O grande dilema é o seguinte: o discurso de retoma europeia não bate certo com os zero pontos no final do dia depois da estreia europeia.
O Benfica começou a disputar a fase de grupos da Champions League pelo 10º ano seguido e não há maneira de sentirmos que a equipa dá o necessário salto qualitativo para bater certo com a promessa de pensar em grande na Europa.
As campanhas todas acumuladas adensam mais o sabor amargo de uma derrota caseira no arranque de mais uma campanha na Liga dos Campeões.
Nas últimas décadas o Benfica chegou aos 1/4 de final com o Bayern e com o Chelsea. Depois é preciso recuar a Koeman e lembrar o Liverpool. Foram as excepções que nos fizeram sonhar e que nos mostraram que podia acontecer um Benfica mais ambicioso na Liga dos Campeões. Mas por diferentes razões, o sonho de chegar mais alto vem sendo sempre adiado. Verdade que as duas caminhas até às finais da Liga Europa atenuaram bastante a frustração europeia mas não serviram de alavanca para mais e melhor.
Parece que há um medo cénico do Benfica em tentar regressar ao mais alto patamar europeu. Os adeptos não levam a sério as noites europeias na Luz que apresenta sempre uma triste moldura humana entre os 16 estádios que desfilam nos resumos no final da noite, e, há que dizê-lo, depois outros compensam com prestações vocais memoráveis longe de Portugal agarrando a ideia que há que ter euro ambição. Os vários treinadores do Benfica vacilam entre usar o 11 mais forte e consolidado e tentar lançar novas caras para não comprometer os pontos na liga portuguesa. Liga essa que é outro problema para o Benfica. O nível é tão mais baixo do que qualquer campeonato do top 5 europeu que os treinadores ficam sempre tentados a mudar algo táctico, individual ou colectivo para improvisar e surpreender o adversário. Isto porque fica demasiado fácil para qualquer clube que tenha de defrontar o Benfica vir observar a prestação interna da equipa e perceber como se joga. São cerca de 30 jogos internos que o Benfica tem para contornar adversários a jogar quase sempre da mesma maneira.
É isto em traços gerais.
Vamos ao desafio de hoje. Bruno Lage mexeu na equipa e no plano de jogo. Parece-me óbvio que o faça. Seguir para este jogo com o habitual 4-4-2 seria tornar tudo ainda mais previsível para o adversário. Já com o Frankfurt se percebeu que houve uma preocupação de montar um ataque diferente sem dar nenhum jogador à marcação da linha defensiva.
Hoje, Lage apostou em RDT mais à frente e Jota atrás, Cervi, uma surpresa mas que já tinha jogado no tal jogo com o Eintracht e Pizzi nas alas. Entregou o meio a Fejsa e Taarabt, dando continuidade a aposta do último jogo. Atrás também uma novidade, Tomás Tavares. André Almeida não estará ainda capaz de jogar dois jogos com um tempo de recuperação tão curto. Aqui parece mais uma necessidade do que um risco, mesmo porque Tomás Tavares fez uma exibição muito prometedora.
Portanto, a novidade era Jota a atacar as entrelinhas e Cervi mais fresco, primeiro jogo da época, para atacar e defender com a mesma velocidade e intensidade.
Curiosamente, de todas estas apostas a maior desilusão foi Pizzi. Mais uma vez em contexto europeu Pizzi parece eclipsar-se e até hesitar na hora do remate. É estranho o rendimento de um dos melhores jogadores do campeonato variar tanto em noites europeias. O valor de Pizzi quase que o obriga a estar no banco mas depois do jogo acho que até o próprio concordaria que teria sido melhor ter ido a jogo Rafa de inicio. São daquelas conclusões fáceis de tirar depois do jogo, antes é mais complicado.
Com tudo isto, o Benfica conseguiu dividir o jogo. Conseguiu mostrar momentos de bom futebol, especialmente guiados por Adel Taarabt e com combinações de primeiro toque que chegaram a empolgar a Luz.
A verdade é que o Benfica construiu oportunidades suficientes para marcar e isso é um bom indicador. O mais dramático é que continua a ser mortal a este nível não se concretizar as boas oportunidades. Grimaldo de livre viu Gulacsi a negar o golo, RDT arrancou grande remate mas voltou a sair ao lado, Pizzi foi irreconhecível na finalização e Cervi ainda devia estar a pedir desculpa pela envergonhada maneira como não marcou golo depois de um passe magistral de Taarabt.
Acrescenta-se a esta falta de qualidade na hora de fazer golo dois argumentos pesados. O primeiro é a diferença na hora de decisão de Timo Werner para a realidade que conhecemos. O alemão em oportunidade e meia faz dois golos. É duro mas é mesmo assim.
O segundo argumento é que há uns meses atrás quando batemos o Eintracht na Luz quem fez de avançado foi João Félix. Podem gostar muito ou pouco mas o rapaz é um craque e fez 3 golos resolvendo uma questão que hoje nem RDT, nem Jota conseguiram. E não conseguiram porque João Félix só há um de tempos a tempos e por isso é que saiu pelo valor que se sabe.
Então porque é que não se foi buscar um jogador assim? Bom, por mim trazia-se o Timo Werner, por exemplo. O problema é que só o dinheiro não chega para ter um jogador daqueles no nosso quadro competitivo e foi isso que Bruno Lage explicou na conferencia de imprensa antes do jogo com o Gil Vicente.
É neste drama que vivemos.
Houve coisas boas mas no fim da noite lá está o último lugar do grupo à nossa espera.
Há jogadores importantes de fora por lesão e há uma pressão extra pela nuvem negra que tem pairado sobre as prestações do clube na prova. Só um bom resultado na Rússia e um positivo confronto duplo e directo com o Lyon pode devolver a esperança europeia aos adeptos. Há condições para isso desde que a objectividade na hora de concretizar suba aos níveis desejados.
Há uma enorme diferença entre as expectativas dos profissionais e dos adeptos. Isto é, quem faz parte da organização do futebol profissional do Benfica, técnicos e dirigentes, não vê o pré jogo e o pós jogo da mesma maneira que os adeptos nas bancadas ou em frente à televisão.
Uma das grandes mais valias que Bruno Lage trouxe ao universo do Benfica foi humanizar essa visão sobre o futebol em geral. Não se repete entre lugares comuns, não avalia os jogos segundo uma realidade paralela ou uma ciência obscura só ao alcance de uns iluminados e tenta sempre explicar as suas opiniões.
Serve esta introdução para contextualizar os sentimentos mistos que ouvi e li após o jogo deste sábado à noite.
É verdade que não se pode justificar uma exibição menos conseguida logo à partida com a paragem das datas FIFA. Mas não se deve ignorar quando o melhor jogador em campo, Adel Taarabt, diz que a tal paragem tornou este jogo mais difícil.
Também não se deve justificar a menor intensidade de jogo do Benfica, principalmente depois do 2-0, com o facto de estarmos a poucos dias da estreia na Champions League. Mas na verdade é algo comum a quase todas as trinta e duas equipas que vão disputar a maior prova de clubes do mundo. É reparar nos resultados e exibições de Juventus, das equipas de Madrid, do Manchester City ou mesmo dos três adversários do Benfica, só o Zenit venceu e com bastantes dificuldades.
Isto nem são desculpas, são factos para tentar chegar aquilo que quero. Penso que a melhor maneira de avaliar e analisar a exibição do Benfica é utilizar o pragmatismo e o equilíbrio contextualizando o momento competitivo do calendário.
Posto isto, recupero as diferenças entre profissionais e adeptos para ir directamente a um momento do jogo que me deixou confuso. Quando Jota está na linha lateral pronto para entrar começou uma corrente de desabafos nas bancadas. Aconteceu na minha bancada e acredito que tenha sido em todo estádio. "Pronto, ele vai tirar o RDT".
Placas levantas e sai mesmo o espanhol. A reacção das bancadas veio nessa sequência, assobios para a repetida decisão de Bruno Lage. Algo que me pareceu lógico e natural numa relação aberta e honesta entre adeptos e treinador. Os adeptos não estão a gostar que saia sempre Raul de Tomas e manifestaram-se. Não vejo mal nenhum mesmo porque este é um estádio que tem um legado assustador nas bancadas onde adeptos assobiavam lendas como Nené ou Cardozo e a própria equipa a ganhar quando não goleava. Até aqui nada de anormal.
Mas reparei que a reacção de Lage, RDT e Seferovic é que baralhou isto tudo porque todos interpretaram a assobiadela como se fosse para o jogador a sair. E não foi. Até foi uma manifestação de carinho e confiança no espanhol, os adeptos queriam mais tempo em campo.
Esta á minha interpretação de um dos momentos mais acesos da noite. Posso estar enganado mas o protesto foi para a decisão da equipa técnica. Repito que não vejo mal nenhum nisso e acredito que Bruno Lage também não se importe de explicar a opção. Mas isto faz parte do futebol porque, como comecei por dizer, há sempre uma visão do banco e outra das bancadas. E assim é que tem de ser.
Já agora, deixo aqui também a minha visão de adepto de bancada sobre a não entrada de Tomás Tavares. Se era para lançar o miúdo porque é que não se tratou da substituição mais cedo? Mais um exemplo da maneira diferente como se vive o mesmo jogo.
Por falar em jogo, o que mais interessava era garantir os três pontos. Estes são os jogos que precisam de ser resolvidos com convicção. Bruno Lage ao ter normalizado as goleadas do Benfica no campeonato corre sempre este risco quando vence "só" por 2-0. É uma pressão óptima, uma dádiva só ao alcance de poucos treinadores. Elevar a fasquia para ser cobrado por vitórias menos expressivas e empolgantes. Há treinadores que fazem toda uma carreira contentes com um triunfo por 1-0. Lage no Benfica tem que se justificar quando ganha por 2-0.
Um jogo no Estádio da Luz contra uma equipa repescada da 3ª divisão, depois de uma goleada em Braga, depois de um último jogo na Luz de má memória, tudo isto somado pedia uma goleada com futebol atractivo num sábado à noite e motivação para o grande embate com o líder da Bundesliga que, diga-se, não está a entusiasmar os 60 mil que podem encher a Luz, o que lamento.
A realidade é que o Gil Vicente é uma equipa já bem arrumada, muito bem treinada por Vítor Oliveira, com alguns jogadores muito interessantes, como Kraev, Sandro Lima, Baraye ou o guarda redes Denis, e veio à Luz com um plano de jogo digno e bem pensado pelo seu treinador.
Conseguiu atrapalhar os pontos fortes do Benfica, faltou mais qualidade ofensiva e assustar a defesa do Benfica mais vezes. Mas deixou boa imagem na visita à casa do campeão.
No Benfica houve estreia na dupla do meio campo, Fejsa regressou à posição "6" e Taarabt voltou a ser "8" e, tal como em Braga, esteve muito bem. Tão bem que acabou por ser o melhor em campo tendo naquele passe que acabou por dar o 1-0 o melhor lance para recordar.
De resto, a mesma equipa do Benfica com as qualidade de Pizzi e Rafa, as expectativas em Seferovic e RDT, os apoios de Grimaldo e André Almeida e a segurança de Ruben e Ferro. Odysseas voltou a assinar uma folha limpa, a quinta em seis jogos.
Não foi exuberante, não foi entusiasmante mas é muito agradável que se passe a avaliar as exibições do Benfica do ponto de vista do luxo. É que foram décadas a analisar jogos do ponto vista do lixo onde algumas vitórias pela margem mínima eram elogiadas pelo esforço e triunfos por mais de um golo de diferença eram tranquilas. Eu gosto mais assim. Um 2-0 ao Gil Vicente que deixa o pessoal alarmado. É preciso mais e melhor.
Volto a referir o conceito de equilíbrio, acho que é o mais sensato. Era preciso regressar ao ciclo de jogos de clube com uma vitória e sem sobressaltos. Depois de Pizzi ter falhado o penalti o jogo podia ter ficado feio. Felizmente, a equipa procurou o golo antes do intervalo. Até no feliz 1-0 há drama no Benfica, o autogolo de Ygor Nogueira deixou RDT em nervos. Ou seja, o Benfica resolvia um problema antes do intervalo mas como não foi de forma imaculada viu-se drama. Isto, às vezes, não parece um clube de futebol, parece um enredo do dramaturgo William Shakespeare.
O Benfica ganhou bem, fez a sua parte antes de começar a caminhada europeia. Estamos com cinco jornadas na Liga e há dúvidas dentro do futebol do Benfica. Há e vai continuar a haver. Foi o primeiro jogo após o fecho de mercado e com as lesões vamos ter ser matéria para especular entre as posições "6" e "8" além das dinâmicas da dupla atacante. Um 2-0 é um resultado natural que já não chega para satisfazer as exigências dos adeptos porque Bruno Lage vulgarizou as goleadas. Engraçado.
Mas a tudo isto chama-se época de uma equipa de futebol que costuma ultrapassar a meia centena de jogos.
Segue-se nova viagem ao Minho, estamos em ciclo de jogos com equipas minhotas na Liga e essa estreia na Liga dos Campeões com os líderes da Bundesliga na Luz. Uma visita à dimensão maior do futebol mundial numa pausa da limitada realidade do futebol português.
Quis o "sorteio" da Liga 2019/20 que, caprichosamente, duas das três equipas que subiram à primeira divisão começassem a competição contra os primeiros dois classificados da última temporada. Para o Estádio da Luz avançava o campeão da 2ª Liga que manteve uma boa parte do seu experiente plantel e reforçou-o. Para o Porto ficava o clube que vinha do 3º escalão directamente para a Liga NOS e que tinha de fazer uma equipa em pouco mais de um mês.
As previsões começaram, os prognósticos sucediam-se. Passou a ser banal começar frases por "Então, e se ...".
Então, e se o Benfica vier "morto" lá do torneio dos "states" e chegar ao Algarve e perder a Supertaça para os rivais de Lisboa? É que o Sporting não vai perder ninguém até lá e se está a reforçar. Aposto que o Bruno Fernandes só sai depois de ganhar ao Benfica.
Ah, e se o Benfica perde a Supertaça aquilo abana tudo, ficam nervosos e podem perder pontos na estreia em casa. Olha que neste milénio o Benfica já teve muitos arranques aos soluços. Isto até dava uma boa capa para o jornal O Jogo.
Entretanto, o Porto começa no Minho com o Gil Vicente que teve de ir comprar um plantel novo e está a meio de uma eliminatória europeia. Vai correr tudo bem.
Curiosamente, não li, nem ouvi, ninguém lançar a seguinte suposição: então, e se o Benfica ganhar a ICC, chegar ao Algarve e golear o Sporting na conquista da Supertaça, voltar a golear na estreia da Liga e partir para a jornada 2 já com 3 pontos de avanço para o Porto?
Não lembrava a ninguém, pois não?
A estreia num campeonato é sempre um momento simbólico muito esperado por adeptos e jogadores. Mais de 62 mil (!) benfiquistas encheram a Luz para o arranque da Liga. Depois da vitória na Supertaça, a ambição e o optimismo, que já vinha reforçado de Maio, aumentaram. A vontade de voltar a ver a equipa atinge níveis de inquietação geral. Além de tudo isto, enquanto a equipa está a aquecer chega do Minho a notícia da derrota do Porto.
A resposta do Benfica? 5-0 ao Paços de Ferreira. Mas 5-0 com vários sinais para serem decifrados. Samaris regressou à equipa com a ausência de Gabriel. Nuno Tavares voltou a jogar à direita. Mais do que uma interessante solução, o miúdo hoje baralhou as contas todas aqueles que o apontavam como um erro de casting de Lage. Um golo, duas assistências. Já vi estreias piores na Liga.
Por falar no golo de Nuno Tavares, queria agradecer, sinceramente, ao Paços de Ferreira a troca de campo que obrigou o Benfica a jogar para sul primeiro. Foi da maneira que vi na perfeição o golaço de Nuno Tavares na Baliza Grande. Que momento inesquecível.
O sinal mais interessante desta goleada é que me parece que a equipa do Benfica até aparenta ainda estar longe do patamar de qualidade de jogo ideal. Há muito para melhorar. Mas com uma exibição normal, sem deslumbrar, o Benfica consegue ganhar por 5-0. Com Bruno Lage as goleadas voltaram a fazer parte dos hábitos de campeonato da equipa.
Último sinal interessante, Carlos Vinicius apresentou-se na Luz com um golo à ponta de lança. Estrear a marcar, o que se pode pedir mais a um avançado?
Depois da conquista da Supertaça, começámos a grande maratona até Maio da melhor maneira. Com a ambição de sempre, com a vontade do costume, pelo Benfica.
Dia 12 de Maio, dia de peregrinação em Portugal. Os mais fervorosos a saírem um pouco de todo o lado do país rumo a Vila do Conde para a última deslocação da temporada do Benfica.
Quando seguia viagem para norte, dei por mim a pensar se já tinha assistido a alguma vitória tranquila do Benfica nos Arcos. Nunca tive essa sorte.
Aliás, andei tão para trás nas minhas memórias que recuperei um jogo em que estádio do Rio Ave se vestiu totalmente de vermelho para uma apresentação do Benfica aos adeptos do norte nos Arcos. Foi na pré temporada de 2002/03 contra o Celta. Nem o regresso de Nuno Gomes evitou outra derrota com os espanhóis.
Porque é que é importante recuperar esse dia de verão de 2002? Porque eu estava em Vila do Conde e fiquei surpreendido com a quantidade de adeptos que foram ao estádio apoiar a equipa. Não por ser no norte, o Benfica sempre teve apoio a norte, mas pela grave crise que o clube estava a atravessar. Em pleno Vietname do Benfica, os adeptos do norte eram tão fieis e dedicados que a Direcção do clube achou pertinente fazer ali um jogo de apresentação.
Pois bem, esse respeito foi muito importante para o Benfica nunca perder a sua ligação com o povo. Por muito maus que fossem os resultados, o carinho dos adeptos do Benfica nunca faltou. E foi essa resistência que fez possível que o clube recuperasse a sua identidade, o seu destino de vencer e chamar as pessoas à sua passagem. Só isto explica que em 2019 tenhamos ficado com imagens eternas de uma multidão apaixonada por uma equipa, por um emblema, pelo nome do Sport Lisboa e Benfica.
Estes milhares de adeptos estão ali para mostrar o seu agradecimento a todo o futebol do Benfica. O agradecimento por nunca terem desistido mesmo depois deste país ter condenado o clube na praça pública de todos os crimes e mais alguns, mesmo depois deste país ter manchado o nome do clube nos últimos anos, e acima de tudo, mesmo depois de termos passado os últimos dois anos numa luta suja, titânica e desnivelada com todos os adeptos do único clube maior que o Benfica em Portugal, o Anti Benfica.
Não se tratava de euforia, não se tratava de festa antes do tempo, não se tratava de deitar os foguetes antes da festa, tratava-se, apenas e só, de uma gigantesca demonstração de carinho, de apoio, de acreditar que o Benfica pode continuar a conquistar campeonatos mesmo que haja um surreal trabalho diário em toda a imprensa para evitar que isso aconteça.
Meus amigos, esta é que é a força do Benfica. São os milhares que esgotaram o Estádio dos Arcos para apoiar durante o jogo e, arrisco escrever, os outros tantos milhares de benfiquistas que mesmo sem bilhete para entrar no recinto, invadiram a rotunda e as imediações do Estádio para dar este apoio incrível.
Tudo isto foi importante para dar mais força ao Benfica que, afinal, ia começar a partida com o Rio Ave em 2º lugar na Liga NOS. Estes eram os factos às 20h de domingo. O Benfica tinha muito que trabalhar, tinha que encarar o jogo com toda a concentração para garantir que saía dos Arcos na liderança novamente.
Foi isso que aconteceu. Tanto se pediu que o Benfica entrasse melhor nos jogos, que aos 3' Rafa fez o 0-1 dando origem a uma explosão de alegria movida pelo alivio de ver recuperado o 1º lugar bem cedo.
Como era de esperar, o Rio Ave deu muita luta e voltou a complicar muito a vida do Benfica. Na Luz chegou a estar a vencer por 0-2, no jogo que marcou a estreia de Bruno Lage e Daniel Ramos em cada banco.
Quando tudo apontava para o 0-1 ao intervalo aconteceu o momento mais polémico. O Rio Ave queixou-se de um penalti de Florentino, o Benfica respondeu com o 0-2. São momentos marcantes porque há motivos para dúvidas. Daniel Ramos diz que se transformou o 1-1 em 0-2.
A verdade é que Florentino pôs-se a jeito para ser marcada falta. Mas como já ouvi nesta Liga, a falta começa fora da área e, por isso, nunca seria penalti. Seria um livre perigoso que estava longe de dar o 1-1. Mas mesmo que acontecesse o penalti reclamado e fosse transformado, é preciso lembrar que o Benfica em Braga foi para o intervalo a perder e na Luz com o Portimonense estava empatado. Reagiu sempre bem, como se sabe.
Já o 0-2 parece-me que não tem discussão, João Félix está fora de jogo. Acho muito estranho que o VAR não tenha mandado o árbitro analisar tudo com calma. Mas eu também achei muito estranho que o VAR não funcionasse na Luz com a SAD de Belém ou no Jamor com a mesma SAD. E aí não vi ninguém preocupado. Aliás, eu ainda gostava de perceber o papel do VAR em lances que deram 10 pontos a mais ao Porto, como explica o insuspeito Rui Santos, e qual foi o seu papel nas meias finais da Taça da Liga. Mas aqui já não vejo ninguém muito interessado. A época tem sido toda isto, desculpem mas a mim não me vão convencer que os problemas com o VAR começaram em Vila do Conde. Antes pelo contrário, é uma nota de rodapé na quantidade de disparates que vimos por esses campos fora. Terceiro classificado incluído, basta ver o número de penaltis a favor.
O Benfica com 0-2 tremeu por culpa própria, não soube matar o jogo e acabou por sofrer o 1-2 que trazia à memória a recuperação muito apreciado do Rio Ave com o Porto naquele mesmo local.
Pizzi fez o 1-3 e parecia ter resolvido a questão. Só que o 1-4 nunca aconteceu, oportunidades não faltaram, e o Benfica acaba a sofrer com o 2-3 do Rio Ave.
Um belo jogo numa atípica noite quente nos Arcos, cinco golos, emoção e uma felicidade imensa no sentimento do dever cumprido no final da partida.
Ponderei não o fazer mas não resisto. O Benfica nunca falhou com nada ao Coentrão, pois não? Pagou tudo, a tempo e horas. Recuperou o homem, revelou o jogador, apoiou-o sempre em tudo. Fez dele um jogador tão bom que até o Real Madrid achou que estava à altura dos maiores desafios. O Benfica fez do Coentrão um quase ex jogador para um craque do plantel do Real Madrid. Como todos os outros jogadores que saem da Luz para vidas melhores, o clube nunca lhes faltou ao respeito. Infelizmente, este Coentrão quer acabar como começou, uma triste e embaraçosa nota de rodapé no futebol português. Desprezo e que daqui a uns anos não tenhamos que ter mais pena dele do que temos agora.
Ir ao norte significa comer bem. Desta vez a sugestão foi a gastronomia da Adega do Testas em Vila do Conde. Atendimento de simpatia superior, carne grelhada de qualidade imbatível. Batata frita caseira, arroz com grelos e enchidos num caldo irresistível. Tudo mais do que aprovado.
A última saída da época foi tão cansativa como reconfortante. Uma jornada de benfiquismo para a história deste campeonato e do clube.
Para tudo isto fazer sentido, já sabem, encarar o último jogo na Luz com a mesma seriedade, a mesma convicção e a mesma ambição. Falta menos de uma semana para carimbarmos um dos títulos mais incríveis de sempre. Até lá ficam as recordações de um norte vermelho.
Muita concentração para este exercício: voltemos ao minuto 65 deste jogo. Tentem imaginar uma sensação melhor, uma emoção maior, na vossa vida do que aqueles 10 segundos entre a recepção de Rafa na grande área, o disparo para o 2-1 e a maneira como festejaram a reviravolta.
Não há nada superior a isto, pois não?
É por isto que o futebol do Benfica tem tanta importância na nossa vida.
Para trás tinha ficado uma hora de agonia e sofrimento.
Sair da Luz e voltar à vida é ter de explicar a familiares ou amigos que o resultado final foi 5-1 mas que nesta tarde durante uma hora sentimos o mundo perto de desabar. Ninguém entende fora do contexto certo.
O Portimonense de Folha jogou muito bem, não caiu na tentação do anti jogo, esteve a ganhar e assustou a sério Bruno Lage e os seus seguidores.
As culpas do Benfica não fáceis de decifrar. Será ansiedade, medo de falhar, pressão extra pelo pouco que falta jogar, alguma coisa se está a passar com as entradas do Benfica nos últimos dois jogos.
O que não é atacável é alma e a determinação com que a equipa responde quando o quadro é negro. Aqueles cinco minutos em que Rafa nos resgatou da depressão ao alivio foram absolutamente mágicos. Poucas vezes se viu, sentiu, viveu um ambiente assim na Luz. 60 mil adeptos em êxtase numa explosão colectiva de raiva e acreditar nos seus que fez tremer todo o estádio. O Benfica empatou e a Luz entrou em erupção. No 2-1 ouviu-se um festejo tão ensurdecedor que fez lembrar as melhores celebrações da antiga Luz. Ao nível de um golo ao Steaua ou Marselha. Sem exageros.
Foi de tal maneira libertador que a equipa arrancou para mais uma épica goleada. Uma série de golos até como que a compensarem todo o sofrimento que tinha ficado para trás e que já ninguém se recorda.
Não vale a pena virmos para aqui dizer o óbvio que é ter de evitar sofrimentos. Num mundo ideal o Benfica começava todos os jogos a ganhar e chegava ao intervalo com um 4-0. Bruno Lage e os jogadores lá saberão como preparar a viagem a Vila do Conde. Uma coisa certa, nos Arcos os benfiquistas lá estarão em peso preparados para sofrer e carregar a equipa para mais uma vitória. Nem é nada de novo naquele estádio, certo Raúl?
Hoje o jogo resolveu-se na 2ª parte, a baliza Grande da Luz cumpriu o seu destino e todos temos um resto de fim de semana bem melhor.
Faltam dois jogos. São os dois para ganhar. A montanha russa de emoções deste sábado vai dar lugar a um vazio e ansiedade própria de quem vai começar tudo do zero de novo no próximo fim de semana.
Para quem acha que isto de fazer mais de 700 Km's num dia só para estar onde o Benfica joga é uma festa e só divertimento deixo aqui o relato de um final de jogo que devia corar de vergonha todos os responsáveis pela organização do jogo de Braga e do seu policiamento. Num dos momentos mais felizes da temporada, no desfecho de um dos jogos mais complicados deste final de temporada, a euforia marcava aquela bancada superior destinada aos adeptos do Benfica. Uma goleada construída na 2ª parte garantiu os 3 pontos e a liderança a três jogos do fim. É ali, naquele momento, que os adeptos têm o direito de se manifestar, de celebrarem a vitória, de mostrar o seu alivio e contentamento. Devia ser naqueles minutos que a expressão festa do futebol desse sentido à vida de homens, mulheres, crianças, mais velhos e mais novos, todos unidos pelo amor ao Benfica.
Nada mas mesmo NADA pode justificar a carga policial que testemunhámos das filas mais altas da bancada por ali abaixo, com os policias a baterem descontroladamente em TODOS os adeptos que pagaram para ir ver este jogo da Liga NOS.
Momentos de pânico e de vergonha que deve ter tirado a vontade de um dia voltarem a um estádio a dezenas de crianças, de pais, de homens e mulheres, jovens e idosos.
Se a justificação era a pirotecnia usada na bancada, e que resultou em imagens incríveis como a que se pode ver abaixo, então isto devia dar até demissão do ministro da Administração Interna.
É que não conheço nenhuma lei neste país que diga que o uso de pirotecnia deve ser punida com violência gratuita e indiscriminada. Há castigos previstos, há multas previstas, até há quem todos os dias sonhe em fechar o estádio da Luz, o que não pode acontecer é este espectáculo absolutamente repugnante de violência policial.
Quem organiza os jogos do Braga também devia vir dar explicação aos milhares de adeptos que encheram aquela bancada superior. Porque é que só se usa uma escadaria de acesso à bancada obrigando dezenas de milhares de adeptos a uma espera para entrar e, sobretudo, para sair absolutamente anormal. Repito, só se se pode usar uma escadaria, e portanto, uma entrada, para TODA a bancada. Vergonhoso, irresponsável, desrespeitoso.
E o que dizer dos relatos que nos chegaram do outro lado do estádio onde adeptos do Benfica foram agredidos, muitos tiveram que ter tratamento hospitalar, com invasões de adeptos do Braga até aos camarotes? E agressões adeptos à saída do estádio. Vai tudo assobiar para o ar? Vergonha alheia.
Para terminar este quadro negro, porque raio temos que levar com uma coreografia que não nos deixa ver nada para o relvado até o jogo começar? Era do lado das claques "legalizadas" do Braga? Ok, então façam coreografia em que a altura não ultrapasse as suas bancadas. Na Luz não se tapa a bancada dos visitantes com panos.
Como se vê, o respeito pelo adepto do futebol é zero. Tudo se faz para afastar as pessoas dos estádios. Mesmo assim, a Pedreira hoje teve a maior enchente da temporada. E isso deve-se apenas e só a um amor incondicional e irracional que os adeptos do Benfica têm pelo seu clube. É caso único em Portugal, é caso raro na Europa. É uma das principais fontes de inveja e ódio do resto do país. Esta invasão benfiquista a Braga transtornou muita gente e deu um conforto à equipa que pode valer momentos históricos.
Mandaram 1500 bilhetes para a Luz? A resposta dos benfiquistas foi esmagadora.
O jogo não começou bem? Não. Até parecia que o empate de Vila do Conde bloqueava o futebol ofensivo do Benfica, quando devia ser o contrário. Ao intervalo a derrota pesava imenso nos pensamentos de quem tanto espera da equipa. Não tínhamos atravessado o país para ver uma exibição tão apagada. O povo benfiquista que invadiu a Pedreira não foi ali para ver o Braga a ganhar com um penalti de Wilson Eduardo.
A 2ª parte começa com um apoio ainda mais forte da bancadas. Quando aos 52' João Félix viu a bola ser desviada por Tiago Sá para o poste, a Pedreira estremeceu com o bruá dos benfiquistas. A equipa acordou de vez, as bancadas explodiram de vez em apoio furioso para a reviravolta, não houve ninguém naquele recinto que não tenha sentido que ia acontecer remontada.
Aos 59' e 65', Pizzi não vacilou e colocou o Benfica na frente com dois penaltis. Pizzi que passou a ser o jogador com mais influência neste campeonato, com 12 golos e 19 assistências. Esteve directamente ligado em 31 dos 91 golos do Benfica. Isto porque além dos golos, ainda fez uma assistência para Rúben Dias aos 69'.
Rúben Dias que está a fazer uma temporada soberba, bateu hoje o recorde de jogos pelo Benfica numa época, superando... Pizzi. Líder natural da defesa e da equipa. Autoridade do Seixal para a equipa principal do Benfica.
Rafa fechou a contagem regressando aos golos. Aos 90', um grande golo a fechar uma 2ª parte de sonho da equipa. Rafa que também está na sua melhor campanha de sempre, já bateu o ser recorde de golos marcados.
Toda a equipa percebeu o momento do jogo, o contexto do campeonato e a necessidade de vencer num campo complicado. Repetiu os 4 de Moreira de Cónegos e de Santa Maria da Feira, as últimas saídas da equipa.
É muito importante perceber que só com uma atitude superior nos segundos 45' foi possível evitar um drama. Estamos tão perto de ser felizes como de entrar em depressão profunda. Tem que haver equilíbrio. Dentro e fora de campo. Celebrar os 3 pontos e depois esquecer este jogo e começar a pensar que o Portimonense em Janeiro ganhou por 2-0. Levar isto a sério, sem euforias nem fanfarronices. Era importante que todos pensassem assim. Não faltam exemplos de falhanços na recta final do campeonato. De preferência, que nos próximos três jogos haja mais Benfica da 2ª parte e menos da 1ª.
Antes do grande jogo em Braga, houve desvio até Vila Verde para revisitar um restaurante que devia ser considerado uma das maravilhas de Portugal. O Torres, em Vila Verde, tem uma oferta gastronómica imbatível ao nível da proteína. Foi isto que aconteceu:
Longa vida aos senhores benfiquistas do Torres.
Grande dia passado na estrada, mais uma visita ao Minho bem sucedida no dia em que César Brito fez magia nas Antas em 1991. Um dia inspirador que trouxe o Famalicão de volta À primeira divisão. Mais uma viagem ao Minho para a próxima temporada. Aliás, duas, que o Gil Vicente também vem aí. Gastronomia da boa não faltará na próxima época.
Para já, só interessa o jogo com o Portimonenses. Temos um 2-0 para rectificar na Luz.
Pessoal da Madeira que torce por um dos clubes da Ilha:
Até há pouco tempo tinham três equipas na divisão maior, não raras vezes viam os seus clubes a lutarem por uma vaga europeia. Ultimamente, só Marítimo tem representado a Madeira com regularidade na Liga NOS e este ano lutam para não descer juntamente com o Nacional. Quero que ponderem o seguinte detalhe, ambas as equipas quando tiveram o privilégio de visitar a Luz resolveram fazer a rábula de obrigar o Benfica a atacar para Sul primeiro. Resultado das duas visitas ao Estádio do Sport Lisboa e Benfica, 16-0!
Pode ser coincidência mas os 10-0 do Nacional e estes 6-0 ao Marítimo começaram com uma troca de campo invulgar na Luz. Pensem nisso.
O Benfica vinha de uma ressaca europeia, entrava com a habitual pressão de saber que o rival já tinha despachado a sua tarefa, na prática já despachou todas as tarefas até ao fim, e voltou a dar uma excelente resposta a todos os que esperam um mau resultado na Liga. Bruno Lage na Liga NOS leva 15 jogos, venceu 14, empatou 1 e leva 56 golos marcados contra 11 sofridos. Recuperou a liderança e tem mantido a equipa na frente com categoria.
A 4 jornadas do final do campeonato, o Benfica tem 87 golos marcados. O segundo classificado tem 62.
Esta superioridade tem que ser demonstrada e defendida até ao fim. Hoje, o Benfica voltou a começar o jogo muito bem e abriu a partida com o 1-0. Mais um golo de João Félix. Canto de Pizzi e Félix a rematar de primeira.
Não há nada melhor do que começar assim os jogos. Depois é continuar a carregar e partir para uma noite descansada. Hoje só na 2ª parte veio a tranquilidade absoluta. Cervi aproveitou a titularidade para bisar, imitou o inevitável Félix, Pizzi fez o seu golo e ainda houve tempo para Salvio regressar aos golos.
O golo de Salvio aparece ao minuto 90. O segundo do Cervi tinha acontecido aos 88'. A quantidade de adeptos que não viram os golos por já terem virado costas ao Estádio da Luz é absurda.
Num mundo perfeito o Benfica só marcava golos a partir do minuto 88 para castigar todos aqueles que teimam em não ficar no seu lugar até ao momento de aplaudir a equipa no final do jogo.
Goleada entusiasmante numa noite de frio e chuva numa época familiar festiva que dá o mote para as 4 finais que o clube tem de vencer para voltar a ser feliz.
Passo já a explicar o titulo da crónica. Quando João Félix fez o seu golo e correu para o irmão lembrei-me de uma canção dos Sham 69 que diz "If The Kids Are United, Then We'll Never be Divided". Uma das músicas que mais ouvi, certamente.
Só um momento muito especial, uma imagem muito forte, é que faria com que eu fosse buscar este tema na minha memória.
Vivem-se noites de magia na Luz, João Félix tem tornado tudo muito mais especial e continua a coleccionar momentos e imagens para a eternidade com uma naturalidade impressionante!
O Benfica anda a transformar períodos de tensão em celebrações divinas.
Isto porque estamos na recta final daquilo que é uma corrida a dois mas não da maneira que nos querem vender. Oiço e leio por aí que a Liga está a ser decidida como se fosse uma renhida corrida de formula 1 com os carros lado a lado até ao momento final. Não concordo. A impressão que tenho é mais de um contra relógio ao mais alto nível do ciclismo. Há um rival que já fez o seu trajecto sem falhas e o Benfica está a 5 Km de completar a sua parte. Só que já sabe que não poderá falhar uma pedalada que seja, sob pena de perder a corrida. É que o concorrente está descansado na meta à espera de um tropeção. É ver o que tem sido os jogos do Porto neste campeonato, até o insuspeito Rui Santos acha que levam 10 pontos a mais...
Com este cenário, ao Benfica só resta ter a concentração máxima nos seus jogos e fazer o que Bruno Lage tem dito desde aquela vergonhosa meia final da Taça da Liga, foco naquilo que podemos controlar, ou seja, o nosso futebol.
Nesse aspecto, o momento é prometedor. Depois dos 1-4 em Santa Maria da Feira, dos 4-2 ao Eintracht na 5ª feira, nova chapa 4, agora ao Vitória de Setúbal.
É prometedor porque na última vez que o Vitória FC veio à Luz numa recta final de campeonato, perdi uns anos de vida com aquele triunfo por 2-1 com Pizzi a desafiar o 2-2 que, felizmente, não apareceu.
Desta vez, o Benfica esteve sempre na frente e marcou logo no arranque da partida. Grande jogo de João Félix, de Florentino e de Rafa. Todos os jogos há um conjunto de jogadores a aparecerem mais fortes e inspirados que guiam a equipa para os resultados pretendidos. Claro que ainda há a destacar o jogo de Seferovic, que marcou e de todos os que ajudaram a conquistar os 3 pontos.
Pizzi ficou marcado pelo penalti que não conseguiu converter, Ruben Dias fez um penalti desnecessário, Ferro não teve a sua melhor noite e Samaris esteve um pouco abaixo da noite europeia mas todos foram importantes para controlar a vantagem e construir um resultado que permitisse uma noite mais tranquila do que seria de esperar.
Regresso ao tema "If The Kids Are United" para realçar, com tristeza, que continuamos a ter um ambiente muito estranho na Luz. Os putos Félix deram o exemplo de união, a equipa toda dá o mesmo exemplo quando se trata de celebrar golos mas isto não se reflecte nas bancadas. Absolutamente deprimente a assobiadela prestada à equipa, pior do que isso, a um miúdo como Florentino, antes do intervalo com a equipa a vencer por 2-1. Inexplicável. Isso não é exigência, é demência, meus caros.
E depois, antes dos 60 minutos, ver Bruno Lage a pedir apoio a umas bancadas adormecidas é embaraçoso. O que é que se passa?! Não percebo em que ponto é que a Luz se transformou num espaço assim. Esta plateia não mereceu aquele desarme do "Tino" que acabou em golo. Desculpem mas não merece mesmo. Talvez por saberem isso, a maioria dos espectadores vira costas ao jogo 10 minutos antes do seu final, completamente desinteressados da possibilidade de mais um golo ou de uma possível calorosa ovação já depois do jogo terminado que conforte os nossos jogadores para as cinco finais que faltam. Nada disso, quando a equipa se junta no relvado para agradecer ao público já só deve lá estar 20% da assistência anunciada uns minutos antes nos marcadores da Luz. Deprimente.
Mais uma prova superada, uma vitória justa, segura e relativamente tranquila que nos deixa optimistas para o que falta jogar.
Muito obrigado, Seferovic pelo fim de noite feliz e aliviado. Foi o único momento que salvou este sábado.
Desculpem o tom negativo, eu tenho sempre trazer aqui alguma emoção, muita subjectividade. Até podia dizer que uma vitória arrancada assim na recta final é mais emocionante e contraste com aquela monotonia que eu defendo para todos os jogos o do Benfica. Mas nem me apetece ir por aí.
Passadas umas horas após o final do jogo não me passa um estranho desconforto que continuo a sentir. É horrível esta sensação que isto não depende só do trabalho da nossa equipa. E hoje vou mesmo desabafar.
Eu sei que foi má ideia, mas, talvez, pela hora do jogo eu estive a ver o Braga - Porto com atenção. E o que levo dali é facilidade e as certezas com que se marcam penaltis para o Porto e no lance que daria penalti para o Braga nada acontece.
Este desconforto é transportado para a Luz. Quando vejo o João Pedro a fazer um penalti do tamanho do estádio sobre Samaris e acontece o mesmo que aconteceu ao Braga, isto é, rigorosamente nada, a racionalidade deixa de funcionar. É demais.
Porque raio é que eu pago o meu lugar cativo no estádio e tenho de levar com Xistras?! Um árbitro que a última vez que tinha aparecido foi naquela famigerada final 4 da Taça da Liga, também conhecida como uma das maiores vergonhas do ano.
O Pepa e o Tondela não têm nada com isto, jogaram bem e fizeram o seu trabalho. O Benfica esteve longe de fazer um grande jogo e Taarabt foi a grande surpresa da noite. Mas lidar com gente como este Xistra e a sua equipa mais o VAR é desesperante.
Desculpem, mas hoje não senti nenhum prazer em adorar este jogo. Hoje senti que é muito fácil desrespeitar o Benfica.
Só me apetece agradecer ao Seferovic, o golo e a vitória. Não há mais nada de bom a tirar deste dia. Nem o ambiente no estádio. Se queremos ser campeões também temos de fazer a nossa parte de fora. O Benfica é muito melhor apoiado fora da Luz do quem em casa, onde o ambiente tenso passa para dentro de campo uma ansiedade prejudicial.
Enfim, foi só mais um dia no futebol português. Acabou bem para o Benfica mas isto é tudo deplorável.
Vou começar pelo fim. Como reza (quase) sempre a tradição nos jogos na Luz, a ceia aconteceu no Edmundo, em Benfica. Até aqui nada de novo. Uma noite feliz, amigos contentes, conversa prolongada e horas de sono perdidas à mesa. No regresso a casa a surpresa de ter este cachecol vintage bem dobrado em cima da mota.
Ou foi uma simpática oferta de um benfiquista, hipótese muito remota, ou alguém se esqueceu dele depois de ter ficado a prolongar a conversa à porta do restaurante. Seja como for, fica bem entregue e passará a acompanhar-me.
Voltando ao principio, ou até ao pré jogo. Cheguei a ler e ouvir que o melhor era cair já hoje para não termos mais que nos distrair do objectivo do campeonato.
Eu respeito todas as opiniões mas não me podem pedir que concorde com isto. Já o escrevi aqui no blog noutros anos e hoje repito, para mim o Benfica tem de andar nas provas da UEFA até Abril, isto é o mínimo dos mínimos. Quem não entende isto não percebe que o Benfica ganhou o prestigio que tem ganhando na Europa. Uma época normal do Benfica tem que ter jogos das provas da UEFA até Abril, pelo menos. Depois, há as excepções. Um sorteio complicado, uma eliminatória infeliz, uma fase de grupos atípica, enfim, algo justificado para ser uma excepção. Este tem de ser o objectivo, o que é completamente diferente de dizer que o Benfica tem obrigação de eliminar sempre toda e qualquer equipa que apareça pela frente desde que não se chame Real, Barça, Bayern, Manchester ou Juventus. São assuntos diferentes e bem perceptíveis.
Dito isto, é óbvio que o Benfica tinha que eliminar o Dinamo de Zagreb. Era essa a sua obrigação de acordo com o seu historial. Podia custar mais ou menos mas tinha de seguir em frente.
Custou mais. Bruno Lage manteve-se coerente com a aposta em jogadores menos rodados, renovou a ala esquerda e a dupla de ataque e foi à luta. Teve que chamar reforços do banco, Jonas, Grimaldo e Félix, para conseguir ultrapassar um bem organizado Dinamo que veio disposto a defender o 1-0 da Croácia. Demorou mas o Benfica conseguiu anular a desvantagem, por Jonas, e foi preciso prolongamento para carimbar a passagem aos 1/4 de final da Liga Europa. Pizzi e Rafa fizeram um jogo incrível, e Ferro merece todos os elogios da noite. Fez um golaço que consumou a reviravolta na eliminatória e defensivamente foi um esteio.
Um apuramento justíssimo e muito importante para que o clube recupere a sua posição europeia.
Houve desgaste? Sim. O treinador terá que fazer alterações para Moreira de Cónegos? Claro que sim. Mas a vida do Benfica tem que ser esta.
Eu não sei como é que algum benfiquista consegue ser tão racional e objectivo que ao ver a bola rolar numa noite europeia começa a desejar que o jogo corra mal para a equipa ser eliminada e não ter que se esforçar mais até Maio. Eu não consigo pensar assim. Aos 10 minutos já estou desesperado por ver o tempo passar e ainda estar em desvantagem na eliminatória. Talvez sejam traumas de juventude. Daquela noite com o Dukla. Daqueles anos com o Bastia ou o Halmstad, ou talvez até seja daquelas épocas em que não fomos à Europa. Para mim, é impensável torcer para o Benfica sair de competição nas provas da UEFA. Foi uma grande noite europeia, à Benfica! Em frente é o caminho. O cansaço físico é superado pela moral vitoriosa psicológica.