Às vezes, é bom colocar os jogos em perspectiva. Agarremos neste tranquilo e normal 3-0 ao Moreirense e recuperemos o mesmo jogo na época passada a fechar o mês de Agosto de 2015.
Também fizemos 3 golos, também somámos 3 pontos. Só que no fim do jogo sentíamos um misto de alívio, pela vitória, e de preocupação, pela margem mínima, ficou 3-2.
Na época passada ganhámos devido à alma que esta equipa tem. É a mesma alma porque a equipa é praticamente a mesma, penso que só Gaitán não está no plantel, em relação ao onze do ano passado. A vitória por 3-2 foi na garra, depois de muito sofrer a equipa quis dar um sinal aos seus adeptos, podiam ainda estar no começo de um novo ciclo mas a fome de vencer era a mesma. Acabámos campeões.
Hoje, mais de um ano depois, um jogo com o Moreirense na Luz parece um aborrecido cumprir de calendário onde as dúvidas na bancada estão na ordem do quem marca os golos e quanto tempo temos de esperar pelo primeiro. Reparem, não é se ganhamos ou se vamos perder anos de vida. Não. É por quantos ganhamos. E isto não é nenhuma demonstração de arrogância nem de bazófia. É apenas registar o reencontro do Benfica com a sua história. Foi assim que o conheci, é assim que gosto de o viver.
Por isto, quando o Benfica não ganha um jogo na Luz é tema para espanto universal no mundo da bola. E às vezes acontece, como sabemos e como vimos com o Vitória FC. Só que a regra é ganhar, marcar e ter jogos bem agradáveis de seguir no nosso Estádio.
Também por isto é que a Luz nos dias de hoje apresenta números de assistência acima do 50 mil adeptos. Também aqui é um reencontro com o que deve ser. Há anos, poucos, muito boa gente achava que os 30/40 mil que faziam a média de assistência nos jogos do campeonato era normal. Quando se explicava que não era e que era preciso lutar contra isso em vez de nos acomodarmos, aparecia sempre a linha teórica que nos explicava que a média baixa se justificava pela crise, pelos preços, pelo clima, pela temperatura, pela hora e sabe-se lá mais o quê.
Tal como dizia na altura, a única maneira de termos a Luz cheia é o futebol do Benfica voltar a ser o ... futebol do Benfica. Aquele que a minha geração viu deslumbrada, as mais velhas se recordam e as mais novas ansiavam por ver sem ser via YouTube.
Esse futebol voltou, ir à Luz para ver o Benfica, sim, ver o Benfica, independentemente de quem está no outro lado, porque do outro lado está mais uma vítima do Benfica e nós vamos à Catedral para testemunhar mais uma vitória à Benfica.
Se, por acaso, o jogo foge à regra e torna-se complicado, as bancadas fazem o seu papel empurrando o glorioso e assustando a vitima. Se, mesmo assim, o desfecho não for o esperado e normal, os jogadores sabem que serão acarinhados e motivados para o próximo combate. Como aconteceu num passado recente contra o Zenit ou num derby. E os jogadores depois recompensam os seus fieis adeptos, indo a uns 1/4 de final da Champions ou sagrando-se campeões nacionais mesmo que não tenhamos sido felizes em todos os derbies.
Isto é um processo natural e espontâneo, não se compra no mercado, nem se impõe em redes sociais. É assim. Por isso, ninguém no Benfica fica extasiado por ter tido mais gente na Luz do que outros a receber o Real Madrid, nem há cá voltas olímpicas no final de um jogo onde só aconteceu absoluta normalidade. É o Benfica a ser Benfica.
Dou muito valor a esta exibição do Pizzi, à entrega do Raul a aproveitar a sua titularidade e abrindo todo o espaço para que os médios brilhem, à maneira como André Almeida entrou bem no jogo após mais uma saída por lesão, desta vez de Eliseu.
Dou muito valor aos 3 golos, ao facto de não termos sofrido golos, ao reconhecimento do adversário no final assumindo a superioridade do Benfica. Dou muito valor ao prazer que é ver o resumo do jogo em paz sem precisar de levar com o circo a discutir cartões, penaltis, expulsões ou se a bola entrou ou não, porque o Benfica voltou a ganhar de maneira tão clara, tão natural que consegue ridicularizar todos os fantoches que acenam vouchers e colinhos.
E sabem porque dou tanto valor à normalidade? Porque lembro-me muito bem, demasiado bem, os tempos em que a normalidade era o Benfica não ganhar tanto e tropeçar. Lembro-me bem de qualqer clube vir à Luz para não perder e acreditar nisso. Não foi assim há muito tempo.
Agora o Benfica ganha e não é de hoje. Nos últimos anos tem sido sempre assim, tem a vantagem de ter arriscado mudar para melhor mesmo quando estava no top e os resultados estão à vista.
Se há um ano saímos aliviados e com dúvidas, hoje cumprimos mais uma ida ao Estádio e voltamos tranquilos com o sentimento de quem foi assistir a mais um capítulo natural na nossa história. Quase como ir à missa mas em bom.
Oitavo jogo do Benfica em 2016, oitava vitória, hoje por 1-4 o que aumenta para 27 os golos marcados este mês. Esta foi a 4ª vez que o Benfica fez 4 golos para o campeonato fora da Luz e aumenta para 10 vitórias seguidas na Liga um registo que já não acontecia desde 2013/14.
É a forma como o Benfica ataca que está a encantar os adeptos. A facilidade em criar oportunidades de golo com movimentações constantes de jogadores entre as alas e meio do terreno a obter desequilíbrios entre quem defende. Nem é importante os nomes dos jogadores porque a equipa vai rodando, as trocas sucedem-se e o resultado tem sido o mesmo, muitos golos.
Hoje o "11" do Benfica mudou em relação à última 3ª feira. Era importante não cair no erro de se pensar que a goleada da Taça da Liga no mesmo relvado contra o mesmo adversário iria tornar este jogo de campeonato mais fácil. Apesar do 1-6 do outro dia, hoje o jogo começava novamente 0-0 e o Moreirense ia apresentar mais qualidade individual na sua equipa.
A maneira como o Benfica abordou o jogo foi meio caminho andado para cumprir a sua obrigação. Entrou determinado em busca do golo e a querer novamente ganhar convincentemente como se o jogo anterior não tivesse acontecido.
Agora com Gaitán entre os titulares mais fortes e Pizzi de regresso, a equipa de Rui Vitória voltou a mostrar coesão e processos assimilados.
Na defesa a única nota de preocupação, a saída por lesão de Lisandro. Sabe-se que Luisão espreita o regresso mas era importante não perder o argentino numa altura tão intensa da época.
As apostas nos flancos foram as do costume, André e Eliseu. No meio Renato é imprescindível e Samaris reconquistou o seu espaço na ausência de Fejsa. Gaitán e Pizzi nas alas é um luxo, e a dupla na frente continua a entender-se com golos, Jonas e Mitroglou.
O melhor marcador do campeonato abriu o caminho para a vitória respondendo de cabeça a um brilhante cruzamento de Pizzi. O Moreirense nunca desistiu do jogo e teve sempre em Iuri Medeiros e Boateng duas ameaças à baliza de Júlio César.
Renato Sanches sentiu que o 0-1 era curto e quis acabar a primeira parte com um passe a puxar pela corrida de Eliseu que deu tudo para ir à linha de fundo cruzar com estilo para um remate de primeira à ponta de lança de Mitroglou. Era o 0-2 e uma 2ª parte com um horizonte bem mais tranquilo.
Quando o Moreirense procurava voltar à discussão do resultado foi, novamente, atropelado pela dinâmica atacante do Benfica. Pizzi, Jonas e Gaitán, imparáveis construíram num ápice mais uma goleada. Muita qualidade nos passes e na finalização das jogadas que deram mais dois golos na 2ª parte. A facilidade com que o Benfica resolveu o problema em Moreira de Cónegos proporcionou uma noite tranquila aos seus adeptos e deu para começar a pensar na próxima deslocação ao Restelo.
O jogo terminou com mais um golo de Iuri Medeiros ao Benfica, merecido pela procura, preocupante pela insistência.
O Benfica foi o último a entrar em campo entre as equipas que lutam pelo título e foi o que resolveu o jogo da maneira mais fácil. Na próxima jornada será o primeiro e espera-se que mantenha este ritmo.
Quando se realiza o sorteio da fase de grupos da Taça da Liga, agora CTT, todos os anos há as mesmas reacções. Os representantes dos clubes mais importantes avisam que desta vez é mesmo para ganhar a competição. À medida que as jornadas passam, a prova começa a ser desdenhada, as desculpas sucedem-se e acabamos sempre por concluir que, afinal, isto é uma Taça que não interessa a ninguém. Só três clubes assumem que esta é uma prova oficial que envolve todos os clubes dos campeonato profissionais de futebol nacional e que é digna de figurar nos respectivos museus, Vitória de Setúbal, Braga e Benfica.
O Benfica encontrou há muito tempo o perfeito equilíbrio entre rodar o plantel e competir com qualidade na Taça da Liga. Os resultados estão à vista e parecendo fácil não é uma fórmula que já tenha sido encontrada ou repetida noutros clubes com obrigações de lutar pelas provas nacionais.
O que se viu em Moreira de Cónegos foi a confirmação da boa fase que o futebol do Benfica atravessa. Até aqui o maior mérito de Rui Vitória foi potenciar um "11" órfão de Luisão, Sálvio, Nelson Semedo ou Gaitán. Ao conseguir apresentar soluções alternativas credíveis fortaleceu as opções individuais para cada posição e aumentou o nível de qualidade de jogo que pode vir a ser reforçado com os regressos dos lesionados.
Ontem o regresso de Nico Gaitán como titular da equipa teve efeitos estrondosos. Agora sim, a 100%, o "10" argentino aproveitou a oportunidade para inspirar companheiros, como Talisca, e assinar uma daquelas exibições inesquecíveis.
Apesar de ter sido com um penalti de Talisca que o caminho para as meias finais da Taça da Liga ficou aberto, foram as jogadas de Gaitán que deixaram a nação benfiquista em êxtase numa 3ª feira à noite. Marcou um golo Maradoniano, fez uma finta de roleta à Zizou no meio do campo, teve pormenores incríveis à ... Gaitán. Só por si valia o preço do bilhete. Gaitán de volta é uma notícia tão bombástica quanto a sua exibição no Minho.
Para o argentino brilhar desta forma tinha que haver entrega e vontade do resto da equipa. Foi isso mesmo que aconteceu, apesar das mudanças nos titulares. Jonas e Mitroglou nem entraram, Ederson voltou à baliza e não teve culpa no único golo sofrido, mérito todo para Iuri Medeiros, Sílvio cumpriu mais uns minutos na esquerda da defesa, Lindelof voltou a não comprometer ao lado de Jardel e Nelson Semedo deixou excelentes indicações a caminho da melhor forma à direita.
Renato Sanches confirma-se como imprescindível e teve a companhia de Samaris. Uma dupla obrigatória no meio campo devido à falta de opções. Talisca aproveitou para confirmar tudo o que tenho dito dele, o baiano tem golo e com ritmo de jogo torna-se útil nas opções de ataque. Gonçalo Guedes esteve uns furos acima do que tem vindo a mostrar nos últimos tempos e Raul Jimenez continua a mostrar apetite pelo golo que foi compensado com o belo chapéu a Nilson, no entanto aquele pé esquerdo mantém-se como uma nulidade na hora do remate e o instinto finalizador ainda não corresponde ao seu preço.
Ainda participaram na festa André Almeida, entrou para o meio campo, Carcela, tentou brilhar inspirado por Gaitán mas sem grandes resultados. O destaque da noite vai para a estreia de Grimaldo que entrou muito bem no corredor esquerdo. Teve alguns cruzamentos de muita qualidade e parece estar apto para ser opção no lugar de defesa esquerdo.
Uma noite perfeita só com boas notícias, uma exibição excelente, uma goleada fora de casa como já não se via desde o jogo em Torres Novas com o Monsanto e, o mais importante, presença nas meias finais da Taça da Liga. Como sempre, o Benfica leva as competições a sério e não se fica pelas palavras de promessas para depois as deixar cair no esquecimento.
Este foi o quarto jogo seguido que o Benfica chega ao intervalo a perder com o Moreirense. Se nas últimas épocas o nervosismo era grande, ontem foi enorme porque estamos ainda longe de ter a equipa definida e porque vínhamos de uma derrota inesperada com o Arouca.
Curiosamente, à 3ª jornada encontraram-se duas equipas que defrontaram os mesmos adversários no arranque, Estoril e Arouca. Se é verdade que o Benfica ainda não tinha convencido, também era verdade que o adversário não podia ser mais conveniente nesta altura. Em termos teóricos, na minha opinião, o Moreirense e a Académica são as equipas com mais dificuldades neste arranque de época.
No Moreirense, além da ausência, por lesão, do experiente guardião Nilson ou de André Marques, por exemplo, o treinador Miguel Leal não hesitou em lançar no onze dois reforços acabados de chegar ao Minho, o que mostra a dificuldade que tem tido em equilibrar a equipa.
Num rápido olhar pelo adversário de ontem saltava à vista que era uma equipa experiente, com jogadores muito rodados no futebol português e que não iriam tremer no começo do jogo.
Stefanovic, o sérvio descoberto pelo Santa Clara na Macedónia e que o Porto depois contratou sem grande proveito, tinha uma nova oportunidade de se afirmar entre os grandes depois de uma estreia fraca pelo Arouca em Alvalade e de um ano na 2ª divisão com o Chaves.
Também de Chaves veio o defesa direito Sagna, mais experiente do lado esquerdo esteve o conhecido Evaldo e no meio a experiencia do central Danielson com André Micael. À frente da defesa, Miguel Leal apostou em Palhinha, emprestado pelo Sporting, e Filipe Gonçalves, deixando como referência o capitão Vítor Gomes, dando liberdade ao endiabrado Ernest e ao recém chegado Iuri Medeiros, outro jogador emprestado pelo Sporting, no apoio ao avançado Rafael Martins, uma mais valia para os minhotos vindo por empréstimo do Levante.
Era óbvio que o Benfica teria de entrar rápido, com várias soluções atacantes para desmontar uma defesa tão experiente.
Rui Vitória promoveu Victor Andrade à titularidade e manteve o resto da equipa, insistindo em Pizzi na frente de Samaris.
Os mais de 40 mil adeptos na Luz esperavam um arranque de jogo convincente e um golo cedo para afastar ondas negativas numa noite tão quente. Mas o Benfica voltou a entrar com um futebol previsível e a fazer o jogo que interessava ao adversário. Trocas de bola lentas, subidas pelas alas com cruzamentos muito longe da linha final que a defesa do Moreirense resolvia com facilidade.
Mais uma vez, lamento que uma equipa bem organizada, cada vez mais confiante e moralizada em vez de partir em busca de um futebol positivo caia na tentação de perder o máximo tempo possível. Antes dos 10 minutos já tínhamos o jogo parado por "lesões".
A agravar a entrada previsível do Benfica temos o golo do Moreirense à meia hora de jogo com Rafael Martins a repetir o que já tinha feito pelo Vitória de Setúbal no último jogo dele em Portugal. Assustadora a forma fácil como Victor Martins sobe pelo meio do terreno sem oposição e com duas boas soluções perto da área. Optou por Rafael Martins que não falhou.
Voltava a impaciência e o nervosismo à Luz. Além de vermos que os minhotos ia tentar fazer o mesmo que o Arouca, perder tempo, também se confirmava a falta de ideias no ataque do Benfica até ao intervalo.
Rui Vitória voltou a mexer rapidamente na equipa, lançou Gonçalo Guedes no lugar de Victor Andrade e trocou Pizzi por Talisca, uma aposta que já se pedia em Aveiro.
O Benfica voltou a ter mais bola mas a maneira como tentava chegar à baliza de Stefanovic não era convincente. Jonas tardava em acertar a mira, Mitroglou via o guarda redes e a trave adiar o golo e o tempo ia passando.
Até que aos 74' Rui Vitória volta a apostar tudo com a entrada de mais um avançado. Pede a Gaitán para ficar atento ao corredor esquerdo, tira Eliseu e lança Raul Jimenez. Desta vez acertou em cheio já que o mexicano rapidamente fez o 1-1 de cabeça a passe de Gaitan, claro.
E volta a acontecer aquela magia da primeira jornada. De repente a equipa parece completamente entrosada, a jogar em harmonia, sem hesitações e em 2 minutos revira o marcador, Samaris num grande pontapé fez o 2-1.
Comentava-se na bancada que era melhor começar a entrar no estádio depois do minuto 70 para ver bom futebol. Também nos lembrámos que, mais uma vez, o Benfica resolvia o jogo a atacar para sul para a tal baliza grande.
O que já não se esperava era voltar a ver os verdes e brancos a festejar, ainda por cima com um golo de um Cardozo! Mais grave, em absurdo fora de jogo.
Felizmente, a equipa demonstrou vontade de emendar a injustiça e teve forças para fazer mais um golo que levasse a discussão dos próximos dias para um empate obtido em fora de jogo. O famoso colinho que agora já ninguém fala.
Jonas aos 87' remata de primeira após grande cruzamento de Gaitan, claro, e leva a Luz aqueles momentos de festejos incontidos depois daquele 2-2 inacreditável. Jonas teve a humildade de resolver o jogo pedindo desculpa às bancadas pelos falhanços anteriores. Muito grande, o nosso Pistolas!
Valeu pela atitude, valeu pela garra, valeu por acreditarem até ao fim.
Mas, voltando ao começo, este era um dos adversários mais frágeis deste começo de época. Só se fossemos burros é que não continuávamos preocupados com o que temos visto em campo.
Vamos para uma paragem na Liga mas primeiro há um determinante fecho de mercado para ficarmos a saber definitivamente com que qualidade de plantel o nosso treinador vai poder contar. Até agora, tudo parece muito curto.
Tudo menos a baliza grande e uns 15 minutos à Benfica, agora em versão de recta final de jogo. Tradições que são para manter.
Assim, o Benfica consegue o 52º jogo na Luz seguido para o campeonato sem derrota e alcança a histórica marca de 900 vitórias em casa na prova.
1ª Jornada: SL BENFICA - Estoril, Domingo, 16 de Agosto, 20h30, BENFICA TV 2ª Jornada: Arouca - SL BENFICA, Domingo, 23 de Agosto, 19h15, SPORT TV 3ª Jornada: SL BENFICA - Moreirense, Sábado, 29 de Agosto, 20h45, BENFICA TV