Bruno Cortês Apresentado por Rui Malheiro
Bruno Cortês, 26 anos, agora conhecido por Cortez, protagonizou um trajeto errante, até chegar, em 2011, ao Botafogo. Passou pelo Arturzinho, Paysandu, Al-Shahaniya (Qatar), Castelo Branco, Quissamã e Nova Iguaçu, onde se destacou no Cariocão’2011. Rumou ao Botafogo, em abril de 2011, destacando-se no Brasileirão, o que lhe garantiu o prémio de melhor lateral-esquerdo da competição, a estreia pela Seleção brasileira e a cobiça de vários clubes dentro e fora de portas.
No final de dezembro, assinou pelo São Paulo, que investiu 3,3 milhões na sua aquisição, números pouco habituais em transferências entre clubes brasileiros. Apesar de não ter atingindo o mesmo patamar exibicional revelado no Botafogo, Cortez foi titular indiscutível ao longo do Brasileirão’2012.
Este ano, os maus desempenhos do Tricolor na Libertadores e no Paulistão’2013 conduziram ao seu afastamento, até porque Juan, Carleto e Clemente Rodríguez são opções para o mesmo lugar. É um lateral-esquerdo muito ofensivo, quase um ala, que se enquadra no futebol vertigem que o treinador do Benfica preconiza, ainda que tenha tendência também para explorar movimentos interiores com e sem bola e aparecer em zonas próximas à área (ou mesmo dentro desta).
Pontos fortes: velocidade, poder de aceleração, capacidade de desmarcação e disponibilidade física (faz o vaivém defesa-ataque-defesa inúmeras vezes). Cria desequilíbrios no 1x1 e tem uma boa condução, ainda que se tenha que se perceber como será que vai reagir a um futebol com muito mais pressão e menos espaços. Ainda assim, bons atributos técnicos na receção/controlo de bola e pormenores técnicos interessantes. No passe e no cruzamento é muito razoável, mas, mais uma vez, é preciso ver o enquadramento num futebol mais intenso e com muito mais pressão. Denoto, ainda assim, alguma precipitação em algumas decisões, principalmente no passe.
Do ponto de vista defensivo, mostrou mais consistência no Botafogo do que no São Paulo. Recupera bem, mas, mais uma vez, jogar no Brasil não é o mesmo que jogar em Portugal: quando procura o espaço interior em momento ofensivo, precisa de ter um médio a fechar a esquerda para evitar um desequilíbrio em transição defensiva.
Agressivo, parece-me mais forte na antecipação (de frente) do que no desarme, demonstrando lacunas na defesa de espaços interiores: sobretudo aérea. Precisa também de corrigir aspetos a nível posicional e de ser mais concentrado a defender, pois está sempre a pensar em atacar. Ou seja, pensa mais o jogo como ala do que como lateral. É um especialista a executar lançamentos manuais longos e a sua força de braços permite-lhe colocar a bola na área a larga distância.