Começo a desconfiar que a história dos escândalos de apostas em Itália são ainda mais complexos do que parecem... 1982, 2006, campeões do mundo. 2012 já estão na final do Euro!
A Itália chega à final com toda a justiça, está a fazer uma prova muito boa e hoje superou todas as expectativas confirmando que a tradição ainda manda muito mantendo-se a impotência alemã perante os azuis em fases finais de Euros ou Mundiais. Apesar de ter feito o 21º jogo oficial seguido a marcar golos os alemães voltaram a sofrer golos em jogos a eliminar pela 14ª vez seguida em Euros! Hoje o golo alemão veio já fora de horas num penalti marcado por Ozil, o 8º jogador diferente da mesma equipa a marcar na mesma prova (é recorde) e fez o resultado final. Mas nem aí a vitória italiana esteve em causa, hoje além do habitual acerto defensivo e da interessante movimentação atacante sempre coordenada por Pirlo e Montolivo, juntou-se um Super Mario Balotelli que resolveu rebentar em dois golpes com a Alemanha. Primeiro de cabeça após jogada genial de Cassano, depois à bomba após incrível abertura de Montolivo.
Antes Pirlo na linha de golo tinha salvo a Itália e , mais uma vez, deu a mote para que o jogo mudasse de rumo. Depois em vantagem a Itália não abdicou da sua maneira de jogar bem comandada pelo carismático Buffon que hoje se tornou o italiano com mais minutos jogados em Euros ultrapassando Paolo Maldini.
Löw sai derrotado de Varsóvia numa noite em que voltou a improvisar na escolha do "11". Desta vez lançou Kroos mas perdeu em toda a linha o duelo táctico com Prandelli.
Foi a noite da Itália e , especialmente, foi a noite de Balotelli. Foi o Grupo C a dar os 2 finalistas do Euro.
Portugal fez o mais complicado, encaixou-se tacticamente na Espanha e conseguiu anular ofensivamente o adversário. Obrigou os espanhóis a preocuparem-se a sério com marcações defensivas e bateu-se de igual para igual com os seus argumentos. Penso até que Portugal andou mais perto de resolver o jogo nos 90' do que os espanhóis. Del Bosque surpreendeu com Negredo no ataque mas os efeitos práticos dessa aposta foram nulos e teve que ir buscar Fàbregas para ser realmente ameaçador. Durante 90' Portugal não envergonhou ninguém e justificou perfeitamente a sua presença nestas meias finais. Quando se esperava que a equipa de Paulo Bento arriscasse mais no prolongamento graças aos 2 dias a mais de descanso que tinha e à gestão de substituições guardadas até ao último período do jogo, foi a Espanha que cresceu e tomou conta do jogo e até justificava resolver o jogo antes dos penaltis. Faltou a Portugal mais inspiração e acerto a Ronaldo, Nani e Hugo Almeida mas sobrou em determinação e luta até ao fim.
Estes rapazes têm o grande mérito de terem devolvido ao país a ilusão e a esperança à volta de um jogo de futebol, algo que estava arredado desde os cómicos tempos de Queirós. Pensar que a Selecção começou esta caminhada a tropeçar em Chipres e afins e ver hoje a forma como perdeu com a Espanha obriga a dar mérito a esta equipa técnica e aos jogadores que desta vez não saem envergonhados de um grande torneio.
Portugal não perdeu por falta de sorte, perdeu porque Casillas é enorme ( não sofre um golo em fases a eliminar de um euro ou mundial há 15 horas) e negou o penalti a Moutinho, que fez um Euro soberbo, porque Sérgio Ramos teve uma coragem impressionante ao imitar Pirlo e atirar para o lixo de uma só vez as piadas dos seus falhados penaltis e a pressão que a equipa sentia desde o falhanço de Alonso no 1º penalti. Depois não ajuda dar a responsabilidade a Bruno Alves que já tinha hesitado antes... Com a Inglaterra em torneios recentes tivemos sorte nos penaltis , hoje não. A Espanha segue para a final e soma o 11º jogo sem perder num Euro, Portugal pode regressar de consciência tranquila, o povo gostou do esforço.