Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Esta seria só mais uma grande noite de Saviola a levar o Benfica a uma goleada contra o Paços de Ferreira mas acabou por ser muito mais do que isso.
Gosto quando na véspera de um jogo em que há a pressão de não falhar, em quem somos os primeiros a entrar em acção, aparecem treinador e jogadores com um discurso confiante não só de vitória mas também de promessa de espectáculo. Eu , nesta altura, já me contento com a vitória mas se vier com exibição convincente melhor ainda.
Gosto ainda mais quando a meio da primeira parte sinto que a promessa está a ser cumprida, que o Benfica joga para ganhar e a impor um bonito futebol em campo. Só isto já é meio caminho andado para um bom ambiente na Luz.
Depois há os contras. Desculpem mas tenho que (mais uma vez) perguntar onde é que andam os outros 20 mil adeptos que podem encher as nossas bancadas mas não querem? Sábado, hora de jantar, uma noite de verão em Outubro... Não me lixem, o que é que há assim de tão mais importante que vos impeça de virem à Luz apoiar a equipa que passou pelo Dragão invencível e foi a Bucareste somar 3 pontos na Liga dos Campeões. Depois dizem que não é verdade que o Benfica seja só aqueles dois topos que nunca deixam a equipa só em lado nenhum e os pouco mais de 30 mil adeptos que compareceram ontem. Como se viu no fim ficaram a perder os que só vão ao estádio em situações especiais.
Jorge Jesus encheu o seu 4-1-3-2 com Matic no lugar do lesionado Javi, insistiu em Saviola ao lado de Cardozo, entregou as alas a Gaitán e Bruno César, deixando à solta o Deus Aimar e manteve o esquema até ao fim mesmo depois com as substituições.
O Benfica entra bem, joga bem e faz cedo o golo tranquilizador. O árbitro entra mal, apita mal e anula o golo de Cardozo por razões que 12 horas depois de ter saído do estádio ainda não compreendi. Deve ser o famoso colo que aparece sempre que andamos na frente da tabela...
Assim temos que voltar tudo ao inicio mas já com o tempo a passar sempre a favor do Paços. Felizmente ontem foi a noite do reaparecimento em grande de Saviola que revoltado com o falso empate a zero abre o livro aos 22' fazendo o 2º da noite, primeiro validado, e motiva equipa e estádio para uma grande noite. Saviola volta antes do intervalo a levitar a Luz com o 2-0 fazendo com a fúria das bancadas para com a arbitragem se transformasse em festa.
Segunda parte com 2-0 e a atacarmos para a baliza grande tudo indicava que estava feita a noite. Mas o tal de Bruno Esteves não se dava por vencido e depois de ignorar o penalti sobre Aimar que poderia dar o definitivo 3-0 já viu uma falta (estúpida) de Luisão aproveitando o Paços para reduzir para um sempre perigoso 2-1. A equipa não acusou o toque, as bancadas tentavam disfarçar o nervosismo com apoio e tudo isto resultou com grande harmonia aos 65' no golo de Luisão que se redimiu do erro e devolveu o apoio incondicional das bancadas da Luz.
A partir daí foi a explosão da Luz. Tal como acontece naquelas épocas em que de repente sentimos que confiamos cegamente nos nossos homens e que acreditamos mais do que nunca no sucesso, ontem na Luz nasceu mais um momento desses. Apoio vocal a tornar ainda mais quente a noite de verão em pleno Outono, delírio com mais um golo do recém entrado Nolito aos 67' e depois 20 minutos onde todas as atenções se desviaram para o Topo Sul da Catedral com um cântico que lentamente se foi espalhando por todo o estádio (coisa rara) e que deixou os jogadores do banco do Benfica com sorrisos que ninguém esquecerá. Daqueles momentos que sentimos que estamos genuinamente a retribuir modestamente a alegria e o prazer imenso que nos dão quando arrancam exibições como a de ontem. É assim que se festeja a liderança na tabela nacional e europeia. São aqueles que nunca viram costas à equipa que sempre os apoiam em todo o lado que mais sentem quando os nossos objectivos estão a ser cumpridos.
E já agora fica o recado: meus amigos este apoio não se compra nem se legaliza, este apoio vem cá do fundo do nosso benfiquismo e nasce connosco, não é ilegal nem passível de ser posto em papel. Dediquem-se a legalizar bolotas.