Isto nem é novo no reinado de Rui Vitória, vitórias apertadas com exibições muito pobres nas primeiras rondas da Taça de Portugal já aconteceram em outras épocas. Lembro-me, assim de cabeça, do 1-2 contra o Vianense e no ano a seguir o mesmo resultado no Estoril com o 1º de Dezembro. Em ambos os jogos o golo da vitória veio perto do final, tal como hoje.
A grande diferença é que nessa altura havia um enorme capital de confiança à volta da equipa porque vinha de épocas triunfantes e, portanto, uma noite desinspirada, mesmo que contra equipas de escalões inferiores, era desculpada pelo resultado prático final.
Desta vez, o contexto é muito mais delicado. Hoje, o Benfica precisava de uma boa exibição e um resultado tranquilo para dar sequência à vitória de Tondela, recuperar alguns jogadores, ganhar outros e embalar para um novo ciclo que tem na próxima paragem em Munique o ponto mais exigente.
Rui Vitória aproveitou o segundo jogo do Benfica na Taça de Portugal desta época para lançar Krovinovic, dar nova chance a Corchia, apostar em Zivkovic e, o mais relevante de tudo, recorrer ao 4-4-2 pela primeira vez esta temporada.
O resultado de todas estas apostas foi uma enorme desilusão. Salvou-se Svilar, que manteve o Benfica em jogo com uma enorme defesa já na recta final da partida, Seferovic e Jonas sempre inconformados, a espaços Krovinovic deu um ar da sua graça e Rafa acabou por ser decisivo ao marcar o golo que evitou um embaraçoso prolongamento.
De resto, é difícil quantificar e qualificar a exibição do Benfica esta noite com o Arouca da segunda divisão.
Só se aproveitou mesmo o resultado, um alivio merecido para as duas dezenas de milhar de adeptos que fizeram questão de aparecer na Luz.
O Arouca tem tão pouco tempo de 1ª divisão e, no entanto, já soma um historial curioso de polémicas nos jogos com o Benfica. Assim de cabeça, lembro-me de um empate na estreia na Luz, de um golo anulado a Jonas, em Aveiro, que até hoje ninguém me soube explicar porque não contou, evitava a derrota, e ainda não me esqueci daquele penalti sobre o Rafa na 1ª volta que podia ter dado o 0-3 e acabou por transformar o final desse jogo num sofrido 1-2.
Na noite passada, na Luz, o Benfica cumpriu o que se pedia, entrou bem no jogo, resolveu cedo a questão, jogou bem e caminhava para o intervalo com um confortável resultado de 2-0, graças a um bis de Mitroglou, o melhor que saiu da Grécia depois de Demis Roussos, dizem.
Já dava para pensar em gerir o resto do jogo, pensar no próximo adversário amarelo de 3ª feira e cuidar das situações disciplinares de Pizzi e Nelson Semedo para Braga.
Só que a poucos minutos minutos do final da 1ª parte acontece um lance duvidoso com um choque entre Ederson e Mateus que parecia ter sido ignorado pelo árbitro porque o jogo seguiu. Para espanto de todos, a partida é interrompida e sai falta para o Arouca, expulsão para Ederson e jogo estragado.
São este tipo de situações polémicas que o Arouca está destinado a carregar consigo. E Mateus consegue andar há anos envolvido em trabalhos no futebol português. Ederson iguala Neno e o lendário Bento como guarda redes expulso mais do que uma vez pelo Benfica. Um feito.
(Fotogaleria de João Trindade)
Júlio César regressou à baliza, a equipa foi para intervalo sabedora do perigo que podia correr e voltou determinada em resolver o assunto. Apareceu Carrillo, o peruano foi titular e assinou a melhor exibição pelo Benfica coroada com um belo golo que encerrou as discussão dos 3 pontos na Luz.
Excelente resposta, boa 2ª parte à altura do que se pedia à equipa e missão cumprida num jogo que podia ter ficado muito complicado.
Uma palavra para Lito Vidigal que vai treinar para Israel, que tenha sorte e que volte ainda mais forte para o top do futebol português. Simpatizo com ele.
Segue-se uma noite europeia que se espera de gala.
PS: espero que esteja já tudo bem na arbitragem nacional, desde aquela "visita" ao centro de treinos de árbtros na Maia que tudo melhorou neste país. Assim dá gosto.
Era uma viagem prometida e desejada desde 2013 quando o Arouca subiu à 1ª Liga. Desta vez tudo devidamente organizado para partir um carro da Luz a seguir ao almoço rumo a Arouca.
A conversa dos últimos quilómetros da longa viagem serem tortuosos ao nível das curvas confirma-se totalmente. É preciso grande concentração para não enjoar até entrar na bonita vila de Arouca.
Estacionar o carro a meio caminho entre o estádio e o restaurante, antecipadamente reservado para atacarmos uma posta arouquesa no pós jogo, revelou-se uma oportunidade para passear a pé e vislumbrar um cenário agradável de ver um estádio inserido numa paisagem muito bonita. Um estádio no meio de árvores e casas espalhadas pela encosta. Com as duas bancadas centrais e as altas torres de iluminação davam um ar bem castiço ao Municipal de Arouca.
Como é possível optar por ir para Aveiro com um cantinho destes tão digno?
Encontro num café perto do estádio com mais benfiquistas. Conhecemos sempre gente nova, encontramos sempre os companheiros destas andanças. Atendimento simpático, sandes de panado e bola de presunto com queijo com minis fresquinhas. Conversas cruzadas e a revelação local de que ali a maioria torce pelo Benfica. Boa gente.
Caminho para o estádio com o pôr de sol como cenário, uma temperatura agradável e aquele cheiro característico de aldeia cheia de pulmão verdejante. Pena a vista negra mais alta a denunciar terríveis incêndios recentes.
Na altura de entrarmos no estádio grupos divididos devido à diferente natureza dos bilhetes. Alguns seguiram para a companhia dos grupos de apoio de sempre outros, como eu, acabaram por ficar na bancada contrária junto aos adeptos da casa. Sem dramas. Éramos muitos e até dava para pôr a conversa em dia com benfiquistas amigos que encontramos poucas vezes. Ouvem-se histórias entre drama e comédia de conhecidos residentes na zona de Aveiro, debate-se a escolha da equipa, comenta-se o bom estado do relvado e descobrimos que na fila de baixo temos a companhia da mulher do Nuno Coelho. Ela que fez logo saber que não queria nada com o Benfica. Só Arouca. Fora dali é do Varzim. Ok.
Ainda antes de irmos ao jogo uma nota de incredulidade para o facto dos responsáveis do Arouca terem aberto vários potes de fumos azuis e amarelos atrás de uma baliza. Foi bonito. Tirando o pormenor que é proibido e costuma dar multas pesadas. Ou ali já é legal? Surpreendente, no mínimo.
Vamos lá falar de bola.
O facto do Benfica ter viajado na véspera sem Jonas, Mitroglou e Raul Jimenez era bastante preocupante. Pessoalmente, não estava a imaginar como é que a equipa ia assumir o jogo ofensivo sem nenhuma das principais referências no ataque. Mas o passado recente ensinou-me a ter muita calma nestas horas e não stressar em vão. Absoluta confiança nas escolhas de Rui Vitória e enorme expectativa para ver a resposta da equipa.
E não é que o Benfica arranca a melhor primeira parte que já vi esta época? Que exibição surpreendentemente boa!
Vitória armou a equipa num 4-4-2. Optou por fazer regressar Jardel ao centro da defesa ao lado de Lisandro, manteve Fejsa e Horta no meio, Salvio na ala direita, Pizzi na esquerda e fixou na frente a dupla Guedes e Rafa. Tanta juventude, tantos portugueses.
Por outro lado, Lito Vidigal apostou num 4-1-4-1 para roubar espaço ao ataque encarnado e tentar sair rápido na esperança de repetir a surpresa do ano passado em Aveiro. Não resultou porque foi completamente atropelado.
(Galeria de fotos)
Incrível mobilidade e dinâmica ofensiva do Benfica. A começar por André Horta sempre à procura do melhor espaço para lançar os alas ou fazer tabelas curtas que procuravam baralhar uma defesa do Arouca completamente perdida sem pontos de referência para marcações. Isto porque Gonçalo e Rafa trocavam de posição constantemente vindo buscar jogo mais atrás ou descaindo para as alas abrindo espaço para as subidas dos laterais. Foi um festival de golos perdidos com destaque para Rafa que confirmou ter como ponto menos forte a finalização. Espero ver escrito nos próximos dias que em Janeiro vai para o Arouca, para os espertos opinadores do nosso mundo da bola serem coerentes com o que escreveram e disseram na Supertaça.
Rafa tem mesmo que melhorar a finalização porque de resto é mesmo uma mais valia, velocidade, drible, inteligência na desmarcações e objectividade nas transições. Marcar golos não é um pormenor que se despreze, é o mais importante no futebol.
O que foi estranho na primeira parte foi o Benfica só ter feito um golo num lance em que Nélson Semedo beneficiou de um belo passe de Salvio e da atrapalhação da defesa arouquense. Nuno Coelho incluído para desespero da mulher dele.
Facilmente contei seis oportunidades de golo. Pelo menos metade deviam ter sido concretizadas para termos um jogo calmo e um resultado justo.
Na 2ª parte um canto muito bem cobrado por Grimaldo, que fez um belo jogo, proporcionou a Lisandro a oportunidade de fazer o 0-2. O argentino na época passada só tinha festejado uma vez, esta época já marcou o dobro. O jogo parecia resolvido.
E mais resolvido deveria ter ficado quando Hugo Basto faz um penalti tão claro quanto indiscutível sobre Rafa. Fábio Veríssimo em vez de assinalar o penalti e expulsar o defesa do Arouca mandou seguir o jogo com meia equipa do Benfica incrédula com a decisão e completamente desconcentrada. Acto contínuo, o Arouca vai à frente, Zequinha cruza e Walter González aproveita a passividade de Nélson Semedo para reduzir!
Ou seja, Veríssimo transformou um óbvio e natural 0-3 num perigoso 1-2 aos 51' de jogo. E o Arouca manteve os 11 jogadores em campo.
Odeio falar de arbitragens mas quando jogamos de forma tão superior e sentimos que nos empurram para trás de forma tão escandalosa temos que fazer barulho. Isto é inadmissível.
Felizmente, o Benfica acabou por recuperar a concentração e Rui Vitória foi ajustando o jogo com a entrada de Samaris e Carrillo. Mesmo assim o jogo esteve perigosamente em aberto com o Arouca a procurar chegar ao empate. Um sofrimento tão desnecessário quanto injusto.
O Benfica acaba o jogo por cima, com a equipa reorganizada e a entrada de José Gomes, o terceiro mais jovem de sempre a estrear-se na equipa principal, depois de Hugo Leal e Chalana.
André Horta ainda teve força e capacidade para inventar um lance do lado esquerdo que acabou com um passe de bandeja para Gomes assinar estreia de sonho. Ficou a centímetros. Teria sido o desfecho mais merecido.
Assim ficou uma vitória importante e convincente num terreno complicado. O Benfica soma agora 14 triunfos seguidos fora de casa.
Aquela primeira parte foi muito boa.
Antes do longo regresso a casa a merecida paragem no restaurante Alto da Estrada. Carne maravilhosa, batatas perfeitas, vinho tinto óptimo, vinho verde fresco. Um repasto excelente, um atendimento cinco estrelas. Assim a viagem de volta até se fez com gosto.
Este jogo começou como acabou o da primeira volta, com o Benfica a marcar golo. Só que desta vez o pontapé de Pizzi valeu mesmo e o golo não foi anulado sem justificação como aconteceu em Aveiro. Na altura voltámos para Lisboa com menos um ponto e sem perceber aquele final de jogo. Hoje para não haver dúvidas o Benfica entrou forte e passou para a frente no marcador logo na abertura da partida.
Estava assim aberto o caminho para uma vitória obrigatória e tranquila sem dar espaço para que se repetisse o anti jogo da equipa do Arouca.
Rui Vitória foi obrigado a mexer no "11", Samaris entrou para o lugar do lesionado Fejsa e, desta vez, foi Mitroglou o escolhido para começar ao lado de Jonas na frente. Gaitán ficou no banco e Nelson Semedo manteve-se de fora.
A resposta do Benfica ao magnifico ambiente instalado nas bancadas da Luz foi a melhor, a equipa conseguiu a melhor exibição que vimos na Luz esta época. Futebol de ataque, pormenores técnicos deliciosos de Jonas, Carcela, Mitroglou, Pizzi e Samaris, por exemplo. Uma grande exibição que começou no golo de Pizzi e teve o ponto alto no calcanhar de Mitroglou a fazer o 2-0. Que momento!
Vivem-se momentos de harmonia entre adeptos empolgados e equipa motivada, estamos no ponto mais alto da época em termos exibicionais. Hoje, a vitória nunca esteve em dúvida.
O Arouca que tinha surpreendido em contra ataque no jogo da primeira volta, hoje só na teoria mostrou os mesmos argumentos. É uma equipa bem orientada, muito organizada e mostra saber o que quer mas hoje não teve a menor hipótese de discutir o jogo.
Na 2ª parte esperavam-se mais golos, Jonas queria aumentar a sua conta pessoal e conseguiu fazer o 3-0 num lance disputado ao sprint com Mitroglou. Houve varias oportunidades para dilatar o resultado, deviam ter sido marcados mais golos mas o triunfo estava conseguido e Vitória aproveitou para dar minutos a Gaitán, lançar Talisca e Raul.
Hoje pedia-se que o Benfica mostrasse sinais de confiança, mantivesse a senda vitoriosa e tudo isto foi conseguido perante mais de 51 mil adeptos nas bancadas que também provaram que estão prontos para uma longa luta nesta 2ª volta do campeonato.
Era assim que se devia ter jogado em Aveiro mas desde esse dia até hoje muito mudou, sendo que o principal facto é podermos dizer que agora temos uma equipa.
Apesar de continuar sem perceber porque é que aquele golo no final do jogo de Aveiro não contou, saí descansado da Luz com o que vi. Hoje deu prazer ver o Benfica jogar, os tais pormenores técnicos a resultar em belas jogadas foram de encontro ao que queremos sempre do Benfica, vencer e convencer.
Ir para Aveiro em pleno mês de Agosto num domingo à tarde para ver o Benfica parecia uma óptima ideia na teoria. Assim como parecia apelativo jogar contra o Arouca no Estádio Municipal de Aveiro à 2ª jornada depois da goleada na estreia e dos empates dos dois rivais na véspera.
A chegada ao caótico estacionamento à volta do Estádio faz-nos lembrar porque é que nunca gostámos de ir ali ver bola. O nevoeiro e a incrível chuvada que caía poucas horas antes do jogo eram um sinal claro que a tal óptima ideia não era assim tão boa.
O começo do jogo encarregou-se de desmentir também a outra teoria de que era um jogo apelativo. Em apenas dois minutos esvaziou-se aquele ânimo do final do jogo com o Estoril.
A grande dúvida para este jogo era saber se íamos ter o Benfica empolgado que acabou o jogo de estreia na Liga ou se voltaríamos à estaca zero do trabalho do novo treinador. A aposta em Samaris mantendo Ola John e Pizzi de inicio era mais um ajuste de uma equipa que não consegue entrar nos jogos de forma convincente.
Tinha chamado a atenção para esta equipa do Arouca no final da crónica do último jogo. Tinha elogiado Lito Vidigal e não foi por cortesia ou obrigação. Acho mesmo que é um dos mais competentes treinadores do campeonato. Fez o que se estava à espera, montou uma defesa sólida com excelente cobertura de um trio no meio campo que contou com mais duas ajudas de homens sempre prontos para apoiar o avançado. Isto é, além de Bracali na baliza, que já mostrou qualidade noutras alturas, Jaílson na direita, Velazquez e Hugo Basto como centrais e Lucas Lima na esquerda. Depois, o capitão Nuno Coelho à frente da defesa com David Simão na ala esquerda e Nuno Valente na ala direita, sempre prontos para fecharem espaços interiores, ficando Ivo Rodrigues e Artur de olho no contra ataque e a servir Roberto.
Logo aos 2 minutos David Simão isolou Roberto que fez o 1-0.
Nada de grave porque havia o jogo todo para dar a volta e já na época passada foi assim que aconteceu na deslocação a Arouca.
O problema é que aos 9 minutos Nuno Valente também conseguiu desmarcar Roberto, aos 22' novamente Roberto aparece com perigo e aos 40' Lucas Lima tentou marcar de livre directo. Valeu ao Benfica Júlio César, a grande mais valia neste começo de temporada!
E comecei por destacar o futebol do Arouca para depois enquadrar melhor as oportunidades do Benfica e para dizer que a equipa não se limitou a defender. Houve boa organização defensiva, excelente posicionamento e, o mais preocupante para nós, facilidade em adivinhar e anular o jogo benfiquista.
Feitos os elogios quero deixar registado a minha condenação por terem aliado ao bom desempenho o pior que se pode fazer com um jogo de futebol: o anti-jogo. Jogadores deitados no chão por tudo e por nada, perdas de tempo desesperantes com entradas de assistência médica e um guarda redes a demorar todas as reposições de bola. Nem acredito que sejam indicações de Vidigal, é uma tentação dos próprios jogadores. É pena porque, infelizmente, o Arouca não precisava de reduzir desta maneira o tempo útil de jogo para ser mais feliz no final do jogo. Na bancada não há nada pior que a sensação do jogo parado, falo por mim.
O Benfica entrou a perder mas manteve a atitude de procurar o golo como se nada tivesse acontecido. Na primeira parte houve várias oportunidades para fazer golo mas a finalização voltou a ser preocupante. As oportunidades apareciam por tentativas de longe, Jonas aos 20', Pizzi aos 25', Ola John aos 46', ou de perdas de bola, como a que Ola John recuperou para dar a Pizzi que permitiu uma grande defesa de Bracali aos 31', ou de bolas paradas como nas oportunidades que Mitroglou teve de cabeça em livre e canto de Gaitán. De bola corrida apenas o incrível falhanço de Nelson Semedo após passe de Samaris!
E é aqui que tudo se torna preocupante. O Benfica não cria oportunidades de golo em jogo corrido, em jogadas envolventes que peçam finalizações naturais dentro da área ou em desequilíbrios com movimentações atacantes envolventes. A bola anda ali de um lado para o outro entre a defesa e o meio campo sem grandes ideias e sem se perceber qual a finalidade.
Ao terceiro jogo oficial da época não consigo vislumbrar a ideia de jogo de Rui Vitória para a equipa. Antes pelo contrário, vejo ali um bloqueio perigoso na construção das jogadas. A equipa parece ainda hesitar entre as movimentações do passado e as novas propostas. Procurar sempre Nico Gaitán ou Nelson Semedo para ganhar improvisação ou velocidade no jogo não são propriamente grandes ideias de jogo...
Não conseguir contornar a organização defensiva contrária com variações de sistema de jogo apelando só à improvisação individual não augura nada de bom. É urgente que o Benfica se apresente em campo com vontade própria e um estilo de jogo próprio, que siga um rumo, que tenha um sistema, que apresente um conceito de jogo. Ainda não se viu nada disso e começa a ser difícil perceber porquê.
A 2ª parte foi muito pior que a primeira. Menos oportunidades de golo, muito nervosismo transmitido de dentro para fora e mexidas na equipa que preocupam. Repetir a aposta em Victor Andrade não foi a melhor opção quando o jogo pedia a entrada de Talisca para o lugar de um Pizzi completamente perdido entre sectores. A entrada de Andrade veio dar irreverência ao flanco direito e muito individualismo mas não resolveu a questão apesar do jovem brasileiro até ser dos mais inconformados a tentar chegar à baliza do Arouca. Depois a aposta em Carcela no lugar de Eliseu evidenciou a falta de preparação do novo reforço que baralhou de tal maneira o flanco esquerdo que nem o vimos a criar desequilíbrios na linha final como ainda proporcionou a bizarra situação de ver Gaitán a lateral esquerdo a espaços! A última aposta já cheirou a desespero compreensivo, lançar Jimenez no lugar de Samaris é o mesmo que anunciar a falência de ideias e passar para a fé na bola para área a ver o que acontece. Não aconteceu nada porque nem isso a equipa consegui impor, não houve bolas para uma frente de ataque com Jonas, Mitroglou e Jimenez! Incompreensível.
Lito Vidigal mexeu bem e nunca descompensou a equipa, limitou-se a refrescar os homens mais talhados para o contra ataque e nem guardou substituições para queimar tempo. Entre os 54' e os 75´ lançou Maurides, Adilson e Dabó. Manteve sempre em sentido Júlio César que acabou por ser o melhor do Benfica, o que já diz muito deste jogo.
Perder um jogo em que se fez tudo para ganhar, em que se massacrou o adversário e que só por azar a bola não entrou, pode sempre acontecer em qualquer caminhada. Querer fazer deste jogo apenas e só isso é meio caminho andado para não se perceber o que (não) está a acontecer no futebol do Benfica. É claro que a equipa podia ter feito golos mas já vi exibições bem mais massacrantes com os postes a negarem golos e guarda redes a fazerem milagres que, sinceramente, ontem não vi. Vi desperdício nos pés do Nelson, vi uma bola tirada da linha por um defesa bem posicionado, vi várias tentativas desesperadas com remates de longe e cabeceamentos apertados para boas defesas de Bracali. Ficava mais animado se tivesse visto qualidade ofensiva.
Claro que não percebi porque não se marcou falta sobre Mitroglou na área do Arouca na primeira parte nem o porquê de anular o último remate à baliza de Bracali. Mas não foi por aqui que correu mal.
Acho que Rui Vitória tem mostrar ao que vem e exibir um esquema em que se consiga perceber o que quer fazer do futebol do Benfica e soltar as tais amarras que referiu na semana passada. Parece-me que ele está a ter mais dificuldade do que eu a soltar amarras do futebol que se viu no clube até à sua chegada. E eu até estou à vontade porque gostava e defendia esse futebol. Agora, gostava de apoiar, defender e perceber o novo futebol mas ele tarda em aparecer e isso é preocupante.
Vamos para dois jogos na Luz, vamos ver o que esta equipa tem para nos dar já a nível definitivo já que o mercado fecha dentro de uma semana.