Moreirense 1 - 6 Benfica: Atropelamento e Fuga Para as Meias Finais
Quando se realiza o sorteio da fase de grupos da Taça da Liga, agora CTT, todos os anos há as mesmas reacções. Os representantes dos clubes mais importantes avisam que desta vez é mesmo para ganhar a competição. À medida que as jornadas passam, a prova começa a ser desdenhada, as desculpas sucedem-se e acabamos sempre por concluir que, afinal, isto é uma Taça que não interessa a ninguém. Só três clubes assumem que esta é uma prova oficial que envolve todos os clubes dos campeonato profissionais de futebol nacional e que é digna de figurar nos respectivos museus, Vitória de Setúbal, Braga e Benfica.
O Benfica encontrou há muito tempo o perfeito equilíbrio entre rodar o plantel e competir com qualidade na Taça da Liga. Os resultados estão à vista e parecendo fácil não é uma fórmula que já tenha sido encontrada ou repetida noutros clubes com obrigações de lutar pelas provas nacionais.
O que se viu em Moreira de Cónegos foi a confirmação da boa fase que o futebol do Benfica atravessa. Até aqui o maior mérito de Rui Vitória foi potenciar um "11" órfão de Luisão, Sálvio, Nelson Semedo ou Gaitán. Ao conseguir apresentar soluções alternativas credíveis fortaleceu as opções individuais para cada posição e aumentou o nível de qualidade de jogo que pode vir a ser reforçado com os regressos dos lesionados.
Ontem o regresso de Nico Gaitán como titular da equipa teve efeitos estrondosos. Agora sim, a 100%, o "10" argentino aproveitou a oportunidade para inspirar companheiros, como Talisca, e assinar uma daquelas exibições inesquecíveis.
Apesar de ter sido com um penalti de Talisca que o caminho para as meias finais da Taça da Liga ficou aberto, foram as jogadas de Gaitán que deixaram a nação benfiquista em êxtase numa 3ª feira à noite. Marcou um golo Maradoniano, fez uma finta de roleta à Zizou no meio do campo, teve pormenores incríveis à ... Gaitán. Só por si valia o preço do bilhete. Gaitán de volta é uma notícia tão bombástica quanto a sua exibição no Minho.
Para o argentino brilhar desta forma tinha que haver entrega e vontade do resto da equipa. Foi isso mesmo que aconteceu, apesar das mudanças nos titulares. Jonas e Mitroglou nem entraram, Ederson voltou à baliza e não teve culpa no único golo sofrido, mérito todo para Iuri Medeiros, Sílvio cumpriu mais uns minutos na esquerda da defesa, Lindelof voltou a não comprometer ao lado de Jardel e Nelson Semedo deixou excelentes indicações a caminho da melhor forma à direita.
Renato Sanches confirma-se como imprescindível e teve a companhia de Samaris. Uma dupla obrigatória no meio campo devido à falta de opções. Talisca aproveitou para confirmar tudo o que tenho dito dele, o baiano tem golo e com ritmo de jogo torna-se útil nas opções de ataque. Gonçalo Guedes esteve uns furos acima do que tem vindo a mostrar nos últimos tempos e Raul Jimenez continua a mostrar apetite pelo golo que foi compensado com o belo chapéu a Nilson, no entanto aquele pé esquerdo mantém-se como uma nulidade na hora do remate e o instinto finalizador ainda não corresponde ao seu preço.
Ainda participaram na festa André Almeida, entrou para o meio campo, Carcela, tentou brilhar inspirado por Gaitán mas sem grandes resultados. O destaque da noite vai para a estreia de Grimaldo que entrou muito bem no corredor esquerdo. Teve alguns cruzamentos de muita qualidade e parece estar apto para ser opção no lugar de defesa esquerdo.
Uma noite perfeita só com boas notícias, uma exibição excelente, uma goleada fora de casa como já não se via desde o jogo em Torres Novas com o Monsanto e, o mais importante, presença nas meias finais da Taça da Liga. Como sempre, o Benfica leva as competições a sério e não se fica pelas palavras de promessas para depois as deixar cair no esquecimento.
No Benfica é sempre para ganhar.