Braga 1 - 2 Benfica
Finalmente festejei uma vitória na pedreira! Ao fim de várias viagens a Braga chegou a vez de sair de lá feliz.
Todos os anos saio deste jogo a pensar que no próximo não me vou dar ao trabalho de lá ir. Só que o Minho tem argumentos de peso na hora de decidir o que fazer desde que não marquem o jogo para uma noite de véspera de trabalho. Desde que se soube que a partida ficava agendada para um sábado à noite a tentação de fazer uma almoçarada a norte ganhou força. E lá fomos repetir o ataque ao fabuloso cabrito e às alheiras do Torres em Vila Verde. Recepção impecável e comida divinal. Estava justificada a viagem. A partir dali era tudo a somar.
Desta vez sem truques, sem confusões nos bancos, sem bolas de golfe, sem apagões misteriosos, sem a força do ódio de épocas recentes o Benfica entrou forte, ao ataque e bem apoiado na bancada. Com a ausência de Cardozo, Jesus teve que adaptar um pouco a equipa e foi o melhor que podia ter feito. Lima na frente a cumprir muito bem o seu papel, Gaitán a jogar nas costas do avançado revelou-se o melhor em campo e foi o principal responsável pela vantagem ganha na primeira parte. Depois ter Salvio decisivo na direita , Matic enorme no meio e Enzo e Ola John rápidos no ataque foi meio caminho feito para a tão desejada vitória. Acabou Jesus por acertar na fórmula certa para derrotar o Braga na pedreira. É verdade que Beto deu uma boa ajuda com as suas defesas incompletas mas isso só me dá ainda mais gozo de festejar.
A bancada à nossa direita é um caso de estudo. Homens, mulheres, crianças, famílias inteiras a destilar ódio. Uma espécia de mole humana a querer ser algo que só nos habituámos a ver no Dragão mas muito longe de o conseguirem. Não sei de onde lhes vem aquele ódio todo mas desconfio que seja culpa de gerações anteriores que sempre viveram em Braga gostando do Sporting local e assumindo a sua simpatia benfiquista. Espicaçados pelos vizinhos de Guimarães que desde sempre só têm lugar no coração para o seu Vitória, as gentes de Braga querem odiar mais o Benfica que o próprio clube onde foram buscar inspiração e apoio.
Com este cenário devo dizer que esta foi uma das vitórias mais saborosas dos últimos anos. Até mais do que as várias que temos tido ali no Campo Grande nas últimas largas épocas. Ver aquela gente a espumar porque o Artur não tinha pressa a marcar um pontapé de baliza, porque um fora de jogo foi mal tirado, porque uma falta não foi assinalada a favor deles, porque viram um jogador ir para a rua... Tudo isto vale o preço do bilhete e faz-me ter um sorriso enquanto os olho e penso: "que moral... já ninguém se lembra dos filmes que tenho visto aqui todos estes anos!".
Uma vitória muito bem construída, um triunfo que vem apanhar de surpresa todos os que esperavam novo desaire em Braga. Arrisco dizer que até alguns benfiquistas.
Foram só 3 pontos, é certo, mas psicologicamente e moralmente é um arranque de 2ª volta perfeito.
O Benfica não perde um jogo oficial em competições nacionais há 292 dias e é a única equipa das principais ligas europeias sem derrotas esta época. A confiança vai crescendo e isso é muito importante. Foi uma vitória muito saborosa para todos os benfiquistas mas em especial para aqueles do norte como o simpático empregado do Torres que no parque de estacionamento quando abalávamos fez questão de tirar do seu carro um cachecol do Glorioso para nos mostrar e pedir a vitória.
Esta já está e soube muito bem.