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Red Pass

Rumo ao 38

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Belenenses 0 - 2 Benfica: Assim Vai Ser Difícil Não Bater Recordes

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Comecemos por algo menor mas que me faz sempre muita confusão. Que cor de equipamento é este do Belenenses?! Olho para a imagem em cima e não consigo entender a ideia da equipa que joga em casa. Um clube pode ser original em muita coisa mas a jogar no seu estádio com os seus adeptos devia respeitar as suas cores. Acho estranho isto ser aceite de ânimo leve.

 

Deixei aqui a minha indignação pelo facto do relvado do Restelo ter sido usado 48 horas antes do clássico. Felizmente, a maioria dos benfiquistas reagiu com indiferença. Também felizmente, o relvado aguentou-se. Mas continuo a achar surreal a escolha do palco do jogo da selecção feminina com tantas opções disponíveis. Não era um caso de choradinho, era uma questão de bom senso.

 

Para a minha geração, nascida nos anos 70, era comum dizer e ouvir que se tinha uma simpatia pelo Belenenses. Porque têm um estádio bonito com uma paisagem lindíssima, porque são de uma zona de Lisboa muito turística e porque fazem parte de um derby com a segunda deslocação mais curta do campeonato. Andei muito tempo para perceber os mais velhos que se revoltavam com essa simpatia, isto entre os benfiquistas. Depois lá percebi que além de não ser uma simpatia recíproca, há um grande ódio entre os adeptos azuis (não aquela cor de equipamento de ontem) ao Benfica. As gerações mais novas não precisaram de saber muitas histórias do passado para serem completamente indiferentes ao clube da cruz de Cristo, bastou ouvir a frase vinda da bancada belenense durante o minuto de silêncio antes do jogo. Um momento que até era de homenagem a um homem que representou o Belenenses.

 

Este Benfica de Rui Vitória tem conseguido feitos assinaláveis. Talvez, o mais relevante seja o facto de ter acabado com o mito das ressacas europeias. Mais um jogo depois de uma viagem longa na Champions League, mais um triunfo.

A forma como o treinador do Benfica tem vindo a reagir às ausências por lesão dando oportunidade a jogadores, muitos deles jovens, que seguram convictamente o lugar, tem sido uma das explicações para este ciclo incrível de bons resultados da equipa. A equipa técnica achou que o jogo de Kiev marcou uma passagem de nível em termos competitivos, maior ritmo, alta rotação e, portanto, já não vai mexer nos titulares só porque sim. Os que estão de fora vão ter de pedalar mais para voltar a entrar. Foi esta a mensagem que ficou da convocatória para este jogo, reforçada com a aposta na mesma equipa.

 

Galeria de imagens do jogo do Restelo de João Trindade

 

Os jogadores escolhidos limitaram-se a dar razão à opção. O Benfica entrou no Restelo determinado a pegar no jogo e a chegar ao golo. Conseguiu marcar cedo, Pizzi marcou o canto que levou a bola direitinha a Mitroglou. O grego confirmou o seu gosto por pasteis de Belém e acrescentou mais um golo aos azuis, depois de um bis e um hat-trick.

A vantagem no marcador soltou a equipa para uma bela exibição. A velocidade que Grimaldo e Nelson colocam nas alas, dão asas a Cervi e Salvio que se juntam ao rápido Gonçalo Guedes. Na hora de trocar a bola e postura ofensiva, chega a ser deslumbrante a maneira como a equipa arranja soluções, sempre em velocidade, para criar oportunidades. E ontem criou várias para voltar a repetir as goleadas da última época. Mas o poste, a trave e Joel negaram essa hipótese.

 

Como não dá para jogar em alta velocidade o jogo todo, há que contar com Fejsa para segurar a equipa nos momentos mais passivos. Depois, Luisão revela-se uma mais valia ao lado de Lindelof, em vez do problema que tantos de fora desejavam que fosse.

 

Mesmo com boa parte do jogo a ser condicionado por chuva e sabendo que o Belenenses estava bem mais fresco, além de não ter jogado durante a semana tinha ido passear a Coimbra há uma semana na sua embaraçosa despedida da Taça de Portugal, o Benfica pautou sempre o ritmo do jogo.

Foi com naturalidade que chegou ao 0-2 na 2ª parte, novamente Grimaldo a marcar e a confirmar toda a sua qualidade como defesa esquerdo. Talvez o melhor que ali passou desde Coentrão. Diga-se que o passe foi de Guedes que no Restelo foi sempre um diabo à solta. O miúdo Gonçalo é um dos melhores exemplos de aproveitamento por ausência de titulares.

 

O mais importante foi conquistado, os 3 pontos. Por consequência o clube bateu um recorde do tempo em que eu ainda nem era nascido, 16 vitórias seguidas fora da Luz! Se me dissessem em 1999 que ainda ia assistir a um recorde destes... ria-me do disparate.

A verdade é que esta é a nossa actual realidade. Uma equipa de futebol super competitiva que vai fazer cair registos históricos, colectivos e individuais da maneira mais natural.

O Benfica voltou a ser Benfica.