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Red Pass

Rumo ao 38

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Boavista 0 - 1 Benfica: Sorte? Sorte é Sermos do Benfica!

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Acordar num domingo ansioso por causa do Benfica. Só de ler esta frase já há quem sorria e a pensar: oh, tantas vezes.

A verdade é que é demasiado repetitivo este estado de ansiedade, principalmente quando chega a recta final do campeonato e estamos na luta como é tradição no nosso clube. E mesmo assim a sensação é sempre nova. É incontrolável acordar a meio da noite a pensar que nem fui assim tantas vezes ao Bessa na minha vida. Fazendo bem as contas só lá fui em 2005 e voltei campeão e depois com o Leixões num 1-1 no último jogo de Fernando Santos no Benfica. Pânico! Nunca vi o Benfica a ganhar no Bessa. Sono estragado. É gerir até chegar a hora de acordar e ir beber café.

Dar os bons dias aos meus amigos que na véspera brilharam no Jornal da Noite da SIC desde a Praia de Ipanema no Posto 9. A reportagem era sobre a situação politica no Brasil, o que eu vi foi vários portugueses de camisola do Benfica vestida numa esplanada com chapéus e cadeiras com emblemas do Benfica. Mas disso ninguém falou. Ir à foto do facebook dar um olá aquele pessoal.

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Depois usar o chat do facebook para dar ânimo aos benfiquistas que foram até Turim levar benfiquismo junto do Torino em dia de derby com a Juventus, algo que destaquei ontem.

Continuar a falar com o pessoal que trocou a viagem ao Bessa pela ida ao pavilhão para ver o voleibol e acompanhar com mais atenção a final da Taça de Portugal de basquetebol.

Saber como estava a turma que ia partir para o norte.

Trocar uns cumprimentos pelos comentários do facebook com os companheiros de sempre que estão espalhados um pouco por todo o mundo e que sofrem ainda mais nestes dias com a distância.

No fundo, sentir-me perto de toda a família que sofre a mesma ansiedade que eu num domingo tranquilo a chamar a primavera.

É reconfortante saber que vamos ter amigos a apoiar nos pavilhões, que temos quem represente o Glorioso em Turim e todos queremos tudo de bom para o nosso clube.

 

Depois, é juntar, rumar ao Porto em ambiente de diversão, parar algures na Mealhada para devorar leitão e vinho gasoso e acabar a viagem até ao estádio onde os nossos jogadores precisam de nós. Ver caras conhecidas cá fora, entregar bilhetes comprados em Lisboa a quem vive a norte e sente o Benfica como eu, entrar no estádio e sofrer. Trocar sms com quem não pôde vir, distribuir ansiedade por todo o lado.

Perceber que o jogo não vai ser nada fácil e aproveitar as várias paragens e a falta de pressa de jogadores e apanha bolas axadrezados para contemplar um estádio do Bessa que é bem bonito e prático para se ver futebol. As cores de fim de tarde no céu casam bem com as luzes saídas dos holofotes saídos das coberturas das bancadas. É um bonito quadro para vermos a nossa equipa jogar.

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 Apoio, como sempre, não falta aos rapazes de vermelho e branco. Jogar fora é um conceito algo estranho de entender para um jogador do Benfica, há sempre uma multidão que vai atrás deles pelo mundo fora para os ajudar nas nossas conquistas.

Mas a vontade das bancadas benfiquistas não estava a chegar ao relvado. O Benfica estava bloqueado perante um Boavista bem organizado e determinado a defender o nulo com todas as suas forças. Não havia momentos de perigo, não havia desequilíbrios, não apareciam oportunidades de golo. Não estava mesmo nada fácil.

A 2ª parte passou num instante e o empate parecia inevitável, embora todos nós, dentro e fora de campo, acreditássemos que a felicidade ia chegar em qualquer momento.

Foi para lá dos 90 minutos que o mundo parou, a terra deixou de rodar, os olhos não pestanejaram enquanto a bola sai do pé de Eliseu para a cabeça de Carcela que dá no ar para a entrada de Jonas que sem deixar a bola bater na relva chuta de pé esquerdo para um golo épico. Sem penaltis, sem cotovelos, sem foras de jogo. Só com classe. Uns segundos em que a bola andou no ar até acabar na baliza de Mika, os instantes em que nada mais importou no resto do planeta.

A loucura com que explodiu uma bancada mesmo atrás dessa baliza, o delírio com que todos os jogadores, banco incluído, festejaram o golo, diz tudo. O momento que sacia os que estavam no estádio, os que sofreram nos pavilhões, os que estavam no Rio de Janeiro, os que se agarravam aos portáteis com ligações complicadas pela mundo fora, a rapaziada em Turim, o Caetano e o Marques, todos, mas mesmo todos, abraçámos o Jonas naquele momento. Um golo inesquecível.

 

E logo ecoou o lamento de meio Portugal: que sorte!

Sim, falemos de sorte. Temos tido imensa sorte. A chamada do Jonas à Canarinha deve ter sido sorte. Ele justificou com sorte, faz sentido.

Mesmo sorte tem tido o Júlio César, o Luisão e o Lisandro, o Gaitán e o Fejsa. E a sorte que é não contar com Jardel e Mitroglou castigados ?!

Assim de repente, conto uns sete titulares, repito SETE, afastados da equipa e ninguém se queixou da sorte. Jogaram outros tantos que lutam por nós até ao fim. Mas lutam mesmo para sermos felizes.

Num jogo em que os jogadores deram tudo, em que o treinador teve que improvisar do principio ao fim, ao ponto de termos Luka Jovic (!) em campo para o assalto final. E isto, meus amigos, de sorte nada tem.

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Aliás, durante o jogo não vi a sorte querer muito connosco dentro de campo. Nas bancadas também não houve sorte nenhuma, para falarmos da incompetência e irresponsabilidade de quem organiza um jogo em que a bancada mais cheia não tem iluminação nas casas de banho, nos corredores, nas bancadas não há luz nem nas portas de emergência... Uma vergonha que mancha a tal magia que é ver futebol num espaço tão bom para se ver futebol.

 

Sorte? Sorte é termos o Jonas. E o Eliseu. E o Carcela. E todos os que têm feito dos infortúnios novas oportunidades de mostrarem serviço.

Sorte é sermos do Benfica. No Bessa, em frente à televisão, a ouvir na rádio, em Portugal ou em Turim, no Rio de Janeiro ou no resto do mundo. Ser do Benfica não é só sorte, é tão bom!

Faltam 7 finais, ainda temos muito que sofrer mas já se percebeu que não se ganham títulos por decretos no facebook.

Paragem para as Selecções, Benfica na frente.