Há um medo cénico em mim antes de todos os jogos que inauguram os nossos campeonatos. Possivelmente, isto vem do facto de o Benfica ter apresentado uma estatística durante alguns anos que dizia que os arranques eram quase sempre em falso. Ora, bem sei que a tradição tem mudado nos últimos anos e, agora, com Rui Vitória o primeiro jogo da Liga tem sido sempre vitorioso.
Mesmo assim, há aquele desconforto de ter de começar tudo de novo. Depois, o contexto não ajuda nada. As pré épocas acabam sempre em drama, os resultados não empolgaram, a imprensa levanta alarmes por cada jogador que sai, as exibições não convencem e, de repente, muita gente convence-se que está tudo mal, adeptos encarnados incluídos, dentro de um clube que é tetra campeão.
Depois, vem o primeiro jogo a sério da temporada e o Benfica acaba em festa com a conquista de mais um troféu. Aumenta a estatística de competições ganhas, o Museu Cosme Damião abre portas para receber mais uma taça, neste caso Super, os adeptos entusiasmam-se com um reforço como Seferovic, lembram-se da eficácia de André Almeida, da utilidade de Jardel e continuam a desconfiar do miúdo Varela mas já com um sorriso vencedor.
Acresce a todo este contexto um arranque de Liga NOS completamente absurdo. Não há em nenhum país do mundo um campeonato que comece num domingo, no dia seguinte à Supertaça que abre a temporada, e que veja a jornada 1 estender-se até... 5ª feira!
Ora, o Benfica acorda no domingo a festejar a estreia positiva na temporada mas deita-se já a 3 pontos do líder do novo campeonato. Quando, finalmente, entra em campo numa 4ª feira (!!) à noite já tem os dois rivais a 3 pontos de distância. É o que é, não deixa de ser tudo muito exótico, chamemos-lhe assim.
E para estreia calha-nos defrontar o Braga. Clube que tem andado sempre no Top 4 do nosso futebol, com uma eliminatória europeia já disputada e, portanto, com bom andamento. Tirando os dois rivais históricos, não se podia escolher adversário mais exigente, pelo menos, do ponto de vista teórico.
Ainda bem. Deu para ver que, afinal, o Benfica já está preparado para o campeonato, que a equipa já apresenta um futebol digno de um tetra campeão e que os dramas da pré época ficaram onde devem ficar sempre, na pré época.
Olhando para o 11 que Rui Vitória escolheu para o primeiro jogo na Luz desde que festejámos o tetra, só vislumbramos duas novidades, Bruno Varela na baliza, uma cara conhecida desde a nossa formação e Seferovic na frente. Dizer que Jardel e André Almeida ou mesmo Eliseu são uma espécie de remendo é parvo, uma vez que todos eles já fazem parte do núcleo duro do plantel há uns anos valentes.
Portanto, a pressão vai toda para o jovem guarda redes que ao ter a oportunidade da sua vida também sente todo o peso da responsabilidade de ser o nome mais falado quando se discute reforços. Neste aspecto, a estatística protege o miúdo, dois jogos oficiais, duas vitórias, 3 pontos e uma Supertaça. Nada mau. Não sei se é para continuar sem mais concorrência do que a actual mas, para já, o Bruno Varela merece o nosso carinho, acho eu.
Tive oportunidade de mostrar a minha satisfação pela aquisição de Seferovic a tempo e horas. Antes deste jogo recordei que o suíço costuma brilhar nas estreias em casa dos seus clubes e nos arranques de temporada, foi assim no Novara, em 2012, na Real Sociedad, em 2013 e no Eintracht, em 2014. Seferovic confirmou a regra e marcou contra o Braga. Melhor do que isso, mostrou porque é um excelente reforço para um sector já muito bem servido. Não engana.
E depois, apesar de todo o drama que se levanta todos os anos à volta do plantel do Benfica, enquanto a equipa apresentar jogadores em campo como Fejsa, Pizzi, Salvio, Cervi e Jonas, a qualidade vai sempre falar mais alto do que o ruído.
O Benfica voltou a apresentar aquele futebol sedutor durante largos minutos da primeira parte, chegou ao 2-0 e podia ter ampliado. Aliás, devia ter feito mais golos para resolver a questão mais cedo. Neste particular, Salvio não tem estado nada feliz na hora de se consumar as boas exibições com um resultado a condizer.
Ironia das ironias, na 2ª parte, já com o resultado em 2-1 após golo de Hassan antes do intervalo, foi Salvio a aparecer rápido em frente à baliza e confirmar o bom trabalho de Cervi na esquerda. Salvio fez golo e, espera-se, encontrou o caminho certo da finalização.
Voltemos atrás para falar do golo de Seferovic. Jonas na esquerda em cima de Esgaio faz o que quer e cruza superiormente para uma finalização à ponta de lança do novo jogador do Benfica. Um tratado.
Mas Jonas queria mais, e nós também. De uma bola a cair do céu mal aliviada na área do Braga, o nosso "10" dá um passo atrás, afia a mira e atira de primeira num golo de rara beleza. Este número, Jonas ainda não tinha apresentado na Luz. Que golo!
Portanto, 3 golos contra o Braga, nenhum deles deixa ponta por onde pegar para os odiadores de serviço, uma exibição que acalma as hostes encarnadas, enerva, ainda mais, os antis e fica a sensação que estamos a trabalhar para melhorar esta equipa.
Discretamente, na recta final da partida, ainda houve tempo para a estreia na Luz de mais um puto promissor, Diogo Gonçalves tem tudo para seguir a carreira feliz de outros miúdos vindos do Seixal.
Quanto ao video árbitro, no Jamor ganhámos, em Aveiro ganhámos e na estreia na Luz ganhámos. Obviamente, passámos do discurso de Maio em que com esta novidade o Benfica ia deixar de ganhar para um bem mais engraçado que sugere que o VAR só beneficia o Benfica.
Sabem o que é que beneficia mesmo o Benfica? Os adeptos que encheram o estádio e que exigem sempre mais ao clube. Desculpem lá mas vão ter que levar connosco outra vez porque no Benfica não nos cansamos de ganhar e quanto mais nos odiarem mais fortes nos vão tornar. Eu lembro-me bem do tempo das palmadinhas nas costas, nas temporadas de miséria em que os rivais vinham com palavras bonitas dizer que era bom que o Benfica voltasse aos bons tempos porque o futebol português precisava de um Benfica forte. Discurso carregado de hipocrisia e sorrisos mal disfarçados. Prefiro estes tempos em que esta tudo mal no plantel, que as épocas são mal planeadas, que as lesões são uma vergonha, que as transferências não prestam, que só ganhamos por e-mail, que compramos campeonatos com vouchers, que os nossos adeptos mais ferrenhos são ilegais, tudo o que vocês quiserem. O problema dos odiadores vai além da desesperada inveja, o problema é que nós somos o Sport Lisboa e Benfica e quanto mais nos atacam mais fortes respondemos. E é tão bom ser do Benfica, como sabem.
Ah, entretanto, hoje acaba a jornada 1. Amanhã começa a jornada 2. Engraçado, não é?
Comecemos por responder à conferência de imprensa de Jorge Simão antes do jogo da Pedreira. O infeliz treinador do Braga meteu a martelo uma história popularizada pelo argentino Jorge Sampaoli, actual técnico do Sevilha, para falar da posse de bola. O conto do Jorge Simão terminava no WC. Ora, já se sabe desde a época passada o quanto Mitroglou gosta de ir ao WC. Foi um passo arriscado do treinador minhoto que só podia acabar mal.
Parece-me que Simão precisará mais do que histórias alheias para explicar a sua inaptidão em colocar o Braga a jogar um futebol ofensivo de acordo com as expectativas de adeptos e direcção de um clube que aponta para, pelo menos, o 3º lugar na Liga.
Estava Jorge Simão a preparar a imprensa, que o adora, para um jogo de contenção e defensivo, ao seu estilo, na esperança de ir aguentando um empate, ou num golpe de sorte um triunfo que seria um precioso balão de oxigénio.
Pegando na quadra mais popular desta semana nas redes sociais, respondemos ao Simão com a solução para sua história. No dia dos namorados choveram partilhas de versos começados por Roses are red e terminados em Mitroglou. Pois bem, o grego anda de tal maneira inspirado que prolongou o estado graça até ao Minho e resolveu um desafio bem complicado.
O Benfica chegou a Braga sem Ederson, expulso a meio de um jogo resolvido com o Arouca na Luz, sem Jonas, lesionado, em 2º lugar depois de ver o Porto resolver o seu jogo com o Tondela de forma surreal, como disse Pepa, e com o ambiente hostil que há muito as gentes de Braga tentam imitar de outros lados.
Para piorar o cenário, hoje tivemos um penalti sobre Salvio por assinalar e um golo mal anulado a Mitroglou. Felizmente, houve forças para marcar um que não pudesse ser invalidado. Na garra, na insistência, com fortuna, com sentido de baliza e com determinação, assim foi o golo de Mitroglou. Uma jogada que valeu 3 pontos.
O objectivo foi cumprido mas agora tem de haver espaço para, do cimo da nossa liderança, interrogarmos o que se anda a passar no futebol português desde a visita da claque do Porto ao centro de treinos dos árbitros no norte. A conversa de termos de jogar o dobro para assim podermos ultrapassar barreiras exteriores é muito linda e comovente mas é do domínio do surreal, para repetir Pepa. Não temos que andar a conviver com penaltis não marcados, golos sofridos irregulares, golos mal anulados e expulsões de fiscais de linha e cruzar os braços pedindo aos nossos jogadores que joguem a dobrar porque isso não é justo nem possível.
Tal como na época passada, o Benfica voltou a entrar na Pedreira sem estar na liderança mas saiu com uma vitória muito saborosa e moralizadora. Foi apenas mais uma barreira ultrapassada mas temos de olhar para o que não correu tão bem. Olhar para dentro e para fora. É essencial.
Sigamos o nosso caminho. Quanto ao Jorge Simão, depois disto duvido muito que chegue ao final da época com este trabalho. Depois terá tempo para ler mais histórias.
Oportunidade de acesso à liderança aproveitada. Fechar a jornada em 1º lugar é a grande notícia de Setembro depois do drama do empate com o Vitória FC e uma onda interminável de lesões, o Benfica está de volta ao seu lugar.
Comecemos pelo Braga porque não é um adversário qualquer do meio da tabela.
Mais uma vez, o Braga chegou à Luz e mostrou um futebol à altura de um duelo pela liderança no campeonato. Já na época passada tinha entrado muito bem no nosso estádio e acabou traído pela falta de eficácia atacante. A história repetiu-se, os avançados de Peseiro não aproveitaram as oportunidades criadas e concedidas e acabaram a sofrer. Mas há um factor comum nestas últimas visitas do clube minhoto à Luz. Além de conseguirem marcar sempre, o que prova a intenção atacante e até os premeia, há ali um pormenor que o clube tem de limar. Vou puxar pela memória da última passagem do Braga por cá antes desta jornada, foi na meia final da Taça da Liga quando o Benfica teve de jogar numa 6ª feira para o campeonato e numa 2ª feira disputou o acesso à final de Coimbra. Aí o Braga tinha tudo a seu favor, a equipa do Benfica lutava até à exaustão pelo título, tinha ido longe na Champions League e Rui Vitória teve de rodar a equipa quase toda. O que fez o Braga? Tentou arrastar o jogo para o desempate por penaltis. O Benfica venceu o jogo nos 90'.
Agora, à 5ª jornada, os minhotos chegavam à Luz com possibilidade de subir ao 1º lugar da Liga. Começaram bem e proporcionaram um começo de jogo emotivo, aberto, contagiante. Lá está, foram desperdiçando oportunidades e sentiram o Benfica a crescer.
A partida estava electrizante até que Marafona resolveu pôr gelo. É isto que não bate certo com a atitude do resto da equipa que parecia determinada a lutar olhos nos olhos pelos 3 pontos. Quando o guarda redes começa a demorar a repor a bola em jogo, quando é ele o grande culpado por pouco se jogar entre o minuto 15 e o minuto 23 com assistências no relvado prolongadas, quando se quebra assim o ritmo de jogo opta-se por retirar intensidade ao ataque do Benfica mas acaba também por trair o esforço dos seus jogadores mais ofensivos.
Ou seja, aos 23 minutos passava-se da vertigem de lances atacantes para a manha menor de um guarda redes. Perguntava-se na bancada: mas se está assim tão magoado porque não sai?
A resposta veio rápida. Aos 27 minutos Mitroglou fez o 1-0 e as dores, a lesão e o sofrimento de Marafona desapareceram por milagre até ao final do jogo.
O Braga tem que decidir se quer lutar de igual para igual com os clubes que estão em patamares superiores ou se prefere continuar a pensar pequeno.
Depois há a conversa de José Peseiro que goza de enorme apoio mediático. Dizer que foi um pobre coitado expulso por defender os seus jogadores não serve de nada quando todos vimos a maneira descontrolada como saiu da sua área de intervenção para vir até ao outro lado do campo refilar com a equipa de arbitragem num lance obviamente legal. Ou tem que perceber melhor as regras ou precisa de mais auto controlo. Fazer-se de vitima fica-lhe mal. Mesmo com todo o conforto dos media.
A tentativa de Peseiro ir para o meio de benfiquistas na bancada central é ainda mais surreal. Na Pedreira o Benfica é tratado com um ódio idêntico ao que vemos no Dragão, por exemplo, por adeptos e intervenientes no jogo. Nas últimas épocas são mais que muitos os casos ali passados mas o treinador do Braga acha que na Luz pode e deve ver o jogo em harmonia com os adeptos que são mal tratados na casa que agora representa. Surreal.
( Galeria de fotos de João Trindade)
O que interessa, o Benfica.
Os outros resultados da jornada só seriam bons para o Benfica se a equipa conseguisse superar o adversário na luta pela liderança. O jogo não era nada fácil e o contexto continua a ser delicado. Muitas lesões, dois jogos em casa, embora em cenários muito diferentes, sem ganhar e a ansiedade de chegar a um lugar que na época passada demorou muitas semanas a ser conquistado.
A melhor ideia que Rui Vitória expôs desde que tomou conta do banco encarnado é esta: de cada problema fazer uma nova oportunidade.
Um lema que não é só teoria nem fachada. É uma ideia que tem sido posta em prática e que tem sido a melhor notícia no Benfica em décadas. Sem medos, o treinador tem lançado jogadores dentro de uma ideia de jogo e tem dado toda a confiança para que os mais novatos ganhem o seu lugar.
É bom relembrar que temos estado sem André Almeida, Jardel, Luisão, Jonas e Raul Jimenez. Isto na ressaca das partidas de Gaitán e Renato. De repente, a equipa ganhou uma nova alma com Grimaldo a defesa esquerdo, Nelson na direita e Lisandro a jogar ao lado de Lindelof, que agora já nos parece um veterano. André Horta tem batalhado pelo seu espaço, Salvio renasceu na direita, Pizzi adapta-se à esquerda e Gonçalo Guedes tem aproveitado para usar a sua maior arma, a velocidade. Com o regresso de Mitroglou as coisas funcionaram bem.
Longe de termos a equipa ideal, muito longe disso, mas com tantos problemas as soluções, as tais oportunidades, têm resultado bem. Há uma ideia de jogo, há rotinas, há objectividade na hora de lutar pela vantagem no jogo.
Claro, que se vislumbram muitos problemas. Desde logo a nível defensivo, a definição de linhas e profundidade do ataque adversário não estava fácil de gerir. Hassan, Ricardo Horta, Wilson Eduardo e Pedro Santos, ontem exploraram bem as hesitações defensivas do Benfica. Mas com ajuda do incrível Fejsa e o esforço dos jogadores mais ofensivas a equipa vai se segurando. Quando já não há nada a fazer também temos Júlio César que negou de forma soberba o golo ao Braga várias vezes. A qualidade conta muito.
O Benfica mesmo em vantagem não conseguiu controlar o jogo, andou muito tempo atrás da bola e não conseguiu fechar o jogo. Até aos 74', altura do 2-0, a partida estava perigosamente aberta. Rui Vitória jogou um triunfo importante para relançar a equipa para o ataque. Não foi tanto a entrada de Carrillo que mudou o jogo mas sim a passagem de Pizzi da esquerda para a direita para o lugar de Salvio. O português renasceu dentro do jogo. Assumiu mais a bola, motivou-se e faz uma parte final impressionante. É ele que assina o 2-0 e ainda teve tempo para oferecer o 3-0 a Mitroglou. Pizzi na direita é um luxo.
Destaque para as combinações que nascem à esquerda. Grimaldo tem feito um arranque de época incrível e é ele que dinamiza todo aquele corredor. Atenção ao primeiro golo que aparece todo por aquele lado. Velocidade de transição de Grimaldo, qualidade de passe de Pizzi e explosão de Guedes que foi até ao fim para cruzar na perfeição para Mitroglou marcar. Há movimentações muito interessantes a aparecer entre jogadores que , teoricamente, nem eram para estar todos juntos em campo.
Foi um excelente resultado, uma exibição motivadora e há que reconhecer que o Benfica tem lutado contra adversidades que o estão a tornar mais forte. Veja-se a entrada do menino José Gomes. A estreia na Luz podia ter sido com um golo, tal como a estreia na Liga em Arouca esteve para ser épica. Adivinham-se grandes feitos ao nosso avançado.
Sabendo que tudo isto só pode melhorar com os regressos de Jonas, Raul, Rafa, Jardel ou André Almeida, ficando ainda a expectativa de ver o que vale Zivkovic, por exemplo, eu diria que estamos num belo caminho.
Felizmente, já lá vai o tempo em que ríamos das quedas dos nossos rivais e depois não aproveitávamos. Hoje já todos sabem que não podem vacilar, o Tri Campeão continua com muita vontade de vencer.
Mas temos muito que melhorar, nada melhor que recordar mais um golo sofrido para entender as dificuldades da equipa.
Depois de tanto foguetório que se viu por aí na última semana, sabe bem preparar a próxima luta na liderança.
Em Maio festejámos 35º título em casa numa festa que se espalhou pelo país. Continuámos em festa até Coimbra onde fechámos a época com uma goleada que garantiu a conquista da Taça da Liga. Saíram Gaitán e Renato. Veio o Europeu de França e, apesar da teimosia inicial, o seleccionador rendeu-se a Renato Sanches e o caminho ficou aberto para uma conquista inesquecível. Mais festa.
Depois entrou o verão e começou a tentativa de nos explicarem que devíamos entrar em depressão. Porque o rival do norte tinha acertado, finalmente no seu treinador e agora é que é a sério e, sobretudo, porque o rival do Campo Grande é o maior favorito a ganhar tudo porque mantém tudo igual. Como sempre, nós é que tínhamos que ficar apreensivos a cada jogo da pré época que corria menos bem, a cada notícia de saídas do plantel. O costume.
Como sabem, por aqui assim que termina a temporada afasto-me de dar opiniões e fazer previsões. Aproveito o intervalo entre temporadas para manter a minha sanidade mental, acompanho com interesse relativo o que se vai passando mas à distância. Guardo-me para o primeiro jogo a sério da temporada. Felizmente, connosco tem sido quase sempre primeiro que os outros. Ainda andam os grandes favoritos a tentar definir os plantéis já andamos nós a festejar novas conquistas.
E vamos lá ao que interessa. O Benfica começa 2016/17 como acabou a última, a ganhar.
Primeira nota impressionante deste Benfica, o banco de suplentes. Além de Paulo Lopes, Lisandro, Samaris, Salvio, Guedes, Jimenez e Carrillo! Quanto a opções, a qualidade destes nomes fala por si.
Então e o onze? Como ia Rui Vitória lidar com as ausências de Ederson, André Almeida, Eliseu ou as partidas de Gaitán e Renato? Fácil. Com a qualidade do plantel.
Júlio César na baliza continua a ser uma garantia de qualidade.
Grimaldo da esquerda continua a crescer de maneira espectacular, Luisão mesmo longe do seu melhor é uma autoridade, Lindelof mesmo atrasado na condição física é um esteio, Nelson Semedo na direita vive a sua segunda vida e corre para atingir o bom nível que o levaram à Selecção há um ano.
Fejsa no meio é... Fejsa. Pizzi na direita vem em crescendo e acabou o jogo de forma épica, Jonas e Mitroglou na frente são a dupla que se sabe, o brasileiro já abriu o livro e inaugurou a sua conta pessoal de golos.
Até aqui nada de novidades.
As boas novas estão nos lugares que mais preocupavam. Na esquerda, Cervi em poucos minutos mostrou ao que vem. Rapidez, improviso, velocidade, técnica e um golo assombroso a abrir a época. Foi Cervi que mostrou o caminho para a primeira conquista da época. Não consigo imaginar melhor forma de suceder a Nico Gaitán que estará orgulhoso da exibição do pequeno Franco Cervi. Tem tudo para fazer história no Benfica. A sua estreia foi um abuso.
Finalmente, falemos de André Horta, o número 8. Um puto que conheci por força do nosso benfiquismo, uma amizade que nasceu como tantas outras na minha vida, por causa do Benfica, pelo Benfica e a ir ver o Benfica. Neste caso fomos no mesmo carro a Oliveira de Azeméis ver um jogo de hóquei. Parece mentira que aquelas conversas de imaginar o puto a sair do Vitória de Setúbal para titular do Benfica se tenham tornado realidade. A verdade é que está mesmo a acontecer. O André foi à luta, conquistou o seu espaço e na estreia oficial pelo Benfica foi um dos melhores jogadores em campo. É uma sensação incrível ver um dos nossos a jogar e a festejar daquela maneira.
Eu não quero amigos, companheiros ou conhecidos na equipa do Benfica, eu quero é que os melhores jogadores estejam do nosso lado e se forem benfiquistas, então melhor! O André Horta é isto tudo e entusiasma a bancada.
Não consigo imaginar melhor arranque de época. Foi perfeito? Não. Há muito para trabalhar. Depois da obra prima de Cervi o Braga reagiu e mostrou bons argumentos que Rafa desperdiçou na melhor oportunidade que tiveram numa bola lançada pelo guarda redes. Um lance que não deve acontecer na nossa defesa. Devíamos ter resolvido o jogo nos primeiros 20 minutos onde a equipa jogou um futebol incrivelmente sedutor. Não conseguimos e tivemos que sofrer.
O Braga não conseguiu aproveitar os desacertos naturais desta altura da época e isso fez toda a diferença porque além de Rafa não ter sido decisivo, Boly também não conseguiu evitar com os seus companheiros o aparecimento da inspiração de Pizzi e Jonas que resolveram o jogo de maneira poética. O português com um chapéu superior e uma assistência maravilhosa que Jonas agradeceu fazendo golo.
Depois havia aquele pormenor do banco do Benfica estar recheado de opções de um nível insultuoso para Peseiro. O técnico do Braga acabou a época a perder a Taça e começa esta a perder a Supertaça. Só lamento que não tenha lançado o Ricardo Horta que ia proporcionar um encontro de irmãos dentro do jogo. Não quis, perdeu e lamentou-se como é seu hábito.
Está aberta a temporada, o Benfica continua forte como nos tem habituado esta década onde não conseguimos parar de ganhar troféus.