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Red Pass

Rumo ao 38

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Rumo ao 38

Martin Chrien por Rui Malheiro

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O eslovaco voador

 

Não foi, seguramente, no Europeu sub-21, competição em que José Boto, scout dos encarnados, marcou presença, que o Benfica detetou o talentoso destro Martin Chrien (pronuncia-se 'Crrriéne'). A excelente primeira metade de temporada ao serviço do Ruzomberok, bem atestada em 5 golos e 4 assistências, onde atuou por empréstimo do Viktoria Plzen, clube que representa desde junho de 2014, mas onde nunca se fixou, terão reclamado a atenção do departamento de prospeção das águias, que aproveitaram a grande competição internacional de seleções sub-23 para confirmar a sua capacidade de afirmação num patamar competitivo bem mais exigente do que a Fortuna Liga (campeonato nacional da Eslováquia).

 

O que aconteceu, ao assumir um papel de relevo nos triunfos ante Suécia – marcou um golo num cabeceamento oportuno ao segundo poste – e Polónia – realizou uma assistência para golo, através de um suculento passe de rutura para Valjent –, e mesmo na derrota ante a Inglaterra, partida em que marcou um tento numa pungente ação de antecipação aérea ao primeiro poste na sequência de um pontapé de canto da esquerda.

 

Médio-ofensivo de origem, muitas vezes utilizado como "10" numa estrutura em 4x2x3x1, parece mais talhado para cumprir o papel de médio-interior numa estrutura em 4x3x3, como acontece na seleção, mas poderá transformar-se num "8" numa estrutura em 4x4x2 clássico ou 4x1x3x2.

 

Muito disponível do ponto de vista físico e bastante dinâmico, mostra atributos no capítulo defensivo, principalmente na antecipação/interceção e a protagonizar ações de pressão, mas destaca-se, principalmente, pelo que oferece a nível ofensivo, tirando partido da sua mobilidade – o espaço interior é a sua área de ação, mas não se inibe de esgaravatar os corredores laterais – e destreza no ataque aos espaços vazios. Inteligente na leitura do jogo e na perceção das desmarcações dos seus colegas de equipa, mostra atributos na construção: bom passe curto/médio numa construção mais apoiada pelo espaço interior, procurando sempre oferecer linhas de passe próximas ao portador; variações muito interessantes do centro de jogo em direção aos corredores laterais; e argumentos no passe de rutura que poderá solidificar. Além disso, não se esconde na condução, exibindo pormenores técnicos muito interessantes e argúcia a marcar tempos (falta-lhe alguma explosão com bola), e surge com grande ímpeto em zonas de finalização, onde se destaca pelo potencial no futebol aéreo – em bola parada e bola corrida – e no remate com o pé direito.

 

Mesmo que no imediato não venha a ser opção inicial para Rui Vitória, até porque Pizzi é indiscutível na posição "8" (e ainda haverá o virtuosismo de Krovinovic, que poderá ser opção noutros espaços, e de André Horta, que poderá ficar com o espaço ainda mais reduzido), o Benfica contrata uma promessa indiscutível de 21 anos – bem superior a Celis, reforço da mesma estirpe no exercício passado – com uma grande margem de crescimento. Poderá vir a ser útil no "upgrade tático" prometido por Rui Vitória, que deverá passar pela implementação do 4x3x3 como estrutura alternativa, e, em alguns jogos, poderá cumprir o papel de segundo médio-defensivo tão ao gosto do treinador dos encarnados na defesa de uma vantagem no marcador.

 

Rui Malheiro, in Record