Chaves 2 - 2 Benfica: Uma Odisseia Que Não Acabou Bem
Há jogos que não me cheiram bem a uma grande distância. Esta partida em Chaves foi marcada há cerca de um mês e a partir daí foi sempre a complicar. Um jogo em Chaves numa 5ª feiras às 20h15 começa logo por ser estranho. Mas isto é uma Liga que tem o recorde de dias para a duração de uma jornada. Esta, por exemplo, dura cinco dias.
Depois de sabermos data e hora, o Chaves anuncia que o jogo serve para celebrar o seu 69º aniversário mas quem dá a prenda maior é quem quiser ir ao estádio sem ser sócio do clube da casa. Ou seja, um adepto do Benfica que quisesse comprar bilhete no estádio do Chaves teria que pagar a partir de 37€ e podia ir até 56€.
O tempo passou e em vésperas do encontro o Chaves fez um comunicado em que decretou a proibição de adereços do Benfica numa bancada central. Mais do mesmo. Quem já tivesse comprado bilhete antes tinha que comer e calar.
Entretanto, no último jogo antes desta deslocação o Benfica perde João Félix, Sálvio e quase fica sem Grimlado. O espanhol recupera mas na frente teve que entrar Rafa e Cervi.
A meio da semana há a despedida a Luisão e logo acontece uma lesão a Jardel e uma expulsão forçada por João Capela a Conti. Capela, o tal que expulsou Aimar. O tal que um dia viu Cardozo bater com uma mão no relvado revoltado por ver que o árbitro não marcou uma falta evidente a seu favor, e ... expulsou-o. Repetiu a dose em Trás-os-Montes.
Aliás, a nomeação de Capela foi mais uma desconfiança que tivemos antes do jogo. A outra foi nova mudança no árbitro para o Var. Sem justificações, apareceu Bruno Esteves em vez de Hélder Malheiro. Segunda jornada seguida com trocas de última hora. Estranho. Claro que Esteves e Capela não tiveram dúvidas num penalti por marcar sobre Gabriel na primeira parte. E zero de dúvidas na expulsão a Conti.
Voltemos ao pré jogo. Finalmente, chega a hora e tempo de verão dá lugar a uma noite de temporal. Relvado encharcado, dúvidas sobre a realização do jogo e partida a começar mais de uma hora depois da hora marcada.
Forte abraço para o pessoal que foi a Chaves e que ainda levou com transito cortado na A3. Que tenha sido esta a pior deslocação da época, é o que desejo.
Fomos a jogo e tudo mudou a nosso a favor. Entrar a ganhar 0-1 com um golo de Rafa era tudo o que o Benfica precisava para inverter todas estas más energias acumuladas antes da jornada.
Mas a vantagem não foi ampliada, por acerto do guarda redes Ricardo e infeliz desacerto de Seferovic na hora de finalizar. O jogo ficou demasiado aberto para o Benfica conseguir dominar, o Chaves foi criando oportunidades que o mantiveram ligado ao jogo até ao intervalo.
Na segunda parte pedia-se um segundo golo ao Benfica para que tudo acalmasse e fosse gerível do ponto vista físico e emocional. Mas sem conseguir matar o jogo, o Benfica deixou espaço para o empate que surgiu num mau momento de Odysseas que até ali tinha estado impecável. Um livre directo frontal quase sem barreira convidou Ghazaryan a rematar. O arménio, que acompanhou Daniel Ramos nesta passagem do Funchal para Chaves, aproveitou para fazer o empate num pontapé forte e colocado.
Faltavam 20 minutos para o final e o Benfica ainda conseguiu reagir. Rúben Dias desmarcou Rafa que se isolou e bisou na partida. Parecia que toda esta maratona ia acabar bem. Jonas já estava em campo e festejou o 1-2.
Só que quando parecia que o jogo estava controlado na recta final pela equipa em vantagem aparece João Capela a mostrar vermelho directo a Conti numa falta em que o jogador do Chaves nem ia criar perigo de golo. Sem Jardel, sem Conti, as nuvens negras voltaram. Não houve quem não pensasse logo com que centrais o Benfica pode defrontar o Porto na próxima jornada. Com a equipa desgastada, com improvisos na defesa e no meio campo, o Benfica não soube roubar a bola e empurrar o adversário para o seu meio campo. O chaves teve força e engenho para desenhar a melhor jogada de toda a partida e dar a Ghazaryan a oportunidade de bisar empatando um jogo que pareceu amaldiçoado desde o dia em que foi marcado.
Dois pontos perdidos mesmo no final da partida, lesões de Jardel e Gabriel para avaliar, suspensão de Conti para gerir e uma viagem a Atenas já no horizonte que por marcar o futuro europeu da equipa.
Estamos em alta pressão e não podemos perder o foco apesar de tanta odisseia à volta do futebol do Benfica. Esta não acabou bem.