Sei que não interessa a ninguém mas se algum dia alguém quiser saber o que é que eu gostava que fosse um modelo de jogo de futebol envolvendo o Benfica, eu apresentaria esta partida.
Passo a explicar. Este Benfica - Paços de Ferreira roçou a perfeição no que diz respeito à maneira como se vive um jogo. É isto que eu quero na minha vida.
A bonita monotonia das vitórias do Benfica.
A banalização de um resultado como o 3-0.
A rotina aborrecida de somar 3 pontos, atrás de 3 pontos.
Chegar ao minuto 90 e pensar quantos dias faltam para o próximo jogo sem estar preocupado com o final deste.
Não quero emoção, não desejo incerteza no resultado, não faço questão de esperar muito por um golo. Não quero festa nem quero depressão. Apenas golos. Golos que quanto mais cedo aparecerem, melhor. E golos só na baliza adversária. Na do nosso guarda redes quero paz e sossego. Por mim, o Ederson só tocava na bola para ajudar a construir jogadas nossas.
É que passo os dias a olhar para o calendário e a desejar que o tempo passe rápido para ver o Benfica jogar. Então aqueles 20 minutos até o jogo começar parecem nunca mais passar.
Só que depois o árbitro apita, a bola rola e, de repente, já passaram um ou dois minutos. Caramba, já só temos uns 88 minutos para ganhar e ainda está 0-0. E a partir daí parece que os minutos voam!
Até ao primeiro golo, queremos que tudo seja mais calmo mas sentimos que vamos em direcção ao minuto 90 de forma dramática mesmo que ainda só tenham passado 10 minutos.
Por isso, é muito importante celebrar o primeiro golo. Também é isto que quero nos jogos do Benfica. Sorrir para o lado afirmando que o Guedes mandou uma bomba e ouvir: "Oh! Já vem tarde, o puto estava a merecer há muito"
É isso! O Gonçalo abriu o marcador à bruta mas o golo estava mesmo a ver-se que vinha dos pés dele porque anda a jogar muito. A naturalidade que me agrada é esta.
(Fotogaleria de João Trindade)
Com 1-0 sinto-me menos ansioso e menos nervoso mas não dá para ficar tranquilo. E tudo o quero, a ver os jogos do Benfica, é tranquilidade.
Para muita emoção e reviravoltas espectaculares nos resultados tenho a Premier League ou a Bundesliga. Nas partidas do Benfica quero que tudo seja assustadoramente enfadonho, sem sinal de surpresa nenhum. Só normalidade, só a vitória.
No intervalo para evitar pensar muito sobre o jogo nada melhor que perceber que Seu Jorge tem muito bom gosto ao nível do futebol. Não é só no cinema e na música que o artista brasileiro é craque, na escolha da equipa portuguesa para ver ao vivo também revela inteligência. Seu Jorge fez questão de ir à Luz ver o Benfica antes de actuar no MEO Arena. ( para quem quiser saber mais sobre o concerto de Seu Jorge e Ana Carolina siga para bluegazine.pt )
Assim, é com muito agrado que recebo o 2-0. Eliseu na assistência, o alvo predilecto dos agoiradores de bancada, Salvio na finalização. A naturalidade do Benfica a ganhar é tão bonita.
Com dois golos de diferença, o objectivo está mais perto de ser atingido. Tudo faz sentido, era para isto que ansiávamos o começo do jogo, para sentirmos esta confiança numa noite em que cumprimos a nossa parte. Em que não há tropeções nem surpresas.
Nada melhor do que Pizzi fazer uma jogada individual que acaba no 3-0. Assunto encerrado. O Benfica voltou a ganhar. A monotonia da vitória é tudo aquilo que quero na minha vida.
Nada de novo trouxemos ao futebol esta noite, o líder era favorito e ganhou. Óptimo. Jogo tranquilo sem grande emoção, é o que se quer. Por mim, era sempre assim. Sempre.
Vivo bem sem triunfos no último minuto ou defesas milagrosas a evitar a perda de pontos.
Mas todos sabemos que são esses jogos decididos de forma épica que ficam mais vivos nas nossas memórias e que são os que dão gozo a isto tudo.
Mesmo assim, prefiro desafio monótonos como o de hoje.
Já na época passada esta viagem a Paços de Ferreira tinha um perigoso alerta de armadilha. Há pouco mais de um ano o barulho antes do jogo era o mesmo, o árbitro escolhido não agradava aos rivais, as baixas na equipa amarela davam um falso sinal de inferioridade e tudo parecia fácil. Tal como hoje, em Janeiro de 2015 no jogo que abria a 2ª volta, Jonas conquistou um penalti na primeira parte. Na altura Lima falhou e depois vários golos falhados, bolas ao poste e defesas de nível superior aguentaram o empate que caiu no último minuto com um penalti de Eliseu que o Paços não falhou e do nada voaram três pontos.
Esta época a equipa percebeu a importância do jogo e as limitações físicas de cada um, não só pelo jogo europeu a meio da semana como também por causa de uma espécie de gripe que atacou meia equipa em estado febril, pelo menos foi o que o treinador explicou no fim do jogo.
Neste contexto o Benfica procurou tomar conta do jogo cedo, Gaitán foi baixa cabendo a Carcela recuperar o lugar no flanco. Rapidamente se percebeu que as ausências na equipa de Jorge Simão estavam bem compensadas, na defesa notava-se instabilidade e insegurança compensada com ajuda extra de jogadores mais avançados mas do meio campo para a frente o entendimento entre Andrezinho, Diogo Jota e Edson dava sinais de real perigo para a defensiva encarnada.
Na primeira investida à área do Paços sai o golo de Mitroglou. Mérito de Carcela que inventou a jogada, classe de jonas que devolveu a bola na área de calcanhar, sorte na assistência de Carcela para o avançado grego que aproveitou para facturar pela 7ª vez seguida.
Estava aberto o caminho para uma noite tranquila. Só que o Paços de Ferreira confirmou os sinais positivos em posse de bola e partiu à procura do empate que surgiu numa jogada genial de Diogo Jota, o tal que estava "vendido" ao Benfica. Um grande golo que apanhou a defesa do Benfica pouco agressiva e Júlio César demasiado adiantado.
O tempo passava e o desgaste da equipa do Benfica notava-se na falta de velocidade e de risco ofensivo. De bola parada Lindelof teve perto de marcar mas foi Jonas que repetiu o ataque do ano passado na área pacense e ganhou outro penalti. Desta vez, o próprio transformou e não vacilou como Lima.
Entrar na 2ª parte a vencer podia ser uma tentação para o Benfica gerir o resultado e o esforço. Era errado porque a margem mínima deixava sempre o Paços dentro do jogo. Fez bem o Benfica em procurar o terceiro golo. Renato e Samaris contaram com a ajuda de Pizzi que abandonou o flanco muitas vezes para vir ajudar no meio de forma preciosa. Foi Pizzi que bateu uma falta para a área do Paços onde apareceu Jardel, outra vez decisivo, a ganhar uma bola no ar que sobrou para Lindelof fazer o seu primeiro golo pela equipa principal do Benfica. Grande momento, inesquecível para o jovem sueco. Jardel já tinha sido importante no lance da bola parada contra o Zenit que deu golo.
Com dois golos de vantagem o jogo ficou, finalmente, controlado pelos Bi Campeões. Uma exibição prática e realista, longe de ser encantadora mas muito eficaz. Era o que se pedia, vencer.
Deu ainda para Eliseu forçar o amarelo e descansar antes do derby, deu para Rui Vitória reconstruiu a ala direita e lançar os regressados Nelson Semedo e Salvio e até deu para um adepto invadir o campo e ir fazer uma vénia aos pés de Mitroglou.
Missão cumprida com mais um apoio fantástico vindo das bancadas de um mini Estádio da Luz na Capital do Móvel.
No rescaldo do clássico do clássico ficaram duas ideias fortes no ar, Rui Vitória disse que gostou do que viu a equipa fazer no Dragão e que os adversários também iam perder pontos.
Ontem no final da noite vinha a certeza dos tropeções dos dois rivais na mesma jornada que foram a melhor notícia complementar à vitória do Benfica que começou com o mesmo onze do clássico. Uma grande resposta da equipa aquele infeliz final de jogo da semana passada e muito crédito para o treinador do Benfica que viu as suas convicções reforçadas.
Mantendo a mesma equipa, isto é, com André Almeida perto de Samaris no meio campo, o Benfica entrou para este sexto jogo do campeonato à procura de um golo cedo. Tomou conta do jogo e teve algumas oportunidades para abrir o marcador mas a equipa de Jorge Simão não se assustou e mostrava-se bem organizada a defender à frente de Marafona. João Góis a fechar na direita, o capitão Hélder Lopes na esquerda e a dupla de centrais Marco Baixinho e Miguel Vieira ia ganhando confiança à medida que o tempo passava. Depois na frente da defesa Romeu e Christian muito decididos na ajuda a tirar espaços ao ataque do Benfica e até conseguir sair em tentativas de surpreender os encarnados com lançamentos rápidos a partir das alas de Diogo Jota e Roniel à procura de João Silva, mais avançado, com André Leal a tentar guiar esses ataques. Perto da meia hora chegam a criar o maior susto na Luz ao aproveitar um livre para Miguel Vieira meter a bola na baliza de Júlio César mas em claro fora de jogo.
Foi o sinal de alarme a soar e Jonas a responder com uma classe incrível. Já que as jogadas colectivas não estavam a funcionar, o "17" pegou numa bola vinda de Gonçalo Guedes e fora da área inventa um pontapé em arco colocado junto à trave da baliza de Marafona para fazer um golão que abriu o caminho da vitória.
Já naquela baliza, a norte, Jonas tinha encantado num grande golo contra o Nacional há uns meses, agora assinou uma das maiores obras de arte que esta nova Luz teve o privilégio de ver.
Um jogo desbloqueado assim só pode ser o tal colinho a funcionar.
Até ao intervalo não houve muitas mais razões para nos esquecermos do momento Jonas, embora aos 39' o brasileiro tenha ameaçado seriamente voltar a marcar novamente com um belo remate de longe.
Feito o mais complicado, abrir o marcador, era preciso consolidar a vitória e a exibição. O Paços sentiu que ainda não estava fora do jogo e durante vinte minutos manteve a tensão no ar embora algo timido no ataque. Faltavam maiores argumentos a Jorge Simão para chegar ao empate e por isso lançou Edson Farias no lugar de Roniel. Enquanto pensava no resto das alterações o Benfica resolveu o jogo.
Gaitán continua imparável, assume o jogo, cria desequilíbrios e é decisivo quando ganha espaço na esquerda e assiste Gonçalo Guedes que finaliza com sorte, a bola ainda bate num adversário antes de entrar e enganar Marafona. Foi o primeiro golo de Gonçalo na equipa principal. Há uma semana tinha escrito que estava a faltar uma grande jogada, um passe para golo ou um golo ao miúdo para se afirmar de vez na equipa. Já tinha estado no primeiro golo marcou o segundo e ainda ofereceu o terceiro a Jonas depois de mais um passe excelente de Gaitán. Gonçalo Guedes estava a merecer uma noite assim, já dava sinais de instabilidade ao envolver-se em fintas sem sentido, em jogadas inconsequentes e até já despertava alguns nervos nas bancadas. Agora pode respirar fundo, olhar para o resumo e ver que fez parte da complicada decisão deste jogo. É um puto, está a crescer, tem estado impecável tacticamente, posicionalmente e na ajuda ao companheiro Nelson, que também evolui em competição. Chegaram os golos e as assistências, estamos a ganhar uma asa direita muito interessante.
Uma equipa que conta no ataque com Gaitán, Jonas, Mitroglou, que só não marcou porque Marafona fez uma enorme defesa, e Gonçalo, tem que ser levada a sério. Acho que há muito boa gente que se esqueceu da qualidade individual que existe neste Benfica. Na frente ainda há Raul Jiménez que entrou aos 64' e deu sinais de muita vontade em conquistar o seu lugar na equipa.
Este ataque já fez 16 golos em quatro jogos do campeonato na Luz. Jonas já leva 7 na sua conta.
Ainda houve tempo para as entradas de Carcela, também mostrou empenho e do habitual Talisca. Só se estranha a permanência de Gaitán e Jonas até ao fim quando estes dão sinais de não estarem a 100%.
Era preciso reagir ao desaire do Dragão que deixou um sentimento de injustiça no ar, o Paços de Ferreira até já tinha estado em Lisboa há poucas semanas a roubar pontos a um rival, por isso foi uma vitória muito importante antes da equipa partir para um sequencia de testes muito sérios longe de casa.
Vamos para Madrid, Madeira e Istambul, pelo meio há Taça de Portugal. Ganhar ao União é obrigatório para começar a acertar o rumo fora da Luz, e decidir o futuro na Champions League tentando pontuar entre Espanha e Turquia. Depois, o regresso a casa para acertarmos contas com o Sporting.
Depois das passagens vitoriosas por campos complicados como o de Penafiel ou do Marítimo, o Benfica parecia ter ganho uma embalagem de confiança que permitia olhar para a saída a Paços de Ferreira com optimismo.
Na primeira jornada da 2ª volta o Benfica ficou para o fim e por isso entrou em campo a saber que o 2º classificado foi derrotado na Madeira. Crescia o optimismo e a possibilidade de começar esta segunda metade do campeonato com uma boa vantagem na frente.
Com este cenário Jorge Jesus só teve de escolher os melhores à disposição, isto é, só faltava Nico Gaitán no onze para encarar o jogo na Mata Real. Jogou Ola John e aí começaram os problemas do Benfica esta noite. O holandês fez uma exibição completamente desastrada, não só não foi a mais valia que Gaitán costuma ser, como atrapalhou bastante no ataque.
Mesmo assim o Benfica fez o que lhe competia e entrou no jogo à procura do golo mais rápido possível. Parecia ter conseguido chegar ao objectivo antes dos 20 minutos quando Jonas ganhou um penalti. Lima acertou no poste e começou a perceber-se que ia ser uma noite complicada. Pouco depois Salvio forçou pelo seu lado e num remate desviado pelo defesa a bola foi directa ao poste e não entrou.
Depois disto, o Paços de Ferreira subiu no terreno, perdeu a timidez e obrigou Júlio César a grande defesa e deixou aviso.
O zero a zero ao intervalo não era animador e tinha ficado a ideia que o melhor período do Benfica no jogo já tinha passado.
A 2ª parte confirmou a falta de inspiração de Salvio, Talisca e Jonas, futebol previsível e preso na defesa amarela.
Crescia a esperança que os jogadores do Benfica percebem-se o momento e houvesse mais e maior entrega. O Benfica esteve perto do golo outra vez numa cabeçada de Lima que a trave devolveu, isto numa altura em que a equipa já metia muitos jogadores na área.
A maneira descontraída como o Paços de Ferreira defendia mostrava que só com muita insistência ou um rasgo de génio é que o golo podia aparecer.
O tempo não corria a favor do Benfica e as várias paragens no jogo não ajudavam a criar a dinâmica necessário para o assalto ao golo. Entrou Pizzi mas ficou Talisca, muito trapalhão, saiu Samaris e Jesus partiu a equipa na busca do golo. Depois ainda foi lançado Derley mas não resultou. A entrada de Gonçalo Guedes aos 95' nem faz sentido.
Quando o empate já era mau resultado aparece um penalti para o Paços de Ferreira assinalado não se sabe bem por quem já que o árbitro não marcou nada na altura do lance do Eliseu com Hurtado.
Assim o jogo acaba com uma incrível derrota e a expectativa de aumentar a vantagem na frente deu lugar à desilusão de uma derrota a começar a 2ª volta.
Tudo muito mau embora na frente da tabela esteja tudo na mesma.
Eu imagino a confusão que vai lá para os lados de Paços de Ferreira...
Há coisa de um ano e meio aquele pessoal foi todo ameaçado para não jogarem nada e facilitarem, hoje os mesmos ameaçadores pedem-lhes que joguem como nunca e vençam.
Não deve ser fácil conviver com isto. Paulo Fonseca que o diga.