Benfica 2 - 0 União da Madeira: Jonas Tinha Passe Para o Autocarro Patrocinado Por CR7
(Fotos: João Trindade)
O União regressou à divisão maior esta época após longos anos de ausência. A sua subida não me causou emoções nenhumas, nem boas, nem más. Agora, depois de realizados os dois jogos de campeonato já posso partilhar a sensação de desejo de não os ter de encontrar na próxima época. Uma equipa treinada por Norton de Matos, que tem a nossa simpatia pela sua passagem recente pelo Benfica B, não parecia ser causadora de grandes antipatias. Até que entrou em cena o homem forte da SAD a mostrar todo o seu portismo e sempre pronto para afrontar o Benfica.
Na primeira volta fomos para a Madeira após a brilhante vitória europeia de Madrid e voltámos sem jogar devido ao mau tempo na Choupana. O circo montado pelo dirigente do União apresentava o clube. Voltámos mais tarde para o jogo que ficou em atraso e correu mal, perdemos dois pontos.
Agora, tudo parecia mais calmo. O União vinha à Luz num domingo especial, dia de aniversário do Benfica, preparava-se um grande ambiente no Estádio da Luz e a motivação estava mais alta que nunca. Estranhamente, os madeirenses não conseguiram vir para Lisboa a tempo e horas. Jogo adiado para uma 2ª feira à noite. Dos quase 60 mil lugares ocupados passamos para 44 mil presentes e a oportunidade de ver a equipa jogar em dia de anos esfumou-se. O União da Madeira para a história como o único clube que conseguiu não jogar com o Benfica nas datas estipuladas duas vezes na mesma época!
O contexto deste jogo era muito particular, temos um derby escaldante no horizonte e a palavra de ordem na preparação deste jogo era gestão. Além das lesões era preciso gerir o facto de Jardel não poder levar cartões, assim como Renato Sanches.
Rui Vitória apostou em Grimaldo no lugar do castigado Eliseu e manteve os centrais. Do lado direito reapareceu Nelson Semedo. A grande mudança aconteceu no meio campo onde Talisca foi a escolha para jogar com Samaris. Depois, Pizzi, Gaitán, Mitroglou e Jonas tinham a obrigação de resolver o jogo. O fantasma do nulo da primeira volta também espreitava e a promessa de encontrarmos um adversário bem fechado na defesa era preocupante.
O União apresentou-se ainda mais fechado do que o esperado. Abdicou da bola e preocupou-se em formar dois muros defensivos. À frente de Gudiño, o guarda redes que o Porto emprestou, estancavam Paulo Monteiro e Diego Galo com Paulinho a fechar à direita e Joãozinho na esquerda. Logo na frente dos centrais havia Soares e Tiago Ferreira com a ajuda mais lateral de Danilo Dias e Amilton, sobrava Toni Silva na frente e Shehu no meio campo. Mais defensivo que isto era difícil.
Felizmente o Benfica entra bem e logo aos 5' Jonas faz o que ninguém fez na primeira volta, 1-0 para o Benfica e um enorme suspiro de alivio. Percebia-se que era daquelas noites que o mais importante seria fazer o primeiro golo. Esperava-se que o União retirasse os dois autocarros, duas linhas de quatro a defender, para fazer pela vida mas não aconteceu. A equipa madeirense tentou timidamente uns contra ataques e até chegou a assustar Júlio César que até teve de fazer de terceiro central numa dobra fora da sua área resolvida a pontapé.
Só dava Benfica mas o segundo golo não aparecia e mantinha o resultado num nível perigoso.
Bons pormenores de Grimaldo e muita timidez de Nelson Semedo, enquanto Talisca limitava-se a cumprir os mínimos, tal como Samaris.
A questão de Renato não ter visto um cartão amarelo em Paços de Ferreira esclareceu-se ao longo deste jogo. Enquanto o resultado esteve em aberto não era de todo descabido que Vitória tivesse de lançar o miúdo para ter a certeza que ganharia o jogo, como aconteceu em Marvila. A questão ficou resolvido a um quarto de hora do fim com o segundo golo de Jonas a descansar tudo e todos. A tarefa estava cumprida e já se podia espreitar o final do jogo em Guimarães que nos aproximou mais do primeiro lugar.
Foi um clássico 2-0 com um golo em cada parte apontado pelo melhor avançado da equipa. Devia ter sido assim na primeira volta mas agora é olhar para a frente e pensar em ir vencer o derby.
Destaque para o ambiente no estádio onde se acredita muito no Tri. Os momentos em que o cântico de Benfica dá-me o 35 estende-se a todas as bancadas tornam tudo muito mais claro. Todos queremos continuar a festejar campeonatos.
Missão cumprida contra um clube que pode voltar para os escalões secundários com as suas camisolas patrocinadas por essa figura tão usada pelos sportinguistas, com os seus autocarros defensivos e com o seu dirigente super dragão. Não deixam saudades nenhumas.