Não é uma simples de vitória de mais um jogo. É um triunfo no estádio de um ex vice campeão europeu treinado por um dos treinadores mais mediáticos e respeitados do mundo. Foi um jogo contra uma das melhores equipas da Europa recheada de estrelas que nos últimos anos tem ganho muito em Espanha.
Portanto, esta não é só mais uma crónica de jogo, esta é a história de um dos grandes triunfos europeus dos últimos anos. Diga-se que o Benfica, felizmente, tem vindo a recuperar nos últimos anos o seu estatuto de grande e respeitado clube europeu. Além de muitas vitórias em noites europeias na Luz há vários jogos num passado recente muito prestigiantes. Noites inesquecíveis em White Hart Lane, Goodison Park, Estugarda, Bordéus, Leverkusen, e outras tantas positivas mesmo sem vencer em Turim, por exemplo. Por alguma coisa o Benfica subiu até ao 6º lugar do rankings da UEFA. Mas todas estas proezas foram conquistadas na Liga Europa. Na verdade, o Benfica já devia a si mesmo uma vitória destas na Champions League. Maior que a proeza desta noite só aquele 0-2 em Liverpool quando eliminámos o campeão europeu em título. Foi em 2006.
Hoje o Atlético Madrid perdeu um jogo europeu em casa ao fim de 24 partidas. Hoje o Atlético sofreu os primeiros golos europeus no Vicente Calderon desde Março de 2014! Esta foi a primeira derrota caseira de Simeone à frente do Atlético em jogos da Champions.
A última vez que o Benfica tinha ganho em Espanha foi em Sevilha contra o Betis. Foi há 33 anos, por esta altura, e também começou a perder depois de um curto 2-1 na Luz. Deu a volta ao marcador e ganhou pelo mesmo resultado de hoje. Foi a primeira vez que sofri a sério numa 4a feira à noite com um rádio colado ao ouvido. Foi preciso esperar este tempo todo para voltar a ver o Benfica sair triunfante de Espanha.
Foi também a primeira vitória do Benfica fora de casa esta época, e foram os primeiros golos marcados longe da Luz.
Na véspera do jogo o treinador do Benfica deixou bem claro na conferência de imprensa que o Benfica ia a Madrid para ganhar. Foi sempre este o discurso e começou aqui a grande noite europeia do Benfica.
Rui Vitória não hesitou em manter a mesma estrutura na equipa e apenas trocou Mitroglou pelo mexicano Raul Jimenez que conhecia bem os cantos à casa.
A entrada do Benfica foi convincente e deu sinais que não se ia encolher espreitando sempre contra atacar. Jonas foi o primeiro a avisar Oblak. Depois Gonçalo Guedes quase marcava de chapéu mas Felipe Luiz safou na linha de golo.
A seguir o Atlético carregou com perigo e Júlio César só não conseguiu parar o remate de Angel Correa que aproveitou um passe magistral de Griezmman. Jackson tinha ameaçado mas ainda não foi desta que marcou pelos espanhóis.
Antes do golo tive uma daquelas recordações que gostava que a minha memória esquecesse. Ao ver Tiago todo excitado a pedir mão na bola de André Almeida na área, lembrei-me da entrevista que deu após sair do Benfica para o Chelsea e vencer uma Taça de Portugal pelo Benfica: "Se soubesse tinha trocado o Braga pelo Porto". Foi disto que me lembrei ao vê-lo desesperado por um penalti, vejam lá.
A resposta do Benfica foi excelente. Nelson Semedo a subir pela direita cruza para a área, um defesa tenta aliviar mas a bola vai parar a Gaitán que aproveitou para fazer um belo golo e empatar a partida perante a loucura de cerca de 4 mil benfiquistas concentrados naquele topo do estádio. O Benfica a mostrar que estava bem vivo.
Na segunda parte o acerto defensivo permitiu ao Benfica ter o jogo aberto. O Atlético tentou o golo e Simeone até lançou Saul, Vietto e Torres na esperança de chegar à vitória. Mas Tiago, Gabi e Jackson não mostravam inspiração para bater a excelente organização do Benfica.
Jonas e Gaitán pela esquerda contra atacaram, o argentino faz uma jogada soberba junta à linha lateral, tira os adversário da frente, levanta a cabeça e vislumbra Gonçalo Guedes no poste mais distante da baliza de Oblak. Passe fantástico para o miúdo que não hesitou na altura do remate e deu a vitória ao Benfica. Uma jogada maravilhosa e um golo que é justiça poética para quem duvidava de Guedes.
O 1-2 aparece aos 51' e parecia que tínhamos muito o que sofrer. É verdade que passámos por momentos apertados mas nada que se compara ao sufoco de 2006 em Anfield Road. Tão épico como os golos foi o momento de Júlio César com duas defesas sensacionais a negar o empate. Um guarda redes de classe mundial é isto. Nem nos lembramos que do outro lado estava um jovem que tantas alegrias nos deu.
Por falar em esquecidos, quem é que andava a jogar no lugar do Nelson Semedo? Que exibição incrível! Chegou viu e venceu, temos defesa direito para muitos anos.
É uma vitória que só vale 3 pontos e nada garante porque ainda temos 4 jogos pela frente, duas viagens a estádios muito complicados, vejam o que passou hoje o Galatasaray em Astana, mas é um triunfo muito saboroso, muito prestigiante e muito moralizador. É das tais vitórias especiais que nos fazem sentir a chegar perto do Benfica que herdámos. Não é fácil estar à altura do Benfica, daquele Benfica que Eusébio e Coluna imortalizaram. É tão difícil que até para o Benfica é complicado ser Benfica. E esta noite voltámos a ser Benfica. É para viver noites destas que andamos cá, quando aparecem enchem-nos de orgulho e tudo parece fazer sentido.
Isto é só o começo de uma história que promete ser bonita, assim saibamos aproveitar esta conquista para seguir em frente em busca de mais.
Desde miúdo que acho que depois de uma vitória deste quilate o futebol devia parar 15 dias para saborearmos bem o que se passou. Da mesma maneira que defendo que a seguir a uma derrota devia haver jogo logo no dia a seguir para ultrapassar isso.
O jogo na Madeira é já a seguir mas, para já, vamos saborear mais um pouco esta vitória do Vitória em casa do Atlético de Madrid. Isto é que foi uma remontada. Olé!
Faço parte daquele grupo de pessoas que usa como auxiliar de memória para identificar datas os jogos do Benfica. Sei que tive de faltar a um jantar de aniversário da minha irmã em Setembro de 1988 porque fui ver o Partizani Tirani na Luz, sei que não vi o Benfica - Leixões na Luz porque estava no casamento do Rui Malheiro em Ponte da Barca. Podia fazer um livro ordenado por datas com acontecimentos associados a partidas do Benfica.
Raramente acontece o contrário. Associar algo da minha vida num jogo do Benfica. Esta semana tem acontecido. Ao fim de oito anos de namoro e quase tantos a viver com a minha mulher, resolvemos oficializar tudo. Coisa muito simples e rápida, papel assinado e direito a onze dias de descanso, aquilo que, muito pirosamente, se chama de lua de mel. Ora bem, a minha ficará marcada por intervalos entre viagens e passeios com deslocações ao estádio para ver o Benfica. Nada de extraordinário, pois a mulher em causa já atura isto desde sempre e não estranha. Tudo controlado.
Assim, este jogo com o Atlético ficará na minha memória como o dia em que acordei em Alpalhão a aproveitar todos os mimos do Monte Filipe Hotel & Spa, que muito recomendo para quem quiser ir conhecer e descansar ali entre Portalegre, Nisa, Castelo de Vide e Marvão. Viagem até Tomar, para conhecer uma cidade que merecia ter futebol nas ligas profissionais e levar até lá o pessoal que aprecia a gastronomia regional a comer n'A Lúria uma açorda ou cabrito. Passeio pelo Convento de Cristo e rumar a Lisboa.
À horachampions, 19h45, lá estava na bancada pronto para o último jogo desta fase de grupos.
O Benfica entrava em campo com a sua missão cumprida, o apuramento garantido, mas à procura de suavizar o lote de adversários do sorteio da próxima 2ª feira. O Atlético de Madrid vinha para se vingar da derrota caseira e em alto momento de forma. A almofada de dois resultados positivos servirem os nossos interesses tirou toda a pressão à volta do jogo.
Infelizmente, Simeone cumpriu o prometido e veio mesmo para ganhar o grupo.
O começo de jogo não deixava dúvidas a ninguém. Os espanhóis vinham com um onze muito rápido, dinâmico e apostados em pressionar muito alto deixando o Benfica em apuros logo na fase de construção.
Vietto era o homem mais avançado, Griezmann e Carrasco apoiavam nas alas e logo atrás o capitão Gabi, Koke e Saul davam uma terrível consistência ao meio campo. Juntemos as subidas de Juanfran e Filipe Luís mais as dos centrais nas bolas paradas, Godín e Savic, e percebia-se a qualidade do nosso adversário.
Rui Vitória optou pelo sistema de um só avançado, Jonas, com Gonçalo e Pizzi no apoio nas alas e Gaitán mais perto de Jonas, algo entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2. A aposta em Fejsa e Renato manteve-se.
Os elos mais fracos foram rapidamente identificados nas laterais da defesa, Eliseu e André Almeida não estiveram bem e foi de lá que vieram os golos do Atlético. Diga-se que Jardel também não esteve perfeito e fica ligado ao segundo golo, assim como Júlio César. Lisandro foi o melhor do sector recuado.
O Benfica respondeu bem à forte pressão dos colchoneros, manteve e circulou a bola garantido que assumia o jogo roubando a bola. Quando teve de defender é que não correu tão bem, o Atlético jogava em passes curtes atraindo demasiado os jogadores do Benfica que muitas vezes eram traídos por tabelas rápidas que deixavam descompensada a defesa. Houve uma ameaça de golo invalidado por fora de jogo mas aos 33' Saul fez mesmo o 0-1. Eliseu não respeitou a linha do fora de jogo e deu uma oportunidade que o Atlético não quis desperdiçar. Um lance onde também Renato Sanches não reagiu a tempo de ajudar a defesa.
A vantagem dos madrilenos ao intervalo era justa e natural.
O Benfica não criava oportunidades de golo apesar de conseguir equilibrar o jogo e ter posse de bola. Defensivamente a equipa de Simeone esteve impecável.
Rui Vitória lançou para a 2ª parte o melhor avançado de área que tem, Mitroglou entrou e podia logo ter empatado num óptimo trabalho na área que acabou com um remate fraco ao lado. Estava dado o sinal que o Benfica ia lutar pelo 1º lugar.
O Atlético assustou-se e voltou à fórmula da primeira parte, muita pressão, boa circulação de bola e muita atenção na organização defensiva. Num desses lances rápidos pela esquerda chegaram ao 0-2, primeiro golo de Vietto na prova. Com uma hora de jogo parecia que estava tudo resolvido, o vencedor do jogo e do grupo.
Foi aí que apareceu Renato Sanches a empurrar toda a equipa para uma reacção. Entrou Jimenez e Carcela, 15' depois, e o Benfica fez o que parecia impossível. Reagiu e encostou o Atlético lá atrás. Mitroglou concretizou o ensaio com que abriu a 2ª parte. Recebeu de Raul Jimenez, rodou sobre Godin e voltou a marcar aos madrilenos tal como tinha feito pelo Olympiakos. Bonito golo que acordou a Luz, mais de 47 mil adeptos acreditaram que dava para chegar ao empate.
O Benfica fez por isso, lutou, pressionou e procurou o 2-2 com força suficiente para contagiar as bancadas e assustar Oblak e companheiros.
Estava-se a adivinhar um novo final dramático para o Atlético, a lembrar a final da Champions ali perdida para o Real nos últimos minutos. Só não aconteceu porque aos 83' o cruzamento perfeito de Carcela para a entrada fulminante de cabeça de Raul Jimenez desta vez levou a bola uns centímetros ao lado do poste da baliza de Oblak. Era ali o momento para coroar a grande reacção da equipa e chegar ao ponto que valia a vitória no grupo. Saiu ao lado.
Mais épico do que isto só se aquele remate incrível de Renato Sanches tem entrado.
Foi um belo jogo que valeu pela superior exibição táctica do Atlético e pela grande reacção do Benfica liderada pelo miúdo Renato na 2ª parte. Venceu a equipa mais forte numa fase de grupos onde o Benfica cumpriu o seu dever europeu. Agora começa um novo sonho com jogos a eliminar.
Não é uma simples de vitória de mais um jogo. É um triunfo no estádio de um ex vice campeão europeu treinado por um dos treinadores mais mediáticos e respeitados do mundo. Foi um jogo contra uma das melhores equipas da Europa recheada de estrelas que nos últimos anos tem ganho muito em Espanha.
Portanto, esta não é só mais uma crónica de jogo, esta é a história de um dos grandes triunfos europeus dos últimos anos. Diga-se que o Benfica, felizmente, tem vindo a recuperar nos últimos anos o seu estatuto de grande e respeitado clube europeu. Além de muitas vitórias em noites europeias na Luz há vários jogos num passado recente muito prestigiantes. Noites inesquecíveis em White Hart Lane, Goodison Park, Estugarda, Bordéus, Leverkusen, e outras tantas positivas mesmo sem vencer em Turim, por exemplo. Por alguma coisa o Benfica subiu até ao 6º lugar do rankings da UEFA. Mas todas estas proezas foram conquistadas na Liga Europa. Na verdade, o Benfica já devia a si mesmo uma vitória destas na Champions League. Maior que a proeza desta noite só aquele 0-2 em Liverpool quando eliminámos o campeão europeu em título. Foi em 2006.
Hoje o Atlético Madrid perdeu um jogo europeu em casa ao fim de 24 partidas. Hoje o Atlético sofreu os primeiros golos europeus no Vicente Calderon desde Março de 2014! Esta foi a primeira derrota caseira de Simeone à frente do Atlético em jogos da Champions.
A última vez que o Benfica tinha ganho em Espanha foi em Sevilha contra o Betis. Foi há 33 anos, por esta altura, e também começou a perder depois de um curto 2-1 na Luz. Deu a volta ao marcador e ganhou pelo mesmo resultado de hoje. Foi a primeira vez que sofri a sério numa 4a feira à noite com um rádio colado ao ouvido. Foi preciso esperar este tempo todo para voltar a ver o Benfica sair triunfante de Espanha.
Foi também a primeira vitória do Benfica fora de casa esta época, e foram os primeiros golos marcados longe da Luz.
Na véspera do jogo o treinador do Benfica deixou bem claro na conferência de imprensa que o Benfica ia a Madrid para ganhar. Foi sempre este o discurso e começou aqui a grande noite europeia do Benfica.
Rui Vitória não hesitou em manter a mesma estrutura na equipa e apenas trocou Mitroglou pelo mexicano Raul Jimenez que conhecia bem os cantos à casa.
A entrada do Benfica foi convincente e deu sinais que não se ia encolher espreitando sempre contra atacar. Jonas foi o primeiro a avisar Oblak. Depois Gonçalo Guedes quase marcava de chapéu mas Felipe Luiz safou na linha de golo.
A seguir o Atlético carregou com perigo e Júlio César só não conseguiu parar o remate de Angel Correa que aproveitou um passe magistral de Griezmman. Jackson tinha ameaçado mas ainda não foi desta que marcou pelos espanhóis.
Antes do golo tive uma daquelas recordações que gostava que a minha memória esquecesse. Ao ver Tiago todo excitado a pedir mão na bola de André Almeida na área, lembrei-me da entrevista que deu após sair do Benfica para o Chelsea e vencer uma Taça de Portugal pelo Benfica: "Se soubesse tinha trocado o Braga pelo Porto". Foi disto que me lembrei ao vê-lo desesperado por um penalti, vejam lá.
A resposta do Benfica foi excelente. Nelson Semedo a subir pela direita cruza para a área, um defesa tenta aliviar mas a bola vai parar a Gaitán que aproveitou para fazer um belo golo e empatar a partida perante a loucura de cerca de 4 mil benfiquistas concentrados naquele topo do estádio. O Benfica a mostrar que estava bem vivo.
Na segunda parte o acerto defensivo permitiu ao Benfica ter o jogo aberto. O Atlético tentou o golo e Simeone até lançou Saul, Vietto e Torres na esperança de chegar à vitória. Mas Tiago, Gabi e Jackson não mostravam inspiração para bater a excelente organização do Benfica.
Jonas e Gaitán pela esquerda contra atacaram, o argentino faz uma jogada soberba junta à linha lateral, tira os adversário da frente, levanta a cabeça e vislumbra Gonçalo Guedes no poste mais distante da baliza de Oblak. Passe fantástico para o miúdo que não hesitou na altura do remate e deu a vitória ao Benfica. Uma jogada maravilhosa e um golo que é justiça poética para quem duvidava de Guedes.
O 1-2 aparece aos 51' e parecia que tínhamos muito o que sofrer. É verdade que passámos por momentos apertados mas nada que se compara ao sufoco de 2006 em Anfield Road. Tão épico como os golos foi o momento de Júlio César com duas defesas sensacionais a negar o empate. Um guarda redes de classe mundial é isto. Nem nos lembramos que do outro lado estava um jovem que tantas alegrias nos deu.
Por falar em esquecidos, quem é que andava a jogar no lugar do Nelson Semedo? Que exibição incrível! Chegou viu e venceu, temos defesa direito para muitos anos.
É uma vitória que só vale 3 pontos e nada garante porque ainda temos 4 jogos pela frente, duas viagens a estádios muito complicados, vejam o que passou hoje o Galatasaray em Astana, mas é um triunfo muito saboroso, muito prestigiante e muito moralizador. É das tais vitórias especiais que nos fazem sentir a chegar perto do Benfica que herdámos. Não é fácil estar à altura do Benfica, daquele Benfica que Eusébio e Coluna imortalizaram. É tão difícil que até para o Benfica é complicado ser Benfica. E esta noite voltámos a ser Benfica. É para viver noites destas que andamos cá, quando aparecem enchem-nos de orgulho e tudo parece fazer sentido.
Isto é só o começo de uma história que promete ser bonita, assim saibamos aproveitar esta conquista para seguir em frente em busca de mais.
Desde miúdo que acho que depois de uma vitória deste quilate o futebol devia parar 15 dias para saborearmos bem o que se passou. Da mesma maneira que defendo que a seguir a uma derrota devia haver jogo logo no dia a seguir para ultrapassar isso.
O jogo na Madeira é já a seguir mas, para já, vamos saborear mais um pouco esta vitória do Vitória em casa do Atlético de Madrid. Isto é que foi uma remontada. Olé!