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Red Pass

Rumo ao 38

Red Pass

Rumo ao 38

Paris Saint-Germain Analisado por Rui Malheiro

Paris Saint-Germain

 


4º classificado, a par do Lyon, da Ligue 1, a apenas 4 pontos do líder Lille, o Paris Saint-Germain tem centrado as suas atenções na prova interna, já que procura conquistar o 3º campeonato francês da sua história, de forma a colocar um ponto final num jejum de 17 anos de títulos. Esse facto, no entanto, não inibiu o conjunto parisiense de realizar uma boa prova na Liga Europa – venceu, sem qualquer derrota, o grupo onde estavam Sevilha e Borussia Dortmund e eliminou o Bate Borisov nos 16 avos de final da competição -, mesmo abdicando, na maior parte dos jogos, de alguns dos titulares (Makelele é o melhor exemplo), de forma a poupá-los para os jogos do campeonato.

Antoine Kambouaré, antigo defesa-central do clube, pelo qual se sagrou campeão francês em 1993/94, é, desde o Verão de 2009, o técnico do Paris Saint-Germain, tendo conseguido levar, em 2009/10, o emblema parisiense à conquista da Taça de França, algo que ajudou a apagar uma má campanha na Ligue 1 (13º lugar). Adepto do 4x4x2 clássico, esquema que utiliza na grande maioria dos jogos, não hesita a recorrer ao 4x2x3x1 em jogos de maior grau de dificuldade, abdicando de uma das unidades de ataque para reforçar o sector intermediário com mais uma unidade. Essa é, aliás, uma prática recorrente no decorrer dos jogos, sobretudo quando pretende defender um resultado na última meia hora.

 

Equipa-base (4x4x2)


 

 

 

Modelo Alternativo (4x2x3x1)

 

 

 

Guarda-Redes

O veterano internacional francês Grégory Coupet começou a época como titular, mas um mau arranque de Liga fez com que perdesse a titularidade para o arménio-camaronês Edel Apoula. Guardião de estilo inestético, Edel está a fazer a sua melhor temporada desde que chegou, em Janeiro de 2008, a Paris. No entanto, apesar de possuir reflexos rápidos e grande agilidade, faz poucas defesas completas e evidencia problemas a nível do posicionamento. Não é muito alto – 1.84 –, mas esse facto não o inibe de realizar saídas aéreas, onde se mostra capaz de alternar o bom com o mau.

 

Defesa

 O versátil Sylvain Armand – lateral esquerdo de origem – e o jovem e muito promissor Mamadou Sakho formam a habitual dupla de centrais: curiosamente, ambos são canhotos, mas Armand costuma actuar pelo centro/direita. Armand, a cumprir a sua 7ª época no clube, é o líder do sector defensivo e revela-se um jogador talhado para assumir acções de marcação e antecipação, até porque se trata de um jogador muito agressivo. É, igualmente, muito importante a comandar as saídas para fora-de-jogo, um dos aspectos que caracteriza o PSG de Kambouaré em momento defensivo. Sakho, titular da Selecção francesa após o Mundial 2010, é, aos 21 anos, um dos centrais mais interessantes do futebol europeu e o Arsenal está, desde há dois anos, interessado na sua aquisição. Central muito forte, ainda que, por vezes, excessivamente agressivo na abordagem dos lances, revela-se eficaz nos desarme pelo ar e pelo chão, até porque é rápido sobre a bola, o que também lhe permite impor em acções de antecipação. Com capacidade nas saídas para ataque, arrisca o 1x1, em algumas situações, em zonas proibidas. Zoumana Camara, possante e agressivo central, particularmente talhado para acções de marcação, é a principal alternativa e tem aproveitado a rotatividade no «onze» para fazer alguns jogos como titular. O veterano maliano Sammy Traoré, conhecido pela sua tremenda força física, é a outra opção para a zona central da defesa.

Nas laterais, Christophe Jallet, à direita, e Siaka Tiéné, internacional AA pela Costa do Marfim, são os habituais titulares. São dois laterais de forte propensão ofensiva, também capazes de actuar, em caso de necessidade, como alas. Jallet está a realizar uma época de bom nível: disponível do ponto de vista físico e eficaz a assumir acções de condução pelo flanco, destaca-se pela boa capacidade no passe e, sobretudo, nos cruzamentos, aspecto que lhe permite realizar várias assistências para situações de finalização. Já Tiéné, alia a sua tremenda disponibilidade física a velocidade e capacidade de aceleração, o que lhe permite criar desequilíbrios no um para um, principalmente com espaços. Falta-lhe, contudo, uma maior consistência no capítulo do passe e dos cruzamentos, para além de possuir um remate violento de pé esquerdo, mas pouco enquadrado. Do ponto de vista defensivo, ambos apresentam lacunas, principalmente na defesa de posições interiores. De referir que Tiéné se revela, muitas vezes, excessivamente agressivo e faltoso em momento defensivo, aspecto que poderá ser explorado. A principal alternativa para as laterais é o brasileiro Ceará: lateral direito de origem, tem sido chamado, em alguns jogos, à esquerda. É, à semelhança de Jallet e Tiéné, um lateral de maior propensão ofensiva, com argumentos no 1x1, nos cruzamentos e nos lançamentos laterais longos.

 

Meio-Campo

Claude Makelele, apesar dos seus 38 anos, continua a ser uma unidade imprescindível para Kambouaré, como unidade mais recuada do sector intermediário do PSG, mas tem vindo a ser poupado dos jogos da Liga Europa, de forma a gerir a sua condição física. Ainda muito disponível do ponto de vista físico, mesmo já não revelando a frescura do período áureo da sua carreira, faz-se valer da sua enorme experiência, capacidade de desarme e muito bom sentido posicional, o que lhe garante o corte de inúmeras linhas de passe. Com bola, opta, quase sempre, pela solução mais simples. O versátil Mathieu Bodmer, jogador contratado, no Verão de 2010, ao Lyon, é o seu habitual companheiro de sector. Médio centro de origem, também capaz de actuar como médio defensivo, médio ofensivo ou defesa central, trata-se de um jogador fundamental para Kambouaré quando transforma o 4x4x2 para 4x2x3x1, onde costuma aparecer como médio mais criativo. Apesar do seu talento inegável, não prima pela regularidade a nível exibicional e, neste momento, atravessa um período de menor fulgor. Participativo do ponto de vista defensivo, destaca-se, sobretudo, por ser um jogador determinante nos processos de condução e construção de jogo, ao tirar partido da sua capacidade de passe – curto, médio e longo -, como também da sua capacidade para executar a um-dois toques e bons argumentos de ordem técnica, ainda que não se trate de um jogador que se destaca pela velocidade. Jérémy Clément e Claude Chantôme, as outras opções para o sector central do meio-campo, são jogadores frequentemente chamados por  Kambouaré à equipa. Clément, médio defensivo ou médio centro, trata-se de um jogador canhoto, de características mais de contenção, com grande disponibilidade física e capacidade de trabalho. Tem evoluído, nos últimos anos, nas saídas para ataque, mas opta, na maior parte das vezes, por passes curtos e médios. Chantôme, médio centro, também capaz de actuar sobre os flancos, principalmente à direita, apresenta características mais ofensivas, mesmo se tratando de um jogador disponível do ponto de vista físico e com boas noções do ponto de vista táctico. No entanto, possui bons argumentos no passe, o que lhe garante um papel importante em acções de condução e construção de jogo ofensivo, mas peca por alguma irregularidade a nível exibicional. Sem Bodmer em campo, é a opção habitual de Kambouaré para médio mais criativo na passagem do 4x4x2 para 4x2x3x1.

Nas alas, Ludovic Giuly, à direita, e o brasileiro Nénê, principal figura da equipa, com 13 golos e 7 assistências na Ligue 1, à esquerda, são os habituais titulares. Aos 34 anos, Giuly está a fazer uma época muito positiva – bem acima da anterior -, e mesmo já sem o fulgor que o destacou, continua ser um jogador ágil, veloz, com capacidade para desequilibrar no 1x1 e extremamente astuto a protagonizar acções de desmarcação com e sem bola, o que lhe permite aparecer, na sequência de movimentos em diagonal, em zona de finalização, para tirar partido do seu remate de pé direito ou assistir os seus colegas de ataque. Nesta fase da carreira, já dificilmente completa os 90 minutos: é, por norma, substituído entre o minuto 60 e 75. Nénê, por sua vez, é o jogador mais a ter em conta no Paris Saint-Germain: bom condutor de acções ofensivas pelo flanco e desequilibrador no um para um, ao aliar a sua boa capacidade de drible a velocidade, agilidade e poder de aceleração, evidencia também muito bons argumentos nos cruzamentos, em bola corrida e parada, e no passe, o que lhe permite realizar várias assistências para situações de finalização. Perigoso a aparecer em zona de finalização, Nenê sabe tirar partido do seu bom remate de pé esquerdo, o que o torna também perigoso na execução de livres directos ou indirectos em zonas próximas da área. Pegguy Luyindula é a principal alternativa para os flancos e, normalmente, o relevo de Giuly. Capaz de actuar sobre qualquer uma das alas ou no ataque, Luyindula está longe de primar pela consistência a nível exibicional, mas é um jogador agitador, pela sua velocidade e capacidade para aparecer em zona de finalização, quase sempre na sequência de acções de antecipação sobre os defesas adversários. Os jovens Jean-Eudes Maurice – que se destaca, principalmente, pela sua tremenda velocidade e poder de aceleração -, também capaz de actuar no ataque, e Tripy Makonda, lateral ou ala esquerdo, curiosamente apontado como «alvo» do Benfica para a próxima temporada, são outras opções para os flancos.

 

Ataque

O franco-turco Mevlut Erdinç e Guillaume Hoarau são a habitual dupla de ataque do Paris Saint-Germain. Erdinç, de 23 anos, não está a realizar uma época tão fulgurante como a anterior – em que marcou 15 golos e realizou 5 assistências -, mas trata-se de um avançado veloz, móvel e capaz de criar desequilíbrios no um para um, para além de evidenciar argumentos no último passe. Muito oportuno dentro da área, onde procura tirar partido do seu excelente poder de desmarcação e muito boa capacidade de antecipação sobre os defesas adversários, sabe tirar partido do seu bom remate de pé direito e argumentos no futebol aéreo. Já Hoarau, responsável pela eliminação do Sporting de Braga, na altura orientado por Jorge Jesus, da Taça UEFA em 2008/09, é um avançado muito forte do ponto de vista físico, mas a sua surpreendente mobilidade torna-o bastante potente nos últimos 30-35 metros, pois não gosta de se dar à marcação e parte, várias vezes, de posições exteriores em direcção à área, o seu espaço de eleição. Muito oportuno e extremamente perspicaz a ganhar posição aos defesas adversários, Hoarau revela grande sentido de baliza e um remate forte e fácil de pé direito – o esquerdo está longe de ser cego –, como também fortes argumentos no futebol aéreo, ao conjugar a sua elevada estatura a um muito bom tempo de salto. Esta época, tem-se destacado também no capítulo das assistências para golo, quase sempre a partir de passes curtos. Os já citados Luyindula e Maurice são as outras opções ofensivas de Kambouaré.