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Red Pass

Rumo ao 38

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Rumo ao 38

Benfica 4 - 1 Marítimo

 

Estamos a meio da primeira parte e o Benfica já está em vantagem. Apesar de estarem mais de 40 mil adeptos na Luz o ambiente é estranho. Os jogadores sentem, quem está a ver na televisão também porque mandam sms a perguntar o que se passa e o treinador do Benfica também sente. O que se passa é que nos sectores onde costuma haver apoio incondicional havia silêncio.

Mais de 9 meses após o arranque da temporada houve silêncio. Depois de dezenas e dezenas de jogos sempre a cantar o nome do Benfica bem alto houve uma pausa. Uma pausa para que se lembrem de como não aproveitaram todo esse apoio.

 

Estou no meu lugar e reparo que Jorge Jesus sempre que o jogo pára caminha em frente ao banco virado para sul e olha. Olhou uma vez, olhou duas vezes e olhou três vezes com aquele ar desconfiado por tamanha calmaria do seu lado direito. Aproveitei este cruzar de olhares para partir para um diálogo impossível com o nosso treinador que é isto:

 

JJ - Estamos a ganhar e continuam tão caladinhos... Estamos a jogar bem...

eu - Engraçado, olhei para ti noutras alturas da época e nunca vi a olhar para aqui com tanta curiosidade. Estou me a lembrar do jogo de Coimbra quando tiraste o Aimar para lançar o Yannick, por exemplo.

 

JJ - Ganhámos a Taça da Liga e ainda estamos na luta pelo título.

eu - A Taça da Liga sabe a pouco depois de termos estado com 5 pontos de avanço sobre uma equipa treinada pelo Vítor Pereira. Deixaste fugir 5 pontos de avanço e agoras queres convencer-me que o Pereira perde 4 pontos? Tem juízo.

 

JJ - Sim, mas estou admirado com essa postura.

eu - Óptimo. Agora também já sabes o que é estar num estádio com o Benfica e não compreenderes o que se passa. É que eu também olhei para ti várias vezes e não percebi o que estavas a fazer. O Emerson, queres falar no Emerson? O que foi aquilo em Guimarães ?! E em Olhão, como é possível tanta passividade?! E como é que se deixa escapar uma vantagem de 2-1 em plena 2ª parte na Luz no jogo com o Vítor Pereira?! Tanto olhei para aí, tal como agora, e não vi nem reposta, nem ponta de arrependimento.

 

JJ - Mas eu gosto do vosso apoio, até já elogiei publicamente...

EU - E eu gosto do teu trabalho, já o elogiei. Só que te falta um bocado de humildade e realismo na tua tarefa de nos fazeres feliz. Tu sabes como pôr a equipa a jogar à bola e a ganhar mas falta-te perceber que isto não vai lá só à tua maneira. Tens que perceber que um Emerson da vida não serve para aquele lugar, que quando se pensa em reforçar a equipa em Janeiro devemos reforçar mesmo em vez de brincarmos ao circo. É que os outros foram buscar o Lucho, que afinal não está assim tão podre e um tronco ponta de lança que tem dado mais jeito que o Kléber.

 

JJ - Mas não é com silêncio que vamos lá...

eu - O que sabes tu sobre isso? Em 3 anos de banco na Luz nunca te faltou o apoio aqui mesmo quando as noites não acabavam como nós queríamos. Sempre tiveste apoio na Luz e em todo o lado onde vamos jogar. Apoio esse que não merece da vossa parte um gesto nobre como virem junto a nós cumprimentar o pessoal. Como em Londres que se despediram do meio do campo ou como em tantos outros estádios em que raramente oferecem uma camisola a quem vos segue para todo o lado preferindo dá-las a adversários ou ao gang dos cartazes em cartolina da moda.

 

JJ - Ok. Mas fico admirado com este silêncio.

EU - E eu fiquei admirado com a forma como foste jogar para Alvalade com a única equipa que eu "exijo" golear sempre. E olhei para ti mas aí estiveste sempre de costas para mim. Nem te viraste como agora para questionar o forte apoio que vinha da bancada apesar da qualidade do nosso futebol ser zero. Aí é que devíamos ter ficado em silêncio, não é? Mas nós não somos como a tua rapaziada que "desiste" dos jogos antes de tempo. Acreditamos e empurramos até ao fim, como sabes.

 

JJ - Sim, e estiveram sempre bem.

Eu - Eu sei. Mas hoje regressar à Luz ocupar o meu espaço na bancada e perceber que tenho 4 pontos a menos que o líder e que ainda há pouco tempo tive 5 de avanço tira-me a vontade de gastar a minha voz. Não, Jorge, eu já não acredito no título. Gostava que hoje a equipa percebesse que estamos desiludidos.

 

JJ - Vamos ganhar por vocês.

eu - Não, hoje ganham pelos que assobiam o Cardozo e o Emerson e que insultam a equipa quando joga para trás mesmo quando estamos a ganhar e pelos que saem mais cedo mesmo com o jogo empatado ou mostram lenços brancos  e pelos que preferem ir ver o clássico espanhol em vez de vir à Luz ou ver o Benfica até ao fim. Hoje esses é que merecem porque estão a tentar puxar por vós.

 

JJ - Calma, a gente vai marcar aí na vossa baliza também, vais ver.

EU - Para quê?! Para depois desatarem a correr para o outro lado da bancada onde não há faixas, bandeiras, estandartes e pessoal pronto a saltar aí para dentro para abraçar os goleadores? Aliás, curiosamente hoje não entrou nada disso na bancada...

 

JJ - Vá, vamos ganhar e acreditar até ao fim.

EU - Eu acreditei naquelas sextas e segundas feiras malditas em que vocês alinham jogar ignorando completamente a malta desta bancada que faz tudo para vos ir apoiar e fica inutilizada com os vossos acertos de calendário. Acreditei que ganhávamos em Guimarães, Olhão e Alvalade. Agora até ao fim não me peças. Lá por estoirar fortunas em viagens repetidas, lá por deixar tudo para trás para estar presente onde vocês jogam não quer dizer que seja otário ao ponto de estar a ver o título ganho nestas condições. Aproveita para te habituares com a contestação que ignoras quando insistes num Emerson, por exemplo. E pensa bem se queres continuar por aqui mesmo com o pessoal já saturado de finais de temporada a "acarditar muita fortes". E quando o teu chefe voltar ao contacto com a equipa pergunta-lhe também se é isto que ele quer continuar a fazer.

 

 

Na 2ª parte voltou o apoio em força. O Marítimo fez golo e andou ali a cheirar o 2-2. O apoio esmoreceu até novo silêncio e o Benfica chegou aos 4-1. Dá que pensar. Se calhar isto é mesmo só quando eles querem e mais nada.

Dá que pensar...

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