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Red Pass

Rumo ao 38

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Porto 3 - 2 Benfica: Impotência Frustrante

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Já nem me lembrava o que era fazer a A1 em esforço para Lisboa. Estivemos num ciclo incrível em que estas viagens até pareciam mais curtas, na última noite voltei a sentir o peso da distância, também porque vim a conduzir, depois de uma derrota. Já não me lembrava, quero esquecer rapidamente e desejo que não volte a sentir tão cedo. 

Aproveitando o facto de ter vivido o clássico por dentro começo por partilhar algumas notas à volta da organização do jogo que acho úteis para quem não está tão por dentro destas logísticas. Em 2020 está muito acessível e confortável ir até ao Dragão ver o Benfica. Fui na década de 90 às Antas e já fui ao novo recinto de comboio, de carro sem escolta e ontem em carro próprio seguindo a sugestão da policia. A maioria dos adeptos benfiquistas de Lisboa optaram por ir de autocarro e saímos todos juntos a pé para o estádio. Sem qualquer dificuldade e com a moral em alta. Seria impensável ir com esta facilidade toda a um clássico no Porto até há pouco tempo. Portanto, só posso deixar elogios ao Benfica e à PSP por toda a operação. Isto é de valor, tem de ser sublinhado porque quando corre mal todos criticamos. 

 

Sigo por uns recados para as entidades que mais se põem em bicos dos pés durante a temporada futebolística. Começo pela tarja de boas vindas aos adeptos do Benfica fixada num viaduto do Porto.

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A juntar às boas vindas ainda tivemos direito a bonecos enforcados, um com equipamento do Benfica e outro, suponho, deve ser o árbitro. Quando estamos a atravessar tempos tão sensíveis socialmente e que tantas vezes vemos imediatas reacções de João Paulo Rebelo, o zeloso Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, e de Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal, por exemplo, é estranho que até agora ninguém tenha mostrado indignação.

 

Por falar em Liga Portugal, eu enquanto adepto que pago caro o meu bilhete para ver um jogo, este custou 31€, que pago a deslocação e passo o dia dedicado ao espectáculo que a organização deve defender, gostava muito de perceber porque é que no Dragão o número oficial de espectadores termina sempre com o número da camisola do jogador que faz o primeiro golo do Porto. Também gostava de saber porque é que o Porto atrasa as suas entradas em campo para que os jogos comecem invariavelmente mais tarde. É que as partidas já são marcadas para um horário tardio, não é preciso atrasar mais o seu começo. E ainda, gostava de entender porque é que o guarda redes do Benfica, com pressa, vai buscar uma bola para recomeçar o jogo e acaba a levar cartão amarelo, a perder tempo e continua sem bola depois disso tudo. Sendo que para seguir o jogo aparecem depois duas bolas em campo.

Este episódio leva-me a questionar agora a coerência do Sérgio Conceição. Há pouco tempo queixou-se, mais do que uma vez, do anti jogo e tempo útil de jogo. E bem. Podemos falar disto neste clássico ou é só quando o Sérgio está apertado. Sérgio, o teu Porto da segunda parte deste jogo foi igual ao teu Vitória de Guimarães na Luz há uns anos. Coerência é isto. 

 

Agora o jogo.

O Benfica tinha uma oportunidade óptima de fazer história no Dragão ou, pelo menos, de fazer mossa no rival. Vários cenários eram apetecíveis para o líder que nunca tinha estado nesta posição confortável nas visitas ao Porto. Por incrível que pareça, este conforto faz mal ao Benfica. Parece que tudo funciona melhor quando a pressão está no limite como na época passada. 

Pedia-se ao Benfica que entrasse autoritário, com posse de bola, impusesse o seu estilo e o seu jogo, que dominasse o jogo de forma natural. Tinha tudo a seu favor, inclusive a previsibilidade do seu adversário. 

Sem margem para erro, Sérgio Conceição foi pela única via possível, um 4-4-2 com Soares e Marega na frente, no meio campo Uribe, Diaz, Sérgio Oliveira e Otávio e na defesa uma chamada de Pepe ao lado de Marcano com Alex Telles e Corona nos corredores a darem muita projecção atacante. Tudo isto assente numa pressão intensa e uma reacção à perda de bola agressiva. Ou seja, o Porto na sua zona de conforto, na sua atitude preferida em postura de tudo ou nada e com conhecimento das limitações defensivas do Benfica que, aliás, já tinha explorado com sucesso na Luz. Veja-se o golo que Marega inventou. 

Nos tempos de Giovanni Trapattoni eu sei bem como é que este jogo era encarado. Mas os tempos são outros e a exigência está no auge, felizmente. Ninguém ia perdoar a Bruno Lage um plano de jogo para não perder. Quando tudo parecia claro para encarar o clássico surge a baixa de Gabriel e várias opções se levantaram. A equipa técnica do Benfica optou por lançar Weigl e Taarabt que se juntava a Chiquinho atrás de Vinicius. Destes três, dois são claramente ofensivos e com necessidade de ter bola, depois Rafa a ameaçar na esquerda e Pizzi na direita. Na defesa nada de novo. Na teoria, era uma equipa com vontade de ter bola e ofensiva. Houve sinal ambicioso na entrada em campo. 

O Benfica não entra mal nos primeiros minutos mas aos 4 minutos Marega deixa Taarabt K.O. no relvado e deu o mote para o jogo do Porto. O facto deste lance não ter merecido qualquer reparo de Soares Dias nem de Tiago Martins também deixou claro ao que íamos. Estes são dois nomes apontados para o sucesso de Portugal no futebol internacional a nível de arbitragem. Por isto é que não temos nenhum nome de arbitragem em fases finais de Mundiais, Europeus ou Champions League. São ridículos na sua altivez e abjectos na sua vaidade. Lamento.

Aos 10', Otávio centra e Sérgio Oliveira faz o 1-0 e foi a primeira vez que o Dragão reencontrou a sua identidade. Até aí todos pareciam muito receosos, equipa e adeptos. 

Tal como na época passada, o Benfica reagiu e 8' depois Carlos Vinícius marca na mesma baliza onde João Félix tinha feito a festa há um ano. O sector visitante ficou ainda mais motivado e nada apontava para o que veio a seguir. Cartão amarelo para Taarabt, cartão amarelo para Weigl, em três minutos os homens do meio ficaram condicionados e 6' depois Tiago Martins vê um penalti de Ferro. Soares Dias, que nada assinalou em cima do lance, foi ao VAR e abriu caminho para o 2-1 que Alex Telles agradeceu. Se é verdade que há mão do Ferro, também é evidente que Soares empurra o central do Benfica. A questão é, que imagens é que Artur Soares Dias viu para ignorar assim a falta do avançado portista?!

E assim se esfumou a reacção do Benfica. Pior que isto, a equipa acusou os três amarelos seguidos, o penalti, e o facto do Porto continuar a atacar pelo lado esquerdo da defesa do Benfica, entre Grimaldo e Ferro, acabando por chegar ao 3-1 antes do intervalo com Rúben Dias e Odysseas a não conseguirem reparar a mossa de Marega. 

Desilusão total ao intervalo. Pedia-se uma nova abordagem na 2ª parte. E o Benfica acreditou que era possível ir atrás de um bom resultado, Rafa assistiu Vinicius que aos 5' reduzia para 3-2. Ficava toda uma 2ª parte para brilhar. Uma palavra de conforto para o avançado brasileiro que bisou no Dragão, não foi por ele que as coisas correram mal. 

A partir daqui o Benfica fez o que sabe melhor fazer, ter bola, circular, procurar soluções e tentar chegar ao empate. O problema é que foi durante um período muito curto porque rapidamente a equipa de Sérgio Conceição levou o jogo para a perda de tempo. O episódio que já referi do Odysseas aconteceu aos 64'.

A partir dos 66', o Benfica perdeu as suas raízes de jogo. Bruno Lage com meia equipa "amarelada" optou por partir o jogo e levar tudo para o campo do improviso. Tirou Adel, que estava na primeira linha para ser expulso, lançou Seferovic. Nada de bom saiu daqui. Dez minutos depois trocou Weigl por Samaris. Mais dez minutos e saiu André Almeida que deu lugar ao estreante Dyego Sousa. Rafa passou para defesa direito e o futebol do Benfica já era só desespero à procura de um milagre final. O Porto sempre confortável com esta anarquia e todo este improviso. Tudo saiu mal ao Benfica. Perdeu-se o controlo do jogo e caiu-se na tentação de um futebol que não sabemos jogar, abdicando de tudo aquilo que a equipa costuma fazer até ao fim. 

Foi mau. Ficou aquela sensação do costume, sempre que podemos fazer estragos profundos naquele recinto acabamos por lhes dar vida. Tem sido isto a minha vida toda. Em 2010 podíamos e devíamos ter sido campeões ali. Não fomos e foi o que se sabe nos anos seguintes. Desta vez podíamos ter aumentado para 10 pontos a vantagem, saímos com 4. É frustrante. Entre estes dois jogos tivemos momentos muito bons no Dragão mas nenhum tão saboroso como um título ou uma vantagem histórica. O mais próximo que se conseguiu foi na época passada. Em máxima pressão, lá está.

A ironia disto tudo, é que há um ano saímos do Porto com uma vantagem de 2 pontos na liderança. O regresso para Lisboa foi em total euforia. Com 2 pontos de avanço e um calendário delicado pela frente. Desta vez, regressamos com 4 pontos de vantagem e uma calendário menos agressivo mas a decepção e frustração é gigante. Porque já não somos o Benfica de Trapattoni, não equacionamos empates e quando a derrota chega é como uma abalo sísmico de alta intensidade em todo o universo benfiquista. Ficamos a mastigar todo o jogo em loop e a pensar que devia ter sido tudo diferente. Tudo, não. Os golos do Vinicius mantinham-se. 

Resta-nos fazer um rápido luto e ganhar força para ir a Famalicão garantir um dos objectivos essenciais da temporada que é regressar ao Jamor. Ir com ganas de voltar a encarar a A1 para Lisboa com felicidade. 

Só depois é que podemos pensar na continuação da Liga NOS. Que esta impotência dos clássicos seja a excepção numa prova imaculada até ao fim, como foi a primeira volta. 

Quem passou o sábado dedicado a esta operação que foi estar no Dragão tem uma pequena mas valiosa compensação em relação ao resto do universo benfiquista, passar um dia em família unida no espaço do maior inimigo do nosso clube dá-nos sempre um conforto na alma e uma mais valia nas nossas vidas dedicadas ao Benfica que nenhuma derrota nos vai tirar porque este sentimento é o coração que faz bater a grandiosidade do Sport Lisboa e Benfica. Foi assim nos anos 90 e continua a ser assim hoje. 

 

Benfica 0 - 2 Porto: Desilusão

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Um jogo e tudo muda no universo dos dois candidatos ao título. Uma vitória justa do Porto no Estádio da Luz e a vantagem pontual no campeonato ficou anulada. 

A verdade é que a história deste derby ficou influenciada pelo momento em que as duas equipas chegaram à jornada 3. 

O Benfica não teve influência nenhuma no falhanço europeu do Porto nem na inesperada derrota em Barcelos para o campeonato. Bruno Lage limitou-se a preparar a entrada na temporada de forma tranquila desenhando um onze em 4-4-2 que teve na ausência de André Almeida a maior dor de cabeça e na lesão de Gabriel o maior contra tempo. A saída de João Félix já estava assimilada e nem conta para esta equação. 

Se o Benfica vinha com um registo de vitórias seguidas, não era expectável que fosse o seu treinador a inovar algo para este clássico, nem tacticamente nem individualmente. Adivinhava-se o mesmo onze dos últimos jogos. E é aqui que o Benfica começa a perder, por estranho que pareça.

É que do outro lado, subitamente este jogo passou a ser tudo ou nada para Sérgio Conceição que percebeu a importância histórica de motivar a equipa no confronto directo com o grande inimigo. A isso acrescentou uma ousada ambição e deu todos os sinais de querer entrar na Luz para vencer e dar a volta à má entrada na época. Em relação à equipa que lançou contra o Vitória FC, manteve ambiciosamente Corona no lado direito da defesa e Romário Baró na sua frente. Ou seja, repetiu a equipa que tinha goleado na jornada anterior. 

A isto, o Porto juntou uma atitude ousada baseada numa pressão alta muito forte e com os jogadores a mostrarem uma motivação enorme. 

O facto do Benfica chegar bem em termos de resultado ao clássico tornou a abordagem ao jogo previsível e o Porto apostou tudo na tentativa bem sucedida de anular todos os pontos fortes do jogo do Benfica. 

Cedo se percebeu que perante aquele 4-3-3 de Conceição levantava muitos problemas ao futebol do Benfica. Ou a equipa de Lage se enchia de paciência e saía a jogar no limite com calma, atraindo a marcação agressiva do Porto para a contornar com troca de bola apoiada para depois criar situações de superioridade mais à frente do terreno ou então era preciso afinar posicionalmente a equipa chamando a jogo um médio de ligação e abdicando de um dos dois avançados. Penso que não sobravam mais alternativas depois de ver como o jogo estava ao fim de algum tempo. 

O Benfica precipitou a saída de bola sem paciência optando por bater na frente facilitando a vida a Marcano e, especialmente, Pepe que esteve como quis a noite toda. Depois o jogo interior do Benfica não entrava e tanto Rafa como Pizzi acabaram por ter de correr atrás das tais bolas batidas em largura. Vimos Rafa a lutar pela posse bola no ar com os centrais do Porto. Dificilmente podia resultar. 

Com estes sinais todos evidentes, sobrava ao Benfica a esperança da inspiração individual ou associativa dos dois do costume. Infelizmente, a inspiração individual global esteve tão apagada como a colectiva. E quando assim é, a tendência é para o jogo partir e ficar resolvido para o outro lado. Marega não marcou na primeira oportunidade clara mas fez o 0-2 na segunda. 

Até neste pormenor o Benfica falhou. Depois daquele falhanço de Marega, o Benfica devia ter ido para cima e puxar pelo ditado popular "Quem Não Marca Sofre". Mas não era noite para isso. 

A troca de Samaris por Taarabt trouxe mais personalidade na construção mas não resolveu o problema da superioridade numérica e posicional do Porto. 

O Porto apostou em surpreender, arriscou, foi ambicioso e conseguiu transformar a tranquilidade do Benfica em previsibilidade fácil de anular. 

Agora, é fácil olhar para trás e pensar que o Benfica podia ter feito outras opções mas não fazia sentido à luz dos resultados obtidos até aqui. Por isso é muito mais fácil escrever agora que devia ter sido diferente. 

A maior desconfiança que tinha antes do jogo era, precisamente, o momento do Porto. É que sinto que não há maneira de darmos um golpe profundo quando eles estão magoados. Isto nem tem nada a ver com o jogo de hoje, é algo tradicional e histórico nas últimas décadas. O Porto precisa do Benfica para se recompor e, geralmente, consegue. É uma motivação extra enfrentar o inimigo, nem a saída da Champions, nem a derrota em Barcelos, pesam na hora de mostrar unhas e dentes ao rival. Sempre foi assim, sempre assim será. 

A tranquilidade e a zona de conforto em que os jogadores do Benfica vivem desde a conquista do campeonato, mais a supertaça e a entrada triunfante nesta Liga, acabou por ser uma sensação traiçoeira quando confrontada com a fúria e a determinação de prova de vida do rival. 

Agora sai o Porto deste confronto directo em vantagem e com um onze desenhado e cabe a Bruno Lage analisar e meditar sobre o que não correu bem neste clássico que ditou a primeira derrota do técnico no campeonato. 
Claro que não se espera uma revolução mas há conclusões a tirar desta noite. Nomeadamente, as que abordei na crónica. 

Nada estaria ganho em caso de triunfo, como nada está perdido com esta derrota. Nos últimos seis anos o Benfica venceu cinco campeonatos e nenhum foi fácil nem folgado. Este não ia ser diferente. A luta continua. Como sempre. 

Porto 1 - 2 Benfica: Ultrapassagem Histórica

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Fez-se história no Porto. Cheguei a ir ver o Benfica às Antas mas nunca vi um triunfo lá. No Dragão tenho ido várias vezes e nunca apanhei o Benfica a vencer. Hoje foi o dia em que tudo mudou. Vi o Benfica revirar um resultado no Porto, festejei uma enorme vitória e vi o Benfica regressar à liderança do campeonato. Mesmo assim, nada disto foi o mais importante e marcante deste sábado passado na A1 para cima e para baixo só para estar no estádio com o Benfica. O momento em que tudo fez sentido aconteceu uns minutos antes do jogo começar. A equipa do Benfica corre para a nossa bancada, que já fervia de entusiasmo desde o aquecimento, e André Almeida deu a mão ao companheiro do lado que fez o mesmo e assim sucessivamente, até que toda a equipa se curvou perante aqueles milhares de adeptos replicando a lendária vénia dos jogadores ao Terceiro Anel em pleno estádio do Dragão. Emocionei-me de verdade. Um simples gesto, uns segundos de empatia, o suficiente para sentir logo ali que se vivia uma noite especial. 

Fiquei arrepiado pelos que fizeram as viagens comigo, pelos companheiros habituais destes dias à Benfica a galgar Km's pelo país fora e que estavam espalhados pela bancada, por todos aqueles que não puderam estar ali connosco, por todos os que foram ao hotel receber e, principalmente, despedirem-se da equipa com entusiasmo, por todos os que passaram a vida atrás do Benfica e já não estão entre nós e, especialmente, para o Sérgio, que mais do que ninguém, merecia estar ali a aplaudir a vénia.

 

O jogo começa e está muito fácil acompanhar os jogos do Benfica actualmente. Porque gosto do "11", porque adoro a ideia de jogo do Benfica, porque confio no trabalho que nos apresentam, porque sinto que vamos ser felizes e porque sei que temos talento e capacidade para brilhar nas grandes noites.

E nem quando sofremos um golo em pleno Dragão, o entusiasmo diminui. Escrevo estas linhas para lá das 3 da manhã e ainda não tive oportunidade de ver com calma o jogo na televisão mas fiquei com a clara impressão que o 1-0 não devia ter sido validado por influência de Pepe em fora de jogo a perturbar a visão de Odysseas. Mas depois do que vimos na meia final da Taça da Liga, já nada me espanta...

Tal como em Braga, o Benfica respondeu forte. Sempre que a bola entra nos homens do meio campo para a frente, sentimos que algo de bom pode acontecer. Gabriel, Pizzi, Rafa, Felix e Seferovic movem-se com um aviso invisível na testa a dizer perigo em construção

Festejei muito o golo do João. Imaginei várias vezes que ele marcaria naquela baliza. Nenhum dos meus desejados festejos fez justiça ao festejo de Félix. De braços cruzados a olhar para a "curva" legalizada depois de deslizar de joelhos. Uma imagem imortalizada em belas fotografias só superada pela pressa de Rafa a ir buscá-lo e com a bola debaixo do braço a dizer que o empate não serve. Isto é o Benfica, queremos ganhar.

Ironia do destino, foi Rafa quem culminou uma bela ideia de Pizzi, rematou sem hipótese para Casillas. Estava feita a remontada, chegava o Benfica à liderança novamente. 

Sérgio Conceição mexeu e remexeu, reagiu à expulsão de Gabriel, mais uma para o Benfica num clássico, e o Benfica sempre manteve as linhas. Lage lançou com calma Gedson, Corchia e Cervi. 

Na recta final o Porto acertou na barra, Odysseas fez uma grande defesa, Samaris fez um magistral corte e o Porto acabou desesperado a tentar empatar num livre directo que nada deu. 

O Porto perdeu e perdeu bem. Saiu derrotada a esperteza de uma cura milagrosa num pobre Marega que a meio da 1a parte já se arrastava, saiu derrotada a espertice do treinador do Porto muito confiante em saber tudo do 11 do Benfica e saiu derrotada toda aquela inveja e ódio vindo das bancadas do Dragão. 

É golos marcados, vitórias consecutivas, vitórias nos dois clássicos, enfim, uma chuva de recordes que vão caindo perante toda a tranquilidade do mundo que Bruno Lage apresenta. Vivem-se dias bonitos na Luz.

Se a vénia no pré jogo marcou a noite, há que dizer que o agradecimento da equipa não lhe ficou atrás. Aquele agradecimento genuíno e ciente que foi um grande resultado mas que continua tudo na mesma. Na próxima jornada temos de começar tudo do zero e somar mais 3 pontos. Será assim até ao fim. 

Abandonar a familia por um sábado dedicado ao Benfica teve uma recompensa muito valiosa, daí toda aquela alegria no final. E não se preocupem que ali naquela bancada ninguém deu nada por conquistado ou resolvido. Antes pelo contrário, a capacidade de sofrimento aumentou.

 

Por falar em sofrimento, o que dizer do apedrejamento ao autocarro do Benfica e à viatura do Presidente? Repetiu-se a loucura de 2010 e a ideia que dá é que as pessoas com responsabilidades neste país querem fazer passar que é uma situação perfeitamente normal e justificada naquele ponto do país. Lembram-se da final da Libertadores entre River e Boca? Recordam-se do que se disse e escreveu sobre o adiamento desse jogo que passou de Buenos Aires para Madrid? 

Pois, parece que sendo no Dragão é tudo perfeitamente normal e aceitável. 

Não é. É gravíssimo e devia ter consequências imediatas.

Escrevi isto e já estou a imaginar que a resposta seja mais um pedido de interdição do Estádio da Luz...

 

E o que dizer dos adeptos legalizados? Os que, teoricamente, atacam viaturas oficias do clube que os visita e que podem colocar panos num local estratégico com campo de visão junto ao relvado a dizer Ides Sofrer Como Cães. O PAN não se incomoda com isto? Não era de perguntar à Liga porque é que um pano destes entra no estádio, quando todos os que vamos aos jogos sabemos o controlo apertado que nos fazem até com frases em cachecóis?

 

Por fim, hoje tinha sido um grande dia para o Secretário de Estado do Desporto, para os responsáveis do IPDJ, para governantes, para responsáveis da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol, tiraram os rabinhos do sofá e fazerem-se à estrada para perceberem como estão tão longe da realidade quando pensam que controlam isto tudo com comunicados, entrevistas e ameaças. Hoje não houve comboios. Tirando seis autocarros de um grupo organizado de sócios do Benfica, o resto foi tudo de carro. Se os adeptos do Benfica tivessem receio, fossem mais racionais, sentissem medo deste desafio, muitos lugares tinham ficado vazios. 

É uma tremenda irresponsabilidade, acharem que mais de 2500 adeptos se deslocam à cidade do Porto sem perceber muito bem onde e como estacionar as viaturas e que tudo vai correr sem problemas. Hoje tudo podia ter descambado muito facilmente, as pessoas com responsabilidades à volta do futebol deste país não sonham com o que é um contexto desta natureza. Felizmente para elas e para nós, a malta só quer ver o Benfica e estar ao lado da equipa. Por isso, todos fazem estas loucuras esperando sempre que tudo corra bem. E hoje correu, o Benfica ganhou. Mas aquela imagem de dezenas de carros a chegarem e meia dúzia de policias completamente perdidos perto do local onde indicaram como ponto de encontro, será sempre inesquecível. 

Continuem a brincar com isto. 

Uma coisa é garantida, o Benfica terá lá sempre a sua gente, seja onde for, seja contra quem for. A vontade de ver o Benfica é maior do que qualquer racionalidade. 

A paragem para almoço foi em Condeixa na Casa da Júlia. Leitão da Bairrada, entradas simples de chouriço picante e queijo seco. Vinho branco à pressão e uma sobremesa baseada em ovos moles. Tudo aprovadíssimo. 

No regresso, a afluência à estação de serviço da Mealhada era de tal ordem caótica que só parámos em pombal. Aposta na sandes de leitão e pastel de bacalhau. A sandes não tem comparação com a da Mealhada. Pior, embora o preço seja um roubo na mesma. 

Foi uma vitória muito importante, histórica e coloca este maravilhoso Benfica de Bruno Lage na frente. Agora começa uma nova era e um novo desafio para Lage, manter o primeiro lugar até ao fim. 

Da nossa parte, há forças para isso, assim sendo, entreguem-se treino a treino, jogo a jogo, como diz o Mister , para manter e aumentar o nível de satisfação. 

Saborear esta bela jornada e depois começar tudo do zero. 

 

 

Benfica 1 - 0 Porto: O Nosso Lema é o de Vencer

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 O Benfica chegou a este clássico muito pressionado. Demasiado pressionado para uma jornada 7, diga-se. Tudo porque empatou o derby em casa com o Sporting e voltou a empatar em Chaves num jogo cheio de peripécias. 

Depois, foi a segunda parte em Atenas que assustou os benfiquistas e juntou-se a estatística dos clássicos recentes mais o facto do Porto chegar à Luz à frente na classificação. 

A tudo isto juntou-se a lesão de Jardel, a expulsão de Conti em Chaves, dois jogadores que ficaram assim de fora do clássico, e a expulsão de Rúben Dias na Grécia que deixou o universo benfiquista à beira de um ataque de nervos.

Ainda sem Jonas em forma, sem o efeito explosivo de João Félix, adivinhava-se um fim de tarde complicado para o Benfica neste domingo. 

Muitas teorias à volta dos centrais, muitas dúvidas sobre a opção Lema. 

Terminado o clássico e o que mais li e ouvi da parte de adeptos e observadores deixou-me espantado. Ora, em 2018 toda a gente descobriu que se joga muito pouco futebol em Portugal. O Benfica conquistou uma vitória muito suada e importantíssima mas vamos discutir a qualidade de jogo do clássico.

Meus amigos, somar as primeiras partes dos mais recentes jogos Braga - Sporting e Benfica - Porto é obter um resultado de uma mão cheia de nada, em termos futebolísticos. Mas isso já eu sei há muito tempo. Já o digo e escrevo há muitos anos. Aliás, digam-me lá 5 grandes clássicos, cheio de qualidade de futebol a todos os níveis, que tenham acontecido nos últimos, vá lá, dez anos. Não há. E ninguém quis saber disso para nada nunca. 

Hoje, pelos vistos, está tudo muito preocupado com a qualidade de jogo. 

Já aqui escrevi há uns tempos e vou recuperar essa ideia, quando o Benfica começa a jogar eu não quero viver a festa do futebol, nem estou à espera de um futebol tipo Laranja Mecânica. Eu só quero uma coisa, uma vitória do Benfica. E quanto mais monótona, melhor. Um jogo do Benfica é um assunto muito sério na minha vida. A minha vida é cheia de capítulos de 90' que precisam de ser resolvidos com um triunfo. Se for com uma goleada, melhor. Se for com um recital de bola, muito melhor. Mas não perco o foco, o objectivo é fazer um golo mais que o adversário. Apenas e só isso.

Quando eu vejo um guarda redes histórico, como é Casillas, a levar um cartão amarelo aos 20' da primeira parte por estar a retardar a reposição de bola desde o começo do jogo concluo que a vontade de jogar é pouca. O Porto veio à Luz para não perder o jogo e para perder muito tempo útil de jogo. Foi uma estratégia. Mas influenciou directamente o tempo útil de jogo que deve ter tido uma percentagem ridiculamente baixa. 

O Benfica foi a jogo com Lema ao lado de Rúben, Gabriel no meio e Cervi na esquerda. De resto, tudo igual e expectável para este jogo. E foi muito bem. O Lema jogou e não houve drama nenhum. 

Eu sou do tempo das piores equipas de futebol que o Benfica teve na sua história. Anos 90. Sabem quantas vezes o Porto ganhou para o campeonato na Luz na década de 90? Duas. Isto significa que ganhámos jogos que ninguém esperava com equipas onde o Lema era rei e senhor, se jogasse nessa altura. Quando dramatizam as ausências antes de um clássico esquecem aquele jogo de 2009 e todos aqueles em que andávamos muitos pontos atrás na classificação. O Lema jogou e ganhou porque o nosso lema é o de vencer. Ah, e foi expulso. É que as expulsões para jogadores do Benfica estão muito baratas. Por exemplo, o Otávio teve muito que penar até ser reconhecido com um cartão amarelo. Para os homens da casa até saía à primeira falta. 

Houve muita bola pelo ar, muitas faltas, muito tempo perdido, uma equipa mais interessada em ganhar e outra em sair de Lisboa com a vantagem mínima na tabela classificativa. Que novidade houve neste clássico? Nenhuma. Esta é a história da grande maioria destes jogos. 

As boas notícias para os benfiquistas é que a equipa voltou para a segunda parte ainda mais motivada. Sentiu que podia mesmo vencer. Fez por isso. O Estádio acreditou e, por momentos, virou mesmo inferno da Luz empurrando a sua equipa para um golo que Casillas negou, embora houvesse fora de jogo. Aliás, como na primeira parte também um fora de jogo já tinha invalidado um incrível falhanço de Seferovic.

A grande defesa de Casillas a remate de Gabriel fez temer o pior, o espanhol costuma dar espectáculo na Luz. Mas, desta vez, passados poucos minutos aconteceu mesmo golo de Seferovic. Uma pressão alta, muita luta pela bola, recuperação, assistência inteligente de Pizzi e Seferovic a rematar para o 1-0. 

É para isto que eu vou ao estádio. Para viver e festejar o golo. E logo a seguir ficar angustiado por ver que ainda falta uma eternidade para terminar o jogo.

A partir daí é que se viu o Porto interessado em jogar e chegar ao golo mas o Benfica resistiu com confiança e em harmonia com as bancadas. Foi assim até ao fim. À Benfica! 

Naquele estádio ninguém estava incomodado com uma defesa liderada pelo miúdo Rúben, que fez enorme exibição, diga-se. Ninguém desmotivou o Lema, que não merecia acabar o jogo daquela maneira. De certeza que nestas bancadas estavam companheiros que se habituaram a vibrar com golos ao Porto inesperados de Bruno Basto, por exemplo. Ou de Valdir. Ou de Tahar. Passámos por isso tudo e ainda cá andamos. 

Porque raio íamos vacilar hoje? Isto é o Benfica. E há pouca coisa no mundo mais bonita que a harmonia única da Luz entre equipa e adeptos. Hoje houve.

O Benfica ganhou e ganhou bem. Recuperou a liderança e olha para o horizonte com confiança. Há jogadores a recuperarem que vão dar mais qualidade à equipa. Vencer o Porto antes de mais uma paragem na Liga é moralizante. 

Mas não me venham com a conversa da qualidade de jogo do clássico. Há anos que estes jogos passam ao lado das melhores expectativas. Estas partidas não são para exibições, são para ganhar. 

Agora, se quiserem discutir honestamente a qualidade de futebol da Liga NOS de forma séria e aberta, contem comigo. Mas não passa por clássicos e derbys. Se quiserem discutir que, se calhar, tudo isto é reflexo de Portugal se ter tornado um país de adeptos de sofá e de futebol (mal) falado, também podem contar comigo. Mas para olhar para um clássico e torcer o nariz pela sua qualidade, isso não. Aqui as equipas só querem ganhar. Foi assim na Luz, será assim no Dragão. 

Muito saboroso, este triunfo contra um clube que tudo tem feito para abater o Benfica movidos por um ódio visceral e regional que os cega de raiva. O Benfica ganhou. Tão bom. 

Benfica 0 - 1 Porto: Desilusão

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Um regresso a 2013 para o qual não estava nada preparado. Na altura fiquei dias sem dormir após o empate a um golo com o Estoril na Luz naquela 2ª feira negra depois de uma jornada europeia épica. Foi uma viagem alucinante do céu ao inferno em poucos dias. Passei mal, aquele resultado deixou-me de rastos. De tal maneira que sempre que me falam do golo do Kelvin em lembro-me logo do momento em que saí da porta da bancada da Luz na noite do Estoril e senti-me morto vivo. Ainda hoje acho que o último campeonato que não vencemos foi mais por culpa daquele jogo com o Estoril do que por causa dos momentos finais no jogo seguinte. 

Também senti que estávamos muito mais perto de ganhar campeonatos se continuássemos a competir da mesma forma. Tanto assim foi que nos quatro anos seguintes fomos campeões. Sempre na base do sofrimento, sempre a aproveitar deslizes de terceiros, sempre cheios de alma. 

Foi com base nesta ideia que fiquei muito optimista quando saímos de Setúbal no primeiro lugar. Ficámos com o destino na mão. 

Era importante perceber o momento e focar tudo numa vitória no clássico, era o jogo mais importante de uma vida. Ganhando ficava tudo bem encaminhado. Não me agradava nada a ideia de pensar num empate, demasiado perigoso tendo em conta as saídas que ainda temos até ao final. 

Claro que isto é tudo em teoria, temos que saber o que queremos de um jogo mas também temos que saber gerir aquilo que o jogo nos dá. Se a poucos minutos do fim sentirmos que já não dá para ganhar então não podemos permitir uma derrota, aprendemos isso com o mestre Giovanni Trapattoni.

Aconteceu tudo ao contrário do que queríamos. O jogo não nos saiu bem, a expectativa de cair em cima do Porto em buscar de uma vitória que os deixasse KO não aconteceu como todos imaginámos porque entre a realidade e o que desejamos vai uma considerável distante.

Quando Pizzi puxou o pé atrás para rematar contra Casillas na baliza norte tive aquela batida no coração do é agora. Não foi e assim ficámos muito mais vulneráveis a pensamentos sobre o futebol português. Tais como é que é possível termos ali o Soares Dias a apitar um jogo um ano e pouco depois de ter sido ameaçado por adeptos que estavam no sector visitante do estádio. Será por isso que não viu da mesma maneira que eu vi o Zivkovic ser empurrado na área azul? Terá sido pelas ameaças que achou por bem não mostrar o segundo amarelo ao Sérgio Oliveira? Nunca vamos saber mas o clima do nosso futebol faz com que fiquemos a pensar nestas coisas.

Falando do nosso futebol, o do Benfica, também nunca saberemos se com Jonas recuperado em campo o jogo teria corrido melhor. A verdade é que a equipa age de maneira diferente, já o tínhamos visto em Setúbal, e com Raul a titular fica sempre a faltar um Jimenez a entrar na 2ª parte para agitar o jogo. 

Aquele pontapé do Herrera não podia ter acontecido naquela altura do jogo. Aconteceu e agora fica tudo muito complicado. 

A diferença em relação a 2013 é que ficam a faltar mais jogos mas o problema é que já não temos o destino nas nossas mãos, temos que esperar milagres de terceiros e isso nunca é bom. Não é impossível mas não é expectável.

Resta-nos cumprir a nossa obrigação nos jogos que faltam e esperar que esta tarde na Luz não tenha sido o pesadelo final que neste momento realmente é. 

Porto 0 - 0 Benfica: Vivos!

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 Para quem ia sair do Dragão a 8 pontos e desmoralizado para o resto do campeonato não está nada mal seguir para a segunda semana de Dezembro a 3 pontos da liderança e com a passagem pelo Porto concluída.

Este constante desprezo pela equipa de futebol do Benfica tem sido o grande defeito dos nossos adversários. Quer dizer, também tem sido usado pelos próprios benfiquistas nos últimos três anos mas aí até é útil porque aumenta sempre a exigência. Tem sido sempre de trás para a frente, a luta do Benfica no campeonato nos últimos anos e mesmo assim acham constantemente que estamos mortos.

 

Mas quero começar por algo superior a tudo o que aqui vamos falar. Este foi o primeiro clássico sem o grande Zé Pedro a torcer por nós. Não vou aqui repetir elogios (merecidos e unânimes) nem contar histórias mais pessoais. Apenas recordar o que o amigo Nuno Calado, da Antena 3 e amigo de longa data do Zé Pedro, ontem me lembrou por sms quando eu ia a caminho do Porto: O nosso clube é tão grande que sempre que os Xutos & Pontapés actuaram nos intervalos dos jogos no Estádio da Luz deixavam o Kalu vestir a camisola do Porto.

Esta era a grande força do Zé Pedro, conseguia ser benfiquista sem melindrar ninguém que fosse seu fã. E tinha o mesmo bom gosto futebolístico que mostrou na música. Um dos maiores que nos vai fazer muita falta.

Este ponto também foi para ti na esperança de te podermos dedicar algo maior em Maio.

 

Posto isto, passo para um pedido muito especial para a nossa querida Liga de Clubes. Olhem lá, eu pago um lugar cativo no meu estádio que dá acesso a todos os jogos da vossa competição na minha casa. O cartão tem o nome que inspira a existência deste blogue. Mas o que eu quero mesmo a partir de hoje é saber quanto custa e como posso arranjar o bilhete que este companheiro, cheio de futebol com talento, adquiriu:

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 É que isto de sair da bancada directamente para o banco do adversário e fazer parte do espectáculo é outra dimensão! Que categoria, invade, empurra, agride e sai escoltado perante os sorrisos dos companheiros de bancada. Se não for pedir muito, alguém pode explicar o que deveria acontecer na teoria numa campeonato profissional quando um adepto do clube da casa entra no relvado e agride jogadores do clube adversário? Há leis para isto? Está previsto no regulamento ou é só mais um delicioso momento terceiro mundista do nosso futebol? Aguardo com muito interesse.

 

Por falar em leis e castigos. Então, o que para aí vai de análises isentas à arbitragem! Um treinador que acha que devia ter dado 5-1 e especialistas que viram tanta coisa.

Ora, não consigo ter a certeza absoluta que o Luisão fez penalti, no golo "anulado" vejo uma falta sobre o Grimaldo, do Jardel também não vi nada que desse penalti. Acho que é isto que se agita por aí, certo?

Agora, o que levei com carinho do Dragão foi a proeza do Porto acabar com um cartão amarelo no total do jogo. Um! E por simulação do Otávio.

Já o Zivkovic levou um amarelo assim que entrou por estar em pé e a respirar em frente à bola. Isto para logo depois fazer uma falta, repito, uma falta, e foi para a rua. Brilhante!
É aqui que chamo a esta prosa uma figura simbólica deste nosso futebol. O central Felipe. Vamos todos ver a repetição daquela entrada do defesa portista sobre Jonas aos 12 minutos. Estamos todos sintonizados? Pronto, então estamos de acordo que Jorge Sousa esteve bem em não lhe mostrar o cartão amarelo. É que aquela entrada é para expulsão. O árbitro até esteve bem ao não mostrar o amarelo. "Só" faltou mostrar o respectivo vermelho. E Isto seria aos 12 minutos de jogo. Assim, o Porto não ficou em desvantagem numérica e ainda pôde continuar a beneficiar da classe e magia de Felipe, que até um jogador do Benfica no chão pisou, e que conseguiu acabar sem ver um único cartão. Não é para todos. O Zivkovic que o diga.

 

Voltemos à manhã do clássico.

Então o jornal A Bola e Record resolveram entrar no espírito natalício e lembraram-se que o futebol pode ser um lugar engraçado de rivalidades sãs? Fiquei emocionado com aquela foto de dois jovens adeptos, cada um com a camisola do seu clube a olhar para o estádio e a frase "divirtam-se". Tão emocionado que nem abri os jornais ontem.

É preciso não ter mesmo vergonha nenhuma na cara para fazerem capas tão hipócritas. Os mesmos jornais que se alimentam de lixo e difundem as teorias das conspirações de figuras sinistras ligadas a um clube que já aceitou perder pontos por corrupção, ganhando na mesma títulos, e por outras figuras, ainda mais lunáticas, de clubes que nada ganham e inventam campeonatos conquistados no calor do verão. Dão palco, dão voz, submetem-se às suas agendas, espalham as suas mentiras, os seus ódios desmedidos, as suas invejas, as suas raivas incontidas em páginas e páginas de jornais, em linhas e linhas dos sites online na busca selvagem de pageviews, ajudam a conspurcar todo um ambiente que se tornou absolutamente irrespirável para aqueles que só gostam de futebol. Mas no dia clássico tomem lá umas capas todas giras, cheias de fair play e muito preocupadas com o futebol.

Assumam-se! Deixem de ser hipócritas. Deixem de fazer de nós otários. Os jornais, as televisões e os sites online só querem a podridão em movimento para aumentar audiências.

 

Olhem, da próxima vez façam-se à vida, sejam homenzinhos, saiam do casulo e venham connosco numa maravilhosa viagem atrás da nossa paixão num feriado para apoiar a nossa equipa num jogo vergonhosamente marcado para depois das 20h que nos obriga a regressar para junto das nossas preocupadas famílias depois das 4 da manhã.

Venham connosco mas não é de microfone, gravador ou cameras afiadas. Não venham em busca de mais uma reportagem hipócrita sobre "claques" ou grupos organizados. Nada disso. Entrem connosco num carro a seguir ao almoço no estádio da Luz. Façam a viagem Lisboa - Porto, e já agora preparem-se para partilhar despesas de gasolina e portagens, vão ver que é um rombo engraçado nas finanças. Venham sentir a adrenalina de entrar na cidade do Porto em dia de clássico enquanto ligam para casa a dizer que está tudo bem e começam a pensar onde é que vão estacionar o carro. E o que acontece se alguém embirrar com a matrícula do carro ser de um stand de Lisboa. Ou se houver o azar de alguém reconhecer uma cara que até aparece na BTV com regularidade. Ah, e perceber que para ir a um jogo da sua equipa deve vestir todas as cores menos aquela que identifica o seu clube. E depois ir a pé à volta do estádio e sentir o clima de ódio enquanto percebem que as capas que fizerem são mais fictícias que os volumes do Harry Potter. Caminharem até ao sector visitante em passo largo sem ceder aos cânticos insultuosos.

Depois, serem revistados como se estivessem a entrar nos Estados Unidos da América vindos do México. Várias vezes. E esperarem ao frio duas horas para subir umas escadas e entrar no estádio. No final terem de ficar mais uma hora após o fim do jogo à espera de sair. E voltar a pé até à Estação da Campanhã. Entretanto, irem ligando a companheiros que viram o jogo noutros sectores e sairam após o jogo para nos irem buscar perto da estação em segurança. Venham sentir isto tudo e vão ver se da próxima vez há vontade para brincarem às capas de realidade virtual.

 

Desta vez o roteiro gastronómico resume-se a uma paragem na estação de serviço da Mealhada. Sandes de Leitão, pastel de bacalhau, uma imperial, umas batatas fritas de pacote, um café e um pastel de Vouzela. Deu vontade de usar o visa e pagar aquela pequena fortuna em dez meses mas soube pela vida.

 

Afinal, que amor é este que mexe com mais de três mil adeptos que não hesitam em largar tudo para passarem um dia num comboio, ou de carro como já vimos, para apoiar uma equipa que todos dizem estar acabada, sem rumo, sem chama e sem hipóteses de ganhar? Serão estes milhares de adeptos que estão enganados? Serão eles que não percebem nada de futebol e contrastam com os sábios que poluem jornais e televisões com teorias do Apocalipse?

Pode parecer estranho mas esta forma de vida é a única solução para manter intacto o amor pelo clube e pelo futebol. Temos a vantagem de ver o jogo todo tal como ele é e não o jogo que a realização da Sport TV quer mostrar. Temos a vantagem de cantarmos juntos apenas e só pelo clube que amamos em vez de passarmos o jogo todo a insultar rivais. A propósito, quando é que a Liga do futebol com talento resolve ter a coragem de punir seriamente os clubes que nos seus estádios têm como "hino oficial" de cânticos o famoso SLB, FDP, SLB. Ou fingem que não ouvem? Ou não vos incomoda? Ou faz parte de uma espécie de cânticos com talentos. Sempre que se brindar o adversário com algo como FDP devia dar castigo, digo eu.

Passar por isto tudo para estar ali no estádio com a nossa equipa tem mais vantagens. Não ouvir os disparates que se dizem durante a transmissão televisiva, não levar com mil repetições e mais teorias da conspiração e, acima de tudo, no final do jogo ficar longe do circo que logo se instala para falar de tudo menos do jogo, menos de futebol. Bem melhor estar ali ao frio a conversar entre nós e a pensar que dia 17 há uma saída com muito potencial gastronómico a Tondela.

 

E quando é que nos sentimos recompensados? É quando a nossa equipa entra no Dragão com uma personalidade, atitude e um futebol de posse digno de um tetra campeão. A primeira parte do Benfica no Dragão foi à campeão. É isso que nos move. É isto que exigimos, uma atitude que bata certo com a nossa, ir ali com tudo, sem receios e com personalidade. Dentro e fora de campo. Não esquecer que aos 12' devíamos ter ficado em vantagem numérica e aí o jogo era outro.

Elogiar a postura do Benfica, o jogo superior de Varela, dos dois centrais, de Fejsa e, especialmente de Krovinovic. Então se o croata faz aquele golo, que José Sá negou, era a coroação total de um jogador que começa a apontar para uma presença num Mundial que vai ter um prometedor Argentina-Croácia.

Não gostei tanto de Pizzi, e esperava mais de Jonas. Mas o facto do brasileiro não se ter desmanchado todo aos 12' já foi positivo. Aquele aperto que o Porto deu no jogo pelo minuto 60 era aquilo que eu esperava desde o começo da partida, afinal jogavam contra o maior inimigo da sua existência, perante a sua gente na sua casa. Só a partir dali deram um sinal de força. No entanto, o falhanço do Marega, ao melhor estilo do seu bom aliado de guerra, Ruiz, foi a demonstração de falta de eficácia deste Porto. Já ali passei noites bem piores. Esta até foi relativamente tranquila.

Resultado menos mau para o Benfica, falhanço do Porto em fugir na tabela classificativa e muito sangue para os vampiros que esvaziam o futebol com as suas análises laterais, secundárias, desnecessárias e dramáticas para sobreviverem.

Quanto a nós, 3ª ainda há uma noite europeia e foco na recepção ao Estoril.

 

 

 

Finalmente, a Pausa na Liga com Paz

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Quatro jornadas disputadas e os reis do barulho de verão estão isolados no comando do campeonato. Fim de Agosto e tudo tranquilo no futebol português. Finalmente, a verdade desportiva chegou a Portugal e, portanto, até é de esperar que aqueles programas que incitam ao ódio anti benfiquista tenham descanso e passem o Música no Coração naqueles horários. Ódio que se faz espalhar um pouco por todo lado, como podemos ver naquele caso bonito, digno e exemplar, na bancada de Paços de Ferreira, no jogo como Vitória SC, quando avô e neto foram corridos para fora do recinto por ousarem vestir camisolas do Benfica. Aconteceu numa Liga que tem como bonitos slogans levar mais gente aos estádios e fair plays e cenas assim...

 

O Benfica perdeu os primeiros pontos. Alegria no ar.

O Sporting cumpriu o seu destino de ganhar todos os jogos nesta temporada. Nada os vai parar. Nem golos fora de horas, nem VAR's. A Battagila , para já, está ganha:

 

 

A paz é tão bonita que os pro activos directores de comunicação & queixinhas estão em profundo silêncio e ainda chocados com o animalesco Eliseu.

Sobre o vídeo de cima nem uma palavra azul e, obviamente, da imagem em baixo nem um comentário verde.

É pena porque o Brahimi é tão feliz em Braga que nos faz lembrar a forma injusta como foi expulso há uns meses no mesmo recinto e a maneira superior como reagiu a tudo. Felizmente, esta época pode explanar toda a sua qualidade futebolística expressada numa imagem:

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 Por falar em Braga, e o que dizer das reflexões feitas sobre o facto de Abel Ferreira deixar no banco quatro habituais titulares e entre eles os laterais emprestados pelo Sporting, Esgaio e Jefferson ? Ah, não houve reflexões em saraivada? Que pena...

O Abel podia ter esperado pela pausa de meio mês que o campeonato vai ter mas preferiu fazer descansar meia equipa em plena competição. Bravo, Braga!

Assim dá gosto ver o futebol português em tempo de verão. Tudo está bem quando vai bem.

E aquele fosso competitivo que faz equipas com orçamentos pobres serem carne para canhão?

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Felizmente, o campeonato agora pára e prolonga-se este bom ambiente no futebol português. Assim, sim.

 

 

 

Fenómenos de Verão da Santa Aliança

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 Os últimos Verões revelaram umas manobras engraçadas por partes do clubes que prometem ganhar tudo aos seus adeptos e acabaram as últimas quatro épocas a ver os benfiquistas festejarem como nunca. É preciso criar uma realidade virtual, um mundo paralelo onde se constroem teorias e loucuras que entretenham os seguidores desesperados por mais um verão tão quente que só lhes faz recordar a seca de títulos dos seus clubes.

 

No Sporting não se fez a coisa por menos. Depois de mais de cem anos de história que resultavam (até 2016) em 18 campeonatos conquistados, desceu um deus à terra para nos ensinar que tudo o que sabíamos era errado! Afinal, o Sporting tem 22 campeonatos ganhos e euforicamente festejados. Como? Num gabinete de comunicação em mais um versão de seca. Mérito para aquela gente que, apesar, de não terem um campeonato para festejar há mais de 15 anos (!), conseguem sempre inventar algo para se sentirem os maiores do mundo naquele intervalo de tempo chamado defeso. Portanto, num verão somaram 4 Ligas e passaram a viver com isso, aldrabam o palmarés em tudo o que é publicação. Até o ilustre sportinguista Rui Miguel Tovar sente vergonha disto.

 

Este ano, coube a vez ao Porto de reinventar a história. Numa comovente relação tórrida, o Porto reconhece que o clube do Bruno passe a ter 22 títulos de campeão nacional. Por sua vez, o Sporting, aquele clube que se dizia diferente, que fazia lutos contra o sistema e que odiava as práticas do Apito Dourado chegando a fazer queixas contra os azuis, agora assiste calado à limpeza da maior aberração jurídica que há memória.
Um clube é punido por corrupção. O clube aceita a punição e comunica que não vai recorrer. 10 anos depois um recurso diz que afinal eles são inocentes.
Agora, os que não recorreram e se aceitaram ser culpados, festejam a sua inocência. Os verdes aplaudem em silêncio ensurdecedor.

Muito engraçados estes Verões com enredos originais e alternativos.

Entretanto, o Benfica ganhou 4 campeonatos seguidos e acabou com aquela discussão que animava os media, qual o clube português mais vencedor?
Calma, o Benfica fez o tetra mas, no fundo, todos sabemos que a resposta à pergunta é: Sporting, claro.

 

 

Um Levezinho e Esquecido Dopado

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Isto até já tem uns dias e está ao alcance de qualquer pessoa que aceda à revista do Expresso da semana passada. Pelos vistos, no meio de tanto barulho ninguém teve grande vontade em investigar declarações graves do ex treinador da Selecção e, em tempos, do Sporting.

Já que está tanto na moda, podemos pedir para tirar os campeonatos ao Sporting do Liedson? Ah, não existem? Não faz mal, retirem-se aqueles inventados no verão passado, só a título simbólico.

E no último, e tão festejado, título do Porto quem é que estava em campo no clássico do Kelvin? Pois. Também devemos pedir para retirar esse, seus dopados ?
É que o Carlos Queiroz é muito claro, ora atentem: