Benfica 1 - 1 Portimonense

Quando o nosso treinador resolve abdicar desta forma trágica do campeonato e vem no fim fazer um balanço dizendo que "só nos faltou ganhar" só há dois tipos de reacção: ou rimos e encolhemos os ombros ou não achamos piada e ficamos pior que estragados.

Por exemplo, a basquetebolista Ticha Penicheiro não achou piada nenhuma e acabou de publicar agora no seu twitter um desabafo em jeito de exclamação que foi à Luz (com foto e tudo) e não viu o Benfica vencer.

Por outro lado, o Carlos Martins, um dos muitos que ficaram hoje de fora, não teve problemas em ir à cervejaria Edmundo depois do jogo comer com uns amigos, tal como Rui Costa que escolheu a Roda, do outro lado da rua, para ir cear. Ou seja, aos nossos homens este jogo não lhes tirou o apetite.

É um sinal que não nos devemos mais preocupar com os jogos do campeonato e isso são boa notícias para quem quer ir ver o concerto de Roger Waters de hoje a 8 dias à mesma hora do Paços de Ferreira - Benfica.

Pessoalmente parece-me um exagero desprezar desta maneira uma jornada da Liga. Que se rode jogadores eu até entendo perfeitamente mas apresentar literalmente a equipa B é demais.

O futebol tem este encanto absolutamente misterioso de proporcionar que na mesma equipa joguem ao mesmo Pablo Aimar e Luís Filipe. É quase mágico fazer alinhar dois jogadores com as respectivas doses de talento no mesmo terreno de jogo. Como os restantes 9 estão muito mais próximos dos índices técnicos e intelectuais do português do que do argentino é óbvio que Aimar tende a descambar por completo o seu futebol ficando assim ao nível dos seus companheiros. O contrário é que era de admirar!

Hoje deu para recordar como eram infernais os meus domingos no fim da década de 90 e princípios do século XXI! Ao olhar para o futebol apresentado esta noite temi que a qualquer momento entrasse um Pesaresi, um Thomas, um Leónidas, um Paulo Madeira ou um Pringle... Também pode ter sido uma "vingança" de Jorge Jesus para nos mostrar que não devemos gozar tanto com os lagartos e fez alinhar um "11" bem parecido com aquele que o Sporting tem apresentado nos últimos anos só para percebermos com é angustiante apoiar uma equipa assim.

Foi ainda uma boa noite para alimentar o mito Nuno Gomes cada vez mais o sucessor de Mantorras em termos de "mistica" em alturas de desespero.

Como é que deixamos escapar um sorriso num jogo destes? Quando o Benfica faz golo e desviamos o olhar até ao sector de adeptos visitantes e vemos lá no meio um miúdo doido de alegria a agitar um cachecol do... Benfica!

Aliás, se o Benfica se esgotasse nos 90' de cada partida não seria o clube enorme que é. Felizmente que o benfiquismo vai muito além disso e é por isso que nos damos ao luxo de acabarmos o dia com um sorriso apesar do empate.

Horas antes da bola rolar há benfiquismo fora do estádio. O Duarte é um benfiquista que vive bem no norte do país e que convive comigo e outros companheiros de bancada no twitter. Ele sabia que o Campeonato estava perdido e que a meio da eliminatória com o PSG o mais certo era a nossa equipa tirar o pé e facilitar. Mesmo assim veio passar o fim de semana a Lisboa viajando sozinho de comboio e convocou o pessoal para uma degustação de broa caseira, chouriço e chouriça regional. Um verdadeiro petisco dos deuses! Convívio entre benfiquistas antes de mais um jogo, conversa, boa disposição, bebida e comida. É disto que vive também a tal mística.

O Duarte merecia outra abordagem ao jogo por parte dos jogadores hoje chamados a envergar o manto sagrado. A tal mistica merecia outro empenho, outro respeito e outro resultado. A verdadeira essencia e riqueza da tal mistica benfiquista é sabermos que hoje podia e devia ter sido muito melhor mas apesar da natural decepção num futuro próximo vamos estar a conviver com o Duarte e muitos outros Duartes de outros pontos do país na Luz ou noutro estádio qualquer e no fim festejaremos com orgulho as vitórias e acima de tudo o facto de sermos do Benfica!