João Carvalho faz uma recepção magistral já em plena área do Vitória. Perto da linha de fundo rodopia sobre adversários e num ápice mágico fica virado para dentro de campo podendo assistir na perfeição Seferovic que fez golo. Toda a magia de João Carvalho aconteceu ali à minha frente a uns metros da nossa bancada. Lembrei-me logo daquela roleta do Miccoli contra o Beira Mar na Luz. Também à minha frente.
Porque é que vi as duas? Por sorte? Não. Por convicção. Por exemplo, o que me fazia ir ver um Beira Mar à Luz na altura do Miccoli? O italiano nunca foi campeão pelo Benfica, nunca ganhou nada pelo Benfica, que me lembre. Mas faz parte do imaginário dos adeptos aquele momento mágico contra o Beira Mar. Quantos estavam na Luz? Estavam aqueles que consideravam que era digna a sua presença num jogo oficial do Benfica.
Tal como ontem no Bonfim. Aquela bancada reservada a visitante estava mais bem composto do que em 80% dos jogos para o campeonato que ali se disputam.
Já não contava para nada? Está bem, e então? Quantas vezes em tantos anos que acompanhamos o Benfica já vimos jogos oficiais do Benfica que não contavam para nada? Eu vi muitos. E vivo bem com isso.
O que não entendo é a pergunta: Tu foste a Setúbal?!
Fui. E vi o Ruben Dias a marcar um golo pelo Benfica. Aquele momento que esperava há vários anos depois de o ver evoluir em todos os escalões de formação que a BTV acompanhou. Ontem foi noite do menino cumprir o seu destino. Gostei muito de estar lá para o aplaudir. Tal como aplaudi a magia do João. Momentos que já valeram a viagem.
Por muito que queiram convencer-me que nós, os que fomos ao Bonfim, é que somos os malucos, não vão conseguir.
Hoje em dia tudo é muito claro. Há uma realidade simples e clara, ir ao estádio e ver a equipa de que gostamos. Depois, há outra realidade, bem mais popular actualmente, que é ficar agarrado às televisões, às redes sociais, às notificações dos smartphones e reagir euforicamente ao maior e mais vergonhoso ataque de sempre concertado entre dois clubes e a maior parte da comunicação social contra o Benfica.
Sim, nós comprámos os jogadores do Rio Ave, sim nós comprámos cinco, ou mais jogos, nos últimos anos. E a seguir vão descobrir que comprámos o Bryan Ruiz, e o Marega e todos os jogos dos últimos 4 campeonatos e corrompemos todas as 12 competições que vencemos das últimas 16 em disputa. Isto enquanto o Sporting soma mais não sei quantos campeonatos ganhos por magia e o Porto vence o prémio nobel da gestão desportiva da UEFA. Eu vivo bem com isto tudo porque prefiro ir ao Bonfim ver o João Carvalho e o Ruben Dias a brilharem num jogo que não conta para nada. Porque vou com a mesma vontade com que fui ver o Basileia na Luz. É a mesma motivação que me fez ir a Vila do Conde ver o Benfica no tal jogo que nós comprámos. Tive oportunidade de ver como foi fácil vencer esse jogo.
Enquanto tiver vontade de ir ver os jogos, vivo bem com isto tudo. O João Carvalho entende-me.
Por alturas da conquista da Taça de Portugal em Maio deixei aqui um recado a todos os benfiquistas que viraram costas à cerimónia da entrega da taça. Pedi que nunca se cansem de vencem. Nunca desprezem a conquista de um troféu. Nunca deixem de festejar um triunfo do Benfica numa competição. Nunca pensem que será sempre assim ou que é fácil.
Isto aconteceu a meio deste ano e nunca me passou pela cabeça voltar aqui ao assunto. Muito menos para mudar o foco para jogadores.
Sim, desta vez a mensagem para os jogadores. Isto é o Benfica e aqui ninguém se pode cansar de ganhar. Somar triunfos e títulos nunca pode ser aborrecido nem um problema, tem que ser a normalidade do clube. Noites más todos temos, jogos de desfecho injusto podem acontecer, surpresas desagradáveis em jogos que não era suposto perder fazem parte do futebol. Agora, achar que a tarefa está concluída antes de tempo ou deixar o destino em mãos alheias é inaceitável. Hoje tenho que pedir aos jogadores que representam o clube, não se cansem de vencer. Não se cansem de jogar finais, não se cansem chegar mais longe. Isso não faz sentido.
Não é aceitável deixar o Portimonense voltar ao jogo depois de uma vantagem de dois golos. Como disse o Jonas, não é aceitável deixar o adversário jogar à vontade. Havia um objectivo para cumprir, não eram só os 3 pontos, era necessário também fazer golos e criar pressão nas outras equipas.
O Benfica vinha de uma bela exibição no campeonato, começa o jogo na Luz a vencer com um bonito golo, chega ao 2-0 e tem tudo para fazer do último jogo na Luz em 2017 uma digna despedida.
Inexplicavelmente, na segunda parte a equipa eclipsou-se!
Todos os jogadores do Benfica precisam de renovar a ambição a cada jogo. Tem sido assim, pelo menos, nos últimos quatro anos. Hoje não era noite para facilitar. Mais de 20 mil adeptos disseram presente nas bancadas numa 4ª feira à noite antes do Natal. As escolhas de Rui Vitória foram no sentido de levar muito a sério a partida e, por isso, só aconteceram 3 alterações de campo mais o guarda redes. Nada fazia prever um final tão amargo mas foi o que aconteceu.
Começo por desejar que esta 2ª feira de manhã a cidade de Tondela amanheça com toda uma nova mentalidade. Espero que tenha tido efeitos práticos mais uma proibição de entrada de adereços benfiquistas numa das bancadas de um pequeno estádio que esgota para ver o Benfica. Ao fim de dois anos e meio na 1ª divisão, ao quinto encontro com o Benfica, o segundo em casa própria, o Tondela resolveu seguir os passos da pequenez e contrariar a liberdade de expressão que o país conquistou em 1974. É pena porque o clube é treinado por Pepa que tem contribuído muito para melhorar o ambiente e as mentalidades de quem vive do futebol. Já alinhou em fazer uma conferencia de imprensa em conjunto com o treinador do Rio Ave, tem um discurso interessante, não hesitou em boicotar a conferência de imprensa antes deste jogo, em protesto por terem a mesma sala vazia antes de jogarem contra outras equipas.
Assim, Tondela a partir de agora terá uma nova mentalidade que permite ao clube encher o estádio só com adeptos da casa.
Segundo tema vai, mais uma vez, para o contexto da transmissão do jogo pela Sport TV. Primeiro, um elogio aos comentários de Vítor Paneira, tão bem que parece fácil. Segundo, um agradecimento ao reportes Carlos Matos Rodrigues por nos ir informando sobre o desenvolvimento do jogo quando o canal entra em louco loop de repetições. Por exemplo, ficámos a saber que um dos lançamentos laterais foi parar às mãos dos jogadores do Tondela porque o árbitro considerou mal efectuado primeiro por um jogador do Benfica. Não vimos mas ouvimos.
Portanto, já deu para perceber que não houve roteiro gastronómico. Por razões profissionais fiquei em Lisboa e por isso acompanhei pelo canal do costume.
Quanto ao jogo, estou satisfeito com o que vi porque veio dar razão ao pensamento com que fiquei depois de Vila do Conde. Aquela primeira parte na Taça merecia outra sorte.
Hoje o Benfica voltou a repetir a boa exibição na primeira parte, chegou cedo ao golo mas, desta vez, conseguiu ampliar até 0-3 antes do intervalo. Faz toda a diferença, a lei da eficácia.
O Tondela abordou o jogo com uma expectativa errada, Pepa calculou que a equipa do Benfica ia estar arrasada física e moralmente. Reforçou o meio campo, pressionou alto, impôs ritmo muito forte e conseguiu dividir o jogo nos primeiros minutos. Mas assim que Pizzi e Krovinovic conseguiram agarrar no jogo e envolver Salvio e Cervi na partida, a equipa de Rui Vitória foi avassaladora. Ao contrário de jogos anteriores, esta noite tudo saiu bem. Até Pizzi voltou às grandes exibições! Salvio, que a meio da semana foi infeliz na finalização, hoje fez um golo de cabeça.
É certo que este Tondela não tem a qualidade do Rio Ave mas a ideia que fica é que quando não se falham golos cantados a equipa parte para exibições seguras e com momentos de jogo muito agradáveis. O onze está escolhido, o 4-3-3 veio para ficar e em jogos como este faz todo o sentido.
Jonas voltou a marcar, bisou, Krovinovic assume-se como mais valia, e Grimaldo surpreendeu ao interpretar um raro lance de bola parada, um canto, neste caso, que Jonas concretizou em golo. Tudo a correr bem. Até o golo do Tondela é desculpado no meio disto tudo.
Um desfecho natural com a qualidade do Benfica a vir à tona. Se o futebol fosse justo teria dividido melhor os sete golos dos últimos dois jogos. Mas não é e o difícil é fazer com que sejamos nós a controlar esse equilíbrio.
Foi o último jogo de campeonato para o Benfica em 2017. Fechou o ano civil com uma bela exibição, o ano em que se festejou o inédito Tetra. Que o próximo seja assim tão bom.
Estive no Algarve no jogo com o Olhanense e fui à Luz ver a eliminatória com o Vitória de Setúbal. Estive para ir a Vila do Conde mas acabei por ficar em Lisboa por motivos profissionais. Quero começar por mandar forte abraço a todos os que viajaram até ao Estádio dos Arcos a meio da semana para apoiar o Benfica num jogo que acabou perto da meia noite e ambiente de inverno.
Obviamente, esperava que esta caminhada acabasse no Jamor. Espero sempre. E como nos últimos anos até temos ido com alguma regularidade a finais, não esperava menos esta época.
A apreensão da altura do sorteio confirmou-se hoje em campo. O Rio Ave joga bem, é forte em casa e já em Agosto não tínhamos passado lá.
A diferença para as outras eliminatórias é que, desta vez, Rui Vitória não fez rotação e foi com a sua melhor equipa para dentro de campo mostrando o respeito pelo adversário e pela competição que se esperava.
Ironicamente, o Benfica esta noite fez a melhor primeira parte da época. Faltou concretizar mais oportunidades, particularmente Salvio devia ter feito pelo menos um golo. A equipa ficou-se pelo golo de Jonas, excelente, por sinal, e foi para o intervalo a vencer.
Na 2ª parte confirmou-se que os falhanços da 1ª parte iam sair caros. O Rio Ave acertou posições, foi até ao fim com as suas ideias, futebol de posse de bola, construir desde trás, pressionar alto e deu espaço aos seus melhores artistas para brilharem. Criaram dificuldades e conseguiram dar a volta ao 0-1.
A partir da altura em que se viu a perder, o Benfica nunca mais teve o controlo do jogo nem das emoções, andou sempre a correr atrás do prejuízo dando tudo para evitar a eliminação. Jonas permitiu a defesa de Cássio numa grande penalidade perto do final dos 90'. Aliás, Cássio defendeu quase tudo o que havia para defender. A história da sua carreira contra o Benfica, sempre o melhor em campo.
Com muito coração o Benfica evitou a derrota por Luisão num canto muito perto do final do minuto 90. Alivio e esperança, foi o que se sentiu no universo Benfica. O problema é que logo depois o capitão sai de campo com uma lesão e deixa a equipa desequilibrada e já com as três substituições feitas.
O Benfica partiu para o prolongamento com a equipa toda remendada e improvisando posições. A expectativa era de atacar porque a maioria dos seus jogadores em campo tinham essas características, mesmo com menos um jogador.
Mas o Rio Ave manteve o seu plano de jogo e rapidamente chegou à vantagem no prolongamento. Aí a equipa do Benfica já não teve mais coração para voltar ao jogo.
Os jogadores deram tudo, a primeira parte não deixava adivinhar um fim tão negro, jogou a equipa mais forte. O Rio Ave tudo aguentou e passa com mérito aos 1/4 de final da Taça de Portugal.
Sinto o mesmo vazio de há dois anos. Na altura eliminados em Alvalade. É duro quando se percebe que não vamos voltar ao Jamor, no fundo é o fim da magia daquela tarde chuvosa de Maio que nos deu mais uma Taça de Portugal. A seguir vencemos a Supertaça e pensamos que voltar ao Jamor é um destino que ninguém nos pode tirar. Dói quando sentimos que esta época não vamos lá. Espero que este vazio volte a dar lugar à alegria de vencer o campeonato como há dois anos.
Desta vez começo pelo fim. Vale a pena recuperar as conferências de imprensa dos treinadores pós jogo.
O treinador do Estoril, Ivo Vieira, mostrou-se farto dos não assuntos à volta de um jogo em que ele é protagonista directo e, por isso, queria falar das suas opções, das suas opiniões, das suas reacções sobre o jogo de futebol em que a sua equipa participou. Fartou-se e disparou: "Malta, hoje aqui houve um bom jogo ou não?". É uma pedrada no charco. O Ivo perdeu o jogo, a sua equipa está numa posição perigosa na tabela mas quis passar a mensagem que assistiu a um bom jogo de futebol com um resultado final que não era o que ele queria.
Uma atitude que é um estaladão fortíssimo nos representantes da comunicação social presentes naquela sala. O Ivo Vieira perdeu e mostrou que se está nas tintas para o esterco em que a comunicação social insiste em viver e sempre a puxar o povo e os protagonistas para ele.
O Ivo Vieira sabe que a sua equipa vale mais que os pontos que apresenta agora na tabela classificativa. O Ivo Vieira entende que uma equipa que tem o excelente Lucas Evangelista e o eficaz Kléber a actuar só pode melhorar e fazer uma 2ª volta melhor. Eu também acho. Agradeço-lhe a postura e desejo sinceras felicidades.
Por seu lado, Rui Vitória a dada altura da sua conferência de imprensa deu-se ao trabalho de contar até sete. Foi apontando o dedo aos jornalistas contando de um a sete. Todos lhe fizeram perguntas fora do contexto do jogo jogado. A excepção foi a BTV e o oitavo jornalista. Insistiu em explicar que não ia ali para alimentar ruído, isto é, recusou ser puxado para o tal esterco. Bem.
Ora, por esta amostra fica muito claro quem quer viver no esterco, quem puxa o futebol para o lado negro, quem vive deste ruído, quem precisa de alimentar os animais do esterco. Neste aspecto, fica ainda mais claro quando a meio de um jogo de futebol, que estava a ser interessante e emotivo, um desses animais, personagem principal desta fábula, se pronunciou. Repito, a meio do jogo do tetra campeão a notícia passou a ser o esterco agitado:
Pois bem, este destaque é dado pelos mesmos que nos dias de clássicos e derbys apresentam capas todas bonitas a apelar ao fair play com frases lindas como "divirtam-se", fazendo de conta que não são eles que transformaram isto num gigante esterco irrespirável.
Os treinadores das duas equipas deram uma clara resposta à hipócrita e decadente comunicação social. Para que não fiquem dúvidas, os protagonistas estão fartos desta sujidade. Imaginem os adeptos que só querem saber de futebol...
Quanto ao Benfica - Estoril, o Benfica tinha duas obrigações, voltar a jogar com a sua melhor equipa e ganhar, dar continuidade ao bom ciclo de resultados em provas internas. Cumpriu.
Não restam dúvidas que o 4-3-3 veio para ficar e com ele chegou um determinado e decisivo Krovinovic que joga e faz jogar. Os dois alas ganham, cada vez mais, importância na equipa e é de lá que vem o apoio decisivo para que se marquem golos. Cervi e Salvio, importantíssimos para apoiarem o trabalho de Krovinovic e Pizzi pelo meio e ligarem o jogo ao superior Jonas.
Os problemas aparecem mais atrás e quando a equipa até está em vantagem no marcador. Continua a haver dificuldade em controlar o jogo do adversário, foi assim que o Estoril andou sempre perto de discutir o resultado porque depois do 2-0 não se conseguiu matar a partida. Neste momento, é o que me parece que dá mais trabalho ao treinador, acertar a postura defensiva e gerir vantagens.
Fica sempre a ideia que quando a equipa do Benfica acelera o processo de jogo acaba por ser feliz porque tem protagonistas do meio campo para a frente com uma qualidade incomparável na nossa liga. Acaba por ser natural que o Benfica responda ao 2-1 com a procura e a concretização do 3-1 mas depois não é expectável que a equipa caia em tentação de recuar e ficar exposta a um possível 3-2 que só não aconteceu porque o famoso VAR impediu que um golo marcado com o braço contasse.
Acaba por ser uma vitória normal, dentro do que tem acontecido nas últimas visitas do Estoril à Luz e a noite foi proveitosa para manter o tal ciclo positivo a perseguição ao objectivo principal.
Antes do começo do jogo uma justa homenagem ao Zé Pedro, a quem dediquei o começo da crónica no Dragão. Para sempre um de nós. Extra jogo, é destas atitudes que queremos falar, sobre o resto estou como os treinadores deste jogo, chega!
É muito difícil explicar o que aconteceu aqui nesta fase de grupos da Liga dos Campeões. Já passaram os seis jogos e não entendo como é tudo se desenvolveu tão ao lado. É uma questão de perspectiva, basta lembrar que no começo deste ano estivemos a discutir ma eliminatória nesta prova com o Borussia Dortmund vencendo o jogo da Luz. No ano passado fomos afastados da Europa pelo Bayern do Guardiola com um golo de diferença e já nos 1/4 de final. O que é que se passou nesta época?
Dando de barato que o primeiro jogo em casa com o CSKA foi muito ingrato, começámos a prova a marcar e na frente do marcador, a onda negativa que se seguiu é inexplicável.
Para este último jogo eu esperava que a equipa quisesse deixar uma boa imagem e dar continuidade aos últimos resultados positivos conquistados nas provas internas. Para isso era preciso jogar com os melhores e dar tudo por uma vitória e retribuir a coragem que vinte mil adeptos ainda tiveram em ir ao Estádio.
Ciclicamente acontecem jogos destes na minha vida. Jogos de cenários apocalípticos. Daqueles em que as pernas nos levam para as bancadas em piloto automático porque a razão pergunta-nos o que vamos ali fazer. As noites mais marcantes, neste aspecto, foram com o Celta e com o Metalist. Junto agora esta. Sendo que a de ontem é ainda mais negra porque nem um milagrezinho havia no horizonte para alimentar a ficção.
A equipa técnica optou por rodar a equipa toda, mantendo o Jardel e o Pizzi, em busca de motivar os menos utilizados. Teoricamente, seria uma aposta condenada ao insucesso logo à partida porque o Basileia vinha com objectivos bem definidos e na máxima força porque isto é a Champions League e não a Taça CTT. Assim, o resultado acabou por ser lógico, vitória, mais uma, para o Basileia que festejou em Lisboa uma passagem aos 1/8 de final que, por certo, não contavam em Agosto, por alturas do sorteio.
Nem os jogadores menos utilizados aproveitaram a oportunidade, nem o Benfica melhorou a sua imagem na Europa. Foi apenas mais uma noite negra num clube que nos habituou nos últimos anos a andar mais perto do Top 10 da Europa do que campanhas de seis jogos, zero pontos.
Volto ao começo, não consigo explicar o que se passou. Tantas épocas europeias boas, nos últimos anos, e de repente um apagão deste tamanho. Parece coisa retirada do guião de Stranger Things.
Dói porque me habituei a esperar pelo sorteio de Dezembro para aumentar a minha lista de viagens ao estrangeiro e esta época não vai acontecer nada. Em Dortmund pensei onde seria o próximo destino e sonhei com algo grande. Fica tudo adiado.
Mas agora a responsabilidade interna aumenta. Se desprezamos assim um jogo europeu temos que nos atirar com tudo para o próximo jogo com o Estoril e logo a seguir dar tudo em Vila do Conde pela ida ao Jamor.
E que para a próxima temporada se volte à normalidade na Europa. Tenho saudades de viajar para Inglaterra com o Benfica. Vejam lá isso.
Para quem ia sair do Dragão a 8 pontos e desmoralizado para o resto do campeonato não está nada mal seguir para a segunda semana de Dezembro a 3 pontos da liderança e com a passagem pelo Porto concluída.
Este constante desprezo pela equipa de futebol do Benfica tem sido o grande defeito dos nossos adversários. Quer dizer, também tem sido usado pelos próprios benfiquistas nos últimos três anos mas aí até é útil porque aumenta sempre a exigência. Tem sido sempre de trás para a frente, a luta do Benfica no campeonato nos últimos anos e mesmo assim acham constantemente que estamos mortos.
Mas quero começar por algo superior a tudo o que aqui vamos falar. Este foi o primeiro clássico sem o grande Zé Pedro a torcer por nós. Não vou aqui repetir elogios (merecidos e unânimes) nem contar histórias mais pessoais. Apenas recordar o que o amigo Nuno Calado, da Antena 3 e amigo de longa data do Zé Pedro, ontem me lembrou por sms quando eu ia a caminho do Porto: O nosso clube é tão grande que sempre que os Xutos & Pontapés actuaram nos intervalos dos jogos no Estádio da Luz deixavam o Kalu vestir a camisola do Porto.
Esta era a grande força do Zé Pedro, conseguia ser benfiquista sem melindrar ninguém que fosse seu fã. E tinha o mesmo bom gosto futebolístico que mostrou na música. Um dos maiores que nos vai fazer muita falta.
Este ponto também foi para ti na esperança de te podermos dedicar algo maior em Maio.
Posto isto, passo para um pedido muito especial para a nossa querida Liga de Clubes. Olhem lá, eu pago um lugar cativo no meu estádio que dá acesso a todos os jogos da vossa competição na minha casa. O cartão tem o nome que inspira a existência deste blogue. Mas o que eu quero mesmo a partir de hoje é saber quanto custa e como posso arranjar o bilhete que este companheiro, cheio de futebol com talento, adquiriu:
É que isto de sair da bancada directamente para o banco do adversário e fazer parte do espectáculo é outra dimensão! Que categoria, invade, empurra, agride e sai escoltado perante os sorrisos dos companheiros de bancada. Se não for pedir muito, alguém pode explicar o que deveria acontecer na teoria numa campeonato profissional quando um adepto do clube da casa entra no relvado e agride jogadores do clube adversário? Há leis para isto? Está previsto no regulamento ou é só mais um delicioso momento terceiro mundista do nosso futebol? Aguardo com muito interesse.
Por falar em leis e castigos. Então, o que para aí vai de análises isentas à arbitragem! Um treinador que acha que devia ter dado 5-1 e especialistas que viram tanta coisa.
Ora, não consigo ter a certeza absoluta que o Luisão fez penalti, no golo "anulado" vejo uma falta sobre o Grimaldo, do Jardel também não vi nada que desse penalti. Acho que é isto que se agita por aí, certo?
Agora, o que levei com carinho do Dragão foi a proeza do Porto acabar com um cartão amarelo no total do jogo. Um! E por simulação do Otávio.
Já o Zivkovic levou um amarelo assim que entrou por estar em pé e a respirar em frente à bola. Isto para logo depois fazer uma falta, repito, uma falta, e foi para a rua. Brilhante! É aqui que chamo a esta prosa uma figura simbólica deste nosso futebol. O central Felipe. Vamos todos ver a repetição daquela entrada do defesa portista sobre Jonas aos 12 minutos. Estamos todos sintonizados? Pronto, então estamos de acordo que Jorge Sousa esteve bem em não lhe mostrar o cartão amarelo. É que aquela entrada é para expulsão. O árbitro até esteve bem ao não mostrar o amarelo. "Só" faltou mostrar o respectivo vermelho. E Isto seria aos 12 minutos de jogo. Assim, o Porto não ficou em desvantagem numérica e ainda pôde continuar a beneficiar da classe e magia de Felipe, que até um jogador do Benfica no chão pisou, e que conseguiu acabar sem ver um único cartão. Não é para todos. O Zivkovic que o diga.
Voltemos à manhã do clássico.
Então o jornal A Bola e Record resolveram entrar no espírito natalício e lembraram-se que o futebol pode ser um lugar engraçado de rivalidades sãs? Fiquei emocionado com aquela foto de dois jovens adeptos, cada um com a camisola do seu clube a olhar para o estádio e a frase "divirtam-se". Tão emocionado que nem abri os jornais ontem.
É preciso não ter mesmo vergonha nenhuma na cara para fazerem capas tão hipócritas. Os mesmos jornais que se alimentam de lixo e difundem as teorias das conspirações de figuras sinistras ligadas a um clube que já aceitou perder pontos por corrupção, ganhando na mesma títulos, e por outras figuras, ainda mais lunáticas, de clubes que nada ganham e inventam campeonatos conquistados no calor do verão. Dão palco, dão voz, submetem-se às suas agendas, espalham as suas mentiras, os seus ódios desmedidos, as suas invejas, as suas raivas incontidas em páginas e páginas de jornais, em linhas e linhas dos sites online na busca selvagem de pageviews, ajudam a conspurcar todo um ambiente que se tornou absolutamente irrespirável para aqueles que só gostam de futebol. Mas no dia clássico tomem lá umas capas todas giras, cheias de fair play e muito preocupadas com o futebol.
Assumam-se! Deixem de ser hipócritas. Deixem de fazer de nós otários. Os jornais, as televisões e os sites online só querem a podridão em movimento para aumentar audiências.
Olhem, da próxima vez façam-se à vida, sejam homenzinhos, saiam do casulo e venham connosco numa maravilhosa viagem atrás da nossa paixão num feriado para apoiar a nossa equipa num jogo vergonhosamente marcado para depois das 20h que nos obriga a regressar para junto das nossas preocupadas famílias depois das 4 da manhã.
Venham connosco mas não é de microfone, gravador ou cameras afiadas. Não venham em busca de mais uma reportagem hipócrita sobre "claques" ou grupos organizados. Nada disso. Entrem connosco num carro a seguir ao almoço no estádio da Luz. Façam a viagem Lisboa - Porto, e já agora preparem-se para partilhar despesas de gasolina e portagens, vão ver que é um rombo engraçado nas finanças. Venham sentir a adrenalina de entrar na cidade do Porto em dia de clássico enquanto ligam para casa a dizer que está tudo bem e começam a pensar onde é que vão estacionar o carro. E o que acontece se alguém embirrar com a matrícula do carro ser de um stand de Lisboa. Ou se houver o azar de alguém reconhecer uma cara que até aparece na BTV com regularidade. Ah, e perceber que para ir a um jogo da sua equipa deve vestir todas as cores menos aquela que identifica o seu clube. E depois ir a pé à volta do estádio e sentir o clima de ódio enquanto percebem que as capas que fizerem são mais fictícias que os volumes do Harry Potter. Caminharem até ao sector visitante em passo largo sem ceder aos cânticos insultuosos.
Depois, serem revistados como se estivessem a entrar nos Estados Unidos da América vindos do México. Várias vezes. E esperarem ao frio duas horas para subir umas escadas e entrar no estádio. No final terem de ficar mais uma hora após o fim do jogo à espera de sair. E voltar a pé até à Estação da Campanhã. Entretanto, irem ligando a companheiros que viram o jogo noutros sectores e sairam após o jogo para nos irem buscar perto da estação em segurança. Venham sentir isto tudo e vão ver se da próxima vez há vontade para brincarem às capas de realidade virtual.
Desta vez o roteiro gastronómico resume-se a uma paragem na estação de serviço da Mealhada. Sandes de Leitão, pastel de bacalhau, uma imperial, umas batatas fritas de pacote, um café e um pastel de Vouzela. Deu vontade de usar o visa e pagar aquela pequena fortuna em dez meses mas soube pela vida.
Afinal, que amor é este que mexe com mais de três mil adeptos que não hesitam em largar tudo para passarem um dia num comboio, ou de carro como já vimos, para apoiar uma equipa que todos dizem estar acabada, sem rumo, sem chama e sem hipóteses de ganhar? Serão estes milhares de adeptos que estão enganados? Serão eles que não percebem nada de futebol e contrastam com os sábios que poluem jornais e televisões com teorias do Apocalipse?
Pode parecer estranho mas esta forma de vida é a única solução para manter intacto o amor pelo clube e pelo futebol. Temos a vantagem de ver o jogo todo tal como ele é e não o jogo que a realização da Sport TV quer mostrar. Temos a vantagem de cantarmos juntos apenas e só pelo clube que amamos em vez de passarmos o jogo todo a insultar rivais. A propósito, quando é que a Liga do futebol com talento resolve ter a coragem de punir seriamente os clubes que nos seus estádios têm como "hino oficial" de cânticos o famoso SLB, FDP, SLB. Ou fingem que não ouvem? Ou não vos incomoda? Ou faz parte de uma espécie de cânticos com talentos. Sempre que se brindar o adversário com algo como FDP devia dar castigo, digo eu.
Passar por isto tudo para estar ali no estádio com a nossa equipa tem mais vantagens. Não ouvir os disparates que se dizem durante a transmissão televisiva, não levar com mil repetições e mais teorias da conspiração e, acima de tudo, no final do jogo ficar longe do circo que logo se instala para falar de tudo menos do jogo, menos de futebol. Bem melhor estar ali ao frio a conversar entre nós e a pensar que dia 17 há uma saída com muito potencial gastronómico a Tondela.
E quando é que nos sentimos recompensados? É quando a nossa equipa entra no Dragão com uma personalidade, atitude e um futebol de posse digno de um tetra campeão. A primeira parte do Benfica no Dragão foi à campeão. É isso que nos move. É isto que exigimos, uma atitude que bata certo com a nossa, ir ali com tudo, sem receios e com personalidade. Dentro e fora de campo. Não esquecer que aos 12' devíamos ter ficado em vantagem numérica e aí o jogo era outro.
Elogiar a postura do Benfica, o jogo superior de Varela, dos dois centrais, de Fejsa e, especialmente de Krovinovic. Então se o croata faz aquele golo, que José Sá negou, era a coroação total de um jogador que começa a apontar para uma presença num Mundial que vai ter um prometedor Argentina-Croácia.
Não gostei tanto de Pizzi, e esperava mais de Jonas. Mas o facto do brasileiro não se ter desmanchado todo aos 12' já foi positivo. Aquele aperto que o Porto deu no jogo pelo minuto 60 era aquilo que eu esperava desde o começo da partida, afinal jogavam contra o maior inimigo da sua existência, perante a sua gente na sua casa. Só a partir dali deram um sinal de força. No entanto, o falhanço do Marega, ao melhor estilo do seu bom aliado de guerra, Ruiz, foi a demonstração de falta de eficácia deste Porto. Já ali passei noites bem piores. Esta até foi relativamente tranquila.
Resultado menos mau para o Benfica, falhanço do Porto em fugir na tabela classificativa e muito sangue para os vampiros que esvaziam o futebol com as suas análises laterais, secundárias, desnecessárias e dramáticas para sobreviverem.
Quanto a nós, 3ª ainda há uma noite europeia e foco na recepção ao Estoril.