Cerca de 48 horas depois de ter chegado da Alemanha, é tempo para juntar os companheiros de viagem e partir para Coimbra. Almoço pela Mealhada com o tradicional leitão a servir de pretexto para mais um convívio com benfiquistas de sempre e outros que passamos a conhecer. O assunto Benfica/futebol é inesgotável e, por isso, facilmente se passam umas horas a contar e a ouvir histórias. Aprende-se sempre algo de novo. Por exemplo, hoje fiquei a saber que o lendário defesa central José António, que brilhou no Belenenses e na Selecção, foi nosso jogador. Até aqui já sabia. Mas não fazia ideia que nas camadas jovens do Benfica era usado a médio direito e que só não passou para primeiro plano na Luz porque na altura em Mortimore o convocou para um compromisso internacional à última da hora, José António não pôde aproveitar a oportunidade por não ter passaporte!
Estas e outras histórias são o nosso motor em dias de viagens como o de hoje.
Chegar a Coimbra e perceber que, finalmente, um Académica - Benfica ia encher todo o estádio. Claro que deu confusão. A organização achou por bem deslocar os adeptos que costumam viajar com o Benfica para a bancada contrária que costumam ocupar há mais de uma década.
A entrada é feita a conta gotas de forma ridícula perante o olhar ameaçador do corpo de intervenção da PSP, num ambiente hostil, longe da tão falada promoção de levar famílias aos estádios.
No caos das filas compactas encontro companheiros que estiveram em Munique e a comparação é tão inevitável quanto vergonhosa. No Allianz Arena não esperei mais do que 3 minutos para ser revistado e entrar. Fui revistado com toda a competência por uma senhora, siga-se. Aqui não. Tudo lento e desesperante. Se não fazem de propósito, parece.
Ficar numa bancada de um só anel com uma imensa pista de tartan na frente e alguns postes tira boa parte da visão do campo na sua profundidade. Felizmente, o Benfica está a atacar para o nosso lado na primeira parte.
Rui Vitória optou pela mesma equipa que jogou em Munique, trocou apenas Fejsa por Samaris, mas o jogo estava completamente fechado para nós. Faltava velocidade, improviso e capacidade de surpreender a equipa de Coimbra que se apresentou com três defesas centrais e motivada para resistir.
Primeiro quarto de hora decepcionante que passou a preocupante quando Pedro Nuno aproveita um disparate da defesa do Benfica para colocar a Académica em vantagem.
O primeiro sinal de resistência e motivação veio das bancadas. O Estádio EFAPEL tornou-se num autêntico inferno da Luz com quase todos os sectores a cantarem pelo Glorioso. Impressionante, mesmo!
O Benfica reagiu e procurou a baliza contrária. Quase sempre com a bola a ir até André Almeida e Pizzi na direita procurando cruzamentos. Jonas acusava a marcação cerrada de que foi alvo e Gaitán só a espaços desequilibrava. Foi num desses cruzamentos de Pizzi que Mitroglou fez de cabeça o empate.
Logo a seguir, Pizzi podia ter consumado a reviravolta numa jogada em que chegou a fintar Trigueira para depois se atrapalhar e não ter calma para definir a finalização. Um falhanço que levou ao desespero colegas, banco e bancadas. A primeira parte acabou com o Benfica em busca do golo.
Era de esperar que o 2º tempo começasse com o Benfica forte no ataque mas a entrada voltou a não ser convincente. Alguns jogadores estiveram muito abaixo do aceitável. Desde logo Samaris, que acabou substituído por Talisca, e Eliseu servem de exemplo. Cansaço da Liga dos Campeões, pensamento em 4ª feira, desinspiração, um pouco de tudo isto a influenciar a exibição menos eficaz do Benfica.
Mas sempre com posso de bola, sempre com iniciativa atacante e com pressa de fazer chegar a bola perto do objectivo. Lutar contra a pressão, a ansiedade e um anti-jogo absolutamente vergonhoso digno dos escalões secundários para onde pode cair a Académica se não se preocupar em começar a jogar à bola em vez de praticar teatro dramático com jogadores pseudo lesionados.
O guarda redes Pedro Trigueira, só na 1ª parte, pediu assistência médica umas três vezes. Essas paragens mais os dois golos valeram 1 minuto de compensação dado pelo tal Capela.
Durante a 2ª parte a outrora Briosa levou ao desespero mais de 25 mil benfiquistas que pagaram (muito bem) para encher um estádio que está sempre vazio com constantes perdas de tempo deitados no relvado. Até os apanha bolas estavam certinhos nessa missão de não deixar jogar. Tudo isto com a benevolência do tal Capela.
O tempo ia passando e o golo não aparecia. Rui Vitória lança o fresco Carcela, além de Talisca, e aposta tudo em Jimenez no lugar de Eliseu, optando por alargar a frente de ataque e diminuir a presença defensiva. Em hora o fez. A Académica não estava interessada em atacar, recuou para defender um ponto que nem tirava a equipa dos lugares de descida e o Benfica tanto insistia que se sentia que tinha de haver até ao fim.
Aconteceu aos 85 minutos, momento mágico do mexicano Raul a fazer uma recepção improvisada de uma bola cruzada por André Almeida. A bola ficou a meia altura pronta para ser rematada com violência e acerto para o golo da vitória.
Um golo mais do que merecido pelo esforço da equipa e anti futebol do adversário.
O estádio explodiu de alegria num misto de alivio e festa. Aliás, quando oiço ou leio que o futebol tem de ser uma festa dá-me para rir. Só quem nunca sofreu 85 minutos como nós sofremos hoje é que pode dizer que isto é uma festa. Não é. É um sofrimento desmedido que pode/deve acabar em festa rija. Felizmente, hoje foi mais um dia que acabou bem.
Tivemos umas horas para festejar a vitória que nos mantém líderes, o resultado que queríamos, o triunfo sobre o anti jogo total.
Depois de um pré jogo que só se ouviu falar sobre o árbitro com responsáveis de outro clube completamente descontrolados a levantarem suspeitas a toda a hora tentando condicionar o seu trabalho, o Benfica respondeu com mais uma vitória.
Não temos tempo para esse circo de condicionamentos, senão iríamos gostar de saber o que se anda a passar com as equipas que jogam com o 2º classificado sempre metidas em inesperados problemas nas vésperas dos jogos. Não temos tempo para responder a imbecis sobre provocações que se tornaram lema de vida desse clube, porque só nos sobra tempo para brindar a mais uma jornada positiva e começar a pensar no jogo com o Bayern. Não temos tempo nem vontade de ver o jogo dos 2ºs classificados. É preferível ir matar saudades do arroz de tomate e dos pasteis de bacalhau do Manjar do Marquês e seguir viagem. Nos últimos dias sinto que tenho passado mais tempo a viajar do que a dormir bem mas isto é a prova da intensidade com que o Benfica está a viver esta época.
A seguir voltamos a casa. Só temos que continuar unidos nessa arrepiante aliança entre jogadores no relvado e adeptos nas bancadas.
Falta ainda muito campeonato, 5 jornadas é uma vida. Esta já passou.
Não sei o que preparam os viscondes para esta semana mas deixo aqui o mote: olhem que o Benfica não viu nenhum cartão amarelo hoje...
Fechar Novembro com um triunfo importantíssimo em Braga e começar Dezembro anunciando um acordo milionário que deixou o futebol português espantado. Já eram motivos suficientes para nos devolver o sorriso. Terminar a semana com uma exibição convincente cumprindo a obrigação de vencer a Académica na Luz por 3-0, faz desta semana uma das melhoras da temporada. Em cima de todos estas aspectos positivos há um momento inesquecível, o primeiro golo de um puto que chegou com estrondo à equipa principal.
Ontem foram pouco menos do que 35 mil espectadores que viram na Luz o primeiro golo de Renato Sanches na equipa principal do Benfica. Um golaço que daqui a uns anos será uma lenda contada por muitas mais dezenas de milhares de pessoas que jurarão que lá estiveram.
O jogo estava ganho, o miúdo já tinha voltado a convencer com outra exibição segura mas quis selar a sua estreia na Luz a titular com um golão inesquecível. Fez o favor de esperar pela parte final do jogo para que fosse aquela a imagem que ficaria na memória de quem saía do estádio, e escolheu a baliza sul para que um dos sectores mais fieis vissem com toda a atenção aquele pontapé fantástico. Por trás da baliza vimos a bola a sair cruzada a subir e a atravessar o guarda redes incrédulo com o efeito e violência do remate. Magia do 85 ao minuto 85. Já valia só por si o preço do bilhete.
Até há poucos dias o Renato era uma incerteza aguardada com expectativa no "onze". A partir de agora o Renato é uma incerteza quanto ao tempo que o vamos conseguir segurar no nosso clube.
Era preciso dar continuidade à grande noite de Braga e à qualificação na Champions League. Foi o que o Benfica tratou de fazer nesta partida contra uma Académica que já não perdia há 7 jogos e que se apresentou na Luz bem organizada defensivamente e com propósitos de espreitar o contra ataque com Gonçalo Paciência na frente à espera das ajudas de Ivanildo, Nil Plange e Leandro Silva.
Rui Vitória voltou à fórmula caseira de apostar em dois avançados, Jonas e Mitroglou, mantendo Pizzi na ala direita, Gaitán na esquerda. Continuou a confiar em Fejsa no meio campo atrás de Renato Sanches (já titular indiscutível). André Almeida parece ter ganho o lugar na direita da defesa.
Apesar da posse de bola e de algumas ameaças à baliza de Trigueira, foi preciso esperar mais de meia hora pelo golo tranquilizador. O guarda redes da Académica atropelou na sua área Gaitán em grande estilo e levou Jonas para o respectivo penalti que abriu caminho para a vitória do Benfica.
A partir daqui o jogo mudou e até deu para ver algumas variações interessantes na construção de jogo do Benfica quando Fejsa recuava para o meio dos centrais e os defesas laterais subiam no terreno desdobrando a equipa num 3 x 5 x 2 onde Renato ganhava natural destaque soltando amarras defensivas. Houve momentos de futebol muito interessante no ataque do Benfica com destaque para as saídas de bola com critério de Lisandro a dar equilíbrio à equipa.
Foi com naturalidade que se chegou ao 2-0. Novo penalti tão evidente que nem deixa lugar à discussão, Ofori controla uma bola com a mão na sua área evitando deixar Mitroglou pronto para fazer golo. Jonas agradeceu e fez o seu 42º golo pelo Benfica em 53 jogos. Nos festejos dos golos o brasileiro preocupou-se em agradecer a Gaitán que chegou a pensar em bater um dos penaltis e dedicou o feito ao seu pai que fazia anos.
Com o jogo resolvido Vitória volta a mexer na equipa e acaba a jogar no 4 x 2 x 3 x 1 alternativo que tem sido o sistema mais recente em jogos mais complicados. Já com Samaris no lugar de Fejsa, Gonçalo Guedes na esquerda, Gaitán no meio e Carcela na direita, por troca com Pizzi e Mitroglou. A equipa voltou a responder bem aos ajustes tácticos e foi assim que chegámos ao tal minuto 85.
Vitória convincente, semana inesquecível e tempo de preparar o embate com o Atlético Madrid que nos pode dar o primeiro lugar do grupo na Champions League. O melhor de tudo é que não há como não acreditar que seja possível acabar o ano em alta cotação europeia, interna e financeira. A equipa ontem mostrou que podemos contar com os rapazes.
Ainda há dias aqui falava da força das fotografias enquanto reforço da bela do futebol e o seu papel documentário na história.
Esta imagem é de Setembro de 1975 no Estádio Municipal de Coimbra. Foi na época 1975/76 em que o Benfica foi campeão com esta passagem por Coimbra e uma vitória de 2-4 sobre o Académico, nessa altura assim se chamava à Académica. Jogo da 4ª jornada e o Benfica jogou com o inevitável Bento, Artur ( Eduardo Luís aos 81'), Nelinho, Eurico e Barros; Vítor Martins, Toni (capitão) e Shéu; Nené, Jordão e Moínhos. O treinador era Mário Wilson. Os golos foram de Jordão, Moínhos, Shéu e Toni. Pelo Académico bisou Vala.
Quanto ao interesse público, a imagem fala por si.
As perguntas têm uma resposta, afinal o jogo Porto - Académica vai ser transmitido, segundo reacções ao post anterior. Na verdade o comunicado oficial da Liga diz que não. Deve ter sido um erro na tabela de transmissões da Sport Tv, que excluía o jogo do Dragão, que levantou as dúvidas.
Estou a perceber mal ou o próximo jogo do Porto no campeonato contra a Académica não vai ter transmissão televisiva?
Isto tem alguma explicação ou faz parte do contrato milionário que a Sport Tv fez com o Porto, uma proposta inovadora do tipo pagar para não transmitir jogos ?
Depois de termos visto o renascer das tardes em que a Luz assobiava o Benfica numa quebra defensiva na sequência de uma boa exibição, esta semana tivemos de volta os famosos 15 minutos à Benfica, embora um pouco mais alargados. Aos 18 minutos o jogo estava resolvido com 3-0 no marcador. Uma bonita resposta da equipa após aqueles últimos minutos contra o Nacional.
Os 15 minutos à Benfica eram uma preocupação para os sócios que vinham de mais longe para o estádio porque sabiam se chegassem atrasados às bancadas iam perder os primeiros golos. Se passados uns 20 ou 30 minutos o resultado estivesse inalterado o mais provável era haver ... assobiadela.
Ontem lembrei-me disto ao ver aquele futebol avassalador do Benfica a rebentar com o muro defensivo que José Viterbo montou com três defesas centrais, a estilhaçar com as ideias mais supersticiosas derivadas de duas derrotas com a Académica nos últimos anos quando jogámos a 11 de Abril e ainda acabar com a conversa da pressão de fim de campeonato. Tudo o que se disse e escreveu durante a semana estava reduzido a cinzas em pouco mais de um quarto de hora.
Isto é um luxo que deve ser saboreado e elogiado.
Para este jogo com a Académica a novidade foi André Almeida no lugar do castigado Eliseu. Se dúvidas haviam quanto à utilidade de André, com a exibição de ontem ficamos conversados. Até duas assistências assinou!
Ver Salvio, Gaitan, Pizzi, Lima e Jonas em movimento atacante a alta velocidade à procura do golo é de uma beleza que a luz do sol a bater em parte do relvado e bancadas torna absolutamente poética. Há ali momentos e jogadas que deviam ir directamente para o nosso museu como património valioso. E o sol voltou a ser risonho como cantava Luís Piçarra.
A sete jornadas do fim, o Benfica está dar uma demonstração de qualidade tão grande que nem deixa que os adeptos sintam aquele stress próprio da chegada dos grandes momentos de decisões. Mais uma vez na Luz, o Benfica transformou o jogo numa exibição de gala com os três pontos rapidamente conquistados aproveitando para oferecer uma tarde de futebol de autêntica festa justificando o carinho vindo das bancadas. Foi a terceira melhor assistência da época.
Além da forte cabeçada de Jardel a fazer o seu 4º golo na Liga, de outra cabeçada de Jonas e do penalti que Lima transformou aumentando para 3-0, houve muitos mais pontos de interesse na 2ª parte. Curioso o facto da Académica ter preparado o jogo com um bloco de três centrais e vir a sofrer dois golos logo de cabeça.
Jonas está insaciável e fez o 4-0 já virado para Sul. Mas a questão é que podiam ter acontecido muitos mais golos, tal foi o massacre à baliza de Cristiano, que esteve muito bem apesar da goleada.
A entrada de Fejsa foi mais um daqueles momentos épicos que não se esquecem. Além de receber o carinho de todos pelo regresso, até na bancada dos estudantes vi aplausos, a maneira alegre com que o sérvio se integrou no jogo foi exemplar.
E já que estávamos em maré de emoção há que dizer que até o golo da Briosa teve o seu quê de comovente, Rafael Lopes aproveitou para marcar na única vez que a sua equipa rematou à baliza, fez golo e acabou em lágrimas dedicando o golo ao seu avô que faleceu na passada 5ª feira. Nunca é bom sofrer golos na Luz mas este até foi por uma boa causa.
Mais emoção aos 84' com Fejsa a querer tornar este seu regresso em algo de mágico, pontapé forte e 5-1 com a assinatura do sérvio. Nem com um guião escrito tínhamos uma tarde mais frenética na Luz!
Ainda houve tempo para Ola John entrar e dar um nó maravilhoso nessa grande promessa do nosso futebol chamado Esgaio, mesmo em frente ao Topo Sul,e , finalmente, houve tempo e espaço para Xavier se estrear no palco da Luz e receber os primeiros aplausos.
Entre o nervosismo de ainda não termos isto do campeonato resolvido para o nosso lado, apesar do futebol incrível que se joga na Luz, e a depressão de saber que só temos mais seis jogos ( e a final da Taça da Liga) para usufruirmos deste luxo , ficamos a contar os dias para a invasão ao Restelo.