Benfica 1 - 1 Basileia
Sinceramente não sei se foi um ponto ganho se foram dois perdidos, não sei se hei de ficar descansado com mais um arranque de jogo à Benfica se hei de ficar preocupado com a maneira como andamos a passar ao lado de robustas vitórias tendo mesmo hoje acabado por ceder um empate.
Os mais veteranos benfiquistas destas andanças europeias devem ter torcido o nariz ao ver que o Benfica ia jogar todo de encarnado. Lembranças de noites negras como a Estugarda em 1988 vem sempre à memória.
A contrariar qualquer pessimismo aparece novamente um Benfica muito forte na partida como tem vindo a ser hábito esta época. Pressão intensa, equipa ao ataque e procura do golo desde logo. Rodrigo repete o inicio de jogo de sábado e obrigado o guarda redes do Basileia a defender para o poste. Pouco depois responde a um passe (mais um) de Gaitán com um fabuloso pontapé em arco que leva a bola a entrar no angulo superior direito da baliza adversária. Golão e confirmação de Rodrigo como grande reforço.
Com 1-0 feito o apuramento estava muito perto e o Benfica continuou em cima do campeão da Suíça. Há um canto transformado em pontapé de baliza e uma mão na bola de um defesa do Basileia transformado em canto faz pensar o que anda ali a fazer o tal juíz de baliza. Depois há uma escorregadela de um suíço perto da bandeirola de canto transformada em falta de Gaitán e com isto o Benfica, e os seus adeptos, começa a irritar-se com a arbitragem e a perder concentração ao nível da pressão defensiva. Aos poucos perdeu-se a posse a bola e o Basileia aproveitou para crescer no jogo e acreditar que podia voltar a lutar pelos pontos.
Depois de uma metade de primeira parte sempre perto de marcar, o Benfica acaba a defender e muito pouco confiante com a margem curta. Aimar acaba amarelado e é o espelho de um Benfica demasiado irritado e influenciado por uma arbitragem chatinha que Garay confirmou ao levar mais um amarelo a caminho do intervalo.
Esperava-se que na segunda parte o Benfica viesse ciente da responsabilidade que tinha em carimbar um apuramento europeu muito importante para o futuro imediato da equipa. Ficavam só dois jogos para "exibição" e toda a concentração nos próximos compromissos internos. Ninguém lhes soube explicar isto convenientemente e o Benfica não foi à procura do segundo golo de maneira convincente. A equipa pareceu não só viver dos rendimentos do golo madrugador, o que já era perigoso, mas também do rendimento dos 7 pontos já conquistados anteriormente, o que era irresponsável porque do outro lado não estava uma equipazinha qualquer.
O Basileia ia crescendo, ia acreditando e ameaçando. No Benfica faltava velocidade a Gaitán, Bruno César e Aimar. Pedia-se um abanão táctico, passar do 4-2-3-1 para o 4-4-2 de forma a jogarmos mais directos para os avançados. Mas não, o melhor que veio do banco foi uma alteração já combinada, o estreante Luís Martins, que cumpriu o seu papel na esquerda sem comprometer nem brilhantismos, para entrar Miguel Victor. Curiosamente, a alteração veio após uma série de cantos a nosso favor e quando o Basileia recupera a posse de bola chega de imediato ao golo.
Depois o jogo pedia Cardozo e Nolito que entraram mas demoraram muito a entrar e já não foram a tempo de fazer nada. A espaços Rodrigo tentou e mostrou uma disponibilidade física excelente mas o resultado estava mais que feito. A culpa de termos de esperar pela última jornada e fazer do jogo com os romenos a noite da decisão é toda nossa porque hoje não aproveitámos todo o excelente trabalho que foi feito até aqui. De qualquer maneira não é nenhum drama fazer um ponto e ficar a uma vitória do apuramento.
Daqui a uns dias estarei em Manchester com a esperança de ver selado o apuramento num palco mítico.
Do jogo de hoje espero que sirva para reflectir sobre estas variações de intensidade em campo, espero que se comecem a trabalhar as situações de cantos ofensivos muito a sério porque parece-me que não se aproveita minimamente a enorme quantidade de bolas paradas que temos a nosso favor.
Finalmente deixo uma pergunta para todos os que não metem os pés no estádio numa noite europeia de Champions League: o que é que falta para irem à Luz encher a Catedral?
Ontem, por exemplo, vi alguns jogos dos outros grupos e reparei que os estádios de equipas como o Genk, Bate, Apoel ou Zenit, para não falar nos habitualmente esgotados recintos do Arsenal ou Borussia Dortmund, estavam completamente cheios. Porque é que o nosso não enche?! Como é possível não termos os estádio lotado nos 3 jogos da Champions?! Se calhar não somos assim tantos a sermos dedicados ao Benfica, se calhar entre mais de 200 mil associados a maioria só quer saber de Mancheteres na Luz. Isso não é estar sempre com o Benfica é só tornar o Benfica em algo comum e elevar os Manchesteres desta vida a lendas. Não seria precisamente o contrário que devia ser normal?
A noite de hoje teve sabor a desilusão mas é uma daquelas desilusões positivas (se é que isso existe) porque o apuramento já não deve fugir. É só a diferença entre o termos conseguido com brilhantismo e o esperar pelo último jogo. Continuamos no caminho certo em termos de objectivos que é o de continuar na Champions , neste caso. E , por mim, nem é assim tão importante ficar em 1º lugar. Podemos ficar em 2º e apanhar um Apoel no 1º como já se viu.