Benfica 4 - 1 Marítimo: A Festa e o Colo Que Roubou Jonas
Terminar desta maneira o campeonato na nossa casa, é o sonho de qualquer adepto. De 17 de Agosto até agora foi uma longa viagem com um percurso quase perfeito no Estádio da Luz. Chegar à ultima paragem já com o título reconquistado é uma enorme alegria para viver em festa. Levar a sério o desafio de ajudar os dois avançados do Benfica a chegarem ao topo da lista de melhores marcadores é prova da ambição e competitividade do nosso plantel.
Este foi o mote para termos um jogo de altas emoções mesmo com o principal objectivo já cumprido.
Jesus apostou no seu "11" ideal e a equipa partiu em busca dos golos. O primeiro chegou cedo, Lima foi quem marcou. A resposta do Marítimo foi muito interessante e ficou o aviso para o último jogo da época na próxima semana em Coimbra. Os madeirenses apresentaram momentos de bom futebol, obrigaram Júlio César a brilhar ao mais alto nível e chegaram merecidamente ao empate ainda na primeira parte.
Ao intervalo Jorge Jesus optou por tirar Pizzi e lançar Talisca só por opção técnica. Uma substituição que iria deixar alguém triste no banco de suplentes. Mukhtar, Sílvio e Paulo Lopes, um deles não ia ser campeão nacional oficialmente.
A decisão de Jesus ficou ainda mais ensombrada quando o azarado Salvio se lesiona com gravidade e tem de abandonar o relvado. Como já tinha sido lançado Sílvio, sobrava para Paulo Lopes a amargura de não entrar em campo. Uma dor que se estendeu às bancadas onde o guarda redes é tão acarinhado e viu o seu nome entoado em jeito de consolação.
Faltava então resolver duas questões no resto do jogo.
Ganhar a partida e fazer golos. Como o Benfica fez o 2-1 ainda antes do intervalo por Jonas, havia a esperança que o brasileiro fizesse mais dois golos.
O 3-1 só chegou ao minuto 60 e por Lima. O Estádio da Luz vibrava como se a equipa precisasse destes golos para ser campeã.
Aos 68 minutos o momento mais simbólico do dia. No campeonato do colinho, na Liga que tantos quiseram dar como oferecida pelos árbitros, ficou bem claro o que é que tivemos de aturar o ano todo. Jonas agradece a oferta de Gaitán e faz o seu 2º golo com muito tempo de sobra para ir à procura do último golo que lhe valia o título de melhor marcador da competição. A equipa de arbitragem conseguiu anular de maneira inqualificável um golo limpíssimo e assim garantir que Jackson ficasse com a Bola de Prata. Como já em Guimarães vi o Benfica ser vergonhosamente roubado num golo em que não havia qualquer fora de jogo, fica aqui para memória futura o que é o tal colinho. Sempre resultou para os rivais a campanha do colo, façam bom proveito do título de melhor marcador.
De qualquer maneira, Jonas, e toda a equipa, continuou a lutar. As bancadas pediam mais e empurravam o Benfica para o ataque. Aos 83 minutos chega o 4-1, Sílvio dá a bola para Jonas fazer mais um golo.
A pressa com que se reatou o jogo até atrapalhava o Marítimo que já estava a ser goleado e não conseguia parar aquela força encarnada.
Últimos minutos de emoção e adrenalina com todo o estádio a acreditar em mais um golo. Seria perfeito mas não aconteceu. Foram também momentos para olhar para Maxi e Gaitán na esperança de não ser a última vez que os víamos ali de vermelho e branco.
O último instante do jogo é um livre directo de Jonas para a baliza grande. A bola passou um pouco ao lado da baliza de Wellington. Não houve golo mas ficou a impressionante relação construída em menos de um ano entre benfiquistas e Jonas. Para a próxima época será um dos nossos grandes trunfos.
Final de jogo, final de caminhada, festa de arromba na relva e na bancada. Sentimento de objectivo cumprido, alegria por duas épocas seguidas a festejar o título mais apetecido. O que se sente entre companheiros de bancada e de viagens nestas alturas é uma euforia inexplicável. Festejar entre família na nossa casa é das melhores emoções da vida.
Ver o estádio cheio à luz do sol risonho, olhar para o relvado e à sua volta e não detectar forças policiais é um alívio e o ambiente fica muito mais bonito e leve.
A festa da entrega do troféu de campeão teve dois momentos simbólicos que importa destacar. Desde logo a anunciada presença dos dois miúdos que viveram uma negra tarde em Guimarães, espero que as emoções de ontem ao lado dos seus heróis tenham ultrapassado todos os traumas.
E o pormenor de termos no relvado crianças com o equipamento de cada um dos clubes que participaram neste campeonato. De todos os clubes. Sim, duas crianças com as cores do Sporting e do Porto lá estavam a cumprimentar um a um todos os campeões nacionais. Sem complexos, sem problemas, à Benfica!
Bonita e merecida festa.Bi Campeões!
Sexta feira há mais.
Todas as fotografias: João Trindade