Em Barcelos O Jogo Começa 0-0
É natural que depois da tensão do clássico haja da parte dos benfiquistas um certo sentimento de alivio por olhar em frente e ver que só faltam quatro jogos para serem felizes. Desses quatro só precisamos de vencer três para concretizar o grande objectivo da época.
Feito o rescaldo do clássico, vistas e revistas a bonitas imagens da Luz que correram o mundo, encerrada a polémica com o nome do treinador do Porto que resultou em bons momentos de humor, temos que fazer um "reset", respirar fundo e recomeçar tudo de novo.
É que nada, absolutamente nada, está ganho. O que nos espera em Barcelos é precisamente o mesmo que nos esperava em Arouca, Moreira de Cónegos, Paços de Ferreira ou Vila do Conde. E , como sabemos, nestas últimos duas deslocações tudo correu mal. Não é preciso lembrar como é que num jogo em que falhámos um penalti e acertámos várias vezes nos postes acabámos a perder no último minuto. Nem a maneira como deixámos o Rio Ave recuperar do 0-1 para o 2-1. É sempre complicado.
Vamos para Barcelos com a moral em alta e a motivação de concretizar um objectivo que escapa ao clube há duas décadas, festejar dois campeonatos seguidos. Mas isso não muda nada no marcador. Quando o jogo começar vai estar 0-0 e vamos ter muito que lutar e sofrer para trazer os 3 pontos.
É que o Gil Vicente nem é o adversário mais simpático para as nossas cores em termos de deslizes. Em 17 jogos para o campeonato o Benfica já saiu de Barcelos a perder pontos por 6 vezes. Duas derrotas e quatro empates.
Mesmo no reinado de Jesus os jogos contra o Gilé nunca foram fáceis. Basta lembrar a época passada...
Pessoalmente, já vi este confronto fora da Luz em três estádios diferentes. Curiosamente, a primeira vez que assisti a um Gil Vicente - Benfica o jogo foi na Póvoa de Varzim. Setembro de 1996, aproveitei a boleia de um casal amigo que ia comprar mobília a Paços de Ferreira para os convencer na volta a irmos à Póvoa ver o jogo. Ganhámos por 0-3 com golos de Hélder e Donizete que bisou.
Depois em Outubro de 1999 vi no Estádio 1º de Maio uma vitória por 0-2, golos de Manniche e Calado.
O Gil Vicente andava a receber os grandes fora de Barcelos por causa das transmissões televisivas serem à noite. Por isso, nunca cheguei a ver o Benfica no seu antigo campo Adelino Ribeiro Novo.
Em Outubro de 2004 vi, finalmente, o Benfica em Barcelos. Já no novo Estádio Cidade de Barcelos e a convite do Vítor Pimenta, fisioterapeuta no Gil e antigo companheiro de liceu que agora está no Varzim. Fui com o meu amigo do norte, Pedro Varela, para a bancada de sócios do Gil. Foi quando aprendi que lá grita-se pelo Gilé, por uma questão fonética. O jogo foi muito complicado, Nandinho deu vantagem aos da casa perto do intervalo. O empate só chegou aos 90' num livre de Simão Sabrosa que de tanto festejar afastei toda a gente à minha volta. Na bancada adversária, note-se.
Isto tudo só para relembrar que nada está ganho e que ainda vamos ter muito que sofrer se queremos ser felizes. Este vai ser só mais um passo rumo ao objectivo que começámos a perseguir em Agosto. Para que fique no ar um sentimento positivo, foi no Minho contra o Gil Vicente que festejámos aquele título tão especial de 1994.