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Red Pass

Rumo ao 38

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AEK 2 - 3 Benfica: Um Profundo Alívio

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 Vistos e revistos os jogos mais recentes do AEK até esta 3ª feira a conclusão era simples: o Benfica em Atenas só tinha duas hipóteses, ganhar ou vencer. 

Era o que se pedia à equipa de Rui Vitória, entrar no segundo jogo da Champions League de maneira autoritária, assumir de forma convicta o favoritismo e assumir que há muito mais qualidade individual e colectiva na Luz do que algum dia existirá no AEK.

O contexto deste jogo não era o melhor. Pontos perdidos de forma dolorosa no final do jogo de Chaves, baixa de Jardel para os próximos jogos, baixa de Conti para o Clássico que está no horizonte e também influencia pensamentos. A juntar a este quadro uma sequência terrível de derrotas nesta fase da Liga dos Campeões que era urgente travar.

A tudo isto o Benfica respondeu com uma entrada convincente e que nos descansou a todos. Era aquilo que se pedia. Um Benfica forte à procura de chegar ao golo e sem hesitações. 

As apostas do treinador para este jogo foram para Rafa, prémio pelo bom arranque de época, e Conti no lugar de Jardel. Salvio e Gedson regressaram naturalmente aos seus lugares, com Gabriel lesionado e Cervi ficando no banco. 

Foi pelo lado esquerdo que o Benfica deu o mote. Grimaldo sempre muito activo a lançar o ataque descobriu do seu lado várias opções para criar perigo. Foi com toda a naturalidade que o Benfica chegou rapidamente ao 0-2. Seferovic voltou a marcar na Champions e o baixinho Grimaldo fez um simbólico golo de cabeça. 

Estava feito o mais complicado. O Benfica afastava a pressão, deixava os gregos perdidos e mostrava mais eficiência que o Ajax mostrou em Amesterdão quando recebeu o AEK e só começou a marcar na segunda parte. 

Com metade da primeira parte jogada cabia ao Benfica decidir o que queria do jogo. A minha decisão, sentado confortavelmente a ver o jogo à distância na televisão ( a sofrer com a qualidade dos comentários da TVi ) seria de continuar a carregar. Não de forma intensa mas sim de maneira objectiva, tendo bola e procurando sempre aumentar a vantagem. Era a melhor resposta para terminar o ciclo europeu negativo e dava jeito na classificação final ter um saldo bom de golos.

Não sendo possível manter o ritmo, pedia-se então um controlo absoluto do jogo evitando surpresas ou contrariedades. Fico com a ideia que este Benfica ainda precisa de trabalhar muito este aspecto, gerir vantagens, expectativas e controlar bem a posse de bola. O AEK reagiu e até ao intervalo ficava a ideia que o Benfica não se importava de atrair os gregos para o seu meio campo confiando nas saídas rápidas com Salvio e Rafa à cabeça. 

Seria algo para afinar na segunda parte, talvez refrescando as alas, afinal havia Zivkovic e Cervi no banco. Portanto, tudo parecia sobre controlo.

Até que acontece a expulsão de Rúben Dias. Tão desnecessária quanto indiscutível. O jovem central do Benfica não podia nem devia ter perdido o controlo do lance daquela maneira. Primeiro porque já leva mais de um ano a titular no Benfica e, agora na Selecção, depois porque era ele o líder natural da defesa após a lesão de Jardel e, finalmente, porque era tudo o que a equipa não precisava para o segundo tempo.

Entrou Lema, saiu Salvio. Pizzi foi para a direita. Pedia-se concentração, cabeça e foco para reorganizar a equipa. Mas o Benfica que foi para a segunda parte estava no pólo oposto daquele que começou o jogo.

Obviamente que o AEK ia reagir e dar tudo para regressar ao jogo mas não era de esperar uma transformação tão grande que deixou a equipa do Benfica completamente perdida em campo durante largos minutos. Não há explicação para o desnorte defensivo, principalmente a nível posicional, com a equipa a não conseguir ter bola e sempre a correr atrás do adversário. 

O AEK fez o primeiro. O AEK fez o segundo. E quando já se adivinhava o terceiro, apareceu Odysseas Vlachodimos a justificar a sua titularidade. Uma defesa espantosa a negar o hat trick a Klonaridis que já ia festejar a reviravolta no marcador. 

Esse momento teve o condão de fazer regressar a equipa ao jogo. Até aí nada tinha resultado. Nem Pizzi na direita, nem a entrada de Alfa Semedo.

Foi , portanto, o guarda redes a chamar de volta a equipa, Alfa Semedo disse presente e assumiu a bola no meio campo. Correu com a baliza na mente e resolveu rematar cruzado para um golo tão valioso quanto inesperado. Um rasgo individual inspirado naquela defesa fabulosa. A equipa agradeceu e uniu-se, agora sim, de maneira objectiva e determinada. O AEK sentiu o golo e até final a vitória do Benfica não sofreu mais ameaças. 

O objectivo principal foi conseguido, três pontos muito importantes por todas as razões já apontadas. Fim de ciclo negativo na Europa, resposta ao empate de Chaves, ânimo para o clássico, encaixe financeiro e a felicidade de ver um miúdo que já tinha dado um sinal parecido com este na pré época contra o Borussia de Dortmund. 

A diferença entre o Benfica do começo da partida e o da segunda parte é que no final podíamos estar muito mais satisfeitos e até motivados para os próximos duelos e assim sentimo-nos apenas aliviados. Muito aliviados. De respirar fundo e sorrir a olhar para os primeiros três pontos na tabela da Champions. 

Descansar, preparar o clássico e cerrar fileiras para vencer.