Benfica 1 - 1 PAOK: A Maldição Egípcia!
Depois de Sabry, Warda. Há uma ligação entre o PAOK e jogadores egípcios que nos afecta directamente.
Antes do jogo começar, a discussão andava à volta da formação grega. Vieirinha jogaria mesmo a defesa esquerdo? Jogou. E Warda ficaria no banco para jogar Léo Jabá? Ficou.
Isto porque em 2018 é banal sabermos tudo sobre o nosso adversário até aos mais pequenos pormenores. De repente, o sérvio Prijovic, o "10" Pelkas, o Varela que até nos marcou pelo Feirense ou Paschalakis passaram a ser nossos velhos conhecidos com as várias possibilidade que há de estudar o adversário.
Nem sempre foi assim.
Por exemplo, em 1983 quando ouvi na rádio o sorteio da Taça dos Campeões Europeus ditar um encontro com o Olympiakos senti pânico nos benfiquistas mais velhos. Isto porque ainda estavam traumatizados com uma inesperada eliminação quatro anos antes. Em 1979 o Benfica foi a Salonica e perdeu por 3-1. Na 2ª mão, na Luz, a equipa de Mário Wilson deu a volta à eliminatória com golos de Jorge Gomes e Reinaldo, que já tinha marcado na Grécia. Só que aos 80 minutos o Aris fez um golo de todo inesperado por Smertzidis. Foi um choque e os benfiquistas nem queriam ouvir falar em equipas gregas tão cedo. O trauma passou logo em 1983 quando na 2ª mão o Benfica de Eriksson atropelou o Olympiakos por 3-0 depois da derrota por 1-0 em Atenas.
Mesmo assim, perdurou um outro trauma. Camisolas amarelas na Luz. O Aris jogou de amarelo, o Liverpool fez miséria de amarelo e o Dukla também.
São factos curiosos que ficam na memória porque naquela altura antes dos jogos não havia tanta informação para reter.
Este PAOK chegou à Luz moralizado e com uma aura surpreendente depois de afastar Basileia e Spartak. Proeza que levantou desconfianças.
O Benfica arrancou bem a época e estava preparado para o embate.
Para começar houve uma alteração inesperada na equipa, saiu Salvio, entrou Zivkovic. André Almeida não tinha treinado na véspera mas foi a jogo.
Repetiu-se o enredo do outro jogo europeu na Luz deste mês, alguma desconfiança de parte a parte, o adversário a pressionar alto e a evitar que o Benfica entrasse muito forte. Aos poucos, o Benfica foi impondo o seu jogo e as dinâmicas de Pizzi e Gedson pelo meio, com Cervi e Zivkovic, sempre apoiados por Grimaldo e André, foram fazendo a diferença criando desequilíbrios que levaram o Benfica a construir uma mão cheia de boas oportunidades de golo.
Esta foi a boa notícia do jogo, o Benfica continua a criar muitas ocasiões para marcar. A má notícia é que não consegue concretizar. Pizzi tentou de cabeça, de longe em arco, de primeira junto ao poste mas só conseguiu de penalti no fim do primeiro tempo.
O Benfica jogou devia ter feito mais golos. E foi com esse sentimento que arrancou a segunda parte. Em poucos minutos apareceu Ferreyra várias vezes em situação de ser feliz mas não estava a ser uma noite boa. Também por culpa do guarda redes Paschalakis, diga-se.
Não marcando e perdendo frescura física o Benfica permitiu que o PAOK subisse com perigo. A entrada de Warda, lá está, foi determinante para dar mais velocidade e qualidade do flanco esquerdo para dentro e acabou por ser ele mesmo a fazer o golo do empate.
Golpe duro para a equipa do Benfica e para o seu treinador que já tinha apostado em Rafa e que se preparava para lançar João Felix. Assim juntou-lhe Seferovic. Se sobre os mais velhos já sabemos o que esperar e não deslumbraram, a entrada do jovem João foi mesmo uma mais valia. Talvez até a pedir para entrar ainda mais cedo na partida. A qualidade que tem na decisão, nos cruzamentos, no drible, no passe, não engana. Não há que hesitar.
Ainda houve oportunidade para o Benfica fazer o 2-1, que seria sempre pior que o 1-0, assim como este 1-1 é muito pior que um 0-0.
Mau resultado em casa, o Benfica entra em campo em Salonica já em desvantagem mas parece-me ser perfeitamente possível alcançar um resultado na Grécia que nos permita entrar na Liga dos Campeões.
E nem é preciso um milagre, basta mais acerto na hora da finalização.