Benfica 1 - 2 CSKA Moscovo: Sem Público, Sem Equipa, Sem Pontos
Apetece-me escrever que a equipa de futebol do Benfica resolveu ter a mesma atitude que a maior parte dos seus associados e adeptos. Se compareceram 38 mil adeptos no Estádio da Luz para a estreia do Benfica na Champions League, quer dizer que 27 mil desprezaram a prova mais mediática de clubes do mundo. Mais coisa, menos coisa, tivemos meia casa para recebe um dos três jogos europeus.
Já sei que o problema é o preço dos bilhetes. Problema esse que, prevejo eu, não se irá verificar quando o adversário foi o Manchester United. Não perco mais tempo com isto, ver o Benfica na Champions deixou de ser um estímulo suficiente para os seus adeptos. Agora é preciso que do outro lado esteja um Manchester United. Portanto, depois não me venham com lirismos quando terminarmos a aventura europeia aos pés de um Borussia da vida, como em Março passado, porque os clubes grandes na Europa de hoje são aqueles que conseguem ter os seus estádios sempre cheios, seja para ver um Manchester, um Qarabag ou um... CSKA.
A equipa seguiu a ideia dos seus adeptos. Poucas ideias e nenhuma inspiração para contornar uma organização defensiva conhecida e previsível.
Arrisco dizer que o CSKA é a equipa menos forte deste grupo A. O seu 3-5-2 não tem segredos, lentidão, posicionamento e veterania atrás, qualidade no meio com Golovin e Dzagoev, frescura e irrevencia no ataque com uma dupla atrevida. O facto de ter ouvido muitas piadas com o nome de Vitinho após o penalti, só veio confirmar o que já se sabe há muito tempo, ninguém ligou nenhuma às prosas que apresentavam a equipa russa que elegiam o brasileiro como a principal ameaça.
"Olha, e o gajo que marcou chama-se Vitinho" Ena, bem vindos ao futebol em 2017.
Na primeira parte, O Benfica apostou num onze que tinha no regresso de Filipe Augusto, Grimaldo e Zivkovic como aposta na esquerda, com Salvio de volta à direita, uma organização parecida ao que tem mostrado neste arranque de temporada. O problema é que se notou muita previsibilidade na construção dos ataques e um certo desespero para contornar a defesa russa com três centrais.
Muita posse de bola, alguns remates de longe, algumas tentativas de bola na área, muito pouco perigo para a baliza de Akinfeev.
(Fotogaleria: João Trindade)
O arranque da 2ª parte foi muito mais promissor. Mais velocidade, mais diagonais, mais intensidade e uma jogada pela esquerda com Grimaldo a descobrir Zivkovic que passou para mais um golo oportuno de Seferovic.
Parecia que o mais complicado estava feito, vantagem no marcador aos 50'.
O apagão que se seguiu foi de todo inesperado e surpreendente. O CSKA reagiu, subiu no terreno, o treinador Goncharenko trocou na frente Olanare por Zhamaletdinov e a defesa do Benfica nunca conseguiu mostrar eficácia, confiança e tranquilidade. Isto é um problema grave que Rui Vitória tem para resolver. Com mais de um mês de competição, a defesa do Benfica é demasiado vulnerável.
A reviravolta dos russos aconteceu rapidamente, em 9 minutos passaram de 1-0 para 1-2! Primeiro num penalti que deixa dúvidas quando nos lembramos do agarrão a Seferovic na 1ª parte, o tal Vitinho das piadas converteu, e depois com um golo de... Zhamaletdinov, o tal que tinha entrado.
Assustadora a forma fácil e natural com que o CSKA deu a volta à equipa do Benfica. Mais estranho ainda porque depois do 1-0 era de prever que a equipa ganhasse confiança e subisse a qualidade da exibição.
Se no sector recuado temos sempre que lembrar as saídas dos titulares da época passada, do meio campo para a frente não há desculpas para tanta desinspiração. Estão lá os mesmos artistas, não há Mitroglou mas há Seferovic e Gabirel Barbosa.
O que me deixa mais apreensivo é, precisamente, a maneira como o Benfica acaba o jogo. Uma equipa descontrolada em busca de salvar um ponto. Foram chamados Raul, Gabriel e Rafa, este só aos 89'! Saíram dois defesas, Grimaldo e Lisandro, além do apagado Jonas. Ou seja, acabar o jogo apenas com Luisão e André Almeida como defesas foi estranho e não deu resultado nenhum. O mal já estava feito, foram aqueles 8 minutos da remontada russa.
É dramático porque os jogos em casa com o CSKA e Basileia tinham de ser para ganhar. Mas isto na Europa às vezes não começa bem e depois endireita-se. A estreia foi uma decepção. A todos os níveis, em campo e nas bancadas.
Aguardemos por melhores noites.