Em grande fase, Jonas aproveitou a oportunidade como titular no último amistoso antes da disputa da Copa América do Centenário. Com menos de dois minutos da primeira etapa, o camisa 9 já tinha balançado as redes após passe do lateral-esquerdo Douglas Santos. Brasil venceu por 2 a 0 e o outro gol foi marcado por Gabriel, do Santos.
Carlos Dunga suporta-se na "explosão" de Ederson Moraes na baliza de um grande do futebol mundial como o Benfica para justificar a chamada do jovem guarda-redes brasileiro para a Copa América.
Ederson emergiu do estatuto de "sombra" de Júlio César assim que o veterano guardião se lesionou com alguma gravidade, antes do dérbi entre Sporting e Benfica, amarrando o posto com exibições sólidas e confiantes.
Por isso, o seleccionador "canarinho" optou por convocar o guarda-redes de 20 anos.
"O Ederson jogou numa equipa menor em Portugal [Rio Ave]. Entrou na equipa do Benfica no posto de outro jogador que tem grande nome na selecção brasileira [Júlio César]. Tem personalidade, boa saída da baliza e características para ser um jogador de linha, como exige o futebol moderno", explicou Dunga, durante a conferência de imprensa de apresentação dos 23 convocados do "escrete" para a Copa América, a ter lugar nos Estados Unidos.
Já sobre o facto de ter preterido o nome de Jonas que, tal como Firmino ou Óscar, se perfilam como três das ausências mais notadas nos eleitos, o técnico não se alongou em comentários.
A propósito da pausa para os jogos das selecções e ao regresso à titularidade de benfiquistas na Suécia e Brasil, é tempo de recuperar o jogo mais mítico de sempre em Campeonatos do Mundo de futebol para os benfiquistas. Uma recuperação dedicada a Lindelof e Jonas.
Quando oiço falar na seca que foi o mundial Itália'90 deixo sempre escapar um sorriso baseado em dois pensamentos. É certo que foi uma prova sem grande espectacularidade mas coroou a melhor camisola de sempre num Mundial, a da Alemanha, e teve o jogo mais benfiquista de sempre sem a presença de Portugal. São estes dois pensamentos que ainda hoje me fazem sorrir.
Diga-se que a ausência de Portugal do Mundial 1990 não era problema algum para quem se habituou a acompanhar fases finais sem as cores nacionais presentes. O México 86 e o Euro 84 foi as excepções. Na década de 90 nem uma presença em fases finais de Mundiais, e a o sonho de 1996 em Inglaterra acabou no chapéu de Poborsky.
Portanto, era fácil arranjar motivação extra FPF para vibrar com as fases finais das grandes competições.
Nunca um jogo foi tão desejado como o de 10 de Junho em Turim no Mundial 1990. Desde que a sorte ditou a junção de Brasil e Suécia no mesmo grupo, com o calendário a ordenar que o jogo inaugural fosse entre os dois países das camisolas amarelas, os benfiquistas sonhavam com aquele encontro. Os cromos da colecção da Panini dedicada à prova eram comprados e trocados sempre na maior ânsia de encontrarmos os maiores craques dos dois países.
Isto porque em 1990 o Benfica estava muito bem cotado em ambas as selecções.
A época 1989/90 foi intensa para o nosso clube. Foi o ano que marcou o regresso de Sven-Goran Eriksson à Luz. O Benfica venceu a Supertaça em dois jogos contra o Belenenses, fez uma grande carreira europeia afastando com goleadas históricas Derry City, Honved e Dniepr, para depois bater o Marselha na Luz como todos nos recordamos, acabando por cair na final de Viena frente ao AC Milan.
A Taça de Portugal foi curta nessa época, vitória em Vila do Conde para depois cairmos em Setúbal.
No campeonato a veia goleadora de Magnusson, 33 golos em 32 jogos, não chegou para ganhar a Liga. Os 9 empates acabaram por dar o titulo ao Porto, ficando o Benfica no 2º lugar com o melhor ataque da prova.
Este era o enquadramento do futebol do Benfica por alturas do Mundial italiano. A excitação toda estava depositada naquele Brasil - Suécia recheado de jogadores benfiquistas. A saber:
Magnusson, 44 jogos
Valdo, 37 jogos
Thern, 33 jogos
Aldair, 33 jogos
Ricardo, 25 jogos
Além destes convocados, havia ainda a curiosidade de vermos o ex-benfiquista Mozer (regressaria dois depois à Luz) e o futuro reforço Schwarz, que assinou com o Benfica precisamente no verão deste Mundial.
Eram muitos jogadores do Benfica juntos que criavam uma enorme expectativa para um duelo clássico que o Mundo todo ia ver. O Brasil já não vencia a Suécia desde 1966, os suecos estavam em alta sabendo que iam organizar o Europeu 1992.
O dia mais esperado chegou e agora faltava saber quantos benfiquistas iam ser titulares. Antes do jogo de Turim começar houve um grande aperitivo na televisão com uma corrida de Fórmula 1 a acabar com dobradinha brasileira no pódio, Senna e Piquet já alegravam os brasileiros.
Quando os dois "onzes" são anunciados a emoção fica mais forte.
Ricardo Gomes é o número 3 e capitão do Brasil, Valdo joga com o 8, Aldair fica de fora e Mozer é o 13. Isto na Canarinha.
Na Suécia, Stefan Schwarz é o 8, Jonas Thern joga com o 16 e Mats Magnusson tem o 20 nas costas.
Todos titulares, menos Aldair, o que dava um total de cinco jogadores do Benfica em campo num jogo de campeonato do mundo!
Mas ainda havia mais uma surpresa. No banco da Suécia estava o velho conhecido Glenn Stromberg com o número 15 e que entrou em campo aos 70 minutos.
Era o ponto mais alto a ver jogos da maior prova de futebol do mundo. Benfica por todo o lado.
O jogo está todo no YouTube, voltei a vê-lo há pouco tempo e até fiquei com a ideia que foi melhor do que aquilo que a minha memória registou.
O Brasil venceu com naturalidade mas teve que sofrer. O primeiro golo só apareceu muito perto do intervalo, Branco a jogar e Careca a marcar. A Suécia não se limitava a defender e procurava sair em contra ataques rápidos deixando a incerteza no resultado até ao fim. Nem mesmo o segundo golo de Careca aos 63' derrotou de vez os vikings, naquela noite a jogarem de azul.
Brollin a dez minutos do fim marcou um golo que relançou o jogo. O sueco com 20 anos já mostrava o grande avançado que veio a ser.
Os jogadores benfiquistas não ficaram ligados de maneira especial ao jogo mas cada jogada em que qualquer um deles participava era um acontecimento aos olhos dos benfiquistas. Valdo deu o lugar a Silas aos 82' e Magnusson saiu para entrar o veterano Pettersson.
Nas contas finais do grupo, o Brasil passou naturalmente com 3 vitórias. Caiu aos pés da Argentina num jogo cheio de truques que alimentam a magia da história da competição. A Suécia foi a grande decepção ao somar 3 derrotas. Uma delas contra a surpreendendo Costa Rica que se apurou deixando a Escócia também para trás. O resto é história.
Aquele Brasil - Suécia de 1990 merece ser visto por quem nunca viu e revisto por quem já não se lembra.
Jonas e Lindelof simbolizam o reencontro do Benfica com as selecções das camisolas amarelas.
Aqui fica o jogo completo com narração da Globo, com destaque para os comentários de Pelé:
O Twitter é um excelente espaço para interagir com jornalistas brasileiros que se dedicam ao futebol. A postura lá é completamente diferente do nosso cinzento panorama. Eles dizem mesmo o que pensam, assumem os seus gostos, e alimentam os seus ódios. É uma excelente janela para o futebol brasileiro actual acompanhar os vários espaços onde se publicam opiniões. Estou a falar de gente ilustre ligada aos maiores canais de comunicação do país. Hoje falei com Dassler Marques que mantém o blogPapo de Craque e que acompanha muito de perto os jovens promissores do futebol brasileiro. Foi ele que sugeriu que eu partilhasse aqui a sua opinião sobre Kardec;
Os dois têm 1,88m. Os dois surgiram nas categorias de base do Vasco. Chegaram ao profissional com fama de goleadores, mas deixaram São Januário sem grande prestígio. Só fazem gols de cabeça, dizem os críticos. O destino foi o Rio Grande do Sul e em seguida Portugal.
Incrível como Alan Kardec repete os passos de Jardel, que em seu auge, é verdade, foi muito mais jogador. Jardel marcou mais de 200 gols em sete temporadas na Europa, números impressionantes. O Super Mário jogou sua carreira no lixo por causa da ex-mulher, se enfiou nas drogas e nunca mais foi o mesmo.
Se Jardel jogou e foi ídolo no Grêmio, Kardec passou rapidamente pelo Inter. Deveria ficar mais tempo, mas sua venda foi indispensável para o Vasco, que lucrou com um jogador descartável, bem visto na Europa por suas participações no último vice-campeonato mundial sub-20.
Jardel foi ídolo por Porto e Sporting, Alan Kardec chega ao Benfica com uma missão difícil. O time encarnado tem o ataque mais poderoso entre as seis principais ligas europeias, com média de 2,84 gol por jogo. É o time em que brilham Cardozo e Saviola, que têm a sombra de Nuno Gomes, Weldon e Keirrison. Se Kardec viveu de mal com as redes neste ano, o K9 fez 24 em só um semestre, e mesmo assim não vai bem na Luz.
Seguir os passos de Jardel em Portugal é um desafio e tanto para Alan Kardec.
Dassler Marques faz parte da equipe do Terra Esportes, é editor do Olheiros.net e já passou pelas redações da Máquina do Esporte, Trivela e Folha Online, além de assinar matérias para a Revista Placar e, entre outros, ter participado de edições da Fut! No Twitter: @dasslermarques