Benfica 6 - 1 Rio Ave
( Foto: Joaquim Martins Araújo )
Depois da goleada em Guimarães veio a pausa para jogos das Selecções. Melgarejo, Maxi e Cardozo regressaram mais cedo "tocados", duas semanas à espera deste regresso a casa e alguma ansiedade acumulada. Entrar em campo sabendo que a Académica que resistiu na Luz até ao último minuto hoje deixou o Porto passear em Coimbra. A tudo isto o Benfica respondeu de forma categórica e arrancou para uma das grandes goleadas da época. Três ao intervalo , seis no final e assunto resolvido. Lima com 3 golos foi a figura da noite, Salvio vítima de entrada dura foi o problema que ficou deste jogo que apesar de facilmente resolvido deu-nos muitos amarelos e Melgarejo fora de Olhão.
Não chegámos a ter 50 mil adeptos na Luz mas houve bom ambiente e a noite correu na perfeição alegrando a Páscoa, seja lá o que isso for, a todos os benfiquistas. Ficam a faltar seis jogos, a jogarmos assim vamos ter um Maio bonito.
Ao longo de anos e anos a escrever sobre o Benfica no futebol português acabo sempre por lamentar a quantidade de gente má, incompetente e batoteira que faz parte deste circo. A paixão pelo Benfica obriga-me a conviver com uma maioria de má qualidade.
Hoje é tempo de excepção. Há equipas com que embirramos mais e outras menos ao longo dos vários campeonatos. O Rio Ave é um clube com quem passei a simpatizar nos últimos dez anos. Gosto da cidade, gosto do amor que amigos meus têm ao clube, sendo que a dedicação do meu grande amigo Rui Malheiro influenciou muito a simpatia pelos vilacondenses. Nos últimos anos há um profissional que trabalha no Rio Ave que me faz sempre olhar para o clube de maneira ainda mais carinhosa. Muitos dos leitores que vivem ali perto do eixo Póvoa de Varzim - Vila do Conde conhece o fisioterapeuta do Rio Ave. Vítor Pimenta, benfiquista assumido e orgulhoso, é o homem que vemos entrar em campo sempre que um jogador do Rio Ave precisa de assistência no relvado.
Conheci-o no Liceu de Benfica em 1990, veio parar à minha turma de desporto. Era a atracção da época, um nortenho da Póvoa de Varzim aterrava ali na nossa turma, morava no Lar do Benfica e era defesa direito nos juniores do Benfica! Ali nasceu uma bonita amizade, foi visita de minha casa, com ele descobri as vantagens dos cartões dourados do Alcântara-Mar, concertos e noitadas em grande. Ponto alto na Luz, uma 4ª feira à noite a ver um Benfica - Torreense para o campeonato de Reservas com Pimenta a titular. Na escola jogava na nossa equipa de futsal, foi a única vez que disputei uma final escolar. Grandes tempos que não se esquecem.
A brincar já lá vão mais de vinte anos e continuar a falar com ele ainda hoje é um elo de ligação entre a adolescência e os 40 anos já aí à porta. Nunca nos deixámos de cruzar. Guardo a camisola do Gil Vicente que ele me deu quando trabalhou lá, altura em que fui ver o Benfica a Barcelos com cartões emprestados por ele. Hoje tive o prazer de o abraçar antes do jogo começar e trazer uma camisola do Rio Ave como recordação. No meio do pantanal de vermes que é o futebol português há excepções. Tenho privilégio e sorte de ser amigo de uma das pessoas boas que anda no futebol. E um enorme benfiquista, recordo. Abraço, Pimenta. Agora podem ganhar os jogos todos. Aparece na 5ª feira.
Quanto a nós, 5ª feira é para ganhar, pois claro.
Muita calma e concentração que falta o mais difícil que é sempre o próximo adversário.