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Red Pass

Rumo ao 38

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Limpar os Mortos e Dar Audiências

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Em Portugal jogam Júlio César, Jonas ou Gaitán. Do melhor que o futebol tem para dar a quem, realmente, gosta de futebol. Seja aqui, seja em qualquer outra parte do mundo.

Em Portugal o futebol dá enormes audiências aos canais de televisão.
Como? Com entrevistas a algum destes jogadores? Com programas a falarem de craques, como os três referenciados? Mostrando imagens da sua qualidade técnica, da sua inteligência táctica?

Não, claro que não.
Isto só de ler é chato, já devo ter perdido umas dezenas de leitores sem paciência para estes pormenores.

O assunto do dia é sobre futebol mas só por acaso. Uma noite um presidente de um grande clube português resolve ser comentador.
Não chega o comentador do clube presente nesse programa.
Não.
Passam a ser dois, sendo que um deles é "só" o presidente do tal clube. E o que vamos descobrir aqui de novo e de interessante? Nada.
Por isso é que é mais pedagógico e saudável jogar FIFA16 na PS4 online do que ver uma coisa daquelas. Já não há nada para saber, é um hooligan de gravata, anti benfiquista e com sentido de humor falhado e reduzido.

Mas esta actuação, agora como comentador, teve o efeito previsível. Deu audiência e o povo vibra divertido com o expoente máximo do circo falado que nada faz de bom pelo futebol.

Pelo que leio na imprensa, destaco o nível desta passagem: "quando limparam os mortos, o Sporting e Benfica estão quase com os mesmos sócio". Estamos conversados. Já passou.

O povo reage, aplaude, insulta, critica, ri-se, comenta, repete. O futebol que temos é o futebol que merecemos, disso não tenho dúvidas.

 

Estamos em 2015, o Benfica é o actual Bi Campeão nacional de futebol, venceu seis dos últimos oito troféus em disputa, é o clube que domina quase todas as modalidades de pavilhão, acaba de ir a Madrid ganhar ao Atlético de Simeone e este barulho todo que se levanta é para me convencer que devo estar deprimido, traumatizado, com azia e completamente infeliz.
Acho que sim, faz sentido.

 

Quero aproveitar para lembrar todos os leitores que costumam vir aqui há vários anos que quanto aquele clube verde eu nunca me enganei. Lembram-se quando há pouco tempo aquela gente andava a lutar para fugir aos últimos lugares da tabela, quando alguns adeptos já comparavam o clube à tragédia da descida do River Plate, quando lutavam desesperados por um lugar europeu, quando andaram a espalhar magia nessa Europa com jogos mágicos com Gents e Videotons, quando semana após semana ficavam a mais pontos de nós, quando se motivavam para os derbys para nunca os ganharem e armarem circos de jaulas a incêndios?

Lembram-se que eu aqui nunca os larguei. Nunca! Sempre escrevi sobre aquelas ridículas figuras.

Sabem o que muitos leitores me diziam em tom de queixa? Deixa lá esses pobres coitados que não contam para nada. Sabem o que eu sempre respondi? Nunca os podemos ignorar porque nós somos o farol deles, assim que tiverem um rasgo de felicidade vão tentar acabar connosco como sempre quiseram fazer.

Os tempos que vivemos são a prova viva de que tinha razão. Aliás, os meus amigos benfiquistas do norte começam a perceber agora porque é que nunca largámos os lagartos. Meus amigos, isto é o Sporting. Sempre foi, sempre será. Umas vezes estão mais apagados, outras estão mais eufóricos. Agora já conseguem perceber o que ali está? São aquilo, falar em binóculos com um jogo de avanço e um derby na Luz a seguir. Querem melhor exemplo que isto?

 

Entretanto, o Júlio César, o Jonas e o Gaitán andam por aí ignorados fora de campo. Não são maus jogadores, pois não?

Devem olhar para isto com tristeza e pensar o mesmo que eu: então são estes presidentes que depois querem falar de futebol positivo, espectáculo fora de campo e tranquilidade entre adeptos?
Quando se viver um clima terrivelmente bélico em redor do derby da Luz não tentem culpar mais ninguém a não ser quem tem responsabilidades presidenciais.
Nem lamentem esse mesmo clima de forma hipócrita quando anda toda a gente a contribuir com pólvora para o barril. É limpar os mortos e seguir em frente, como diz o outro, que daqui a duas semanas e meia há festa.

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