começar por mandar forte abraço a todos os que viajaram até ao Estádio dos Arcos a meio da semana para apoiar o Benfica num jogo que acabou perto da meia noite e ambiente de inverno.

Obviamente, esperava que esta caminhada acabasse no Jamor. Espero sempre. E como nos últimos anos até temos ido com alguma regularidade a finais, não esperava menos esta época.

A apreensão da altura do sorteio confirmou-se hoje em campo. O Rio Ave joga bem, é forte em casa e já em Agosto não tínhamos passado lá.

A diferença para as outras eliminatórias é que, desta vez, Rui Vitória não fez rotação e foi com a sua melhor equipa para dentro de campo mostrando o respeito pelo adversário e pela competição que se esperava.

Ironicamente, o Benfica esta noite fez a melhor primeira parte da época. Faltou concretizar mais oportunidades, particularmente Salvio devia ter feito pelo menos um golo. A equipa ficou-se pelo golo de Jonas, excelente, por sinal, e foi para o intervalo a vencer.

Na 2ª parte confirmou-se que os falhanços da 1ª parte iam sair caros. O Rio Ave acertou posições, foi até ao fim com as suas ideias, futebol de posse de bola, construir desde trás, pressionar alto e deu espaço aos seus melhores artistas para brilharem. Criaram dificuldades e conseguiram dar a volta ao 0-1.

A partir da altura em que se viu a perder, o Benfica nunca mais teve o controlo do jogo nem das emoções, andou sempre a correr atrás do prejuízo dando tudo para evitar a eliminação. Jonas permitiu a defesa de Cássio numa grande penalidade perto do final dos 90'. Aliás, Cássio defendeu quase tudo o que havia para defender. A história da sua carreira contra o Benfica, sempre o melhor em campo.

Com muito coração o Benfica evitou a derrota por Luisão num canto muito perto do final do minuto 90. Alivio e esperança, foi o que se sentiu no universo Benfica. O problema é que logo depois o capitão sai de campo com uma lesão e deixa a equipa desequilibrada e já com as três substituições feitas.

O Benfica partiu para o prolongamento com a equipa toda remendada e improvisando posições. A expectativa era de atacar porque a maioria dos seus jogadores em campo tinham essas características, mesmo com menos um jogador.

Mas o Rio Ave manteve o seu plano de jogo e rapidamente chegou à vantagem no prolongamento. Aí a equipa do Benfica já não teve mais coração para voltar ao jogo.

Os jogadores deram tudo, a primeira parte não deixava adivinhar um fim tão negro, jogou a equipa mais forte. O Rio Ave tudo aguentou e passa com mérito aos 1/4 de final da Taça de Portugal.

Sinto o mesmo vazio de há dois anos. Na altura eliminados em Alvalade. É duro quando se percebe que não vamos voltar ao Jamor, no fundo é o fim da magia daquela tarde chuvosa de Maio que nos deu mais uma Taça de Portugal. A seguir vencemos a Supertaça e pensamos que voltar ao Jamor é um destino que ninguém nos pode tirar. Dói quando sentimos que esta época não vamos lá. Espero que este vazio volte a dar lugar à alegria de vencer o campeonato como há dois anos.

 

O Que Estão a Fazer ao Futebol Português?

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 A primeira pergunta é: o que significa esta imagem de um espaço vazio apenas com um jornalista sentado?

O director de comunicação do Rio Ave, Marco Carvalho, explica:

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A indignação de um clube profissional da primeira divisão do futebol nacional é legítima. Isto acontece numa prova organizada pela Liga de Clubes. O mesmo organismo que há uns tempos, pela voz do seu presidente, prometeu aproximar o futebol profissional dos adeptos chamando mais pessoas para os estádios, e até famílias, com preços mais adequados e, principalmente, com uma organização do calendário de jogos com datas e horas divulgadas com uma digna antecedência que permitisse os adeptos orientarem as suas vidas no sentido de poderem ir ver as partidas dos seus clubes.

Como bem sabemos, as promessas não passaram disso mesmo, promessas. Já estamos em Setembro e a única jornada que tem datas e horas publicadas é a... próxima. E mesmo assim, foram divulgadas há poucos dias.

A verdade é que nos últimos anos o futebol português quase que só se resume a um clima de ódio total contra o clube que tem ganho os campeonatos. Como falamos das últimas quatro temporadas, só sobram representantes de dois clubes para semearem esse ódio profundo, os rivais do Tetra Campeão.

Surpreendentemente, esse clima de ódio tem sido muito bem aceite por toda a comunicação social que abriu todos os seus espaços na televisão, rádio e jornais a comentadores, directores de comunicação e dirigentes para que possam espalhar a espuma da sua raiva, das suas teorias, das suas conspirações, dos seus insultos, das suas suspeições e de todo o seu ódio.

Os anos vão passando e cada vez menos se fala de futebol, cada vez menos há espaço para o futebol e o palco principal passou a ser de incendiários.

Isto traz consequências mesmo que ninguém queira saber e todos limpem as mãos.

Basta ir ver jogos do Benfica fora da Luz para se sentir o ódio cada vez mais cego e assustador com que equipa e adeptos são recebidos. Ironicamente, os mesmos adeptos que vão enchendo os pobres cofres de todos os clubes portugueses. É isto, o único clube que movimenta multidões a sério, o único clube que enche todos os estádios deste país é alvo de ódio, inveja e raiva doentia.

Mas estas são as nossas dores, dos benfiquistas, e lidamos bem com elas.

O problema começa a espalhar-se por todo o futebol.

Podem dizer que esta situação absurda de Vila do Conde não está ligada a tudo isto que expliquei. Continuem a assobiar para o lado.

A verdade é só esta, na véspera de um jogo oficial para a Taça CTT apareceu no estádio do Rio Ave UM jornalista para a conferência de imprensa. UM!

Tivesse sido anunciado para o mesmo local à mesma hora uma declaração pública de um saraiva ou jota da vida e iam ver quantos jornalistas iam a correr para aquelas cadeiras.

É isto o #futebolcomtalento.

 

Rio Ave 1 - 1 Benfica: A eficácia morreu à sede ao pé de um Rio

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Numa semana vejo um jogo do Benfica e lembro-me de evocar o Brasil 1982 e Johan Cruyff, na semana a seguir só me vem à memória expressões como carregadores de piano e homens de barba rija. Obviamente, vivo para ter jogos sempre no primeiro contexto mas já tenho idade suficiente para saber que esses são a excepção. O mais normal é assistir a jogos como o de hoje em Vila do Conde. Faltas e faltinhas, pouco tempo útil seguido de jogo e muita luta dentro de campo.

 

O primeiro destaque tem que ir para a equipa de Miguel Cardoso. Que bela atitude, bom plano de jogo, dinâmica interessante, excelente compromisso na luta pelos pontos em disputa e uma equipa muito bem armada. Até me parece que já não há nos Arcos a qualidade de um Gil Dias ou Kravinovic mas, em compensação, está a crescer uma ideia colectiva muito interessante. Especialmente, na agressividade sem bola. Excelente jogo do Rio Ave, provaram que o bom arranque de campeonato não foi por acaso.

 

Do lado do Benfica deu a ideia que a equipa foi surpreendida pela falta de espaço para pensar o jogo, não conseguiu reagir à falta de posse bola e acabou por ter uma primeira parte em falso. Só quando o Rio Ave insistia em sair a jogar a bola de pé para pé desde o guarda redes, mesmo que pressionados, é que a equipa do Benfica ficava perto de criar perigo. A saída de Jardel logo no começo do jogo não foi bom sinal, mais uma perca por lesão e chamada de Lisandro que, desta vez, acabou por não ser feliz ao ficar directamente ligado ao golo do Rio Ave.

 

A verdade é que a equipa de Rui Vitória caiu numa teia bem montada e não conseguiu assumir o jogo. É verdade que não havia Salvio nem Fejsa mas o problema foi mais profundo que a mudança de individualidades. Não havia espaço para jogar, não havia tempo para pensar o jogo e, muitas vezes, nem havia bola para se construir jogadas ofensivas.

 

(Fotogaleria: João Trindade)

 

Na 2ª parte o jogo melhorou, ficou um pouco mais aberto e o Benfica conseguiu chegar mais à frente. Só que o Rio Ave soube sempre sair muito bem com bola. Tarantini e Pelé, à frente dos centrais Marcelo e Marcão, construiram uma muralha inultrapassável, e ainda serviam rapidamente Ruben Ribeiro e Geraldes que estiveram em plano superior ofensivamente.

Teria que ser com desequilíbrios pelas alas que o Benfica podia criar perigo, imprimir velocidade com Rafa e Cervi à procura de Seferovic, Jonas e das entradas de Pizzi. Por momentos o jogo parecia ficar mais em direcção à baliza de Cássio mas o Rio Ave nunca se deixou encostar. Aliás, num dos contra ataques os vilacondenses chegaram mesmo à vantagem num lance muito infeliz de Varela e Lisandro.

 

Temeu-se o pior, Rui Vitória lançou Zivkovic para o lugar de Cervi e pouco depois veio a resposta do Benfica. Se o golo do Rio Ave foi um autogolo vindo do céu, o do Benfica veio em forma de penalti escusado que Hugo Miguel vislumbrou numa falta sobre Jonas. O próprio Jonas empatou o jogo.

O Benfica embalou com o empate e construiu em pouco mais oportunidades do que no jogo todo. Aqui cruzaram-se dois dados opostos, a falta de eficácia que Rafa teima em mostrar e a inspiração na baliza que Cássio já exibiu contra o Benfica tantas vezes. Nem a entrada de Raul alterou este triste destino. Cássio hoje foi imbatível.

Mas fica uma rápida reacção do Benfica após uma primeira parte apagada e uma desvantagem ocasional. Desta vez, o último esforço da equipa não foi premiado com a vitória. O empate é um prémio justo para o jogo que o Rio Ave fez.

Datas e Horas das Primeiras 4 Jornadas da Liga NOS

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1ª Jornada da Liga NOS: SL Benfica - SC Braga, dia 9 de agosto (quarta-feira), às 21h.

2ª Jornada da Liga NOS: GD Chaves - SL Benfica, dia 14 de Agosto (segunda-feira), às 21h.

3ª Jornada da Liga NOS: SL Benfica - CF Belenenses, dia 19 de Agosto(sábado), às 20h30.

4ª Jornada da Liga NOS: Rio Ave FC - SL Benfica, dia 26 de agosto (sábado), às 20h30.