Entrega-se Já o Simbolo de Campeão Para as Novas Camisolas ou Ainda Podemos Usar?
Nem foi assim há muito tempo que estávamos a festejar a conquista do campeonato e da Taça da Liga. Os benfiquistas entraram no verão orgulhosamente Bi Campeões. Devia ser mais do que suficiente para não termos de nos preocupar com o futebol dos outros até ao final da estação.
A conversa de que o Benfica só ganhava por causa dos árbitros e do famoso colo rapidamente se esfumou! Já ninguém quer falar de arbitragem. O clube vizinho do alto da sua coerência rapidamente esqueceu o choro de Capelas e apostou tudo o que tem e não tem na contratação do treinador que em seis épocas ganhou três Ligas na Luz. Depois de meia dúzia de anos a desdenhar o homem e a justificar todas as suas conquistas com um vergonhoso colinho, o Sporting pôe-se na chamada posição de quatro para ter Jesus do seu lado. Neste momento já devem ser homens para afirmar que o seu novo milagreiro só não ganhou os outros três campeonatos no Benfica porque foi roubado. A coerência é assim. Escusado é dizer que neste momento os adeptos chorosos do colinho se sentem Bi Campeões e vencedores antecipados de todas as provas onde vão entrar. Tudo porque resgataram uma equipa técnica a um rival que só ganhava com a ajuda dos árbitros.
No Porto, apesar de tudo, há mais coerência. Quem manda acredita que o treinador escolhido há um ano é o homem certo e ficam mais perto de ganhar mantendo quem nada ganhou. Já resultou na Luz. Quem diria que íamos ver os rivais do norte a repetir estratégias usadas recentemente na Luz? Ali acreditam mais na teoria do colinho e mantêm-se fieis à tradição das facadinhas directas no rival, daí a louca proposta a Maxi Pereira que tanto incómodo tem gerado nas hostes azuis. Oitos anos a insultarem o uruguaio para no final da carreira lhe darem uma reforma dourada. É comovente.
Este desvio de jogadores é um fétiche bem antigo de Pinto da Costa a que já nos habituámos. E nem se pode dizer que tenha causado muita mossa ao longo dos anos. É mais o impacto emocional inicial do que o proveito na prática dentro de campo.
A estes dois golpes que, repito, anulam a teoria do colinho, ambos os rivais deram tudo junto da Liga de Clubes para que o sorteio dos árbitros regressasse ao futebol português doze anos depois. Tirando o facto de que fica no ar uma sensação de retrocesso no sector da arbitragem, acho que é indiferente se são nomeados ou sorteados. Aqui sim, os rivais parecem aliviados e só faltou saírem de mãos dadas de uma reunião que devia ter sido para melhorar o futebol português.
Pergunto eu, o que fizeram os presidentes dos clubes profissionais de futebol para esclarecer quais são os dois clubes da 1ª Liga com dívidas de milhões de euros à Segurança Social? Uma acusação grave feita pelo presidente do Gil Vicente que ninguém desmentiu nem investigou. Facilmente se afastou o Beira Mar das competições profissionais repescando o Atlético, situação que já era tão previsível que nem teve grande impacto.
Mas o mais importante está feito, recuperou-se o sorteio de árbitros, tirou-se a equipa técnica que treinou o Bi Campeão e desviou-se o sub-capitão. Tal como há um ano, os perdedores da maratona do campeonato estão todos felizes no verão, o vencedor fica tão baralhado que é melhor ir perguntar à Liga se ainda pode usar o símbolo de actual campeão nas novas camisolas ou se o deve entregar já a algum dos rivais.