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Red Pass

Rumo ao 38

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Rumo ao 38

Sempre Miklós "Miki" Fehér

 

Estava a ser uma tarde agradável de domingo. Tinha ido a Sacavém, a convite do companheiro Nuno Travassos - central do Sacavenense, para ver o Benfica B. O Nuno foi titular e fez exibição convincente, mas a segunda parte do Benfica B foi demolidora e aquilo deu para a goleada.
No fim ainda troquei uns dedos de conversa com o Nuno Travassos (hoje jornalista no Mais Futebol).
Depois foi o regresso a casa. Estranhamente nessa noite optei por ficar sozinho a acompanhar via tv o Vitória-Benfica. Costumo sempre acompanhar a equipa, quando não o faço junto-me a outros amigos benfiquistas para vermos juntos o jogo.
Mas naquela noite não foi assim.

Lembro-me do jogo. Mal jogado, terreno pesado, e um nulo teimoso que nos estava a enervar. Lembro-me perfeitamente de ver João Pereira dar o lugar a Fehér. Uma esperança para os últimos ataques à baliza dos minhotos. Quase no fim a explosão de alegria, Fernando Aguiar marca golo! Festejo sozinho, aos saltos e a gritar: Benfica! Foi de pé, em frente à tv, que vi Fehér retardar uma reposição de bola do Guimarães. Estávamos a ganhar, não havia pressa. Quando se apercebeu que ia levar um cartão amarelo mostrou um enorme sorriso. Contagiante. Também eu sorri, a aprovar o cartão. Foram os últimos instantes de felicidade na minha vida naqueles dias. O que se seguiu foi forte demais para algum dia nos esquecermos.

Fehér deixou-nos a meio da triunfante caminhada para o Jamor. A conquista da Taça foi dedicada a ele, e com ele no pensamento. Passou a fazer parte da nossa memória colectiva.
A sua dolorosa partida teve o efeito de unir quem por cá ficou. A resposta da equipa, do clube e dos adeptos foi de uma grandiosidade comovente. Os grandes clubes são também aqueles que sabem respeitar e dignificar o nome daqueles que o serviram.
Coincidência, ou não, a verdade é que a partir daquele dia trágico o Benfica partiu para a reconquista de troféus. A, já referida, Taça de Portugal apareceu logo no final dessa temporada.
Mas o presidente do clube foi mais longe, prometeu dedicar um título de campeão a Fehér. O tal campeonato que não era ganho há 10 anos. A verdade é que um ano e meio após o último sorriso, Fehér recebeu o título de campeão. E voltámos ao Jamor. Como perdemos tivemos que nos ir vingar ao Algarve e trazer a Supertaça.
Estes troféus também são teus, Miki!

 

Este texto tem seis anos. A morte de Fehér jamais será esquecida.