Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Red Pass

Rumo ao 38

Red Pass

Rumo ao 38

Belenenses SAD 0 - 2 Benfica: Rafa Anti Tudo e Todos!

rafa.jpg

Antes de irmos ao jogo tenho de começar por falar naquilo que o rodeia. 

Este foi o segundo jogo fora da Luz da época. O primeiro foi organizado pela FPF, este foi responsabilidade da Liga Portugal. Sobre as condições miseráveis do Estádio do Algarve está tudo escrito na crónica da Supertaça. Esta partida era do campeonato da Liga e as razões de queixa dos adeptos são na mesma escala.

Reparem, quem é que se preocupou em promover este jogo, em chamar gente ao Jamor em preocupar-se com iniciativas que passaram por publicar vídeos com jogadores a convidarem os adeptos a ir ao estádio? 

O Belenenses SAD, vamos chamar-lhe assim, nunca iria fazer tal coisa, mesmo porque não tem adeptos para convidar. 

Terá sido a Liga Portugal? 

Não. Foi o Benfica. O Benfica desafiou os seus adeptos a invadirem o Jamor. Mesmo na condição de visitante, foi o Benfica o responsável pela melhor assistência que o Belenenses SAD terá para apresentar no final da época, arrisco eu. Não sei quantos milhares de benfiquistas foram ao Jamor porque não encontrei até agora o número oficial mas, claramente, foram muito mais do que na época passada. 

E porque é que a Liga não se mete nisso de chamar gente ao Estádio. Uma rápida reflexão dá-nos uma possível resposta. Aquilo funciona bem como está na maior parte dos jogos da competição ali disputados. Sem transito, sem problemas de acessos, sem pessoas a desesperarem para entrar no Estádio. Sem adeptos, tudo corre melhor. Os adeptos atrapalham muito e depois são chatos com reparos. 

ECMBwwaWkAAZBsP.jpg

Meia dúzia de torniquetes em cada lado da Praça da Maratona mais uma revista policial lenta leva a uma espera desesperante. Aliás, o jogo começa e continuam adeptos a entrar em número impressionante.

Casas de banho no Estádio é tarefa quase impossível, bares nem vê-los e, finalmente, as cadeiras imundas à  nossa espera. Parece ser um toque de classe do nosso futebol, não é? Venham ao futebol, pá! Ah, e tragam um kit de limpeza de cadeiras de plástico. Que vergonha, que nojo. A FPF e a Liga deviam pensar numa parceria com a 5àSec para umas limpezas de calças e calções de borla. 

ECMzHXTXsAI_dxJ.jpg

O cenário à volta do jogo é todo tão mauzinho que nem a cobertura de rede de dados para telemóveis é decente. Em compensação, tivemos a constante visita de vespas que fazem um curioso ninho naquela bancada. 

E no final quem optar por sair por cima do Topo vai dar a um caminho de corta mato com obstáculos numa descida radical às escuras.

Enfim, é preciso gostar muito do Benfica para passar sábados numa realidade de terceiro mundo. 

Compreendo perfeitamente quem já não tenha paciência para meter os pés nos estádios com estas condições. Já tenho mais dificuldade em perceber a mentalidade de todos aqueles, e são muitos, que se dão ao trabalho de ir ver o jogo mas depois viram as costas à equipa completamente imunes à incerteza no resultado. Parece que há um despertador invisível na bancada que toca sem parar a partir do minuto 70 e empurra os adeptos do estádio para fora criando um cenário surreal para quem fica sofrer com a reacção do Belenenses SAD à vantagem do Benfica. Ou seja, está 0-1 e há centenas (milhares?) de benfiquistas que não estão preocupados com desfecho final do jogo e vão à sua vida. Ou então, todos eles são movidos a uma confiança tão alta que têm a certeza que o Benfica ganha os três pontos e a prioridade deles passa a ser chegar à A5 antes dos outros. Não entendo. 

ECMzZogW4AIPd2H.jpg

Finalmente, o jogo.

Começou por Silas. O treinador que descobriu como trabalhar um sistema que parte de uma linha de 5 defesas para condicionar por completo o jogo ofensivo do Benfica. Funcionou nos últimos três jogos, hoje voltou a apostar neste conceito. Silas colocou muitas dificuldades ao Benfica, principalmente no jogo interior e ainda viu Odysseas negar um golo que ia repetindo o cenário do jogo da época passada. Desta vez o internacional grego foi determinante para manter tudo igual. 

Apesar de gostar muito do trabalho do Silas, não consigo compreender como é que o treinador passou o jogo a ir até perto do relvado dar instruções à sua equipa. O Rúben Amorim não foi castigado por estar numa condição académica parecida? 

No Benfica voltou a ficar aquela sensação que a equipa mesmo sem conseguir fazer uma exibição empolgante, cria três ou quarto oportunidades em cada parte. Geralmente, com a qualidade individual que tem, é futebol suficiente para chegar à vitória. Neste caso, a tradução à letra de qualidade individual escreve-se assim: Rafa. 

Jogo soberbo do avançado do Benfica, foi ele quem desequilibrou a organização azul e inventou o primeiro golo que desbloqueou a equipa para uma vitória muito saborosa. 

A juntar a tudo isto havia a componente psicológica, ou como diz o Valdano, o medo cénico de encarar uma equipa treinada por um homem que não sabia o que era perder para o Benfica no Restelo, no Jamor e na Luz. 

Olhando mais a fundo para a equipa do Benfica, há algumas dúvidas que persistem do meio campo para a frente quando o jogo está demasiado previsível. Hoje houve Pizzi a menos e Rafa a mais, RDT parece menos confortável atrás de Seferovic que não mostrou eficácia na hora da verdade. 

Só que depois, nas contas finais, vemos que Seferovic só não marcou por causa do VAR e Pizzi acabou a noite a festejar o 0-2, mais um jogo a marcar! 

Por falar em VAR, além de todas as questões que já lancei extra jogo, vamos juntar mais esta. Há uma semana, a Liga inglesa estreou o VAR e uma das preocupações principais dos ingleses é informar os adeptos nos estádios sobre o que é que o VAR está a intervir. 

Que me lembre, em Portugal já estamos a levar com o VAR, nós benfiquistas, desde a final da Taça de 2017 contra o Vitória SC. Em plena época 2019/2020 continuamos entregues aos mistérios do VAR sem termos a menor ideia do que se está a passar. Saí do Jamor sem entender porque é que o golo foi anulado. Nada vai ser feito para informar quem está no estádio, pois não? Claro que não, esta malta que vê jogos ao vivo só atrapalha. O melhor é recorrer à internet do smarphone. Ah, espera... a cobertura de rede é horrível. Quando conseguimos aceder a uma rede social qualquer é para ficarmos a saber que o mesmo VAR ignorou este lance do Rafa que estas pessoas insuspeitas analisam assim:

98c63361-1a73-45b5-96e8-242a096e4d4c.jpg

Estamos esclarecidos.

Por falar nisto, quem era o árbitro e quem estava no VAR? 

Pois. 

É que há as regras escritas, as normas e as leis que devem ser seguidas. E depois, como em tudo na vida, há a invisível lei do bom senso que pede que não se criem dilemas desnecessários. Qual é o objectivo de quem manda em chamar Veríssimo e Xistra para apitar um jogo com um historial tão complicado para o Benfica depois daquele atentado que foi a actuação da dupla em Janeiro deste ano na Final Four da Taça da Liga? Não houve lei do bom senso. Houve provocação. 

Também por isto, esta foi uma vitória importantíssima. 

Apesar da forma como somos tratados, para a semana lá estaremos no nosso lugar pago indiferentes ao local e adversário. 

Ao Jamor espero só voltar na final da Taça de Portugal, a ver se escapamos a esta aberração chamada Belenenses SAD nos sorteios da Taça. 

Se em Maio cá voltarmos, espero que a FPF se digne a limpar os lugares dos adeptos, pelo menos. É que isto não pode só ser frases fortes como Futebol a Sério e Futebol com talento e depois apresentarem um embrulho todo bonito para um conteúdo de terceiro mundo. Vejam lá isso. 

Quanto ao Benfica, é continuar a trabalhar, há muito para melhorar no jogo e manter este foco frio e objectivo no próximo adversário. 

 

Belenenses 2 - 0 Benfica: SADismo!

gedson.jpg

 Há coisas na minha vida que dispensava repetir. Golos fora de horas em Amesterdão, por exemplo. Pior que isso. Após uma derrota com um golo fora de horas em Amesterdão ter que ir ao Jamor e perder. Qual seria a probabilidade de voltarmos a ter duas derrotas seguidas nestes dois estádios? Muito pequena mas aconteceu. É o tipo de coincidências que odeio no futebol. 

Ainda meio encharcado da molha que apanhámos no Jamor, à semelhança da última vez que lá fomos, outra coincidência, está muito difícil de digerir este resultado. 

O Benfica no Jamor fez tudo o que não devia ter feito. Até não entrou mal no jogo mas cedo se viu que a eficácia na hora de finalizar continuava horrível. O expoente máximo foi aquele penalti que Salvio desperdiçou. A partir daí a equipa desligou-se e, muito pior que isso, desconcentrou-se permitindo que o Belenenses saísse de uma complicada situação de poder sofre um golo para ficar a ganhar por dois! Impensável. 

Em poucos minutos o Benfica desperdiçou uma vantagem no jogo, desperdiçou a oportunidade de aproveitar o que de bom apresentou em Amesterdão e desperdiçou o enorme balão de oxigénio que trazia do último jogo no campeonato, a vitória no clássico que tirava o Porto da liderança e colocava o Benfica em boa posição para gerir o topo da Liga. 

Um descontrolo emocional difícil de perceber que levou o Benfica a deitar tudo a perder até ao intervalo no Jamor.

As entradas de Jonas, Castillo e Zivkovic foram só um exemplo de desespero em que a equipa técnica e os jogadores entraram. Apesar de ter havido oportunidade para a equipa marcar, o Benfica nunca esteve perto de empatar o jogo. Aliás, o Belenenses ameaçou mais do que uma vez aumentar a vantagem.

Não foi por falta de aviso, a estreia de Silas nos azuis foi precisamente contra o Benfica no Restelo e já tinha criado muitas dificuldades. Nesse jogo um penalti falhado de Jonas deu lugar a um golo do Belenenses. Lá estão as coincidências. 

Hoje a reacção do Benfica ao penalti falhado foi ainda pior. 

Dantes, quando nestes clássicos tudo corria mal ao Benfica, usava-se o título Pesadelo no Restelo. Agora, Pesadelo no Jamor não serve para nada porque nem rima. Esta jornada para nós é toda surreal. Jogar no Jamor em Outubro, com chuva, à noite, contra uma equipa de futebol de uma SAD que não tem adeptos, que não tem emblema, que não tem história, torna tudo muito, muito estranho.

Mas, que fique claro, que o treinador Silas não tem culpa nenhuma de estar num projecto futebolístico aberrante. Silas continua a mostrar muita personalidade, muita qualidade de jogo e mereceu inteiramente a justa vitória que teve hoje. Não guardou substituições para os descontos, não mandou a sua equipa toda para a frente da baliza nem se pode dizer que tenha abusado do anti-jogo. Silas merecia o Restelo, merecia o carinho de uma massa adepta, merecia um clube a sério. 

 

Hoje, ao Benfica pedia-se uma resposta aquele doloroso golo a fechar o jogo na Holanda. Pedia-se uma vitória para ficar a liderar a Liga sozinho. Pedia-se, se possível, uma exibição agradável. Nada disto aconteceu. 

Olhando para os últimos três anos, com Rui Vitória, arrisco dizer que este foi um jogo à altura do União da Madeira no primeiro ano, do Vitória FC no Bonfim ou do Tondela na Luz na época passada. Para mim, cada um destes jogos foi o pior de cada uma das últimas três temporadas. De todos, este é o que aparece mais cedo na época. Os desaires com o União e Vitória acabaram por não atrapalhar o título de campeão. Mesmo a derrota com o Tondela não impediu que o Benfica chegasse à Champions League. Esta má exibição do Benfica não sei que consequências vai ter mas trouxe um dado novo, a contestação da bancada para com o treinador do Benfica. 

Cabe agora à equipa técnica e aos jogadores darem uma resposta. É que isto hoje foi mau, não há outra maneira de o dizer. 

Espero voltar ao Jamor no dia 26 de Maio. Espero que nessa altura me recorde desta noite como a pior da época. E que não chova, claro. 

Preciso de um banho quente e de recuperar deste pesadelo.