Fernando Santos, do Loser à Estrelinha de Campeão
A passagem de Fernando Santos pelo Benfica nunca é recordada pelas derrotas de chapa 3, como as do Bessa e Glasgow, por exemplo, nem por uns 60 minutos europeus do pior que já se viu em Montjuïc, nem por uma eliminação da Taça de Portugal no campo de um clube da 2ª divisão, nem pela compra de Freddy Adu, nem por uma derrota no Dragão em que não foi capaz de fazer a última substituição antes de sofrer o 3-2 no final do jogo por Bruno Moraes, por exemplo.
A passagem de Fernando Santos pelo Benfica ficou marcada pelo despedimento ao fim do primeiro jogo na 2ª época, acto que o Presidente já veio reconhecer como precipitado. E a partir daqui a tendência é recordar o azar das bolas que não entraram com o Espanhol na Luz, do futebol positivo a espaços e de ter lutado pelo campeonato até ao último jogo.
Ainda bem que é assim. Fernando Santos deve ser uma excelente pessoa e por isso os dirigentes e adeptos preferem ver a sua passagem pela Luz por um lado positivo. Infelizmente, eu nunca pensei assim. Sempre previ que ia ser um desastre porque sempre achei que faltava qualquer coisa ao Engenheiro para ser um brilhante treinador de clubes de topo. Olhava para trás e via uma Liga perdida contando com Jardel no auge como titular, uma eliminação em casa aos pés do Torreense nas Antas, uma substiuição mal pensada em Alvalade que permitiu Geovanni apurar o Benfica para a Liga dos Campeões, um afastamento europeu ainda hoje complicado de entender aos pés do Gençlerbirliği e mais uma eliminação da Taça contra um Vitória de Setúbal na 2ª divisão que venceu em Alvalade.
Explicado que está o meu ponto de vista sobre Fernando Santos como treinador de clubes de topo passo aos elogios. O Engenheiro nasceu para ser Seleccionador. Fez muito bem em aproveitar a oportunidade na federação grega e desenvolveu uma experiência muito importante no futebol internacional com presença em fases finais de forma meritória.
A passagem para a FPF foi mais do que justa e parece-me ser o homem certo no lugar certo. Repare-se que até aquela aura de loser se inverteu em estrelinha de vencedor! Na Dinamarca foi o que foi e agora na Albânia novamente uma vitória fora de horas para tirar dúvidas a todos.
Concordo com quem diz que o trabalho de Fernando Santos nem é complicado porque o campo de escolha para reunir 22 jogadores é tão limitado que nem cria grandes polémicas. É verdade que há jovens a pedirem oportunidades e o seleccionador não tem hesitado em lançar alguns.
O grande elogio que se deve fazer ao treinador é este: não inventa birras que excluam jogadores mais veteranos, não se arma em arrogante quando se vê que um miúdo como Bernardo Silva pode ter uma oportunidade, não afasta jogadores por convicções pessoais e , acima de tudo, não tem ido a correr naturalizar jogadores que nos possam dar jeito para uma fase ou outra como foi feito recentemente.
Isto parecendo simples não é nada fácil de executar e Fernando Santos tem tido este mérito. Não há polémicas dentro da Selecção, não há birras, não há amuos. O ambiente tem sido bom e as vitórias têm aparecido. Joga-se um grande futebol? Não mas qual é a Selecção no mundo inteiro que se junta oito dias e apresenta um futebol de sonho em competição? Isso não existe. É preciso é competência, simplificar e atingir objectivos. Neste aspecto, há muito que a Federação não estava tão bem servida.