Benfica 1 - 1 Moreirense: Ultrapassados
Informo já à partida que se chegaram aqui à procura de alguma esperança e conforto é melhor voltarem noutro dia. O que tenho para partilhar não é bonito. A última vez que me senti assim tão num pós jogo foi em 2013 depois do empate com o Estoril. Foi a pior noite que passei nos últimos sete anos. Se estiverem intrigados porque não menciono o dia do clássico de Abril de 2018, eu explico. É que perder para um adversário directo um jogo decisivo é doloroso mas é um risco que temos de assumir no futebol. Agora, quando se perde pontos contra equipas de outro universo que não o da luta pelo título é como levar um tiro no peito.
Não conseguir vencer o Moreirense em casa numa altura decisiva da temporada, depois do adeus Europeu e de um ciclo de seis jogos só com uma vitória vira novamente o contexto da postura da equipa nesta altura. Nos últimos anos o Benfica habituou-nos a resistir na frente nas rectas finais dos campeonatos mesmo com margens de erro muito curtas ou inexistentes. Aquela quebra que custou seis dos sete pontos de avanço levava o desafio para um novo nível, não falhar mais tal como no ano passado.
Numa jornada que o Porto ia aos Açores e o Benfica recebia o Moreirense não era expectável um tropeço destes. Olhando para os jogadores disponíveis e para aquilo que tem sido a equipa do Benfica esta temporada, nem se pode falar em escolhas polémicas. Era o 11 mais forte disponível para esta jornada. O problema está na qualidade do futebol jogado. Dos nervos que passam do relvado para a bancada e vice versa, da desinspiração individual e colectiva que Samaris assumiu na flash interview. Tudo é demasiado doloroso. Veja-se o momento em que Pizzi desperdiça o penalti. Basta lembrar que há um ano a equipa transpirava confiança, tanto fazia dar 10-0 como vencer com um golo no final contra o Tondela.
O que sinto agora é o inverso, falta confiança, falta certeza na hora das decisões. O tempo passa depressa e tudo parece acontecer demasiado precipitado no relvado. A equipa técnica é a mesma e os jogadores não mudaram muito de uma época para outra. Isto é o que me deixa mais perdido na bancada, olho à volta e só vejo desespero. Ninguém entende nada do que se passa, todos resmungamos e a cada ataque do Benfica todo Estádio espera um milagre que não acontece.
No fim do dia fomos ultrapassados. Já não depende de nós sermos campeões esta temporada. Isto era a única coisa que não podia acontecer e aconteceu.
O que nos espera daqui para a frente não é nada animador, saber que podemos ganhar os jogos todos e mesmo assim não servir para nada. E com uma vitória nos últimos sete jogos onde se vai buscar forças e motivação para cumprir esse serviço mínimo?
Lá estarei no Bonfim à espera de uma reacção mas agora sem nenhum entusiasmo. Não ter o nosso destino na mão tira-me todo e qualquer optimismo.
Fico a aguardar por uma noite inversamente proporcional a esta em termos de resultados inesperados. É o que nos resta. E isso é duro, muito duro.