O Colinho é Maior que a Frutinha

Ok, isto não está a resultar. Estamos a três jogos de fechar o campeonato e o Benfica teima em não largar o primeiro lugar. Começámos a competição como não favoritos. O Porto era apontado como o vencedor lógico da Liga e o Sporting auto proclamava-se como favorito porque arrancava na pole position na corrida ao título.

Depois do Benfica não ter perdido nenhum clássico nem derby, isto é, na luta directa com o líder os rivais nunca conseguiram ser superiores, depois de algumas goleadas vistosas e muitas exibições de gala, o país continua a torcer o nariz à liderança do Benfica. De repente o assunto passou a ser arbitragens e mesmo quando se ganha por 0-5 os espaços televisivos dedicados à discussão de futebol gastam a maior parte do seu tempo a falar de Capelas.

É curioso que assim seja, relembro que passamos de uma preocupação mundial com a fraca qualidade do plantel do Benfica quando comparado ao dos seus rivais, para a discussão de factores externos à equipa.

Portanto, as saídas do promissor Oblak, do fundamental Garay, do regular Siqueira, do essencial Enzo, do matador Cardozo, do jovem Bernardo Silva, do atacante Rodrigo, do rápido Markovic, entre outras, deixou de ser um factor de avaliação. Aquilo que se projectava como uma tragédia deu lugar a uma nova equipa competitiva e que ameaça vencer a Primeira Liga.

Onde estão os elogios de imprensa, observadores, comentaristas e adversários? Não estão.

Tudo se resumo a colinho.

A maneira como o marketing do Benfica transformou a nojenta conotação do colinho em rótulo a nosso favor, desvendando um novo #colinho, aquele que os adeptos dão à equipa, aquele que os pais dão aos filhos quando estão na Luz o ver o Benfica, foi uma acertada cartada.

A equipa tem segurado o primeiro lugar, os adeptos estão mais motivados do que nunca, os dirigentes têm estado à altura do desafio.

Temos mais um jogo pela frente. É o Penafiel na Luz. Sábado às 17h é para encher o estádio e voltar a apoiar a equipa rumo a mais três pontos.

Faço aqui um desafio a Jesus: esta semana treine-se só a posse de bola sem grandes ataques e vamos tentar vencer no fim do jogo com um penalti fruto de simulação de um dos nossos jogadores na área adversária. Treine-se as quedas aparatosas ao entrar na área.

A ver se , finalmente, damos razões a esta nação de iluminados que tanto sabem e amam futebol mas que acham que estes campeonatos se ganham colinhos. Os mesmo que durante décadas elogiavam quem ganhava campeonatos decididos com frutinha. Em grandes pacotes (palavra nada inocente) e com doses tão brutas que as distâncias para os segundos chegavam às dezenas de pontos. Mas isso é que eram tempos de mérito futebolístico. Agora não, é tudo uma pouca vergonha.

Estava a brincar, Jesus. Domingo é para golear outra vez!