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Red Pass

Rumo ao 38

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Tondela 0 - 2 Benfica: Arranque Vitorioso

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 Deixem-me começar por contornar o assunto principal da crónica, o jogo. O primeiro jogo do campeonato nunca é um jogo normal, é a partida mais esperada de cada verão e sempre por motivos diferentes mas com a esperança igual, a de começar a ganhar.

Eu ando há doze anos à espera de ver o Benfica vencer o seu jogo inaugural na Liga fora da Luz e nunca tem acontecido. Há mais de uma década que sempre que o primeiro jogo calha fora passo o verão a ler notícias sobre o nosso adversário, a ponderar se interrompo as férias para ir ver a equipa seja onde for e dou comigo a pensar que desta vez não pode correr mal. Nós, adeptos, sabemos que entrar a ganhar é meio caminho andado para afastar aquela tensão de pré época. Nós, benfiquistas, nas últimas, vá lá, duas décadas conhecemos muito bem a ansiedade de uma longa espera por aqueles 90' que inauguram a maratona mais desejada e que, não raras vezes, rapidamente se transformam em amargo sabor de um pesadelo que achamos sempre não merecer viver. Arranques em falso fora de casa nos últimos doze anos aconteceram sempre! Se alargarmos o espaço de tempo, recordamos jogos que nos queremos esquecer para sempre. Treinadores despedidos ao fim de umas poucas centenas de minutos de campeonato jogado ou mesmo ao fim do primeiro jogo, compras e vendas assustadoras, começos em sobressalto que muitas vezes anunciavam um fim de época triste. Vezes de mais. O Benfica falhou arranques várias vezes a mais. Mesmo em anos mais recentes em que nos sentimos mesmo candidatos a ganhar tudo, acabámos o primeiro jogo com a moral de rastos. E, atenção, não aconteceu só em jogos fora. Várias vezes sentimos isto na nossa Catedral. Sair da Luz com o peso de uma falsa partida, aconteceu também vezes a mais.

 

Por tudo isto, eu dou mesmo muito valor a uma vitória no jogo inaugural da Liga. Fico verdadeiramente aliviado e moralizado. Não peço uma exibição convincente, não peço uma goleada, não peço um show de bola, só desejo uma vitória, três pontinhos. Porque sei que ninguém está no auge da forma e com os mecanismos colectivos afinados a meio de Agosto. Aliás, se estiverem é mau sinal. Porque sei que isto começa de baixo para cima. Porque tenho a certeza que são estes jogos com os "tondelas" que fazem a diferença, não garantem títulos mas podem comprometê-los.

 

Sem exageros e sem dramas, sejamos claros: jogar no campo do Tondela não é tarefa fácil. O relvado é mau, as dimensões são curtas, a equipa da casa é aguerrida e lutadora à imagem do seu treinador. Era esta a nossa realidade para o arranque, um típico jogo de campeonato português com o apoio de sempre de bravos benfiquistas que investiram uma pequena e vergonhosa fortuna para garantirem a sua presença ao lado da sua equipa. Eu até cheguei a ponderar ir conhecer Tondela, depois de ver os preços recusei porque acho que tem de haver mínimos olímpicos de decência nestes constantes "roubos". Obrigado aos que foram e que nos fizeram sentir em casa. Como sempre.

 

Vamos ao jogo.

O facto de termos feito uns minutos muito bons na Supertaça não nos dava grande conforto porque o adversário era completamente diferente e o cenário era outro para muito pior. Não tinha esperança de grandes números artisticos, queria só uma atitude combativa e lutadora. Acho que tivemos a atitude certa de entrada.

Tal como esperado, a primeira meia hora foi muito dura. A ausência de Jonas sentia-se cada vez mais à medida que o tempo passava sem chegarmos à baliza adversária, Gonçalo Guedes não conseguia impôr a sua qualidade no apoio a Mitroglou e o Benfica mostrava dificuldades em gerir o desenho de 4-2-3-1.

Pior, a equipa não conseguia estabilizar o jogo e permitiu que o ritmo fosse algo descontrolado com o Tondela a sair várias vezes com perigo para o ataque. Aí estranhou-se o desacerto inicial de Lindelof. Com a saída forçada de Luisão e a entrada de Lisandro tudo estabilizou lá atrás e percebeu-se que o sueco estava a ser vítima da ineficácia do capitão debilitado. Nas alas, Nelson e Grimaldo continuavam fortes no ataque mas permissivos e surpreendidos, mais o jovem português do que o espanhol, na defesa. Aliás, Grimaldo foi importantíssimo em recuperações defensivas, numa delas tira um golo que parecia certo com um desarme superior.

 

Fejsa foi a mais valia do costume mas mais parecia um bombeiro a apagar vários fogos ficando sem espaço para ajudar Horta a construir o que levou a equipa a demorar muito tempo a estabilizar o jogo. André foi importante nos lançamentos longos, onde é exímio executante, enquanto Cervi e Pizzi tentavam tudo para fazer a diferença em termos individuais.

Acabou por ser Pizzi a bater bem um livre para a área do Tondela onde apareceu Lisandro a aproveitar uma marcação desastrosa da equipa de Petit. Era uma oportunidade que tinha de ser aproveitada e abriu caminho para uma vitória.

 

Pedia-se uma segunda parte mais controlada e em busca da tranquilidade mas não aconteceu porque o Tondela soube sempre estar por dentro do jogo. Até que Rui Vitória lançou Samaris para acabar com aquela vertigem de bola cá, bola lá. Também já tinha metido Pizzi no meio com Gonçalo na ala e tudo mudou para melhor. O triunfo estava longe de estar garantido mas passou a ficar bem mais próximo. Depois com a entrada de Salvio, André Horta teve liberdade para avançar mais no terreno e aproveitou a oportunidade para marcar a diferença.

 

Portanto, o jogo terminou da seguinte forma épica: eu, João Gonçalves, recuperei uma bola a meio campo já em tempo de desconto. Como estava com o manto sagrado vestido vivendo um dos meus sonhos, não senti nenhum cansaço. Pelo contrário, senti que tinha espaço para ser o super herói que sempre procurei ser nos jogos de rua nos arredores do Califa. Embalei com a redondinha, fui direito a um, dois, três adversários sempre a driblar, sempre a mudar de direcção, sempre com técnica superior que até baralhei o companheiro Mitroglou. Já tinha na minha cabeça o final daquela jogada. Já tinha o final desenhado desde a minha infância, por isso foi com naturalidade que fintei os adversários para o meio da área, puxei o pé atrás e rematei triunfante para o melhor golo da minha vida. Não parei de correr, senti a felicidade suprema que só em sonhos tinha imaginado, tirei a camisola para perceberem que eu estava ali em carne e osso e não fruto da imaginação de ninguém, gritei, cerrei punhos e só parei extasiado a olhar para bancada onde os meus companheiros vibravam quase tanto como eu. Depois caí em mim e lembrei-me que afinal, desta vez, eu sou um dos onze heróis que me habituei a apoiar. Abracei-os e o sonho tornava-se realidade.

 

Bem, não fui eu mesmo porque neste momento eu estou ao nível do Jonas, ou seja, tive o azar de cair estupidamente de uma rede de descanso para um duro chão e fiz uma luxação e fracturei uma clavícula no ombro direito e, por isso, estou em vias de ser operado. Desejava ter tido esta lesão de manto sagrado vestido depois de ter feito o golo que relatei. Não fiz o golo mas o André fez por mim e , acreditem, é quase a mesma a coisa. Foi o mais perto que estive de marcar um golo pelo Sport Lisboa e Benfica.

Começar a ganhar, era tudo o que eu queria.

O Puto Horta Voltou ao Benfica!

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Quando o futebol proporciona momentos de emoção por boas razões atinge o topo da escala das coisas bonitas da vida. O André Horta está a viver o sonho de voltar ao seu clube e ter a oportunidade de jogar pela equipa principal de futebol do Benfica.

Nós adeptos que gostamos de acompanhar a vida do clube escrevendo e dizendo o que nos vai na alma em público também vibramos com estes momentos. 

Ocasionalmente dá-se a felicidade de assistirmos à ascensão de um dos nossos a vestir o manto sagrado e a representar a nossa paixão com profissionalismo no relvado. De vez em quando, há um puto que vai viver o nosso sonho de jogar pelo Sport Lisboa e Benfica. 

Já aqui contei a história do Pimenta, meu colega de turma que veio da Póvoa de Varzim para Lisboa para jogar no nosso clube. 

 

Desta vez o contexto é diferente mas o sentimento é o mesmo. 

Não vou estar com meias palavras ou a esconder o óbvio. Conheço o puto André pessoalmente. Parece que me dou com ele há muito tempo porque já seguia a carreira dele como jogador mas pessoalmente só nos conhecemos numa viagem a Oliveira de Azeméis para irmos apoiar o hóquei do Benfica. 

Nem seria preciso dizer muito mais. Só este contexto já dá para perceber a paixão do puto pelo clube. Mas podia ter sido um episódio especial e ter acontecido por acaso. Não foi. O André adora as equipas das modalidades do Benfica e gosta de as apoiar ao vivo sempre que pode. É fácil encontrar fotos e imagens dele nos nossos pavilhões nas diversas modalidades.

 

Conheci o André como tenho conhecido quase todos os meus bons amigos ao longo de anos, através da dedicação ao Benfica. O que me une a muitos bons amigos é o amor em comum que temos ao Sport Lisboa e Benfica. Tem sido assim desde criança. Felizmente, continua a ser assim depois dos 40 anos. Continuo a conhecer e a acrescentar às minhas amizades pessoas incríveis, mais velhas, da mesma idade ou muito mais novas. Os mais velhos não me acham demasiado desconhecedor da nossa gloriosa história e são generosos ao ponto de partilharem benfiquismo de outros tempos, os mais novos não me acham demasiado cota e arrogante por já ter vivido mais Benfica do que eles e dão-me o privilégio de rejuvenescer o meu benfiquismo.

 

O André Horta como jogador é um talento promissor. Tem pinta de "10" mas ocupa bem a posição "8", pode até ser utilizado a segundo avançado e tem características para poder ser aproveitado na ala esquerda a entrar para o meio. Provou que tem valor na primeira parte do campeonato quando Vitória de Setúbal de Quim Machado foi uma das agradáveis surpresas da Liga. É jogador de Selecção como se viu agora no Torneio de Toulon onde foi o capitão de equipa, deixou um belo golo no registo do 3º classificado da competição. 

 

Nos últimos meses partilhámos conversas em jantares, pelos chats de redes sociais e nos nossos pavilhões. Sempre bem disposto, de piada fácil, bom humor e preocupado com o nosso clube. É um puto educado, bem resolvido, com amizades de ferro ( olá irmãos Guarda ), com uma bonita relação com os pais, descomplexado com o seu benfiquismo, ambicioso e com grande auto confiança. Esta é uma opinião muito pessoal e que partilho porque acho que não estou a derrubar nada de inconfidencial.

Falámos muitas vezes na brincadeira que ele tinha de ir jogar para o Glorioso. Por mim, fazia sentido e era um desejo que podia ser bem real. O Benfica está a apostar nos jovens, o André foi formado pelo Benfica, o nosso treinador deu um recital de competência no capítulo de lançar miúdos e não havia no mundo jogador que desejasse tanto a nossa camisola como o André. 

 

Fico duplamente feliz, por ver o meu clube dar a oportunidade a um dos seus jovens talentosos e pelo André. Também pelo Ricardo Horta, igualmente benfiquista que é o "10" do Málaga, pelos pais do André e pelos amigos em comum que temos e que lhe são bem mais chegados. 

Não sei se o André vai conseguir o lugar no plantel que tanto ambiciona, não sei qual é o futuro imediato dele mas tenho a certeza absoluta que vai dar tudo para cumprir o seu sonho, para nos deixar orgulhosos na bancada e, mais importante do que tudo, vai continuar a ser um adepto e companheiro de luta pelo Benfica. Nós ficamos todos a torcer, não é todos os dias que um puto da nossa bancada vai lá para o baixo para o relvado representar a alma benfiquista.

 

André, o teu sonho não acabou aqui. Começa agora e está nas tuas mãos. É para fazeres parte do plantel.

Entreguem a "10" ao Horta. O nosso orgulho será tão grande quanto a nossa exigência. Mas isso já tu sabes. 

Cinco Razões Para Acertar o Regresso de André Horta

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Não costumo comentar rumores de mercado mas abro uma excepção para este porque vem de encontro a um desejo pessoal. Seria o regresso de um miúdo da casa e há várias razões para sustentar este interesse. 

Cito o ex-jornalista José Marinho:

- Talento - Trata-se de um jogador com inegável talento e com potencial que recomenda a sua contratação. Com sorte, é um jogador que pode, nos próximos anos, afirmar-se no Benfica e, por extensão, na selecção principal.


- Benfica - É um adepto do Benfica e não o esconde. Este sim, pode dizer, numa daquelas entrevistas que ficam sempre bem, que é benfiquista desde pequenino.


- Preço - Acessível ao Benfica e sobretudo mais acessível do que jovens talentos provenientes de mercados mais inflacionados.


- Novo paradigma - Nunca, nos anos mais recentes, as portas do estádio da Luz estiveram tão abertas ao jovem talento nacional como agora acontece.

 

E ainda acrescento que conta para a UEFA como jogador formado no clube.