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Red Pass

Rumo ao 38

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Rumo ao 38

Marítimo 2 - 6 Benfica: Glory Days

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  (Fotos: João Trindade) 

 

Quando me iniciei neste ritual que é ir ver o Benfica ao estádio houve um gesto no inicio dos anos 80 que me deixou perplexo. No final de um jogo na Luz, talvez a Taça Ibérica, não sei precisar, a geração mais velha de benfiquistas com quem fui ao estádio resolveu abandonar as bancadas antes da nossa equipa levantar a taça ganha. Ofereci resistência e disse que não fazia sentido ir embora sem ver o momento mais simbólico da noite. A explicação foi inacreditável. Já era tarde, no dia a seguir havia trabalho e escola pela manhã. Até aqui tudo bem. Mas o remate final foi: isto de ver o Benfica levantar taças é monótono, são tantas, estamos tão habituados que é só mais uma. 

E lá fui eu andar numa direcção e com a cabeça virada para trás a espreitar o relvado.

 

Tenho para mim que foi esta habituação e o adquirir que íamos ser sempre um clube vencedor que nos levou ao abismo que passei traumaticamente já em idade adulta. Naquela fase entre 1996 e 2004, não houve uma época que não me lembrasse da noite em que saímos da Luz mais rapidamente porque já nem se festejavam conquistas.

 

Aquela Taça de Portugal ganha ao Porto do Mourinho no Jamor em 2004 marcou o regresso aos festejos. Lembro-me que até me caiu uma lágrima quando vi o Simão levantar bem alto o troféu. Estava ali decidido que nunca iria cair no erro das gerações mais velhas que a minha e saberia sempre apreciar o momento da glória festejando à altura. 

Esta noite ganhámos a 7ª Taça da Liga. Festejei como se tivesse sido a primeira. Tornar o Benfica viciado em ganhar é o maior triunfo que todos devemos celebrar. 

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A confiança que se respira à volta da nossa equipa de futebol é qualquer coisa de espantoso. Para a última viagem da época, o ambiente foi constantemente de festa. Nada de receios de perder pontos, nada de preocupações com outros jogos, nenhum stress com um possível regresso em silêncio. A confiança que equipa técnica e jogadores passam publicamente estende-se aos adeptos e, por isso, todos nós passámos a sexta feira na estrada de sorriso aberto e com vontade de festejarmos todos juntos. Sempre pelo Benfica, sempre por nós, sempre com os nossos.

 

Não há nada melhor que fechar a época com um jogo a sério. Ainda a festejar o Tri mas a puxar pela equipa como se fosse o primeiro jogo da época em buscar de mais uma vitória. Viciados em ganhar, lá está.

 

Felizmente, o jogo que encerra a nossa temporada foi um daqueles à moda antiga, bem aberto muito atacante, com os jogadores soltos a soltarem qualidade e de olhos postos nas balizas. Mérito do Marítimo que encarou o jogo para o tentar vencer e não para tentar não sofrer golos. Assim se apagou a imagem de pesadelo do nosso último jogo ali onde a Académica deu um show de anti futebol. 

Esta final da Taça CTT deu mesmo prazer de seguir.

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O Marítimo entrou com tudo e só não chegou à vantagem porque Ederson foi o primeiro a levar isto muito a sério arrastando a equipa para uma enorme exibição. O nosso guarda redes segurou a equipa e o ataque correspondeu com a construção de uma goleada. Parecido com o jogo da Liga na Luz mas agora com a equipa do Marítimo a dar boa réplica.

A história do jogo acaba por ser a marcha do marcador. A diferença esteve sempre na eficácia e na qualidade dos intérpretes. Jonas abriu as hostilidades e o grego Mitroglou bisou até ao intervalo. Parecia resolvido mas João Diogo manteve o Marítimo no jogo de forma justa antes da troca de campo.

 

Muda aos três acaba aos seis, foi o que pareceu. Mais três golo na 2ª parte para o Benfica, agora a atacar para a bancada onde estavam os seus adeptos mais fieis. 

O mais especial de todos aconteceu ao minuto 77, Jonas quis assistir Nico Gaitán que resolveu marcar com classe soberba o 1-4. No meio dos festejos somos invadidos com mensagens nos telemóveis a avisar que o mágico argentino saiu de campo emocionado e não estava a conter as lágrimas no banco. Se foi esta a sua despedida só posso agradecer a qualidade e o nível com que sai. 

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Ainda houve tempo para o Marítimo reduzir de penalti por Fransérgio, o tal que nem Francisco nem somente Sérgio, e bom jogador, diga-se. 

Mas a época não podia terminar assim. Jardel veio até à nossa baliza fazer de cabeça o 2-5 e Raúl Jimenez mostrou que as tradições são para se respeitar e cumprir. O mexicano entrou e marcou o penalti que fechou o resultado final.

 

Na minha bancada ninguém sai. Há que festejar. Este ano o som da festa é o "Bailando" do Enrique Iglésias que, por cá, teve a ajuda de Mickael Carreira a massificar o sucesso. Uma canção que estava reservada para ser banda sonora dos festejos de uns adeptos que a usaram a meio da época mas que assistem agora à sua transformação no seu pior pesadelo. Mãos no ara a balançar cantando "Oh oh oh oh". 

 

Imagens magnificas que vislumbrei no relvado com a dupla Jonas e Luisão em grande coreografia, Renato Sanches a queimar os últimos cartuxos e Gaitán realmente emocionado.

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 Somos uma família que continuará junta, uns partem, outros chegarão. Tudo o que pedíamos é que nos respeitem enquanto vestirem aquele manto sagrado.

Por falar nisso, e que tal a categoria deste equipamento branco à Benfica a brilhar tão alto na Europa, a ser tricampeão e ontem a garantir a 7ª Taça da Liga? Coisa mais linda! A quantidade de camisolas brancas nas bancadas não engana, a melhor escolha como equipamento alternativo das últimas décadas.

 

A festa continuou fora do estádio, a última viagem para Lisboa fez-se com ânimo, a última ultrapassagem da temporada ao autocarro do Benfica em plena A1 com acenos para os craques e uma chegada diferente ao nosso estádio. Ainda fomos a tempo de os receber à entrada da garagem juntamente com os que não estiveram em Coimbra.

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A caminho de casa lembrei-me de como tudo isto começou, no Algarve em Agosto parado no parque do Estádio à espera de sair e com a cabeça feita em água a tentar perceber como é que ia chegar a este dia a celebrar. Obrigado a todos os que acreditavam mais do que eu e sempre mostraram confiança ao longo deste caminho. 

 

Entre o final do jogo com o Nacional e a entrega da Taça CTT vivi em festa. Na 5ª feira à noite vi , mais uma vez, um dos meus heróis do rock no Parque da Bela Vista. Quando Bruce Sringsteen cantou "Glory Days" a tradução na minha cabeça era Sport Lisboa e Benfica. Um momento perfeito de sintonia entre música e futebol. 

 

Vivemos mesmo dias de glória, saibamos aproveitá-los e que nunca as gerações mais novas se habituem a estas conquistas de forma displicente e a virar costas ao levantamento de taças. Sejamos viciados em ganhar sem nunca nos cansarmos, já vimos o que é o outro lado e não foi bonito.

Viva o Sport Lisboa e Benfica, o Glorioso! 

Marítimo 0 - 2 Benfica: Com Menos Um Mas Já Só Falta Mais Um

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Um dia vou arriscar escrever um romance melodramático sobre os dias, as horas, que vivemos entre jogos decisivos do nosso clube. A eternidade a que parece estar o próximo jogo, as conversas, as confissões, os prognósticos, as palavras de confiança que deitamos da boca para fora, os receios, os ses, ir a um concerto e só pensar no próximo desafio, encontrar companheiros e trocar olhares sem dizer uma palavra, ler notícias, ouvir teorias, rejeitar saber dos outros, pensar só em nós, horas e horas que deviam ser de sono profundo e se transformam em noites mal dormidas, estarem a conversar connosco e não ouvirmos metade porque estamos a pensar se o Jonas estará bem, perguntarem-nos por planos daqui a uns dias e nem sabermos se sobrevivemos a mais um jogo decisivo, combinar ver o jogo em locais que nos deram sorte noutras noites, evitar aqueles em que não fomos felizes. São dias e dias de ansiedade, de demência que nos congela o pensamento até aos próximos 90 minutos. Andamos horas e horas, dias e dias, a arranjar desculpas para viver até que chegue mais um momento da verdade.

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O momento chegou, a bola rodou. O Benfica todo de branco (que equipamento tão à Benfica) empurrado por uma espécie de Estádio da Luz pintado de vermelho no meio do Atlântico. 

As fotos dos últimos dias nas redes sociais não enganavam. Era difícil passar por um mural de algum companheiro que não estivesse a partilhar imagens de lapas, espetadas, bolo do caco, milho, ponchas ou coral! Os adeptos não falham, o apoio no Funchal era igual ao da Luz.

 

O Marítimo optou por uma postura defensiva, abdicou da posse de bola e dedicou-se à pressão sobre os adversários, marcações apertadas e preenchimento eficaz dos espaços no seu meio campo. 

Valha a verdade que nunca chegou a entrar naquele capítulo vergonhoso do anti-jogo, apenas apostou num jogo mais defensivo.

 

O Benfica tardou em fugir da teia da equipa de Nelo Vingada e só quando metia velocidade no jogo criava perigo. Era preciso Jonas recuar muito para haver desequilíbrios e tentar servir as alas para conseguir cruzamentos. 

O momento do jogo na primeira parte acontece quando Renato Sanches entra na área e cai no confronto com um carrinho de Plessis. Ficou a dúvida se podia ser penalti mas dificilmente seria lance para o jogador do Benfica ver um cartão amarelo.

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Foi a melhor fase do Benfica. Jonas, sempre ele, inventou uma jogada que acabou com uma bomba no poste. Mais tarde só não marcou de cabeça porque Salin fez grande defesa. Também Carcela ameaçou mas o nulo teimava em manter-se.

 

Aos 37 minutos o céu parecia cair sobre as nossas cabeças. Renato tem uma atitude irreflectida e derruba um adversário de forma a merecer ver cartão amarelo. O problema foi o primeiro mal mostrado. Inexplicavelmente, o miúdo que endireitou a equipa no assalto ao Tri vacilava num jogo decisivo.

 

 Rui Vitória pediu a Pizzi para jogar no interior para não descompensar o meio campo e a equipa aguentou-se.

Ao intervalo o cenário não era o mais agradável. Se o jogo já tinha começado em alta tensão, a 2ª parte arrancava na tensão máxima.

 

Mais uma vez, o Benfica cerrou fileiras e foi à procura do golo. Mesmo com menos um, a entrada para a segunda metade foi exemplar e de repente Mitroglou aproveita uma bola caída na área para o seu pé esquerdo e leva à loucura milhões de adeptos que só pensavam em ter um momento destes há dias e noites!

Estava feito o mais complicado, o Benfica ficava na frente do marcador, as bancadas explodiam de alegria, os jogadores ganhavam motivação extra e o Marítimo tinha que sair do seu quintal.

Houve mais espaço e era preciso afinar táctica, estratégia e equipa.

 

Pelo meio um grande susto com a lesão do central do Marítimo, Maurício. A saída de ambulância foi dramática e espero que a recuperação seja total e rápida. Pior momento do jogo.

 

Quem tem visto os jogos do Benfica esta época sabia o que havia de fazer Rui Vitória. Samaris tinha que entrar urgentemente, substitui Jonas, mas Talisca foi chamado para o lugar de Carcela primeiro. 

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O brasileiro voltou a entrar bem no jogo e repetiu a obra de arte que tinha vendido a Neuer. Desta vez foi Salin o comprador. O 0-2 estava feito dando um pouco de descanso nos desgastados corações benfiquistas.

Com Samaris em campo e depois Raul Jimenez, o jogo pareceu sempre controlado. O mexicano podia ter feito o 0-3 mas a barra voltou a negar o golo ao Benfica.

Cheios de alma, com muita luta, muito sacrifício, os jogadores do Benfica seguraram uma vitória importantíssima num terreno nada fácil e escorregadio.

 

A tão esperada e ansiada vitória esta conquistada. O alivio de, finalmente, irmos à Madeira e jogarmos o nosso jogo a tempo e horas, sem adiamentos nem folclores.

O problema é que uns minutos depois começa tudo de novo porque agora o pensamento só está no primeiro golo que temos de marcar ao Nacional. 

Voltamos ao começo. Depois da enorme satisfação que foi ver o Benfica não vacilar, aí vamos nós para horas, dias e noites de ansiedade outra vez. Adepto sofre.

O Benfica tem mostrado um orgulho muito seu que nos faz acender a chama imensa mais intensamente do que nunca! 

 

Benfica 6 - 0 Marítimo: Meia Dúzia Para Eusébio

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 (Fotos: João Trindade)

 

No lançamento desta jornada, Rui Vitória aproveitou o começo do novo ano para mudar a sua postura na forma de comunicar com a imprensa. Surpreendeu pela positiva ao mostrar fibra em três ou quatro frases bem estruturadas. Não sei qual o efeito que teve no plantel mas sei que a reacção dos adeptos foi muito positiva. Ainda não se tinha vista tal determinação a defender o nosso clube e a sua honra, por isso crescia, ainda mais, a expectativa de ver como a equipa ia dar seguimento aos últimos bons resultados.

 

O jogo começa de forma imprevisível com o Marítimo a ser obrigado a trocar Salin por José Sá na baliza logo no arranque da partida. O futebol do Benfica não entusiasmava e já se sentia o nervosismo do Terceiro Anel a condenar uma construção de jogo lenta e apática. Só uma oportunidade de Raul Jimenez mexeu com o jogo. De uma bola perdida pelos madeirenses , Jonas desmarcou o mexicano que voltou a mostrar muitas dificuldades na hora da finalização. Quando devia ter picado a bola por cima do guarda redes resolveu rematar com força contra o corpo de Sá. Na 2ª parte quando tentou um chapéu a bola saiu por cima...

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Temeu-se que a defesa do guarda redes suplente do Marítimo o inspirasse para uma noite em grande mas Pizzi encarregou-se de provar o contrário. Primeiro com a ajuda de um defesa, depois aproveitando uma defesa incompleta de José Sá. No minuto a seguir, Raul Jimenez vingou-se e fez o 3-0, novamente após uma defesa incompleta do guardião madeirense. Foram cinco minutos à Benfica a resolver de forma repentina um problema que até perto da meia hora de jogo ameaçava complicar-se. Dos primeiros assobios à goleada foi um instante.

 

Mérito de Pizzi, sempre pronto para agitar o ataque do Benfica e procurando muito a bola. Mérito de Jonas, sempre disponível para recuar, ir à linha lateral e até ao meio campo procurando espaço e linhas de passe. Mérito de Raul que nunca desiste e acabou por ser importante ao assistir e a marcar, apesar de mais uns falhanços incríveis. Mérito de Carcela que tem aproveitado muito bem o tempo de jogo para mostrar qualidades técnicas, velocidade e criar soluções atacantes, coisa rara nesta equipa.

Renato Sanches foi o primeiro a dar o mote, ainda com 0-0, ao tentar levar a bola à força para a frente, enquanto Fejsa não arriscava sair do seu espaço, deixando para Jardel e, especialmente, Lisandro a função de tentarem passes mais longos ou de ruptura subindo um pouco no terreno.

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Com 3-0 ao intervalo num jogo a meio da semana entre a deslocação a Guimarães e a viagem para a Choupana, era de esperar que o Benfica abrandasse na segunda parte. Mas dois penaltis aos 51 e 54' deram a possibilidade a Jonas de fechar de vez o jogo, isolar-se na frente da lista dos melhores marcadores e voltar a bisar pelo Benfica. Ao fim de dez minutos da segunda parte a goleada estava consumada. Talisca entrou e marcou um dos seus golos de marca, remata fácil fora da área e bem colocado.

 

Depois de uma primeira meia hora apática, o Benfica partiu para uma goleada igual à que tinha aplicado ao Belenenses e aumenta o registo de golos marcados. Não saberemos qual foi o clique para um desfecho tão positivo no primeiro jogo na Luz de 2016 que apenas 31 mil adeptos quiseram assistir ao vivo, mas casou muito bem com o lançamento do jogo. Com esta vitória o Benfica encosta-se no 2º lugar da Liga depois do Porto ter voltado a perder pontos.

Mais uma jornada positiva, mais uma recuperação de pontos. Era jogarmos sempre assim como aquele intervalo entre os 29 e 34 minutos da primeira parte para encararmos o próximo jogo de maneira mais sossegada.

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 No dia de Reis, dia em que o Rei Eusébio passou pela Luz pela última vez, o Benfica brindou o povo com uma goleada à antiga. Eusébio terá sorrido com a bonita homenagem em forma de golos.