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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 4 - 0 Chaves: O Fabuloso Hábito de Golear

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Vou começar pelo fim. Fiquei intrigado com a reacção de Gabriel, ainda no relvado, ao receber o justo prémio de melhor em campo. Só mais tarde fiquei a saber que perdeu a sua avó antes do jogo mas fez questão de jogar. Fez uma excelente exibição e recolheu ao balneário a chorar. 

É uma situação rara que merece que se comece o texto por aqui. Gabriel é um dos nossos, está num momento de forma incrível e hoje mostrou um profissionalismo e um compromisso com a equipa que não será esquecido. Grande abraço, Gabriel. Obrigado! 

 

No pólo oposto coloco o treinador do Chaves. Tenho todo o direito de não gostar de Tiago Fernandes, assim como ele teve todo o direito de dizer o que bem lhe apeteceu até ser goleado na Luz. Não quero deixar escapar a oportunidade de dizer que a equipa do Tiago foi do mais ridículo que vi na Luz nos últimos tempos. Defender com dois blocos de cinco jogadores muito baixos, abdicar de pressionar alto e apostar tudo num 0-0 à anos 80, já nem o pai do Tiago fazia disto. 

Quando golear se torna um hábito é sinal que algo de muito bom está a acontecer na minha vida. Vivo bem sem a incerteza no resultado, vivo muito bem com intervalos em 3-0, sou capaz de passar o resto da minha vida a ver o Benfica a jogar assim e a vencer sem emoção nenhuma. João Félix, Seferovic, Rafa e Jonas, todos a marcarem e, mesmo assim, a plateia lamenta que Jota ainda não tenha molhado o bico. É este Benfica que gosto. 

Ver Florentino a titular e achar que ele já ali está há várias épocas naquela posição, é este o nível de confiança que tenho ao ver o Benfica jogar.

 

Jogos com a equipa visitante, o Chaves, neste caso, a levar 3-0 mas preferir perder tempo e optar pelo anti jogo para evitar levar mais em vez de tentar mostrar algum futebol que se veja, um objectivo de vida que hoje foi largamente atingido.

Ter uma vantagem tão confortável no marcador que dá para nos rirmos da eficácia entre equipa de arbitragem e VAR. Uma lástima, o que Manuel Mota veio fazer à Luz. 

 

Tudo isto está muito bem, tudo isto é muito bonito mas a seguir é que vem o jogo mais importante. Porque é o próximo e porque todos estamos a pensar no mesmo, continuar este bom futebol e estes bons resultados. 

 

PS: devolvam as riscas verticais à camisola do Chaves. este equipamento é ridículo.

 

Chaves 2 - 2 Benfica: Uma Odisseia Que Não Acabou Bem

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Há jogos que não me cheiram bem a uma grande distância. Esta partida em Chaves foi marcada há cerca de um mês e a partir daí foi sempre a complicar. Um jogo em Chaves numa 5ª feiras às 20h15 começa logo por ser estranho. Mas isto é uma Liga que tem o recorde de dias para a duração de uma jornada. Esta, por exemplo, dura cinco dias.

Depois de sabermos data e hora, o Chaves anuncia que o jogo serve para celebrar o seu 69º aniversário mas quem dá a prenda maior é quem quiser ir ao estádio sem ser sócio do clube da casa. Ou seja, um adepto do Benfica que quisesse comprar bilhete no estádio do Chaves teria que pagar a partir de 37€ e podia ir até 56€. 

O tempo passou e em vésperas do encontro o Chaves fez um comunicado em que decretou a proibição de adereços do Benfica numa bancada central. Mais do mesmo. Quem já tivesse comprado bilhete antes tinha que comer e calar.

Entretanto, no último jogo antes desta deslocação o Benfica perde João Félix, Sálvio e quase fica sem Grimlado. O espanhol recupera mas na frente teve que entrar Rafa e Cervi. 

A meio da semana há a despedida a Luisão e logo acontece uma lesão a Jardel e uma expulsão forçada por João Capela a Conti. Capela, o tal que expulsou Aimar. O tal que um dia viu Cardozo bater com uma mão no relvado revoltado por ver que o árbitro não marcou uma falta evidente a seu favor, e ... expulsou-o. Repetiu a dose em Trás-os-Montes.

Aliás, a nomeação de Capela foi mais uma desconfiança que tivemos antes do jogo. A outra foi nova mudança no árbitro para o Var. Sem justificações, apareceu Bruno Esteves em vez de Hélder Malheiro. Segunda jornada seguida com trocas de última hora. Estranho. Claro que Esteves e Capela não tiveram dúvidas num penalti por marcar sobre Gabriel na primeira parte. E zero de dúvidas na expulsão a Conti.

 

Voltemos ao pré jogo. Finalmente, chega a hora e tempo de verão dá lugar a uma noite de temporal. Relvado encharcado, dúvidas sobre a realização do jogo e partida a começar mais de uma hora depois da hora marcada. 

Forte abraço para o pessoal que foi a Chaves e que ainda levou com transito cortado na A3. Que tenha sido esta a pior deslocação da época, é o que desejo. 

Fomos a jogo e tudo mudou a nosso a favor. Entrar a ganhar 0-1 com um golo de Rafa era tudo o que o Benfica precisava para inverter todas estas más energias acumuladas antes da jornada. 

Mas a vantagem não foi ampliada, por acerto do guarda redes Ricardo e infeliz desacerto de Seferovic na hora de finalizar. O jogo ficou demasiado aberto para o Benfica conseguir dominar, o Chaves foi criando oportunidades que o mantiveram ligado ao jogo até ao intervalo. 

Na segunda parte pedia-se um segundo golo ao Benfica para que tudo acalmasse e fosse gerível do ponto vista físico e emocional. Mas sem conseguir matar o jogo, o Benfica deixou espaço para o empate que surgiu num mau momento de Odysseas que até ali tinha estado impecável. Um livre directo frontal quase sem barreira convidou Ghazaryan a rematar. O arménio, que acompanhou Daniel Ramos nesta passagem do Funchal para Chaves, aproveitou para fazer o empate num pontapé forte e colocado. 

Faltavam 20 minutos para o final e o Benfica ainda conseguiu reagir. Rúben Dias desmarcou Rafa que se isolou e bisou na partida. Parecia que toda esta maratona ia acabar bem. Jonas já estava em campo e festejou o 1-2.

Só que quando parecia que o jogo estava controlado na recta final pela equipa em vantagem aparece João Capela a mostrar vermelho directo a Conti numa falta em que o jogador do Chaves nem ia criar perigo de golo. Sem Jardel, sem Conti, as nuvens negras voltaram. Não houve quem não pensasse logo com que centrais o Benfica pode defrontar o Porto na próxima jornada. Com a equipa desgastada, com improvisos na defesa e no meio campo, o Benfica não soube roubar a bola e empurrar o adversário para o seu meio campo. O chaves teve força e engenho para desenhar a melhor jogada de toda a partida e dar a Ghazaryan a oportunidade de bisar empatando um jogo que pareceu amaldiçoado desde o dia em que foi marcado. 

Dois pontos perdidos mesmo no final da partida, lesões de Jardel e Gabriel para avaliar, suspensão de Conti para gerir e uma viagem a Atenas já no horizonte que por marcar o futuro europeu da equipa. 

Estamos em alta pressão e não podemos perder o foco apesar de tanta odisseia à volta do futebol do Benfica. Esta não acabou bem. 

Benfica 3 - 0 Chaves: Final Infeliz de Krovinovic

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 Das dúvidas que havia para este jogo, por ausência forçada de André Almeida, imperou o bom senso de Rui Vitória em não querer mudar a estrutura do meio campo para a frente de uma equipa que custou a montar durante a primeira parte da época. Assim, avançou Douglas para defesa direito, fez a sua estreia na Liga NOS, e manteve-se aquele que tem sido o onze habitual  dos últimos jogos.

A equipa voltou a entrar bem, focada, motivada, procurando a bola em terrenos muito avançados e disparou rumo ao golo antes que o Chaves conseguisse entrar com conforto no jogo.

Jonas confirma a forma superior que tem mostrado ao marcar em todos os jogos e aos 19' já o Benfica vencia por 2-0 com toda a naturalidade.

Os níveis individuais da equipa estão todos em alta e com indicadores de subida. Jardel está naquela forma que faz dele um central de referência arrastando Rúben Dias para um patamar de confiança que leva o jovem para uma titularidade indiscutível.

Na esquerda , Grimaldo e Cervi continuam numa sociedade imprevisível e com uma qualidade que chama para aquelas lados a participação de Krovinovic. Geralmente, saem dali boas oportunidades de golo. Fejsa está na melhor forma que lhe conhecemos. A defender é monstruoso a atacar revelou excesso de confiança que lhe fez perder alguns passes básicos, nada de grave. Depois, temos Salvio e Pizzi que cumprem sempre contribuindo para o colectivo ou tentando resolver a nível individual. Os números não mentem, Salvio assistiu Jonas para golo, Pizzi entrou na lista de marcadores da partida.

 

 

Ou seja, o Benfica mostra saúde e futebol que permite aos seus adeptos sonhar com o penta. Adeptos que disseram presente no Estádio da Luz de forma inequívoca, mostrando que sabem que chegou também a sua hora de empurrar a equipa para o sucesso como tem acontecido nos últimos anos.

O 3-0 é um resultado normal, a tal beleza da monotonia a partir dos 47', e a exibição é um sinal claro de que a equipa não quer saber da gigantesca campanha anti-Benfica que se vive em Portugal com o apoio de toda a imprensa e com dois cabecilhas que esta semana terão de ser muito originais para levantar a polémica do dia. Não está a funcionar, meus caros. A equipa do Benfica quanto mais é posta causa, melhor responde dentro de campo.

E por falar em polémicas, expliquem-me lá isto do VAR. Aos 67' o Pedro Tiba agarrou o Krovinovic, dentro da área, em clara falta. Aos 80', Bressan faz falta sobre Jonas na área do Chaves. Dois penaltis que o árbitro não quis marcar e que o VAR não viu. Já vamos em quantos penaltis ignorados por árbitros e VAR esta época? Foi por isto que tanto lutaram? Também não está a chegar para parar o Benfica mas irrita muito. Isso irrita.

 

Finalmente, uma palavra para Krovinovic. A partir daqui é tudo para ti. Foi das lesões mais parvas que vi na Luz. Dói muito perder assim o jogador que mais revolucionou o futebol do Benfica esta época mas, como já vimos em anos anteriores, esta é uma infelicidade que vai motivar mais a equipa. Espero voltar a ver o "Krovi" a sorrir lá mais para Maio no centro de Lisboa.

 

Chaves 0 - 1 Benfica: Seferovic Trás-os-3-Pontos

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 Começava a pairar uma estranha tradição neste Benfica de Rui Vitória que fazia lembrar o universo do Pop Rock musical. Uma banda que lançava um disco de estreia com enorme sucesso tinha sempre dificuldades com o segundo álbum. Era a maldição do segundo disco que arrumou muitos grupos logo no começo.

O Benfica de Rui Vitória tem conseguido garantir os 3 pontos no jogo de estreia mas na 2ª jornada não confirmava o bom arranque. Há dois anos perdemos em Aveiro com o Arouca, há um ano empatámos em casa com o Vitória de Setúbal.

Esta época apareceu Seferovic a quebrar essa tradição. Dois jogos, duas vitórias.

Sobre o jogo de Chaves, o Benfica consegue um triunfo muito importante num recinto que na época passada os rivais sofreram desgostos e esta época promete voltar a ser um terreno complicado.

O Benfica justificou o triunfo. O melhor de tudo é que o golo surge numa jogada normal pela direita e a bola acaba dentro da baliza por um toque subtil de Seferovic. Ou seja, sem truques, sem confusões, sem polémicas, sem invenções de penaltis. Portanto, tudo ao contrário do que vimos no jogo de um dos rivais que todos os dias se queixa de tudo o que envolve futebol.

Ganhámos no fim, podíamos ter começado a ganhar naquela bola que Jonas mandou ao poste ou nos pés de Salvio na primeira parte ou na cabeça de Seferovic. Mas não, quis o destino que ficasse tudo em frente à televisão a sofrer, benfiquistas e antis.

 

Por falar em televisão, a realização da Sport Tv perdeu por completo a noção do que é um jogo de futebol. Eles acham que futebol é repetir o mesmo lance até à exaustão. Além da maior parte das repetições serem irrelevantes acabam por matar o directo várias vezes. Ia dar o exemplo da grande defesa do Varela na 2ª parte, houve tanta repetição que quando o directo voltou o Benfica estava com a bola já na área do Chaves. Isto repetiu-se o jogo todo! Não posso comentar a maior parte dos ataques do Benfica porque, simplesmente, não faço a menor ideia de como foi lá parar a bola à frente. É ridículo.

 

Estou habituado a ver o Benfica no estádio, quando tenho de ver assim o Benfica sinto que estou a sofrer um castigo inexplicável. Se estiver em minha casa, vejo em sofrimento livre. Mas, este foi um dos jogos que vi em contexto especial, num bar de hotel entre dois dias de piscina e sol. Tudo óptimo, menos aqueles 90 minutos que me toldam o comportamento e a disposição. Felizmente, acabou tudo bem. Mas aquele sentimento interior de inutilidade ninguém me tira.

 

Voltando à paranóia das repetições na Sport Tv, tanta coisa para repetir e no lance que Tiba rasteira Jonas na grande área do Chaves demoraram a perceber o erro do árbitro. No lance em que Jonas salta com um defesa do Chaves na grande área ninguém explicou que não foi penalti porque o nome na camisola não era Bost.

 

Tanto se fala de Varela e hoje o jovem guarda redes esteve impecável. Para Seferovic ser herói muitos outros tiveram que dar tudo, Varela foi um deles.

 

Vitória importantíssima neste surreal arranque de Liga Nos com jogos diários deixando sempre o Benfica em posição de pressão. Boa resposta do campeão até agora.

 

Datas e Horas das Primeiras 4 Jornadas da Liga NOS

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1ª Jornada da Liga NOS: SL Benfica - SC Braga, dia 9 de agosto (quarta-feira), às 21h.

2ª Jornada da Liga NOS: GD Chaves - SL Benfica, dia 14 de Agosto (segunda-feira), às 21h.

3ª Jornada da Liga NOS: SL Benfica - CF Belenenses, dia 19 de Agosto(sábado), às 20h30.

4ª Jornada da Liga NOS: Rio Ave FC - SL Benfica, dia 26 de agosto (sábado), às 20h30. 

 

 

 

Benfica 3 - 1 Chaves: Bonito, Emocionante e com Final Feliz

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 Jogo 23 no campeonato e a pressão de sempre. Jogar primeiro que o rival, não poder vacilar, lidar com a ausência de Fejsa, gerir os "amarelados" Pizzi e Nelson Semedo, escolher um "6" e um companheiro para Mitroglou.

Tudo resolvido com eficácia. Samaris avançou para a titularidade, Rafa jogou na frente, Pizzi não viu amarelo mas Nelson Semedo não vai a jogo em Santa Maria da Feira.

A novidade nesta jornada foi o adversário. Uma boa novidade, diga-se. O Chaves regressou ao Estádio da Luz para um jogo de campeonato após a despedida da divisão maior em 1999, na altura o Benfica venceu com Shéu Han como treinador.

A equipa transmontana confirmou a excelente época que tem vindo a fazer, apresentou um futebol vistoso, atraente e muito positivo neste duelo com o líder da prova. Acrescente-se o apoio de dois mil adeptos na bancada e só posso elogiar o clube que nos anos 80 me fez vibrar com o seus jogos europeus. Que volte às provas da UEFA em breve.

 

O Benfica esteve à altura do momento, percebeu que ia ser preciso levar muito a sério uma partida muito bem disputada. Na primeira parte, sem deslumbrar, o Benfica foi construindo o suficiente para justificar a vantagem no marcador. Foi o inevitável Mitroglou a fazer o 1-0 e a dar uma falsa ideia de tranquilidade para o resto da noite. É que perto do final da primeira parte o Chaves conseguiu mesmo empatar com um belo golo de Bressan, que já tinha feito o mesmo pelo Rio Ave uma época antes e na outra baliza.

 

(Fotogaleria de João Trindade)

 

Ao intervalo havia sinais de impaciência na bancada porque sentia-se que o problema estava longe de estar resolvido. Parte da solução foi fazer entrar Jonas e encostar Rafa na esquerda, passando Zivkovic para o lado direito de onde saiu Salvio.

A equipa de Rui Vitória entrou bem na 2ª parte, ciente que era obrigatório marcar rápido para não tornar o jogo ainda mais complicado. Uma bela jogada colectiva acabou nos pés de Rafa com êxito.

Samaris bem na abertura para Nélson Semedo que cruzou para o golo de Rafa.

A época que Nelson Semedo está a fazer é absurda de tamanha qualidade. Ontem duas assistências e mais uma exibição incrível. O menino está feito um senhor defesa direito.

Mais tarde Pizzi foi trocado por Felipe Augusto para refrescar o meio campo. Mas a verdade é que com o resultado em 2-1 o jogo esteve sempre perigosamente aberto. Foi nessa fase que a equipa de Ricardo Soares assumiu a posse de bola, chegando mesmo a encostar o Benfica no seu meio campo. Muita irreverência individual, mudanças tácticas e substituições com vontade de mexer e melhorar o jogo e o Chaves sempre ameaçador a construir jogo sem complexos.

 

Uma boa exibição dos flavienses que eu bem dispensava. Porque em casa eu quero é sossego e monotonia, como bem sabem. Gosto de ver bom futebol mas é da minha equipa e nas outras partidas. O bom futebol do Chaves deixou-me nervoso até ao segundo golo de Mitroglou. O grego entrou em modo Deus. Tudo o que faz, faz bem. Está com tanta confiança que sente que é o melhor avançado do mundo, está com uma eficácia incrível e está a ser o nosso Jonas desta época. Com a vantagem do próprio Jonas estar por ali a espreitar o regresso à sua melhor forma. Esta dupla no auge da forma é coisa para me fazer sorrir enquanto espero pelos próximo desafios.

 

Excelente vitória, belo jogo com mais de 50 mil nas bancadas da Luz. O fim de semana está ganho.

 

Chaves 0 - 2 Benfica: Para Lá do Marão, Uma Viagem à Tricampeão

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Esta era a deslocação mais desejada desde a definição do calendário para esta temporada. O regresso de Trás-os-Montes à primeira divisão e a oportunidade para muitos benfiquistas, como eu, de irem conhecer a zona de Chaves naquela que terá sido a viagem mais longa em Portugal para assistir a um jogo do Benfica.

Depois de ponderar alguns cenários ficou decidido atacar a jornada toda no mesmo dia. Sair bem cedo de Lisboa e regressar após o jogo a casa. Quase 900 Km, cerca de 8 horas e meia de viagem de carro. Parece assustador mas tem tudo a ver com a motivação.

Desde logo, a principal; ver o Benfica. Depois, descobrir a região transmontana e a sua gastronomia, finalmente, passar um dia com amigos que encarem estes desafios com a maior naturalidade de quem vai só ali passear, comer e ver um jogo de futebol do Glorioso. É uma combinação que não falha. São muitos os amigos e companheiros que vivem assim a sua paixão pelo clube. Este sábado muitos puderam viver a aventura Chaves, muitos outros não puderam cumprir este desejo pelas mais variadas razões mas também estão lá connosco a apoiar através das nossas vozes.

 

A Viagem

 

As primeiras horas de viagem foram normais. A ligação Lisboa - Porto é do mais rotineiro que pode haver na nossa vida. Quase todos os jogos a norte de Lisboa cumprem esse trajecto. Destaque para o encontro na área de serviço de Leiria com a nossa equipa de andebol. Ganharam ao Ismai, obrigado rapazes!

Como já estávamos mentalizados para uma viagem bem mais longa do que o habitual, deu-me ideia que a nossa aventura só começou a sério quando nos arredores do Porto virámos em direcção a Vila Real por vias rápidas que eu ainda não tinha experimentado. E a partir daí, sim, foi olhar com mais atenção para a paisagem. A curiosidade de atravessar o túnel rodoviário mais longo da Península Ibérica, quase 6 Km na Serra do Marão, enquanto continuávamos a subir o país.

Primeira paragem em Vidago. Tínhamos de ir ao local onde o Benfica estava hospedado e ainda bem porque vi a beleza exterior do Palace Vidago Hotel. Deslumbrante cenário com o edifício a fazer lembrar as imagens da série Downton Abbey. Estava à espera de encontrar a todo o momento Mr. Carson. Aquele quadro ficava ainda mais bonito com a presença do autocarro do Benfica ali estacionado. Um dia tenho que apostar num fim de semana naquele paraíso.

 

A ligação de Vidago para Chaves é tranquila e rápida. A chegada à cidade revela logo a invasão encarnada. Benfiquistas por todo o lado. Vislumbra-se o Castelo no horizonte, por outro lado descobre-se o rio Tâmega e a agitação era visível. Mesmo numa cidade onde nunca tinha estado, assim que saí do carro senti-me em casa. É esta a magia do Benfica. Somos do país, somos do mundo. Descobrimos logo caras conhecidas, companheiros de outras viagens, consócios que conhecemos da Luz e gente boa que faz questão de nos cumprimentar porque já passaram por este blog ou noutro lugar qualquer. É o Benfica.

 

O Almoço, A Gastronomia

 

A aposta para almoço foi no restaurante Adega Faustino. Um almoço tardio, eram 15h quando quase duas dezenas de benfiquistas sentiam que os muitos km's percorridos se tinham transformado em vontade de atacar todos os petiscos locais. E foram muitos que nos serviram.

Atendimento cinco estrelas, grande simpatia e prazer em servir iguarias como o obrigatório presunto, alheira, linguiça, bacalhau desfiado e vários tipos de carne com arroz e batatas fritas. Vinho tinto e branco , foi até não sobrar uma ponta de fome. Embora ainda tenha testado a encharcada com o café e a forte aguardente que foi oferta da casa.

 

O espaço é castiço, era uma enorme adega agora decorada de maneira simples e regional. O nosso entusiasmo foi premiado com a visita da Srª Odete, a responsável com uma respeitável idade e um orgulho no serviço que apresenta que é contagiante. Em cima de uma cadeira, no topo da mesa, agradeceu e aplaudiu os cânticos improvisados que esta boa gente, que só quer ver o Benfica a ganhar e comer bem, lhe dedicou. São estes momentos que justificam estas loucuras de atravessar o país de um lado ao outro no mesmo dia.

 

A primeira parte estava ganha, agora era seguir a multidão e ir a pé para o estádio ajudando à digestão de tanta caloria.

 

A Vergonhosa Entrada no Estádio

 

Infelizmente, tem sido quase sempre assim. O entusiasmo por reencontrarmos clubes históricos, por visitarmos localidades longínquas e distantes dos habituais cenários de competição do nosso futebol, dá lugar à decepção e tristeza como alguns idiotas e imbecis tentam assumir modernas, desnecessárias e pacóvias rivalidades. O tempo de antena que a imprensa dá aos incendiários e índios que todos os dias mostram ao país que o caminho para o sucesso passa por afrontar, insultar, criticar, provocar e alimentar o ódio ao maior clube de Portugal, resulta em momentos dignos da Pide do tempo da outra senhora à entrada no estádio.

Muitos benfiquistas tinham bilhete para a bancada central coberta do Estádio Municipal Engº Manuel Branco Teixeira. Entre bilhetes comprados e convites, eram muitos os adeptos do Benfica que se preparavam para entrar nas portas indicadas pelo bilhete. Só que a entrada foi barrada a todos os adeptos que tivessem algo vestido com o emblema do Tricampeão ou algum acessório!

Ouvir qualquer coisa como "Você com essa camisola não pode entrar" é algo que em 2016 bate todos os recordes de atrasadice mental. Parabéns a todos que todos os dias intoxicam o país nas redes sociais e órgãos de comunicação social com as suas cruzadas anti Venfique. Isto está a resultar. Continuem.

 

Muitos adeptos contaram-me que tiveram de tirar camisolas e casacos, outros optaram por vestir ao contrário e até houve quem entrasse em tronco nu! Isto numa bancada que tinha de ter obrigatoriamente um espaço para adeptos visitantes. Enorme confusão cá fora com benfiquistas indignados perante a indiferença de forças policiais e Liga de clubes.

A entrada acabou por se fazer na porta mais lateral perto do topo dos adeptos do Benfica mas lá dentro verificou-se que não ia haver lugares sentados para todos. Enfim, um triste e muito preocupante episódio originado por responsáveis de um clube que os benfiquistas aceitaram com carinho na hora do regresso ao futebol principal.

 

Foi a única nódoa negra de um belo dia de futebol. O ambiente do estádio é excelente, os adeptos do Chaves são empolgados, puxam bem pela equipa, vibram muito com o jogo e dão uma enorme dignidade à região. Os dirigentes não precisavam de ter estragado tudo com aquela atitude bélica na entrada de adeptos visitantes. Ou querem ser recebidos da mesma maneira quando forem à Luz?

 

O Jogo

 

 O jogo começava com um cenário belíssimo. O relvado visto do canto entre a bancada central coberta e o topo dos adeptos encarnados proporciona um quadro de beleza natural incrível. As pequenas bancadas do outro lado e a paisagem verde até perder de vista a lembrar que estamos para lá do Marão a ver futebol de primeira. Ver as camisolas vermelhas a moverem-se em tão bonito cenário vale a viagem.

Rui Vitória tinha lembrado que em Outubro conta com o verdadeiro reforço do plantel quando voltarem os lesionados. Só para lembrar que íamos para mais um jogo com soluções de recurso. Apostou em Ederson na baliza, talvez para tirar proveito dos longos lançamentos do jovem guarda redes, e armou a equipa na zona atacante à volta de Mitroglou, com Pizzi na esquerda e Salvio na direita e Guedes no meio.

Apesar da intenção em atacar, o Benfica da primeira parte deixou uma preocupação no ar por tão pobre exibição com poucas possibilidades de marcar. O facto de André Horta e Fejsa terem ficado demasiado dependentes das ajudas dos alas tirou consistência defensiva à equipa. O desequilibro na zona central do terreno onde Jorge Simão tinha Battaglia, Rafael Assis e Braga sempre em superioridade, dava hipótese ao ataque do Chaves se tornar realmente perigoso com as investidas de Fábio Martins e Perdigão nas alas e Rafael Lopes sempre à procura de espaço na frente.

 

Mesmo assim, foi o Benfica que podia e devia ter ficado em vantagem com um oportuno golo de Mitroglou misteriosamente anulado! Se já não havia muitas oportunidades e quando o golo aparecia não contava, a tarefa complicava-se bastante.

O Chaves acaba a primeira parte muito perto do golo com a bola a bater duas vezes seguidas na poste direito da baliza de Ederson, terminado com Rafael Lopes a cabecear ao lado.

 

O susto serviu para o Benfica mudar de atitude e pegar mais no jogo. Fejsa ameaçou mas foi de bola parada que se desatou o nó. Grimaldo marca um livre descaído para a direita e Mitroglou corresponde com uma cabeçada perfeita para o 0-1. Estava feito o mais difícil. Mais uma vez as bolas paradas a serem muito importantes no jogo do Benfica.

Apesar das entradas de Cervi e, principalmente, de Celis, o jogo ficou perigosamente aberto até perto do fim. Até que Grimaldo voltou a cobrar um livre perigoso, a bola bateu na barreira e foi ter com Pizzi que parecia estar ali a aguardar o momento para ser feliz na sua região e confirmar a vitória saborosa.

Mais uma vez, a equipa arranjou alternativas à falta de inspiração e também de alguns intérpretes, como Jonas, que fazem sempre falta. O objectivo foi cumprido.

Uma palavra para o Chaves que fez uma bela exibição, tem uma equipa equilibrada, bem montada e sabe o que quer nos momentos importantes do jogo. Não será fácil passar aqui em Trás-os-Montes, o que valoriza ainda mais este triunfo do tricampeão e líder.

 

O Regresso

 

Excelente ambiente na saída do estádio, umas cervejas para o caminho e o carinho de vários adeptos benfiquistas e flavienses que contrastava com a vergonha da entrada nas bancadas. Fiquei com boa imagem das gentes de Chaves porque é preciso não confundir dirigentes imbecis com os adeptos que apesar da derrota não levantaram problemas nenhuns na bancada. No fim trouxe uma pequena bandeira do Chaves oferecida por um jovem adepto que confessou torcer pelo Glorioso apesar de envergar uma bonita camisola do Barcelona transmontano, como ouvimos referir.

 Viagem para baixo tranquila apesar da chuva. O almoço tardio e forte deu para aguentar a fome até Coimbra onde houve paragem no café Atenas para atacar uma francesinha que sabe sempre bem num sábado à noite.

Quão feliz se pode ser num carro conduzido por um benfiquista de uma geração ligeiramente mais antiga que a minha, com o seu filho e nosso companheiro mais jovem de outros jogos enquanto conversamos um pouco sobre tudo, inclusive com o elemento que falta referir a descobrir que já foi "vizinho" da família do banco da frente? Muito.

É o Benfica em todo o seu esplendor.

E é tão bom ser do Benfica.