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Comecemos pelo principio para que fique documentado. Marcar um clássico para uma sexta é um atentado. Pelo menos para quem gosta de futebol a sério, para quem não se importa de sacrificar o seu tempo e dinheiro só para estar perto da relva que os jogadores do seu clube pisam e para os apoiar. Sacrificar tempo e dinheiro mas não me peçam para sacrificar as minhas obrigações profissionais. Acho que não cabe na cabeça de ninguém uma pessoa faltar ao trabalho para ir ver um jogo do campeonato nacional. As provas nacionais foram inventadas para o povo se entreter ao fim de semana, esta modernice de jogar à sexta e à segunda ultrapassa-me e prejudica-me.
Optei por ver o jogo em casa. Até começar o jogo muito se diz e comenta. Eu tentei convencer-me que quando não vou ao Dragão não perdemos, porque assim tem sido nos últimos anos. Não fui no último jogo antes deste, ganhámos 0-2 e também não tinha ido no bis do Nuno. Por outro lado, desde que mudei de casa ainda não vi na minha nova sala uma única derrota do Benfica. Assim ficou decidido onde via o jogo e manteve-se a tradição.
Para a malta que me vem aqui dizer que temos que jogar às sextas para preparar bem o jogo europeu e tal já repararam no que tem acontecido, certo? Os únicos pontos perdidos até agora foram à sexta feira.
Claro que não podemos comparar o 2-2 de Barcelos, onde estivemos a vencer por 2 golos, com o 2-2 do Dragão, onde estivemos sempre a perder. Mas para que fique claro eu digo que o Benfica hoje devia ter ganho.
Devia ter ganho porque estou convencido que o Benfica tem melhor equipa, melhor treinador e melhores opções no banco do que o FC Porto (vês, Pereira? Não custa nada dizer o nome do rival. Não é preciso dizer "eles", "outros", "deles", etc...). Então porque é que tivemos que suar tanto para não perder?
Porque o que nos falta no confronto com este rival é termos a garra, atitude, motivação e determinação com que os jogadores do Porto encaram os clássicos. Especialmente no Dragão onde o ambiente ajuda a empolgar o rival.
O Porto quando trocou as Antas pelo Dragão parecia que tinha perdido algum do ambiente que empurrava a equipa e intimidava adversários. Eu cheguei a comentar isso porque vi jogos nas Antas e nos nossos primeiros jogos no Dragão o Benfica empatou a caminho para o título de Trap e venceu após 20 anos de jejum na Invicta.
O problema é que eles souberam dar a volta a isso com muita passividade nossa. Especialmente com as rábulas das bolas de golf, das casas do Benfica vandalizadas, com todo aquele circo que se tem montado nas nossas últimas visitas. Os resultados foram excelentes. Evitaram a nossa festa de campeões lá, coisa que nós não conseguimos há uns meses, e carimbaram uma goleada histórica há um ano que os projectou para uma época de sonho.
Por tudo isto era importante o Benfica dar continuidade ao que fez na última visita quando venceu por 0-2 para a Taça. Há um ano tive oportunidade de dizer a treinador e jogadores que transitaram da época passada que não entendia, nem admitia, que eles mostrassem tanto receio, tanta falta de atitude quando iam ao Dragão. Nós nas bancadas nunca tivemos medo, porque raio os jogadores se retraem?!
O tal jogo da Taça veio provar que tínhamos razão em exigir mais deles. Só que aquela ponta final de época com as duas derrotas em jeito de pesadelo na Luz com o Porto veio anular tudo o que já tinha sido feito.
Hoje da parte dos portistas ninguém se lembrava que no último encontro lá tinham perdido 0-2. Só se lembravam dos 5-0. É esse o mérito daquele pessoal, enaltecer o que lhes interessa. É normal.
O que não é normal é o Benfica também se esquecer da excelente atitude que teve nessa vitória e deixou-se ir na conversa que hoje era o seguimento daquela goleada e assim entrámos , como é hábito ali, retraídos, recuados, expectantes, nervosos, sem conseguir pegar no jogo, sem conseguir construir ataques, sem rematar à baliza!
O Porto hoje chegou à vantagem porque o Benfica convidou o rival a marcar. Felizmente que o golo chegou cedo e não aconteceu aos 89'. É que assim que se sofreu o golo a equipa soltou-se como que a mostrar que agora sim já não há nada para defender embora lá atacar. É triste mas é assim que o Benfica encara estes jogos.
Na 2ª parte e sem nada para defender o Benfica fez fácil e rapidamente o empate numa grande jogada de Nolito para um jogador que , sinceramente, não sei o que anda cá a fazer... Cardozo ainda não tinha facturado no Dragão. Agora já está. É vendê-lo!
A má surpresa é que o empate veio reanimar o Porto que não suporta ver o Benfica por cima e respondeu de imediato. Fez o segundo golo num lance de bola parada. Parece mentira mas não é. Canto curto acaba em golo do central!
Volto a dizer que felizmente foi um golo cedo e deu tempo para o que já se sabia, Vítor Pereira não tem mãos para aquilo e cedo se pôs a defender a vantagem apostando tudo num Hulk visivelmente limitado e nervoso (se o Maxi fosse manhoso, como o seu compatriota Fucile, atirava-se para o chão naquele encosto de cabeça... ainda bem que não o fez) enquanto tirava de jogo um dos melhores em campo, Guarin. Do nosso lado voltou a ver-se a equipa com a incitativa atacante que devia sempre ter, Cardozo podia ter bisado mas Helton esteve à altura da defesa que Artur tinha feito naquela baliza na 1a parte, soberbo. Depois Jesus aposta em Saviola e Bruno César, retira de cena Nolito e Aimar e o Benfica chega ao 2-2 com grande passe de Saviola e grande golo de Gaitán. Deu vontade de gritar golo e depois bem alto perguntar: ESTÃO A VER QUE NÃO CUSTA NADA?!
É que desta vez não houve bolas de golf, frangos à solta... até a bandeira do Benfica estava hasteada no estádio!
Por isto e vendo que o Porto estava nas lonas custou-me ver a troca de Cardozo por Matic aos 90', mais pelo simbolismo do que pela prática. Se Jesus achava que o Benfica estava por cima na parte final porque não mandou a equipa cair em cima deles em vez de fazer uma substituição que cheira a contenção por todo o lado?
Em termos práticos o empate não é mau, continuamos invictos e vamos arrumando deslocações complicadas, em termos teóricos é urgente que o Benfica consiga anular esta vantagem psicológica e mental que os portistas têm sobre nós nestes confrontos directos.
Ah, e não o façam com rábulas como a de hoje da troca de campos. Deixem lá os homens atacarem pela ordem que gostam porque eu também acho ridículo quando equipazinhas como o Sporting chegam à Luz e escolhem atacar na 2ª parte para a baliza grande. Experimentem antes entrar a matar no jogo com pensamento em marcar golos.
Resumindo, fiquei com a ideia que temos mais e melhor equipa do que o Porto. Sinceramente acho que jogamos melhor futebol e que temos mais garantias de qualidade para os jogos do campeonato. Ficamos a perder claramente para o Porto em confronto directo apenas no factor motivação e atitude, e nesse sentido foi importante hoje recuperarmos duas vezes de desvantagens. Como o campeonato só tem dois clássicos penso que no resto da Liga o Porto já não terá essa vantagem mental, como se viu com o Feirense, e assim sendo acredito muito que podemos chegar ao fim no 1º lugar. Lutemos por isso e acreditemos nisso. De preferência sem jogos à sexta feira.
Rumo ao título!