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Red Pass

Rumo ao 38

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Nacional 1 - 3 Benfica: Marcar, Falhar, Sofrer, Reagir e Matar

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 Desde domingo a acordar todos os dias a pensar como é que aquela bola do Lindelof não entrou na baliza do Vitória de Setúbal. Uma semana inteira à espera de voltarmos a jogo e as conversas a irem dar sempre ao mesmo, como é que o Benfica ia dar a volta a uma exibição preocupante na estreia em casa.

 

Lentamente, chegou a hora do jogo. Uma das deslocações mais delicadas do campeonato, a ida à Choupana onde se acumulam novelas de nevoeiros e adiamentos, além das dificuldades naturais e tradicionais.

Sinais de mudança na hora de conhecer a equipa inicial. Revolução no ataque. Algo tinha de mudar e Rui Vitória mudou mesmo. Surpreendente regresso de Jonas após a cirurgia, algo que veio dar razão ao que aqui escrevi há uma semana, para o lugar de Jonas só temos Jonas porque ele é único. Sálvio sobreviveu do lado direito com a braçadeira e confirma subida de forma entusiasmante. Mitroglou pagou pelas exibições apagadas que rubricou neste arranque de temporada e Raul Jimenez aproveitou para mostrar toda a sua disponibilidade, vontade e eficácia. Cervi perdeu a titularidade e Pizzi voltou para uma ala, a esquerda. De resto, tudo igual. Chegaria para dar a volta?

 

A equipa pode ainda não estar a jogar na perfeição das suas rotinas, longe disso, mas com Jonas em campo a ligação entre ataque e meio campo acontece mesmo com o brasileiro a meio gás. Não há volta a dar, Jonas é a peça chave desta dinâmica que Rui Vitória construiu. Pode não haver plano B consistente mas quando o "10" está no relvado o futebol do Benfica funciona.

Nem se pode dizer que tenha sido uma entrada empolgante mas percebeu-se a vontade e viu-se a atitude certa para colocar o Benfica no caminho certo. Sabendo que Manuel Machado tinha vários problemas para chegar a um "11" ideal, Aly Ghazal teve de fazer de defesa central improvisado e Witi também não estava a 100% no lado direito do ataque, cabia ao Benfica explorar essas dificuldades e, desde logo, tentar travar esse fenómeno anti-Benfica chamado Salvador Agra que sempre que defronta o Glorioso parece estar a fazer o jogo da sua vida. Desconfio que quer jogar na Luz quando for grande. Felizmente, já não cresce mais que aquilo.

Ainda era preciso ter em conta as motivações extra de Tiago Rodrigues, jogador ligado ao Porto, e Tobias Figueiredo que chegou a fazer as delicias dos sportinguistas com o golo do empate. Ironicamente, foi outro ex-leão a resolver o jogo para o lado certo.

 

O futebol tem destas coisas, estivemos uma noite inteira à espera de um golo contra o Vitória FC que só apareceu de penalti, chegamos à Madeira e aos 17' marcamos um golo por desentendimento dos adversários, Rui Silva falha a saída da baliza e Ali Ghazal confirma-se como o homem no lugar errado à hora errada. Foi assim até sair lesionado.

Um golo que deu tranquilidade dentro e fora de campo. Sentia-se que era preciso marcar mais porque o jogo estava sempre muito aberto. É verdade que Fejsa voltou a fazer um jogo incrível ao nível da cobertura do meio campo mas falta mais consistência para podermos controlar o jogo. Por exemplo, André Horta tem que conseguir pegar mais no jogo e marcar o ritmo de maneira que não passemos tanto tempo a jogar em vertigens de ataque e contra ataque.

Grimaldo podia ter ampliado o resultado numa das suas boas incursões pelo lado esquerdo mas a bola saiu para a malha lateral. Júlio César ia mostrando eficácia contra a vontade de Washington, médio interessante, e do pequeno Agra.

 

 

 

Na 2ª parte o Benfica assumiu a necessidade de fazer o 0-2 e aqui esbarramos noutro capítulo que urge afinar, a finalização. Vejamos: aos 53' Salvio acerta no poste, aos 54' Raul Jimenez na hora de marcar acerta em Rui Silva, aos 55' Jonas faz uma incrível recepção de bola no peito após um canto e quando atira para festejar acerta em cheio no guarda redes do Nacional!

São perdidas a mais. Também é verdade que seria mais importante não termos construído estas oportunidades mas a equipa pode não resistir a tanto falhanço. A prova apareceu poucos minutos depois desta azarada sequencia. Após mais uma bomba de Agra que Júlio César defendeu para a frente valendo a pronta intervenção de Lindelof, aconteceu o canto que trouxe o empate pela cabeça de Tobias Figueiredo. Desacerto de marcações à zona.

 

Tal como no jogo da Luz da semana passada, o golo contrário aparece na altura em que Rui Vitória preparava uma mexida que já tardava, tirar Horta que já estava amarelado e reforçar o meio campo com Célis. Com um empate, além do colombiano foi também chamado o peruano Carrillo.

A boa notícia é que a equipa reagiu muito bem ao empate e transformou aquela ineficácia toda em golos. Primeiro com Raul a fazer óptimo passe para Salvio que cruzou na perfeição para o coração da grande área onde apareceu Carrillo cheio de calma a finalizar com segurança repondo a vantagem. Estava dada a resposta. O Nacional acusou a nova desvantagem e desmoronou-se com as mexidas de Machado que não percebeu que o infeliz Ghazal estava por um fio em campo. Esgotou as substituições e depois perdeu o seu capitão ficando apenas com 10 jogadores.

 

O Benfica ficou confortável no jogo, Salvio e Jonas aguentaram o jogo todo e foram sempre o farol que a equipa precisava para não perder de vista o ataque. Raul Jimenez guardou energia suficiente para matar o jogo numa das suas pressões altas que Washington não aguentou. O mexicano isolou-se e não hesitou em fazer o seu 2º golo na prova. Um final de jogo já sem Jonas e com Gonçalo Guedes em campo que valeu a Raul o título de melhor jogador em campo. Uma distinção que ficaria bem também ao capitão Salvio que fez uma excelente exibição.

 

Era esta a resposta que se pedia, é este o caminho que temos de seguir. Vem a paragem para as selecções, a janela de mercado de transferências vai fechar e agora podemos arrumar a casa em termos de plantel ao mesmo tempo que recuperamos o essencial Jonas para os níveis ideais. 

A viagem mais delicada à Madeira está feita e com sucesso. Menos um obstáculo.