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Red Pass

Rumo ao 38

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Sporting 0 - 2 Benfica: Rafa Resolve!

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Certamente, a esta hora já ninguém se lembra do preço do Rafa quando saiu do Braga para o Benfica. Nem tão pouco daqueles que criticaram as verbas envolvidas. É esta a magia do futebol. Em pouco tempo tudo muda, tudo se transforma. O Rafa deixou um Braga que raramente vencia o Porto e antes do derby foi ganhar ao Dragão. Quando o Rafa chegou ao Benfica, o Sporting vivia tempos de euforia com um Presidente/Adepto e Jorge Jesus a treinar. Rafa foi titular em Alvalade e viu já no banco o empate de Lindelof que seria importante para o tetra. 

O mundo continuou a girar, o Benfica volta a Alvalade como campeão, como tem sido normal nos últimos anos, e prepara-se para um derby que é sempre aliciante. Só que desta vez soube só a normalidade. 

Chegar a Alvalade cedo teve uma vantagem, foi possível seguir tranquilamente as surpreendentes incidências do jogo do Dragão. O Porto perde, o Benfica entra em campo e, de repente, o contexto de pressão muda todo. Aquilo que os portistas esperaram o dia todo e que a TSF bem ilustrou numa noticia que envelheceu mal e rapidamente, tornou-se num pesadelo. Em vez de um último suspiro de um abatido leão que roubasse pontos ao rival e deixasse os azuis a um ponto, passou para um cenário de distância de 7 pontos! 

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Não sei se fui só eu a ficar com esta sensação em Alvalade, mas o momento do Sporting é deprimente e alastra-se às bancadas tornando o ambiente do estádio vulgar e embaraçoso. Claques ausentes, recinto por esgotar, zero empatia entre equipa e adeptos, e um cenário demasiado fraco para um derby deixando no ar uma estranha sensação a zona de conforto para os adeptos do Benfica que não sabem o que é perder ali para a Liga desde aquele penalti manhoso do Ricky van Wolfswinkel há oito anos! 

Se dúvidas haviam quem tinha mais vitórias em derbys para o campeonato com o Sporting como visitado, dizia-se que havia um empate porque não querem contar com um jogo em campo neutro mas que era o Sporting a jogar em casa, então agora já nem dá para essas manobras. Por falar em manobras, é degradante ver aqueles panos pendurados com os campeonatos que o Sporting venceu noutro século. Estão noutro ciclo de 18 anos sem vencer a Liga e não percebo se querem mostrar aos sócios mais novos que em tempos também foram campeões ou se é para impressionar quem lá vai. Da nossa parte, só sentimos vergonha alheia e espanto por ver ali mais campeonatos do que realmente venceram, sendo que numa época até tiram um nosso com uma lata incrível. Sim, 1937/38 é nosso.

Faltava ver o que o jogo nos dava. A tal imprevisibilidade do derby. O factor Bruno Fernandes, a motivação de ser contra o eterno rival, tudo podia trazer um jogo complicado. 

Nada disso. Em Alvalade está tudo a bater certo, a equipa tem a alma e a alegria de um fidalgo falido. Futebol deprimente do Sporting. Ironicamente, a pior coisa que podia ter acontecido ao Benfica foi saber o resultado do Porto antes do derby. A equipa ao sentir que o Sporting está perfeitamente ao alcance e que mesmo com um empate aumentava a diferença pontual para o 2º classificado, o futebol do Benfica não teve aquela vertigem e velocidade que costuma dar vantagem. É evidente que não podemos esquecer como é que ambas as equipas chegaram aqui. O Sporting jogou no Sábado contra os restos do plantel do Vitória FC, numa jornada vergonhosa para o futebol português e na 3ª feira ficou no sofá a ver jogos da Taça de Portugal de onde foi corrido pelo Alverca. Portanto, o Benfica quis controlar o ritmo e o esforço físico. E mesmo em contenção percebia-se que ia chegar à vitória assim que acelerasse o jogo ou chegasse um jogador mais inspirado. É verdade que Rafael Camacho teve aquela oportunidade, erro de Ferro, e acertou no poste, e também houve um golo anulado em claro fora de jogo mas o resto do jogo do Sporting foi muito frágil e previsível. 

Bruno Lage apostou em Gabriel e Weigl no meio. O alemão ganhou o seu lugar e Gabriel aproveitou a estabilidade de Weigl para encher o campo em Alvalade. Fez um jogão pontuado com aquele cabrito em Bruno Fernandes. Cervi justificou a aposta na esquerda, Pizzi indiscutível na direita e Chiquinho mais perto de Vinicius. O português não foi explosivo e acabou substituído por Rafa que foi decisivo. Vinicius deu tudo e ainda foi importante no 0-1. A vitória do Benfica apareceu da maneira mais natural possível, Rafa entra no jogo determinado em resolvê-lo. Fresquinho, preparado para procurar a bola e sair disparado, estava no lugar certo na hora certa para fazer o primeiro golo. Sentiu-se ali que os três pontos estavam ganhos. Tudo tão previsível e natural que nem parecia um derby. O 0-2 já foi um bónus para fechar o jogo, Seferovic excelente a assistir Rafa. Dois homens vindos do banco. Essencial neste calendário tão apertado. 

Muitos desabafos na bancada no final da partida a dizer que ganhar ali para o campeonato passou a ser uma boa rotina, e mais preocupação com o próximo jogo na Mata Real do que euforia. Fechámos a primeira volta com uma confortável vantagem mas se queremos fazer do derby da 2ª volta uma festa épica, sim o Sporting fecha este campeonato na Luz, vamos ter que voltar a encarar todos os adversários com a mesma determinação. Guimarães e Alvalade era saídas de risco, jogaram-se muitas fichas contra a liderança do Benfica, afinal até se aumentou a vantagem. 

Acho que não há o perigo de euforia entre adeptos. Esta vitória neste derby morno sabe bem mas não entusiasma cegamente. Foi tudo com naturalidade. E isso é bom porque assim ninguém saiu dali a pensar que já estava tudo feito. 

 

O que levo desta visita a Alvalade? Bem, levo com carinho dois momentos em que Alvalade é capaz de ser caso único no mundo. A maneira como aquela gente protesta os lances. A forma como reagem com assobiadelas a decisões da arbitragem. Reparem que não estou a falar em golos anulados, penaltis ou lances capitais. Não, nada disso. Falo de um simples lançamento lateral. Seja de um lado, seja do outro, é incrível ver e ouvir a maneira épica como as centrais de Alvalade assobiam e se espumam a protestar todo e qualquer lançamento lateral. Chega a ser cómico e viciante. Maiores assobiadores do mundo.

Outro bom episódio aconteceu na 1ª parte quando o Benfica quase marcava. A bola sai ao lado do poste e ainda agita as redes da baliza por fora, claro. "Bruá" no sector visitante, normal. Reacção da multidão verde à volta: gozarem por termos achado que ia ser golo. Mas a gozarem à grande mesmo. Como se não estivessem a caminho de ficar a 19!! pontos do rival. Foi giro. 

Já agora, explicar que o Benfica atacou primeiro para a baliza onde estavam os seus adeptos porque Bruno Fernandes escolheu campo. É estranho porque o Sporting gosta de atacar primeiro para o lado do sector visitante. Mas depois de vermos o triste espectáculo das claques com mais uma chuva de tochas e fumos ficamos a pensar que, se calhar, o Bruno sabia coisas. 

Por falar em Bruno. A imprensa portuguesa toda preocupada com a saída do Bruno Fernandes antes do derby ainda não tinha percebido que para o Benfica é indiferente a sua presença. O Bruno que realmente interessa é o Lage. Com o Mister Bruno, o Benfica ganhou por 2-4 e 0-2 para a Liga e, pelo meio, deu 5 na Supertaça quando o Bruno ameaçava sair. Foi ficando, a imprensa toda contente e depois de ser goleado na Supertaça vê o Mister Bruno aumentar para 19 pontos de avanço na tabela. O Sporting actual também é isto, uma equipa de um homem só. Pobre Bruno Fernandes. Espero que ainda vá à Luz na última jornada. Tem dado sorte. 

 

Noite tranquila em Alvalade, triunfo natural com Rafa em grande e um olhar para o futuro com um sorriso nos lábios. Por causa da pontuação, por causa da incrível série de vitórias e pela qualidade individual à disposição do Bruno. O bom. 

Venha de lá essa segunda volta. Um obrigado a todos os que mandam no futebol português por nos terem feito chegar a casa no dia a seguir ao jogo da Taça na 3ª feira e ao derby de hoje. A verdadeira Liga da Madrugada. 

 

Benfica 2 - 1 Aves: Alma Até Almeida

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"Com a frase «Alma até Almeida» pretende-se elogiar quem nunca desiste, quem leva até ao fim um trabalho árduo ou perigoso – como se regista no Dicionário de Expressões Correntes (Editorial Notícias, 2.ª edição, 2000)".

 

O dicionário tem sempre a resposta certa para colocar em palavras o que queremos transmitir. A crónica do jogo podia terminar aqui que toda a gente percebia o seu sentido. 

Mas para chegarmos até à expressão "Alma Até Almeida" é preciso também ter mundo. É preciso ter a sorte de ter amigos que vivem o Benfica além dos jogos. Que se juntam depois de uma vitória sofrida para jantar e discutir a partida. Mesmo que nessa mesa estejam benfiquistas que vivem a 300 quilómetros e sigam viagem só após o repasto, mesmo que nessa mesa se repitam presenças dos jogos fora da Luz e, especialmente, mesmo que nessa mesa esteja quem seja aniversariante e mesmo assim se junte à tertúlia. E no fim, nas despedidas, sai um "Alma Até Almeida" como sugestão para tópico da crónica. 

Por falar em fazer anos, passei o jogo quase todo a tentar perceber o que se estava a passar neste final de tarde com o Aves. Dia 10 de Janeiro comemora-se o aniversário da Dalila, a minha mãe. Não me lembro do Benfica agravar desfeitas neste dia. A minha ausência num jantar de anos é justificada pela causa maior de ver o Benfica jogar. É uma justificação aceite maternalmente. Improvisa-se um almoço em detrimento do jantar, que seria mais lógico. Tudo resolvido. Mas para acabar dentro da normalidade faltava o Benfica cumprir a sua parte. Mãe, foi complicado mas resolveu-se. O golo do André Almeida é uma espécie de prenda celebrada em família. 

 

Todas as épocas há um jogo assim. Receber o último classificado depois de ganhar em Guimarães. A tentação de lançar Jota, André Almeida, Seferovic e Weigl, num jogo que teoricamente seria o mais indicado para todas estas soluções, torna-se num pesadelo com os imprevistos do futebol. 

Foi assim há um ano com o Tondela em casa, voltou a acontecer agora com o Aves. A boa noticia é que o Benfica arranjou uma maneira de resolver os jogos mesmo que nas pontas finais. 

Jota não foi feliz, André Almeida mostrou a tal alma depois do empate de Pizzi, Weigl mostrou-se e ficou a perceber que isto não é tão fácil como podia parecer e Seferovic luta contra si próprio na hora de mostrar eficácia na finalização. 

Foi preciso chamar Cervi e, essencialmente, Vinicius que entrou e agitou o jogo para o lado do Benfica.

Num noite em que o Benfica bateu o recorde de remates à baliza num jogo da Liga NOS, a vitória em forma de reviravolta é justificada mas só foi possível devido à atitude da equipa até ao fim. 

Há muito tempo que não festejava tanto um golo como este do André Almeida. Os tais momentos mágicos, celebrações que mais não são do que um profundo suspirar de alivio. Tal como no ano passado com o o golo de Seferovic ao Tondela na Luz, este golo do André fica na memória de todos daqui para a frente. Sabe bem festejar, é uma emoção única ver a bola a entrar naquela baliza onde costumo ver os jogos. Tudo muito certo mas continuo a preferir um 4-0 ao intervalo como aconteceu em 1985 no primeiro jogo entre os dois clubes na Luz.

No fim da noite são três pontos, um aniversário feliz para quem merece.

O próximo jogo é dia 14. Dia de anos do meu pai. Agora pensem. 

 

Feirense 1 - 4 Benfica: Aquele Arco de 3 Maravilhosos Segundos no País dos Apitos

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 Desde sempre, acontece aquela desconfiança de quem nos rodeia e não entende a necessidade que temos em estarmos onde o Benfica joga. Mesmo que tenhamos de sacrificar um domingo familiar. Mesmo que tenhamos de acordar cedo num domingo após um sábado de borga. Mesmo que tenhamos que contornar vários obstáculos no trânsito, ironicamente originados pelo Benfica e a sua corrida anual, para reunirmos todos os elementos que vão viajar. Mesmo que saibamos que vamos passar o dia todo debaixo de chuva, A1 acima, A1  abaixo, e juntar o tempo frio à chuva no Estádio Marcolino de Castro. Já sabemos que isto não faz muito sentido mas o local onde o Benfica joga é uma espécie de íman que nos atrai fatalmente. Porque queremos fazer a nossa parte. Queremos sentir que estamos lá na bancada a apoiar os jogadores, um a um, quanto entram em campo e desviam o olhar para a plateia a ver se há muito apoio ou não. E, também, porque vamos à procura de viver emoções que só o futebol nos pode dar. Aliás, só o futebol do Benfica nos pode dar, porque isto é mais forte do que gostar só de futebol. 

Sim, o jogo dá na televisão e pode ser visto no maior conforto caseiro. Mas é a mesma coisa? Nem pensar! 

 

Vamos começar pelo minuto 49 do jogo Feirense - Benfica. Agora, o Glorioso está a atacar para o lado onde estamos a ver o jogo. Pela linha do meio campo, Grimaldo resolve surpreender chutando uma bola por alto que vai cair à entrada da grande área do Feirense. O guarda redes Caio precipita-se e tenta chegar à bola que entretanto é aliviada de cabeça por Bruno Nascimento. Rapidamente percebemos que Seferovic vai aproveitar para rematar de primeira, tentando uum golo épico de chapéu. Olhos na bola a sair do pé de Seferovic, silêncio quase total espontâneo e repentino, respiração suspensa e os olhares acompanham a trajectória de um arco perfeito que vai acabar dentro da baliza dos fogaceiros e que duras uns longos três segundos no ar. Explosão de alegria, o silêncio dá lugar a festejos exuberantes. Querem convencer-me que aqueles três segundos vistos em casa despertam a mesma emoção e os mesmo sentimentos? Não queiram. São instantes únicos. É futebol. 

Só momentos como este é que dão sentido à nossa presença ali. É que estar num estádio onde se permite que soe um apito nas bancadas que baralha espectadores e jogadores remete-me sempre para aquela final de Viena em 1990. Aconteceu hoje e parece que ninguém se importou. Deixo aqui a minha estranheza.

 

Para trás tinha ficado o golo de Pizzi que empatou o jogo. Também um momento muito emocionante, ao fim de vinte e oito (28) jornadas, o VAR conseguiu ver, finalmente, um penalti para o Benfica. 

Logo depois, o capitão André Almeida foi lá à frente garantir que o Benfica saía para o intervalo na frente do marcador.

Entre os minutos 40 e 50 do jogo, o Benfica resolveu um problema que se ia complicando com o passar do tempo. O golo de Sturgeon, aos 10', mostrou um Feirense que não bate certo com o lugar que ocupa na tabela. 

Todo o mérito para a equipa do Benfica pela maneira como deu a volta ao jogo e garantiu a vitória. Seferovic confirmou o 1-4 no último minuto de jogo proporcionando um excelente regresso a casa a todos os adeptos que só queriam sair dali na liderança do campeonato. 

Ver Ferro ao vivo é outra atracção que não dá para resistir. O central do Benfica está a crescer de tal maneira que não sei quanto tempo vamos poder ter o prazer de o ver a defender o manto sagrado. 

Samaris, Florentino e Taarabt apareceram nos lugares de Fejsa, Gabriel e Rafa, voltaram a dar óptimos sinais de validade como opções para titulares. A equipa pareceu segura e confiante, regressamos à exibição de Moreira de Cónegos. Apesar do golo sofrido, os ataques do Benfica voltaram a render quatro golos. Missão cumprida.

Falta falar do pré jogo. 

A viagem Lisboa - Santa Maria da Feira fez-se bem e sem paragens. A ideia era atacar logo o almoço bem perto do estádio. A escolha foi o restaurante Adega O Monhé. Fomos para a especialidade da casa, um cozido à portuguesa dentro de pão. Tem que ser encomendado porque é feito de véspera. O Chefe vem à mesa abrir o pão e explicar o processo de confecção. Há vários tipos de carne, enchidos, um molho apurado e couves no ponto.

Aprovadíssimo. Ficam as fotos para testemunhar o repasto:

Almoço bem sucedido, curta viagem para o estádio. Três pontos conquistados e para aproveitar esta dádiva de termos um jogo a terminar a horas decentes, desvio no regresso a casa para matar saudades do arroz de tomate com pasteis de bacalhau e panados no Manjar do Marquês em Pombal.

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Domingo à noite em casa, missão cumprida. Menos um jogo para terminar o campeonato e a mesma sensação, temos capacidade para vencermos os próximos seis jogos. Tarefa árdua mas que tem de ser cumprida porque o nosso concorrente parece já ter esses jogos todos ganhos como temos constatado jornada após jornada. 

Benfica 3 - 0 Académica: A Magia do 85

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(Fotos: João Trindade)

 

Fechar Novembro com um triunfo importantíssimo em Braga e começar Dezembro anunciando um acordo milionário que deixou o futebol português espantado. Já eram motivos suficientes para nos devolver o sorriso. Terminar a semana com uma exibição convincente cumprindo a obrigação de vencer a Académica na Luz por 3-0, faz desta semana uma das melhoras da temporada. Em cima de todos estas aspectos positivos há um momento inesquecível, o primeiro golo de um puto que chegou com estrondo à equipa principal.

 

Ontem foram pouco menos do que 35 mil espectadores que viram na Luz o primeiro golo de Renato Sanches na equipa principal do Benfica. Um golaço que daqui a uns anos será uma lenda contada por muitas mais dezenas de milhares de pessoas que jurarão que lá estiveram.

O jogo estava ganho, o miúdo já tinha voltado a convencer com outra exibição segura mas quis selar a sua estreia na Luz a titular com um golão inesquecível. Fez o favor de esperar pela parte final do jogo para que fosse aquela a imagem que ficaria na memória de quem saía do estádio, e escolheu a baliza sul para que um dos sectores mais fieis vissem com toda a atenção aquele pontapé fantástico. Por trás da baliza vimos a bola a sair cruzada a subir e a atravessar o guarda redes incrédulo com o efeito e violência do remate. Magia do 85 ao minuto 85. Já valia só por si o preço do bilhete.

Até há poucos dias o Renato era uma incerteza aguardada com expectativa no "onze". A partir de agora o Renato é uma incerteza quanto ao tempo que o vamos conseguir segurar no nosso clube.

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Era preciso dar continuidade à grande noite de Braga e à qualificação na Champions League. Foi o que o Benfica tratou de fazer nesta partida contra uma Académica que já não perdia há 7 jogos e que se apresentou na Luz bem organizada defensivamente e com propósitos de espreitar o contra ataque com Gonçalo Paciência na frente à espera das ajudas de Ivanildo, Nil Plange e Leandro Silva.

Rui Vitória voltou à fórmula caseira de apostar em dois avançados, Jonas e Mitroglou, mantendo Pizzi na ala direita, Gaitán na esquerda. Continuou a confiar em Fejsa no meio campo atrás de Renato Sanches (já titular indiscutível).  André Almeida parece ter ganho o lugar na direita da defesa.

 

Apesar da posse de bola e de algumas ameaças à baliza de Trigueira, foi preciso esperar mais de meia hora pelo golo tranquilizador. O guarda redes da Académica atropelou na sua área Gaitán em grande estilo e levou Jonas para o respectivo penalti que abriu caminho para a vitória do Benfica.

 

A partir daqui o jogo mudou e até deu para ver algumas variações interessantes na construção de jogo do Benfica quando Fejsa recuava para o meio dos centrais e os defesas laterais subiam no terreno desdobrando a equipa num 3 x 5 x 2 onde Renato ganhava natural destaque soltando amarras defensivas. Houve momentos de futebol muito interessante no ataque do Benfica com destaque para as saídas de bola com critério de Lisandro a dar equilíbrio à equipa.

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Foi com naturalidade que se chegou ao 2-0. Novo penalti tão evidente que nem deixa lugar à discussão, Ofori controla uma bola com a mão na sua área evitando deixar Mitroglou pronto para fazer golo. Jonas agradeceu e fez o seu 42º golo pelo Benfica em 53 jogos. Nos festejos dos golos o brasileiro preocupou-se em agradecer a Gaitán que chegou a pensar em bater um dos penaltis e dedicou o feito ao seu pai que fazia anos.

 

Com o jogo resolvido Vitória volta a mexer na equipa e acaba a jogar no 4 x 2 x 3 x 1 alternativo que tem sido o sistema mais recente em jogos mais complicados. Já com Samaris no lugar de Fejsa, Gonçalo Guedes na esquerda, Gaitán no meio e Carcela na direita, por troca com Pizzi e Mitroglou. A equipa voltou a responder bem aos ajustes tácticos e foi assim que chegámos ao tal minuto 85.

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Vitória convincente, semana inesquecível e tempo de preparar o embate com o Atlético Madrid que nos pode dar o primeiro lugar do grupo na Champions League. O melhor de tudo é que não há como não acreditar que seja possível acabar o ano em alta cotação europeia, interna e financeira. A equipa ontem mostrou que podemos contar com os rapazes.

Benfica 2 - 0 Braga: "Eles Têm Medo de Nós"

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 Todas as fotos: João Trindade

 

A 25ª jornada reservava uma visita do Braga à Luz depois de na 1ª volta o Benfica ter perdido três pontos na Pedreira e ter sido surpreendido pela equipa de Sérgio Conceição na Taça de Portugal. Comparativamente, o mesmo Braga atravessou-se no caminho dos nossos rivais portistas por três vezes sem nunca lhes fazerem grandes cócegas nem no campeonato nem na Taça da Liga.

O ambiente ficou quente, do nosso lado constataram-se factos sobre a falta de garra do Braga contra o Porto, do lado do Braga respondeu o treinador com murros na mesa e o presidente com promessas de virem vencer. Nas redes sociais o clube minhoto deu show com vídeos dos seus golos contra o Benfica sob o lema de não há duas sem três, os adeptos encheram-se de si próprios e divulgaram fotos com uma faixa feita para os "gverreiros" a dizer "Ele têm medo de nós". Entre outros assuntos durante a semana, destaque para a notícia de que o prémio de jogo dos bracarenses seria o triplo do habitual.

 

 

O que o adversário e a imprensa não foram capazes de perceber é que nessas duas derrotas o Benfica fez exibições bem melhores do que o resultado. Na Pedreira depois de estar em vantagem a equipa de Jesus estava à procura de fazer o segundo golo quando um chutão para a frente encontrou o Éder que numa corrida fez um empate caído literalmente do céu. Na Luz a exibição ofensiva do Benfica foi destacada na altura por todos que viram o jogo.

Este Braga ganhou dois jogos na base de contra ataques, com sorte à mistura e bolas paradas. Desta vez, obviamente, o filme não foi o mesmo. Sem surpresas, Sérgio Conceição voltou a apostar na dupla Danilo e Tiba para segurar o meio campo e dar espaço ao trio mais atacante composto por Rafa, Ruben Micael e Pardo na esperança de servir José Luís mais perto do golo. Isto não resultou porque o Braga não teve bola nem oportunidade de responder com o tal contra ataque. Samaris e Jonas deram o exemplo ao verem cartão amarelo por faltas a travarem saídas do adversário. Nas bolas paradas o acerto defensivo do Benfica também foi exemplar e , portanto, lá foi todo o poderio do temível Braga.

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Só deu Benfica. Exibição de gala num triunfo que só merece discussão pela magreza do resultado.

Das três vezes que jogámos esta época com o Braga só agora podemos equipar com as nossas cores. Na Pedreira jogaram os da casa com as suas cores (se bem que este azul lhes fique melhor no contexto em que vivem) e na Luz para a Taça voltámos a jogar com equipamento secundário devido a uma regra que ninguém muda há décadas. Desta vez o Benfica entra em campo com a luz do sol a brilhar nos mantos sagrados encarnados e calções brancos, só podia correr bem.

 

Os adeptos perceberam que era preciso responder com presença no estádio e lá se conseguiu chegar a pouco mais de 60 mil nas bancadas. Apoio muito importante e ambiente sempre precioso nestas alturas de receber quem tanto nos quer mal. Boa a resposta dos adeptos junto da linha fundo onde o suplente Salvador Agra deu um show de idiotice. Horrível a mania dos "olés".

Espero que até ao fim a Luz não fique abaixo deste número de espectadores. Para muita gente a época começa em Março mas mais vale tarde do que nunca.

 

Por falar em adeptos, olhei várias vezes durante o jogo para o sector onde ficam os nossos adversários e constatei incrédulo que dos tais 1500 "gverreiros" prometidos não deviam estar mais de 500. Percebe-se, devem ter ficado em casa a ver no youtube os golos dos outros jogos e a pintarem faixas sobre o medo.

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Tal como Jesus tinha previsto, o jogo tornou-se fácil com a atitude certa e com o aparecimento do primeiro golo aos 21 minutos. Lima, Gaitán e Jonas fora da área com um remate cruzado, forte e colocado. Um regalo!

Jonas é um craque que chegou cá sob desconfiança de meio mundo e respondeu com 20 golos em todas as competições. Mas mais que os golos, Jonas espalha classe pelo relvado da luz. Há uma bola chutada para o ar em forma de balão e quando desce lá das alturas morre no pé do brasileiro numa recepção que merece um "vine" eterno. É um privilégio ter Jonas ao seu melhor nível entre nós.

Salvio, Gaitan, Samaris, Pizzi, Jonas e Lima, quando se envolvem em passes rápidos, jogadas de classe, o ataque do Benfica ganha uma aura de magia.

 

Se ao intervalo o 1-0 era injustamente curto e perigoso, a 2ª parte só veio confirmar que o Braga não tem mais para dar do que aquilo que já sabíamos. Tentaram pegar no jogo mas foram completamente atropelados por um Benfica que não só quer mais golos como ainda tem a preocupação de não deixar o adversário festejar na Luz. Foi o 9º jogo com a defesa do Benfica sem sofrer golos. Além de não deixarem o adversário marcar, os nossos defesa gostam de subir e mostrar como se marca. Eliseu, ao fim de dois ensaios atirou para acabar com as dúvidas. Foi o 4º golo do defesa esquerdo na Liga.

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Uma grande tarde de futebol na Luz com casa cheia, bela exibição do Benfica, uma vitória curta para tanto jogo e nem faltou a expulsão da ordem (mais uma que nem merece discussão) para os nossos adversários terem alguma coisa com que se entreter. Eu vou voltar a ver aquela recepção do Jonas.

 

Resto de boa época para o Braga e revejam lá isso do "medo".

 

Encher Vila do Conde e trazer os 3 pontos, é esta a nossa missão. Pena o "amarelo" ao Gaitán.

 

 

Em 1981 o Benfica Equipava Assim

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 Penso que a foto é do famoso empate a 2 golos em Dusseldorf contra o Fortuna em 1981 no caminho para a meia final perdida dramaticamente contra o Carl Zeiss. Para trás tinham ficado os turcos do Altay, os jugoslavos do Dinamo Zagreb e os suecos do Malmoe.

Uma equipa do Benfica mítica com equipamentos Adidas míticos.