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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 5 - 0 Sporting: Supertaça na Manita !

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Quando em Maio fechei a temporada com uma crónica de campeão, depois de uma goleada por 4-,1 nem sabia com quem íamos abrir a época 2019/20. Tão pouco, esperava regressar à escrita para voltar a falar de uma goleada. Mas a verdade é que o mundo avançou após a conquista do quinto título em seis épocas, entrou o verão e o Benfica já começou a dar trabalho a quem organiza o espaço do Museu Cosme Damião. Entrou a Taça Hospital da Luz ganha em Coimbra e vai caminho o troféu do prestigiado torneio International Champions Cup , assim como a oitava Supertaça da história do clube. 

Toda esta dinâmica contrasta com o barulho e o ruído que os tolinhos, que são pagos para agitar o defeso nos meios de comunicação deste país, fazem de forma absurda diariamente sem pausas e que agitam os (ainda mais) tolinhos que alimentam o circo vendo, ouvindo, discutindo e repetindo argumentos de uma realidade paralela.

No fim do dia temos o Benfica a abrir a nova época de taça na mão com uma exibição categórica, com um resultado de mão cheia (literalmente) e a festejar em harmonia com aqueles que realmente se dão ao trabalho de os acompanhar de Agosto a Maio, de sul a norte. 

Tudo isto seria já suficiente para se perceber que o Benfica continua insaciável na hora de somar troféus mas tudo se torna mais especial se pensarmos que o adversário escolhido. numa cimeira maior de anti benfiquismo, para vir dificultar e mostrar ao mundo que todas as debilidades apontadas ao Campeão Nacional, pelos tais tolinhos, são verdadeiras, foi o rival da cidade de Lisboa. Pois, o Sporting chegou ao Algarve como sempre chega a todos os derbys, de peito feito e favorito nas suas convicções. 

Esta é a grande diferença ente Benfica e Sporting actualmente. Não, nem me refiro aos 5-0. Refiro-me à preparação na pré época até aqui.

O Benfica tratou de planear um regresso ao trabalho pensando em todos os pormenores. A inevitável saída de João Félix e a chegada de Raul de Tomas, o adeus emocionante e emocionado a Jonas com um jogo na Luz que serviu de pretexto para os adeptos dizerem adeus ao lendário brasileiro, mais do que ver algum progresso na equipa que tinha acabado de voltar ao trabalho, o adeus repentino a Salvio, que já marca feliz no grande Boca Juniors, e um rápido partir para a nova realidade com novos objectivos. Uma digressão aos Estados Unidos da América que foi exemplar em termos sociais, hierárquicos e, acima de tudo, desportivos, que acabou com a espectacular conquista do torneio mais mediático de verão no mundo do futebol. Um regresso pensado ao pormenor para que as rotinas voltassem com normalidade e a preocupação de tudo estar bem para o primeiro jogo oficial da época. 

Do outro lado, o Sporting limitou-se a passar a pré época a pensar no jogo da Supertaça. Um derby com o Benfica é caso de vida ou morte para aqueles lados. A obsessão de vencer o Benfica é mais forte do que pensar num futuro a médio prazo. Preparar a equipa para as quatro ou cinco dezenas de jogos que vão ter até Maio foi secundário. O que interessava era manter Bruno Fernandes até ao jogo do Algarve e vencer. 

São duas maneiras diferentes de estar e de pensar. A diferença é gigante. 

 

Em Portugal, actualmente, temos duas forças vaidosas a tomar conta do futebol. A Liga Portugal e a Federação Portuguesa de Futebol.

Quando se joga a Final Four da Taça da Liga, em Braga, entramos numa dimensão diferente da nossa realidade. Tudo é tão lindo, tanto fair play, tanta exposição mediática, tão bonito que é o futebol, os pormenores e detalhes à volta de cada um dos três jogos que definem um (absurdo) título de campeão de inverno. São uns dias de auto promoção da Liga de Pedro Proença que tenta fazer esquecer as condições miseráveis com que os adeptos do futebol que andam atrás dos seus clubes precisam de lidar durante toda época.

A FPF não quer ficar atrás e monta o seu show à volta da final da Taça de Portugal e na Supertaça. A ideia é exactamente a mesma da Liga Portugal, auto promoção, sinais exteriores de riqueza, agora reforçados com a entrada do Canal 11, e a montagem de uma feira à volta de um simples jogo que ultrapassa os limites do compreensível. 

Falemos de termos práticos, daquilo que nem a Liga, nem a FPF, estão muitos interessadas em discutir. Falemos então dos adeptos que se dão ao trabalho de ir até ao Estádio do Algarve ver o jogo. Adeptos, esse conceito tão vago e que tantas chatices dão com as suas criticas e opiniões.

O jogo estava marcado para as 20h45. A essa hora o que víamos nós, chatos adeptos, dos nossos lugares no estádio? Víamos uma espécie de concerto num pequeno palco junto da bancada central com os Expensive Soul a cantarem, deduzo eu porque não consegui ouvir nada, um grupo de pessoas demasiado excitadas em frente ao palco e um relvado invadido por um coro Gospel, uma banda filarmónica (?) e os dois emblemas expostos no relvado. Os minutos passavam, olhávamos para os ecrans e lá víamos os protagonistas do jogo em enorme compasso de espera enquanto nos perguntávamos na bancada o que se estava ali a passar? 

Jogo atrasado por um espectáculo sem sentido, sem contexto e que, talvez, tenha resultado em termos de televisão. No estádio foi um estorvo. 

E o que é que revolta nisto tudo? Eu nada tenho contra espectáculos de bandas portuguesas ao vivo, antes pelo contrário, a minha vida profissional vive muito disso, como bem sabem aqueles que melhor me conhecem. Mas numa altura em que estamos no auge dos Festivais de verão, em que semanalmente tenho que estar presente em diversos concertos, nunca vi nenhum show atrasar para ver futebol antes. Ou seja, cada coisa no seu lugar. Sendo que isto não é o mais importante, é só uma nota de rodapé e subjectiva. 

A minha grande questão para a Federação Portuguesa de Futebol é a seguinte: como é que explicam aos adeptos, os tais chatos do costume, que haja tanta verba disponível para se montar fans zones, palcos musicais, coreografias vistosas e por aí fora, e não haja um orçamento para limparem as cadeiras do Estádio antes do jogo!

Perguntem aos adeptos, os que pagaram para ali estar, em que estado ficaram as roupas usadas nesta bela noite de verão no Algarve. Calças e calções que passaram de ganga azul para branca com a brutalidade de sujidade com que estavam as cadeiras. Vergonhoso! E os bares do estádio? E aqueles topos eternamente provisórios que fazem com que uma carteira ou telemóvel caído acidentalmente das calças sujas vá parar ao abismo negro que é o labirinto de andaimes que suporta a bancada? E aqueles acessos de trânsito? Sem opções de transportes para o estádio, o que podemos dizer do caos que é tentar sair dos parques do estádio com esperas de duas horas após um jogo que devia começar às 20h45 mas que, como já vimos, começou e acabou bem depois da hora prevista. E sem prolongamento nem penaltis. 

Desculpem lá o desabafo mas é que ainda há adeptos que se sacrificam pelos seus clubes mesmo sabendo que são o menos importante dentro desta feira de vaidades em que se transformou o futebol português. O que interessa é que chegámos todos com saúde a casa, uns de madrugada outros já com o dia a nascer. 

Quanto ao jogo, só posso falar de uma vitória normal do Benfica. Pode soar a presunção mas é a verdade. Desde que Bruno Lage tomou conta da equipa, os derbys têm sido entretidos.

Em Alvalade para o campeonato o Benfica venceu por 2-4. Teve golos anulados, falhou outros tantos e, mesmo assim, no dia seguinte houve quem dissesse que não foi goleada nenhuma e que não houve uma superioridade assim tão grande. Depois, na Luz para a Taça de Portugal, o Benfica chegou ao 2-0 e quando se esperava o 3-0, o Sporting teve uma oportunidade e fez o 2-1. Passámos de mais um passeio num derby para um resultado perigoso que depois se transformou numa inesperada derrota que nos afastou do Jamor. Mas, na verdade, nos três derbys jogados, o Benfica andou sempre muito mais perto de golear do que acabar a perder. 

Agora, na Supertaça voltou a ser evidente a superioridade do Benfica. Antes do jogo, Bruno Lage disse como ia jogar o Sporting. Acertou e por isso já estava um passo à frente em relação ao rival. Preparou a equipa, mesmo improvisando Nuno Tavares na direita, que foi bem testado e rodado ali na pré época, e lançou RDT como novidade no onze. Alta pressão, fecho do corredor central obrigando o Sporting a jogar por fora, Rafa e Pizzi a fecharem, Florentino a cobrir as subidas por fora a partir do corredor central, Gabriel a recuperar bolas e Raul de Tomas a recuar e a ser decisivo no equilíbrio defensivo.

Foram estas as chaves decisivas para uma noite tranquila do Benfica. A associação entre Pizzi e Rafa é letal e quando uma equipa é preparada no seu todo, colectivamente, com plano de jogo flexível e ainda com recurso a um banco de nível elevado, o resultado acaba por aparecer. Estar agarrado a um só jogador e preparar uma Supertaça como se o mundo acabasse a seguir não podia ter um bom fim. 

A goleada por 5-0 é histórica mas é mais saborosa por ter acontecido de uma maneira tão natural como aconteceu aquele 2-4 em Alvalade. Ou aquele 2-0 na Taça que esteve quase, quase a ser alargado e acabou por ficar 2-1 porque o futebol também é aquilo. 

A trabalhar como se trabalha no Benfica, o normal é termos mais noites destas do que o contrário. Reparem que, praticamente, metade dos jogos oficiais que Bruno Lage leva à frente do Benfica acabaram com goleadas. Não deve ser por acaso...

De tudo isto resulta uma imensa e enorme vontade de começarmos o campeonato. Que esta ambição nunca acabe. Ao Benfica o que é do Benfica.