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Red Pass

Rumo ao 38

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Famalicão 1 - 1 Benfica: De Volta ao Jamor!

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Há coisa de um ano estava em casa a ver um Famalicão - Paços de Ferreira da Liga Pro numa 4a feira à noite na televisão. Fiquei impressionado pelo estádio cheio, pelo ambiente e pelo futebol dos minhotos. Percebi que iam subir e anotei mentalmente que tinha de fazer um esforço para conseguir lá ir ver um jogo e conhecer aquela realidade. Depois, vi e li várias reportagens à volta do clube e percebi que ali havia uma alma parecida com aquela que faz do Vitória um clube diferente em Guimarães, por exemplo. 

As contratações mediáticas e impressionante primeira volta do Famalicão nesta temporada fazem daquele clube o que mais evoluiu entre as ligas profissionais em Portugal. Um exemplo de gestão e com apostas muito interessantes em jogadores de grande potencial. 

Por tudo isto, tenho sempre elogiado o Famalicão e a vontade de conhecer o Estádio Municipal 22 de Junho foi crescendo. Quis o destino que o Benfica tivesse de jogar quatro vezes com os minhotos. Dois dois jogos da Luz já passaram e o facto da segunda partida da Taça de Portugal estar marcada para uma 3ª feira às 20h45 abria uma janela de oportunidade de investir numa viagem ao norte para conhecer aquela realidade. O desafio foi encher um carro com cinco benfiquistas que ajustaram a sua vida profissional e familiar para, mais uma vez, colocar o Benfica em primeiro lugar e acompanhar o clube a um destino novo e diferente. 

Para tornar tudo ainda mais aliciante houve sondagem entre amigos mais informados para saber onde devíamos parar antes do jogo para conhecer a gastronomia local. Depois de muitas sugestões, optámos pela Casa Pêga porque serviam antes da clássica hora de jantar. Saída de Lisboa pelas 15h, regresso à A1 três dias depois da ida ao Dragão e chegada ao restaurante antes das 19h. Os carros de vários meios de comunicação parados à porta já indicavam que o poiso seria de qualidade. Lá dentro vários profissionais conhecidos da Sport Tv, SIC ou TSF confirmaram que tínhamos feito a escolha certa. A recepção é desarmante. Simpatia e esforço por servir bem. Bolinhos de bacalhau, broa, queijo e uns rojões típicos do Minho que compensaram logo aquela loucura de estar ali numa 3a feira por causa de um jogo de futebol. 

A partir daqui foi sempre a descer.

Infelizmente, a realidade em Vila Nova de Famalicão é mais do mesmo do que temos vindo a descobrir noutros pontos do país. Afinal, os adeptos do Famalicão também são movidos a ódio e no nosso caminho para o estádio só ouvimos insultos e provocações. Tudo se agrava com a existência de uma casa do Futebol Clube do Porto junto ao estádio que costuma estar fechada em dias de jogo. Ontem, curiosamente, estava aberta e cheia de adeptos do Porto bem identificados. 

Acresce a tudo isto a ausência de indicações por parte de quem organiza o jogo. A Federação Portuguesa de Futebol podia ter feito um esforço para dignificar a prova rainha e organizar, por exemplo, um parque de estacionamento para as poucas centenas de adeptos visitantes. Principalmente, a maioria que nunca tinha ido ali e não sabia como se orientar até ao recinto. Nada disso aconteceu, os adeptos do Benfica iam à descoberta e assim passavam junto a elementos da claque do Famalicão e muitos portistas num ambiente de tensão. 

Quando chegámos ao acesso à nossa bancada vieram as piores noticias. Relatos de adeptos benfiquistas que contaram que durante a tarde a festa da Taça foi andarem a roubar adereços do Benfica em permanente provocação. Nem a equipa de reportagem da BTV se safou dos apertos. Nas revistas aos adeptos proibiam os adereços do Benfica a adeptos que tinha comprado bilhete de 25 euros para a bancada central. Continuamos nisto em 2020. 

E para saltar já para o fim, após o jogo fomos obrigados a ficar mais de 40 minutos à espera para sair. Relembro que o jogo começou às 20h45, portanto mais 40 minutos depois de terminar a partida são penosos para quem tanto tinha de andar a seguir. Isto tudo para depois na saída dos adeptos do Benfica haver logo insultos e provocações de famílias movidas a ódio nos prédios ao lado do estádio. Um triste espectáculo. Continuo a desejar tudo de bom à equipa do Famalicão, ao seu treinador e aos jogadores que mostram um bom futebol. Mas em termos de adeptos já não me enganam mais, estão apresentados. Desilusão total na cidade e nas bancadas. 

 

O Benfica tinha de responder à derrota no Dragão. Não o fez de forma categórica, longe disso. Mas a equipa teve o mérito de perceber que não está bem e, portanto, tinha que adaptar-se ao contexto competitivo e fazer o possível para garantir a presença no Jamor.

Bruno Lage voltou ao formato normal depois daquele triângulo no meio campo no Porto. Cervi na esquerda, Pizzi na direita, Rafa e Vinicius no meio. Recuperou Florentino para o meio campo e insistiu em Taarabt para dinamizar o jogo ofensivo da equipa. Tomás Tavares ocupou o lugar do lesionado André Almeida. 

Com uma vantagem mínima e perigosa, o Benfica tentou agarrar no jogo e tirar a iniciativa ao Famalicão. Essa foi a primeira preocupação. E percebe-se bem porque a equipa veio de um jogo muito exigente, afectada pela derrota e encontrava um Famalicão que não se desgastou desde o jogo na Luz. A derrota por 0-7 com o Vitória de Guimarães foi o reflexo da aposta de João Pedro Sousa numa equipa de reservas deixando a equipa fresca para este jogo decisivo.

Em parte, a estratégia do Famalicão resultou porque conseguiu encostar o Benfica e lutar pelo apuramento até ao fim. No entanto, o facto do Benfica ter saído na frente deu uma outra tranquilidade à equipa de Lage. Tranquilidade que Ferro e Grimaldo não conseguem ter. Voltou a ser por aquele lado que o adversário fez mossa. O Benfica acaba por sair com uma simpática vantagem para o intervalo já que viu o golo do empate ser invalidado por fora de jogo. 

Quando se esperava uma forte reacção do Famalicão, por estarem bem mais frescos, o jogo caiu numa surpreendente toada morna que muito convinha ao Benfica. Surpreendeu a falta de objectividade e eficácia do Benfica em vários momentos que podia ter resolvido o jogo com recuperações de bola e ataques rápidos sempre mal definidos e assim deixaram sempre o Famalicão em jogo. O cenário complicou-se a cerca de 10 minutos do fim quando surgiu mesmo o 1-1. O Benfica voltava à condição da época passada em Alvalade, mais um golo sofrido e o Jamor desaparecia. 

Emoção e nervos até ao fim. Mais nervos só mesmo com a atitude de Seferovic no momento de poder fazer o 1-2. O que se passa com o suíço? Que má vontade é aquela? Que desprezo pelo jogo é aquele? Tem sido inexplicável a atitude de Seferovic nestes últimos tempos no Benfica. 

A verdade é que o apuramento para o Jamor foi garantido, sem brilho mas com esforço depois de uma jornada complicada no passado fim de semana. O objectivo de voltar à final da Taça de Portugal foi conseguido. Cumprimos um trajecto digno, passámos por Cova da Piedade e Vizela e depois medimos forças com três equipas do Top 6 da Liga NOS, Braga, Rio Ave e Famalicão. Muito mérito nesta caminhada.

Agora, na final do Jamor, a Federação Portuguesa de Futebol já pode montar toda a estrutura milionária para embelezar a prova rainha. Já ninguém se vai lembrar das condições miseráveis que os adeptos do Benfica encontraram nesta meia final em que não se viu sinal da organização da prova junto de quem dedicou um dia útil para acompanhar o apuramento para a final. Segue-se o fogo de artificio e o glamour VIP do Jamor e da Supertaça e na próxima temporada lá voltam os folhetins de jogos repetidos por repescagens, de aventuras dos Canelas da vida e destas meias finais ridículas a duas mãos e com os golos fora a valerem por dois como na UEFA. 

O mais importante está conseguido, churrasco no Jamor! 

Vitória de Guimarães 0 - 1 Benfica: Conquista no Berço da Nação

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Se gostam de futebol, se adoptaram um clube para a vida, se apreciam o espectáculo ao vivo, independentemente das vossas cores, façam o favor de colocar nos vossos afazeres uma ida a Guimarães para assistirem a um jogo da vossa equipa com o Vitória SC. Esqueçam o perigoso fanatismo dos adeptos de Guimarães e os episódios negativos que já aconteceram ali. Informem-se da melhor maneira de estacionar e ir para o estádio e vão ver que está tudo bem organizado pelas forças de segurança. E depois desfrutem de uma experiência rara em Portugal, estar em minoria num estádio vestido de preto e branco, orgulhoso da sua cidade e incansável no apoio à sua equipa. Um ambiente contagiante que motiva ainda mais o sector visitante e leva ao limite todas as manifestações de apoio, das mais habituais às mais radicais. Arremessar tochas para o relvado é uma idiotice, já escrevi isto aqui vezes sem conta. Troca de tochas entre bancadas já é ultrapassar os limites do bom senso, arremessar cadeiras para outras bancadas e relvado também é dispensável. Tudo isto aconteceu com da parte das duas bancadas, da casa e da visitante. São excessos indesejados mas que resultam de um contexto de tensão e confronto no limite. Já tinha acontecido antes, vai voltar a acontecer mas não retira força à experiência de viver fortes emoções à volta de um jogo de futebol. 
Por tudo isto, a visita ao D. Afonso Henriques é sempre encarada com desconfiança e respeito. O único objectivo é somar 3 pontos e seguir na frente do campeonato. Mas para se vencer em Guimarães é preciso uma enorme dose de esforço, paciência, suar muito, perceber todos os momentos do jogo, fazer golo e jogar com o tempo e espaço dado pelo adversário. 

A equipa do Vitória é superiormente treinada por Ivo Vieira, tem jogadores muito interessantes, merecem estar na parte superior da tabela do futebol português e jogam muito bem. Ganhar ali não é é para todos. É preciso estar focado, concentrado e atento a todos os pormenores da partida. Na bancada é preciso ter voz, garganta e pulmão para que a equipa do Benfica nunca se sinta sozinha naquele ambiente adverso. 

Quando Pizzi contraria toda uma bancada que do outro lado do estádio pedia para rematar à baliza para fazer um passe atrasado para Cervi, todos entramos num segundo de hesitação. Como se os milhares de benfiquistas suspendessem a respiração naquele topo. Para dois segundos mais tarde explodirem num festejo colectivo tão alto que chegou às muralhas do castelo. Pizzi é um génio a decidir. Cervi é um profissional que soube esperar a sua vez para mostrar toda a sua qualidade e como pode ser decisivo numa maratona que tem muitas oportunidades para oferecer. É o grande momento da noite. Pizzi na direita a optar por assistir, em vez de rematar e Cervi a rematar de pé direito, o pior, para um golo tão desejado quanto festejado. 

Depois havia que sofrer muito. Todos sabíamos. A equipa está habituada a estes cenários e sabe tudo sobre estes jogos. Ferro e Ruben em grande noite e Adel Taarabt com uma exibição enorme e poderosa foram os elementos mais valiosos. Acima de todos, Odysseas imperial na baliza a assinar a exibição perfeita. Daquelas que valem pontos. 

Quem larga tudo para viajar no primeiro sábado do ano e fazer mais de 700 quilómetros só para ver um jogo de futebol ao frio impiedoso do Minho, tem de gostar muito do clube e de futebol. E se gosta tanto, então sabe que a expectativa para esse jogo não é ver um recital de futebol, uma partida divertida e cheia de bom futebol. Porque o futebol não é só exibições a terminarem com goleadas e facilidades. O futebol também pode ser, e é muitas vezes, um jogo de sofrimento, de nervos, de receios, de incertezas. Um jogo em Guimarães está sempre muito mais perto de ter esta cara de batalha de futebol e menos de poesia de bom futebol e muitos golos. Por tudo isto, quando o jogo acaba e se vence por 0-1 o sentimento de conquista e dever cumprido é muito maior do que na grande maioria dos jogos do calendário português. Entrar nesta aventura de ir atrás da nossa equipa de futebol para testemunhar um jogo destes é quase um acto de masoquismo. Quando acaba bem até parece que o regresso de 360 quilómetros marcados no GPS é uma viagem curta e agradável. 

E todos nos sentimos um bocadinho responsáveis pela vitória. É muito bonito ver toda a bancada visitante em harmonia com a equipa no pós jogo. Aquele momento em que tudo faz sentido, eles no relvado a sentirem que deram tudo a agradecer o apoio de um topo que transpira orgulho na sua equipa. 

Isto é o futebol vivido por quem guia a sua vida à procura destas emoções. É muito frustrante quando corre mal mas é muito compensador quando corre bem. 

 

Tudo o que vai além deste contexto já é outra coisa que nenhuma ligação devia ter com o futebol. No rescaldo do jogo aparecerem dezenas de figuras que se limitam a estar no sofá ou em estúdios de televisão de telemóvel na mão a orquestrarem reacções de acordo com o que mais lhes convém para destruírem tudo o que foi conquistado no ambiente que já descrevi, é um atentado ao jogo. Pessoas que não sabem o que é largar a família, pagar um bilhete caro, gastar dinheiro em gasolina, refeições e portagens, passar um dia na estrada só para ver 90 minutos de futebol ao frio, rodeado de policias, a sofrer lance a lance, a vibrar a cada golo e a cada defesa decisiva, pessoas que só apareceram nos últimos anos com o propósito de explicar ao mundo que tudo isto é um engodo e que está tudo viciado. Pessoas que estão tão confortáveis nos seus poleiros e de bolsos cheios e felizes com as figuras que fazem que nem dão pelo tempo passar. Só nos últimos seis anos, passaram cinco nisto e só em uma temporada é que tudo foi limpo, legal e bem ajuizado. O resto é tudo uma falcatrua gigante e só truques para prejudicarem as suas equipas. Nenhuma dessas figuras, no entanto, se farta deste roubo e se dedica à sua área profissional. Assumirem que o futebol é só o assunto mais importante das coisas sem importância e partirem para melhorarem a classe política, a classe jurídica, a classe dos músicos portugueses, a classe dos jornalistas, assumirem-se como comentadores com cores próprias e deixarem de ser falsos isentos sonsinhos ou, simplesmente, pagarem o que devem. Mas não! Estão ali perpetuados no seu papel justiceiro de dedo apontado. Nem que seja só a um lance em 90 minutos. Um lance reduzido a frames manhosas que nada explicam e apenas justificam narrativas nojentas fazendo de estúpidos todos os adeptos que ainda vivem para encher estádios. 

 

Sugiro que se acabe com as transmissões televisivas de todos os jogos do campeonato português. Desliguem as câmaras. Devolvam o futebol a quem o joga e a quem quer sentir as suas emoções nas bancadas. Se quiserem viver às custas de conspurcarem o jogo diariamente, tirem os rabinhos das cadeiras e sofás e façam-se às estradas deste país e sofram o que nós sofremos, semana após semana, só para vermos as nossas equipas ao vivo. Ou então façam o mesmo que eu fiz nos anos 90. A partir do momento que vi guarda redes a defenderem com a mão bolas fora da grande área, que vi golos anulados por anca na bola, ou por foras de jogo bíblicos que devem atormentar o pobre Amaral até hoje, ou árbitros a fugirem à frente de uma equipa em fúria, por exemplo, passei a ir só à Luz em movimentos automáticos sem questionar o que me levava a continuar a ir aos jogos. Apenas ia porque gostava de estar na Luz. Mas deixei de discutir futebol, passei a ver mais jogos internacionais e deixei de ir ver jogos fora da Luz com regularidade. Ou seja, sofria para dentro, não acreditava naquilo mas também não chateava ninguém. 

 

O Benfica ganhou sem brilho, o Benfica passou aflito no teste de Guimarães, o Benfica venceu pela margem minima. Sim, sim. Foi isso tudo. Ou então, o Benfica somou 3 pontos no cenário mais duro que teve de enfrentar até agora.

Foi uma enorme vitória do Benfica, foi um arranque de ano maravilhoso. Fui a Guimarães, voltei e estou a escrever às 4 e tal da manhã. E faço-o para contrastar com quem só destrói o jogo. Por respeito a amigos e companheiros que estão acordados a esta hora e rumam agora ao aeroporto de Lisboa para voltarem para o seu local de trabalho actual, como o grande TM que nos guiou hoje de Lisboa a Guimarães e de Guimarães a Lisboa, foi a casa buscar a mal e segue para a sua rotina. Bem longe dos estádios portugueses, a sofrer ao longe mas feliz por aquilo que Bruno Lage tem dado ao clube desde que chegou. Indiferente ao ruído poluente. 

O Benfica é muito, mas mesmo muito, maior que todos os ódios juntos porque o amor e entrega dos seus adeptos abafa a raiva e inveja do resto do país. 

Tondela 0 - 1 Benfica: Uma Estreia Vitoriosa no João Cardoso

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Não é todos os dias que se acorda para ir ver o Benfica num estádio em que nunca se esteve. Desta vez, consegui mesmo ir a Tondela e conhecer o João Cardoso. 

Quando se diz algo como vou tirar o dia para ver o Benfica pode ser uma afirmação bem literal. Foi o que aconteceu este domingo. Com um jogo anormalmente marcado para as 15h, as combinações tiveram que corresponder a madrugar e a ter em atenção a mudança da hora. 

Deixar Lisboa entre as 8h e as 9h da manhã para uma viagem de quase 300 km até perto de Viseu com o objectivo de chegar pelo meio dia, bem a tempo de provar a gastronomia local. 

O destino escolhido (e bem aconselhado) foi o Petz Bar em Cabanas de Viriato. Gente simpática e pronta a satisfazer o apetite de malta que come bem. 

Tudo o que foi para a mesa está documentado nas imagens abaixo. O lugar de honra vai para os ossos que traziam uma carne agarrada impossível de descrever. Já valia a viagem.

Com a componente gastronómica bem resolvida, faltava o mais importante. Levar 3 pontos para Lisboa.

O Estádio João Cardoso fica bem localizado perto de uma área residencial. Reconheci a rua da bancada central que me ficou na memória naquela triste noite dos incêndios em Tondela onde as chamas chegaram ao Estádio. 

Tudo simples mas funcional. Nota negativa para a enorme demora na revista aos adeptos do Benfica que fez com que muitos deles perdessem os primeiros minutos de jogo em longas filas de acesso à bancada.

O apoio do costume atrás da baliza. Ao contrário do que se previa, e ainda bem, nada de chuva nem de tempo frio. Tarde de temperatura amena. Casa cheia, muitos adeptos do Benfica nas centrais e uma sensação de estar quase dentro da grande área defendida por Odysseas na primeira parte tal é a proximidade das bancadas ao relvado. 

André Almeida voltou à direita da defesa, Cervi continuou na esquerda do ataque e Taarabt foi a aposta para jogar mais perto de Seferovic. 

Apesar de alguns sustos, o Benfica fez o mais importante. Marcar o 0-1 aproveitando uma bola parada com Ferro a ser decisivo. 

Depois, esperava-se mais Benfica a procurar mais golos e tranquilidade no resultado mas nunca chegou a acontecer. O jogo ficou sempre equilibrado e a equipa do Benfica começou a perceber que não ia dar para muito mais. A segunda parte passou-se sem que a bola chegasse à área onde estavam os adeptos do Benfica e a preocupação maior era não perder a vantagem mínima mas valiosa. 

O mais importante foi garantido, um triunfo, três pontos e subir na classificação para o topo.

Não foi uma exibição entusiasmante mas prolongou-se a incrível série de vitórias seguidas para a Liga NOS fora da Luz com Bruno Lage no comando! 

Estreia muito positiva em Tondela. E ainda se aproveitou a viagem de regresso pela IC2 para ir matar saudades do arroz de tomate e dos pasteis de bacalhau do Manjar do Marquês. 

Domingo em cheio. Tirar o dia para ir ver o Benfica são episódios épicos de grandes histórias que se acumulam em capítulos de uma série interminável que é querer sempre estar onde está a equipa do Glorioso. Que continuemos todos cá por muito tempo para viver dias assim. 

A luta continua na próxima 4ª feira. 

Cova da Piedade 0 - 4 Benfica: Começo Convincente

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A Taça de Portugal como deve ser. Assim faz todo o sentido. O Benfica jogar na casa do clube da divisão inferior, neste caso o Cova da Piedade, com os jogadores a perceberem que é preciso respeitar o adversário, a competição e os adeptos. 

Foi o melhor arranque que me lembro do Benfica na Taça de Portugal nos últimos largos anos. Uma vitória tranquila e esclarecedora por 0-4 com vários pontos de interesse. O mais relevante, sem dúvida, é o regresso de Florentino à equipa. O meio campo voltou a ter Gabriel e Florentino, muito boas notícias. 

Pizzi e Vinicius bisaram e fizeram o resultado marcando em momentos determinantes do jogo garantindo um apuramento natural, lógico e sem sustos no estádio de uma equipa profissional da segunda Liga, portanto, superior a outros adversários de escalões mais baixos que defrontámos em edições recentes.

Um momento delicioso aconteceu mesmo à minha frente. Pizzi e Gustavo estendidos na relva. O jogador da casa aproveita o cumprimento de Pizzi para lhe pedir a camisola no final do jogo. Pizzi respondeu que sim e todos os que olhávamos para eles percebemos o momento. Futebol também é isto.

Lembro-me de ver o Cova da Piedade duas vezes na Luz a jogar para a Taça de Portugal. Em 1985, o Benfica venceu pelo mesmo resultado mas não serviu para entusiasmar o Terceiro Anel que já estava em guerra aberta com o treinador Csernai. O Benfica venceu a prova. 
Uns anos mais tarde, em 1989, nova vitória do Benfica, desta vez por 9-1. Nessas tardes lembro-me de imaginar como seria jogar na margem sul no campo do Cova da Piedade. Em 2019 concretizou-se essa curiosidade, boa vontade do clube de Almada, da FPF e do Benfica, que assim proporcionaram uma noite diferente aos adeptos dos dois clubes. 

Deve ter sido a viagem mais curta que fiz para ver o Benfica a jogar fora de Lisboa. Uma visita que marcou a minha estreia no Estádio Municipal José Martins Vieira e que mostrou ser possível realizar estes jogos em recintos mais modestos. 

Uma noite em que tudo correu bem, até o silencio no minuto dedicado ao grande Jordão, e que marca o arranque do Benfica na Taça de Portugal que todos esperamos que só acabe no Jamor no final da época. 

Tudo certo nesta rara incursão pela margem sul. Na memória fica a vista para a baliza onde o Benfica marcou os golos na segunda parte. Bola a entrar, festejos e um olhar que se perdia até às costas do Cristo Rei no horizonte a abraçar Lisboa.

Moreirense 1 - 2 Benfica: Reviravolta Épica no Minho do Benfica

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A alma do Benfica está nas bancadas do norte. Não me interpretem mal. Gosto muito do Estádio da Luz, tenho lugar cativo há décadas e é a minha casa. Mas, neste momento, para sentir aquela dedicação e motivação extra das bancadas é preciso assistir a um jogo do Benfica no norte do país. Foi assim em Braga e voltou a ser em Moreira de Cónegos. 

Não é uma deslocação fácil, pela logística, pela distância (do ponto de vista de um lisboeta), pela ausência familiar em metade do fim de semana, pelo cansaço que é ir e vir no mesmo dia, pela chuva e nevoeiro que nos acompanhou durante mais de 700 km, pelo desgaste, pelos acessos ao Estádio, pela espera na entrada, até pelos preços dos bilhetes que não condizem com a qualidade dos lugares. Mas tudo é compensado pela jornada de convívio entre benfiquistas, pelo encontro com outros grupos de benfiquistas. Pelas histórias trocadas, pelas opiniões divergentes e, acima de tudo, pela vontade de estar ao pé da equipa e ajudá-la a ganhar três pontos. 

O ponto alto é o repasto. Aconteceu já perto do Estádio na Tasca du Nuno 7Olhinhos, pelo menos é assim que está no trip advisor. Uma casa muito conhecida naquela zona e que em nada desiludiu. As referências eram óptimas e confirmou-se como escolha acertada. A começar no facto de terem aberto a casa mais cedo de propósito para um jantar antes do jogo e pela oferta gastronómica irrepreensível. Entradas como queijo, paio, alheira à braz, moelas e panados. Depois, arroz de camarão com filetes, e secretos de porco preto. Tudo óptimo!

Já estava ganha a viagem. 

Faltava o jogo. Felizmente, a chuva deu tréguas e conseguimos estar na bancada ainda em modo de verão, manga curta e calções ainda foi indumentária aceitável. 
O relvado aguentou-se muito bem e estava bem melhor que o do Jamor, por exemplo. 

Tudo em condições para o Benfica repetir a boa exibição da última temporada no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas. 

Só que o momento não é o mesmo. Bruno Lage voltou ao desenho normal de campeonato, o 442 com RDT e Seferovic na frente, Rafa e Pizzi nas alas, Taarabt e Fejsa no meio. Também André Almeida regressou ao seu posto. O começo de jogo mostrou um Benfica com demasiada circulação de bola, pouca velocidade e a jogar muito longe da baliza de Pasinato, onde se encontravam os adeptos do Benfica. 

Demorou bastante até vermos o ataque do Benfica a funcionar com perigo, Pizzi não acertou na baliza e desperdiçou a primeira boa jogada já a meio da primeira parte. Aliás, Pizzi é o espelho deste menor fulgor da equipa. Sobra Rafa para pautar os tempos de arranque dos ataques da equipa. Ele e Taarabt são os que mais procuram a bola e tentam com a sua qualidade individual dar um rasgo de génio que acabe com a previsibilidade da equipa. 

Isto perante o mérito de um Moreirense muito bem organizado por Vítor Campelos que posicionou o seu 433 de forma superior tirando espaços no jogo entrelinhas do Benfica e deixando sempre Bilel, Nené e Luther como principais ameaças quando tinha bola. Sobreviveram à melhor fase do Benfica na primeira parte e conseguiram chegar vivos ao intervalo.

Regressaram ambiciosos no 2ª tempo e com três minutos jogados fizeram o 1-0 por Luther com todo o mérito numa bonita jogada onde ficaram expostas deficiências da organização defensiva encarnada.

A partir dali cabia ao Benfica mostrar outra face, mais ambição, mais velocidade, mais objectividade e dar tudo para revirar um resultado que era muito negativo. 

Até ao minuto 85, o Moreirense pareceu sempre confortável no jogo, a defender de frente para a bola a maior parte das vezes e mesmo apertado parecia ter o resultado controlado. 

Bruno Lage tentou de tudo, trocar os alas de posição, fez regressar Gedson, uma excelente notícia, fez entrar Caio Lucas para o lugar do "desaparecido" Pizzi e apostou tudo em Jota no lugar de André Almeida. 

Rafa, tinha de ser ele, fez o empate a 5 minutos dos 90 de cabeça com uma naturalidade que nem parecia que estávamos ali há 85 minutos a sofrer. Esse momento de aparente normalidade que foi o empate fez com que as bancadas no Minho explodissem num apoio incondicional à equipa. Começou fora do relvado a reviravolta. Como que a empurrar a equipa desde a o sector por trás de Vlachodimos até ao outro lado do campo. 

E quando Ruben Dias mete a bola por alto para o lado esquerdo onde Jota recebe e prepara o cruzamento, foi como se o tempo tivesse parado. Foi como se o mundo fizesse ali uma pausa. Todos os olhos nos pés de jota onde estava a bola, as gargantas roucas a puxarem pelo Benfica, a distância ficou mais curta, por segundos parecia que a bancada estava tão crente e tão forte que podia estar na linha de meio campo a assistir ao cruzamento. E quando a bola sai por cima numa trajectória perfeita para a cabeça de Seferovic foi só suster a respiração, arregalar os olhos e contemplar a viagem final da bola até ao fundo da baliza do Moreirense. 

Naquele momento, desculpem-me mas não há nada tão bonito, emocionante, justo e arrebatador como um festejo em plena bancada em estado puro de alegria. 

Tudo dentro da normalidade, o Var analisou, o tempo de descontos ainda não tinha acabado, o árbitro até era o insuspeito Soares Dias e o Benfica ganhou assim. Da forma mais dramática, da maneira mais dura mas venceu sem deixar margem para discussões. 

Numa maratona como é a Liga NOS, ganhar jogos em que a equipa não esteve bem é essencial para manter a chama. Na época passada vimos isso com o Tondela na Luz e com Seferovic a resolver. 

Precisamos de voltar a jogar mais e melhor mas esta vontade, determinação e procura pelo golo final nunca pode ser diminuída nem ignorada porque isto também é futebol. 

Como já sabem eu sou simpatizante do 3-0 aos 20 minutos e de uma aborrecida monotonia sem emoção com o Benfica a ganhar. Mas quando se ganha desta maneira voltamos sempre a festejar como uns putos que foram à bola pela primeira vez na vida. Uma adrenalina que torna a viagem de regresso mais simpática. Uma dose de felicidade que faz com que venha aqui desabafar a caminho das 5 da manhã antes de ir descansar de mais uma épica odisseia atrás da equipa que escolhi para me fazer regressar à infância todos os fins de semana.

Que esta vitória seja recordada em Maio com a mesma satisfação que recordei aquela com o Tondela na Luz.

O Minho é Benfica. Ser do Benfica é incrível. 

 

Braga 0 - 4 Benfica: Uma Exibição ao Nível do Preço Luxuoso dos Bilhetes

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São 3h56 da manhã de dia 2 de Setembro. Fui ver um jogo da jornada 4 da Liga NOS no domingo, o Braga - Benfica, e consegui chegar a casa antes das 4h da manhã. O meu muito obrigado para quem tutela o futebol em Portugal.

Quis o "sorteio" que o Benfica voltasse à Pedreira quatro meses depois daquela vitória por 1-4 com um estádio cheio num grande fim de tarde de futebol. Desta vez, o estádio esteve longe de encher e o jogo começou depois das 21h de um domingo. Há que esclarecer que o sector visitante não teve uma ocupação só de 1/3. Isso é uma análise errada. O Braga é que fez questão de só ceder bilhetes para 1/3 daquela bancada. Esse espaço esteve cheio de benfiquistas. O resto que esteve vazio foi por opção do clube da casa. 

Depois, importa dizer que para aquela "caixa de segurança" foram vendidos bilhetes de 31€ e 93€.

Pergunta o leitor: e qual era a diferença nos acessos e nos lugares?

Eu respondo: absolutamente nenhuma. 

Ou seja, para o Braga e para a Liga Portugal, um bilhete de 93€ dá acesso a um lugar com a mesma visibilidade e com a mesma entrada de um bilhete de 31€.

E em Abril como foi? Foi bancada esgotada de uma ponta a outra e sem bilhetes a 93€.

Eu esperava que os adeptos portadores de bilhetes de 93€ fossem levados ao colo por aquela interminável escadaria, tivessem uma água fresca à sua espera lá em cima e que no fim fossem transportados para o Aeroporto para regressarem a Lisboa de avião. 

Os preços aumentaram para lá dos limites do razoável, mas dentro dos limites da Liga Portugal, e as condições para os adeptos continuam as mesmas. Uma só escadaria de acesso para entrar e para sair. Saída que acontece para lá das 23h30 e que fora do estádio não tem iluminação até à estrada. 

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Realmente, é preciso gostar muito do Benfica para nos sujeitarmos a tudo isto. 

 

O plano da viagem foi feito entre amigos. Saída da Luz pelas 16h, paragem em Condeixa para uma boa sandes de leitão, umas imperiais e um pastel de Tentúgal e seguir caminho para a Pedreira. 

A expectativa para saber o 11 do Benfica era grande. Confirmou-se o regresso de André Almeida e a aposta em Taarabt. 

Mais do que acertar na equipa, a exibição do Benfica trouxe de volta aquele conforto, aquele entusiasmo e aquela tranquilidade de ver um futebol atraente. Perceber que esta é a normalidade da Era Lage. Sentir que a jogar assim estamos sempre mais perto de ganhar. 

Adel entrou de forma perfeita na posição "8", Florentino fez uma exibição magnifica, Raul de Tomas sempre que esteve em jogo fez quase tudo bem, Rafa foi sempre uma ameaça com a sua velocidade, Pizzi voltou a bisar quatro meses depois naquele relvado. Só Seferovic é que teve uma noite desinspirada mas mesmo assim trabalhou o suficiente para ficar ligado a um dos golos, neste caso, auto golos. 

Odysseas quando teve de aparecer esteve bem, e a defesa do Benfica só por uma vez foi ultrapassada, uma grande recepção de Ricardo Horta com um remate que o poste caprichosamente devolveu. Podia ter sido o 1-1 antes do intervalo. 

Para evitar mais sustos, o Benfica entrou ainda mais forte na 2ª parte e rapidamente ampliou a vantagem. De forma normal e natural. 

Cedo se resolveu um problema que não se adivinhava de fácil resolução. 

O apoio na bancada visitante foi brutal. Quando começam a jogar sujo com os adeptos do Benfica, a inventar obstáculos, a quererem evitar a presença de muitos, é quando os benfiquistas se juntam para apoiar mais forte. Se pensavam que depois de uma derrota, a Pedreira ia conseguir afastar o povo da equipa, enganaram-se. E vão estar sempre enganados quando esfregaram as mãos a pensar que estão todos a ser muito espertos prejudicando os benfiquistas com preços vergonhosos. 

Os adeptos do Braga que trataram os benfiquistas que se manifestaram no primeiro golo na bancada inferior de forma cobarde e violenta, são os mesmo que se riram com as condições impostas a quem quis ir para o sector visitante do seu estádio. Não se esqueçam que ainda vão ter de ir à Luz.

 

Uma resposta do Benfica de Lage à Benfica de Lage. Sem dramas, sem lamúrias, com trabalho, com motivação, e construindo mais uma goleada, mostrando que o normal deste Benfica é isto. Jogar e ganhar bem. 

Os que encheram o peito há uma semana com uma efémera liderança e os que acharam que uma derrota ia derrubar o campeão, devem ter percebido algo que já é certo e sabido há muito tempo: vão ter que levar connosco. Quer gostem ou não, quer queiram ou não. Com preços luxuosos ou com regressos a casa de madrugada já em dia útil de trabalho. A força do Benfica não se anula assim.

Uma nota final, mesmo na bancada superior, bem longe da zona de acção do primeiro tempo, consegui ver nitidamente João Novais a cortar com a mão uma bola que podia levar perigo à baliza do Braga. Não precisem de Juízos Finais. Mas o árbitro conseguiu não ver. Aposto que se estivesse numa zona de 93€ tinha visto. Afinal, os lugares até eram baratos com tão boa visibilidade.

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Não tentem brincar com o Benfica, respeitem o Campeão. 

 

Belenenses SAD 0 - 2 Benfica: Rafa Anti Tudo e Todos!

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Antes de irmos ao jogo tenho de começar por falar naquilo que o rodeia. 

Este foi o segundo jogo fora da Luz da época. O primeiro foi organizado pela FPF, este foi responsabilidade da Liga Portugal. Sobre as condições miseráveis do Estádio do Algarve está tudo escrito na crónica da Supertaça. Esta partida era do campeonato da Liga e as razões de queixa dos adeptos são na mesma escala.

Reparem, quem é que se preocupou em promover este jogo, em chamar gente ao Jamor em preocupar-se com iniciativas que passaram por publicar vídeos com jogadores a convidarem os adeptos a ir ao estádio? 

O Belenenses SAD, vamos chamar-lhe assim, nunca iria fazer tal coisa, mesmo porque não tem adeptos para convidar. 

Terá sido a Liga Portugal? 

Não. Foi o Benfica. O Benfica desafiou os seus adeptos a invadirem o Jamor. Mesmo na condição de visitante, foi o Benfica o responsável pela melhor assistência que o Belenenses SAD terá para apresentar no final da época, arrisco eu. Não sei quantos milhares de benfiquistas foram ao Jamor porque não encontrei até agora o número oficial mas, claramente, foram muito mais do que na época passada. 

E porque é que a Liga não se mete nisso de chamar gente ao Estádio. Uma rápida reflexão dá-nos uma possível resposta. Aquilo funciona bem como está na maior parte dos jogos da competição ali disputados. Sem transito, sem problemas de acessos, sem pessoas a desesperarem para entrar no Estádio. Sem adeptos, tudo corre melhor. Os adeptos atrapalham muito e depois são chatos com reparos. 

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Meia dúzia de torniquetes em cada lado da Praça da Maratona mais uma revista policial lenta leva a uma espera desesperante. Aliás, o jogo começa e continuam adeptos a entrar em número impressionante.

Casas de banho no Estádio é tarefa quase impossível, bares nem vê-los e, finalmente, as cadeiras imundas à  nossa espera. Parece ser um toque de classe do nosso futebol, não é? Venham ao futebol, pá! Ah, e tragam um kit de limpeza de cadeiras de plástico. Que vergonha, que nojo. A FPF e a Liga deviam pensar numa parceria com a 5àSec para umas limpezas de calças e calções de borla. 

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O cenário à volta do jogo é todo tão mauzinho que nem a cobertura de rede de dados para telemóveis é decente. Em compensação, tivemos a constante visita de vespas que fazem um curioso ninho naquela bancada. 

E no final quem optar por sair por cima do Topo vai dar a um caminho de corta mato com obstáculos numa descida radical às escuras.

Enfim, é preciso gostar muito do Benfica para passar sábados numa realidade de terceiro mundo. 

Compreendo perfeitamente quem já não tenha paciência para meter os pés nos estádios com estas condições. Já tenho mais dificuldade em perceber a mentalidade de todos aqueles, e são muitos, que se dão ao trabalho de ir ver o jogo mas depois viram as costas à equipa completamente imunes à incerteza no resultado. Parece que há um despertador invisível na bancada que toca sem parar a partir do minuto 70 e empurra os adeptos do estádio para fora criando um cenário surreal para quem fica sofrer com a reacção do Belenenses SAD à vantagem do Benfica. Ou seja, está 0-1 e há centenas (milhares?) de benfiquistas que não estão preocupados com desfecho final do jogo e vão à sua vida. Ou então, todos eles são movidos a uma confiança tão alta que têm a certeza que o Benfica ganha os três pontos e a prioridade deles passa a ser chegar à A5 antes dos outros. Não entendo. 

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Finalmente, o jogo.

Começou por Silas. O treinador que descobriu como trabalhar um sistema que parte de uma linha de 5 defesas para condicionar por completo o jogo ofensivo do Benfica. Funcionou nos últimos três jogos, hoje voltou a apostar neste conceito. Silas colocou muitas dificuldades ao Benfica, principalmente no jogo interior e ainda viu Odysseas negar um golo que ia repetindo o cenário do jogo da época passada. Desta vez o internacional grego foi determinante para manter tudo igual. 

Apesar de gostar muito do trabalho do Silas, não consigo compreender como é que o treinador passou o jogo a ir até perto do relvado dar instruções à sua equipa. O Rúben Amorim não foi castigado por estar numa condição académica parecida? 

No Benfica voltou a ficar aquela sensação que a equipa mesmo sem conseguir fazer uma exibição empolgante, cria três ou quarto oportunidades em cada parte. Geralmente, com a qualidade individual que tem, é futebol suficiente para chegar à vitória. Neste caso, a tradução à letra de qualidade individual escreve-se assim: Rafa. 

Jogo soberbo do avançado do Benfica, foi ele quem desequilibrou a organização azul e inventou o primeiro golo que desbloqueou a equipa para uma vitória muito saborosa. 

A juntar a tudo isto havia a componente psicológica, ou como diz o Valdano, o medo cénico de encarar uma equipa treinada por um homem que não sabia o que era perder para o Benfica no Restelo, no Jamor e na Luz. 

Olhando mais a fundo para a equipa do Benfica, há algumas dúvidas que persistem do meio campo para a frente quando o jogo está demasiado previsível. Hoje houve Pizzi a menos e Rafa a mais, RDT parece menos confortável atrás de Seferovic que não mostrou eficácia na hora da verdade. 

Só que depois, nas contas finais, vemos que Seferovic só não marcou por causa do VAR e Pizzi acabou a noite a festejar o 0-2, mais um jogo a marcar! 

Por falar em VAR, além de todas as questões que já lancei extra jogo, vamos juntar mais esta. Há uma semana, a Liga inglesa estreou o VAR e uma das preocupações principais dos ingleses é informar os adeptos nos estádios sobre o que é que o VAR está a intervir. 

Que me lembre, em Portugal já estamos a levar com o VAR, nós benfiquistas, desde a final da Taça de 2017 contra o Vitória SC. Em plena época 2019/2020 continuamos entregues aos mistérios do VAR sem termos a menor ideia do que se está a passar. Saí do Jamor sem entender porque é que o golo foi anulado. Nada vai ser feito para informar quem está no estádio, pois não? Claro que não, esta malta que vê jogos ao vivo só atrapalha. O melhor é recorrer à internet do smarphone. Ah, espera... a cobertura de rede é horrível. Quando conseguimos aceder a uma rede social qualquer é para ficarmos a saber que o mesmo VAR ignorou este lance do Rafa que estas pessoas insuspeitas analisam assim:

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Estamos esclarecidos.

Por falar nisto, quem era o árbitro e quem estava no VAR? 

Pois. 

É que há as regras escritas, as normas e as leis que devem ser seguidas. E depois, como em tudo na vida, há a invisível lei do bom senso que pede que não se criem dilemas desnecessários. Qual é o objectivo de quem manda em chamar Veríssimo e Xistra para apitar um jogo com um historial tão complicado para o Benfica depois daquele atentado que foi a actuação da dupla em Janeiro deste ano na Final Four da Taça da Liga? Não houve lei do bom senso. Houve provocação. 

Também por isto, esta foi uma vitória importantíssima. 

Apesar da forma como somos tratados, para a semana lá estaremos no nosso lugar pago indiferentes ao local e adversário. 

Ao Jamor espero só voltar na final da Taça de Portugal, a ver se escapamos a esta aberração chamada Belenenses SAD nos sorteios da Taça. 

Se em Maio cá voltarmos, espero que a FPF se digne a limpar os lugares dos adeptos, pelo menos. É que isto não pode só ser frases fortes como Futebol a Sério e Futebol com talento e depois apresentarem um embrulho todo bonito para um conteúdo de terceiro mundo. Vejam lá isso. 

Quanto ao Benfica, é continuar a trabalhar, há muito para melhorar no jogo e manter este foco frio e objectivo no próximo adversário. 

 

Benfica 5 - 0 Sporting: Supertaça na Manita !

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Quando em Maio fechei a temporada com uma crónica de campeão, depois de uma goleada por 4-,1 nem sabia com quem íamos abrir a época 2019/20. Tão pouco, esperava regressar à escrita para voltar a falar de uma goleada. Mas a verdade é que o mundo avançou após a conquista do quinto título em seis épocas, entrou o verão e o Benfica já começou a dar trabalho a quem organiza o espaço do Museu Cosme Damião. Entrou a Taça Hospital da Luz ganha em Coimbra e vai caminho o troféu do prestigiado torneio International Champions Cup , assim como a oitava Supertaça da história do clube. 

Toda esta dinâmica contrasta com o barulho e o ruído que os tolinhos, que são pagos para agitar o defeso nos meios de comunicação deste país, fazem de forma absurda diariamente sem pausas e que agitam os (ainda mais) tolinhos que alimentam o circo vendo, ouvindo, discutindo e repetindo argumentos de uma realidade paralela.

No fim do dia temos o Benfica a abrir a nova época de taça na mão com uma exibição categórica, com um resultado de mão cheia (literalmente) e a festejar em harmonia com aqueles que realmente se dão ao trabalho de os acompanhar de Agosto a Maio, de sul a norte. 

Tudo isto seria já suficiente para se perceber que o Benfica continua insaciável na hora de somar troféus mas tudo se torna mais especial se pensarmos que o adversário escolhido. numa cimeira maior de anti benfiquismo, para vir dificultar e mostrar ao mundo que todas as debilidades apontadas ao Campeão Nacional, pelos tais tolinhos, são verdadeiras, foi o rival da cidade de Lisboa. Pois, o Sporting chegou ao Algarve como sempre chega a todos os derbys, de peito feito e favorito nas suas convicções. 

Esta é a grande diferença ente Benfica e Sporting actualmente. Não, nem me refiro aos 5-0. Refiro-me à preparação na pré época até aqui.

O Benfica tratou de planear um regresso ao trabalho pensando em todos os pormenores. A inevitável saída de João Félix e a chegada de Raul de Tomas, o adeus emocionante e emocionado a Jonas com um jogo na Luz que serviu de pretexto para os adeptos dizerem adeus ao lendário brasileiro, mais do que ver algum progresso na equipa que tinha acabado de voltar ao trabalho, o adeus repentino a Salvio, que já marca feliz no grande Boca Juniors, e um rápido partir para a nova realidade com novos objectivos. Uma digressão aos Estados Unidos da América que foi exemplar em termos sociais, hierárquicos e, acima de tudo, desportivos, que acabou com a espectacular conquista do torneio mais mediático de verão no mundo do futebol. Um regresso pensado ao pormenor para que as rotinas voltassem com normalidade e a preocupação de tudo estar bem para o primeiro jogo oficial da época. 

Do outro lado, o Sporting limitou-se a passar a pré época a pensar no jogo da Supertaça. Um derby com o Benfica é caso de vida ou morte para aqueles lados. A obsessão de vencer o Benfica é mais forte do que pensar num futuro a médio prazo. Preparar a equipa para as quatro ou cinco dezenas de jogos que vão ter até Maio foi secundário. O que interessava era manter Bruno Fernandes até ao jogo do Algarve e vencer. 

São duas maneiras diferentes de estar e de pensar. A diferença é gigante. 

 

Em Portugal, actualmente, temos duas forças vaidosas a tomar conta do futebol. A Liga Portugal e a Federação Portuguesa de Futebol.

Quando se joga a Final Four da Taça da Liga, em Braga, entramos numa dimensão diferente da nossa realidade. Tudo é tão lindo, tanto fair play, tanta exposição mediática, tão bonito que é o futebol, os pormenores e detalhes à volta de cada um dos três jogos que definem um (absurdo) título de campeão de inverno. São uns dias de auto promoção da Liga de Pedro Proença que tenta fazer esquecer as condições miseráveis com que os adeptos do futebol que andam atrás dos seus clubes precisam de lidar durante toda época.

A FPF não quer ficar atrás e monta o seu show à volta da final da Taça de Portugal e na Supertaça. A ideia é exactamente a mesma da Liga Portugal, auto promoção, sinais exteriores de riqueza, agora reforçados com a entrada do Canal 11, e a montagem de uma feira à volta de um simples jogo que ultrapassa os limites do compreensível. 

Falemos de termos práticos, daquilo que nem a Liga, nem a FPF, estão muitos interessadas em discutir. Falemos então dos adeptos que se dão ao trabalho de ir até ao Estádio do Algarve ver o jogo. Adeptos, esse conceito tão vago e que tantas chatices dão com as suas criticas e opiniões.

O jogo estava marcado para as 20h45. A essa hora o que víamos nós, chatos adeptos, dos nossos lugares no estádio? Víamos uma espécie de concerto num pequeno palco junto da bancada central com os Expensive Soul a cantarem, deduzo eu porque não consegui ouvir nada, um grupo de pessoas demasiado excitadas em frente ao palco e um relvado invadido por um coro Gospel, uma banda filarmónica (?) e os dois emblemas expostos no relvado. Os minutos passavam, olhávamos para os ecrans e lá víamos os protagonistas do jogo em enorme compasso de espera enquanto nos perguntávamos na bancada o que se estava ali a passar? 

Jogo atrasado por um espectáculo sem sentido, sem contexto e que, talvez, tenha resultado em termos de televisão. No estádio foi um estorvo. 

E o que é que revolta nisto tudo? Eu nada tenho contra espectáculos de bandas portuguesas ao vivo, antes pelo contrário, a minha vida profissional vive muito disso, como bem sabem aqueles que melhor me conhecem. Mas numa altura em que estamos no auge dos Festivais de verão, em que semanalmente tenho que estar presente em diversos concertos, nunca vi nenhum show atrasar para ver futebol antes. Ou seja, cada coisa no seu lugar. Sendo que isto não é o mais importante, é só uma nota de rodapé e subjectiva. 

A minha grande questão para a Federação Portuguesa de Futebol é a seguinte: como é que explicam aos adeptos, os tais chatos do costume, que haja tanta verba disponível para se montar fans zones, palcos musicais, coreografias vistosas e por aí fora, e não haja um orçamento para limparem as cadeiras do Estádio antes do jogo!

Perguntem aos adeptos, os que pagaram para ali estar, em que estado ficaram as roupas usadas nesta bela noite de verão no Algarve. Calças e calções que passaram de ganga azul para branca com a brutalidade de sujidade com que estavam as cadeiras. Vergonhoso! E os bares do estádio? E aqueles topos eternamente provisórios que fazem com que uma carteira ou telemóvel caído acidentalmente das calças sujas vá parar ao abismo negro que é o labirinto de andaimes que suporta a bancada? E aqueles acessos de trânsito? Sem opções de transportes para o estádio, o que podemos dizer do caos que é tentar sair dos parques do estádio com esperas de duas horas após um jogo que devia começar às 20h45 mas que, como já vimos, começou e acabou bem depois da hora prevista. E sem prolongamento nem penaltis. 

Desculpem lá o desabafo mas é que ainda há adeptos que se sacrificam pelos seus clubes mesmo sabendo que são o menos importante dentro desta feira de vaidades em que se transformou o futebol português. O que interessa é que chegámos todos com saúde a casa, uns de madrugada outros já com o dia a nascer. 

Quanto ao jogo, só posso falar de uma vitória normal do Benfica. Pode soar a presunção mas é a verdade. Desde que Bruno Lage tomou conta da equipa, os derbys têm sido entretidos.

Em Alvalade para o campeonato o Benfica venceu por 2-4. Teve golos anulados, falhou outros tantos e, mesmo assim, no dia seguinte houve quem dissesse que não foi goleada nenhuma e que não houve uma superioridade assim tão grande. Depois, na Luz para a Taça de Portugal, o Benfica chegou ao 2-0 e quando se esperava o 3-0, o Sporting teve uma oportunidade e fez o 2-1. Passámos de mais um passeio num derby para um resultado perigoso que depois se transformou numa inesperada derrota que nos afastou do Jamor. Mas, na verdade, nos três derbys jogados, o Benfica andou sempre muito mais perto de golear do que acabar a perder. 

Agora, na Supertaça voltou a ser evidente a superioridade do Benfica. Antes do jogo, Bruno Lage disse como ia jogar o Sporting. Acertou e por isso já estava um passo à frente em relação ao rival. Preparou a equipa, mesmo improvisando Nuno Tavares na direita, que foi bem testado e rodado ali na pré época, e lançou RDT como novidade no onze. Alta pressão, fecho do corredor central obrigando o Sporting a jogar por fora, Rafa e Pizzi a fecharem, Florentino a cobrir as subidas por fora a partir do corredor central, Gabriel a recuperar bolas e Raul de Tomas a recuar e a ser decisivo no equilíbrio defensivo.

Foram estas as chaves decisivas para uma noite tranquila do Benfica. A associação entre Pizzi e Rafa é letal e quando uma equipa é preparada no seu todo, colectivamente, com plano de jogo flexível e ainda com recurso a um banco de nível elevado, o resultado acaba por aparecer. Estar agarrado a um só jogador e preparar uma Supertaça como se o mundo acabasse a seguir não podia ter um bom fim. 

A goleada por 5-0 é histórica mas é mais saborosa por ter acontecido de uma maneira tão natural como aconteceu aquele 2-4 em Alvalade. Ou aquele 2-0 na Taça que esteve quase, quase a ser alargado e acabou por ficar 2-1 porque o futebol também é aquilo. 

A trabalhar como se trabalha no Benfica, o normal é termos mais noites destas do que o contrário. Reparem que, praticamente, metade dos jogos oficiais que Bruno Lage leva à frente do Benfica acabaram com goleadas. Não deve ser por acaso...

De tudo isto resulta uma imensa e enorme vontade de começarmos o campeonato. Que esta ambição nunca acabe. Ao Benfica o que é do Benfica.

 

Rio Ave 2 - 3 Benfica: Por Este Rio Acima

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Dia 12 de Maio, dia de peregrinação em Portugal. Os mais fervorosos a saírem um pouco de todo o lado do país rumo a Vila do Conde para a última deslocação da temporada do Benfica. 

Quando seguia viagem para norte, dei por mim a pensar se já tinha assistido a alguma vitória tranquila do Benfica nos Arcos. Nunca tive essa sorte.

Aliás, andei tão para trás nas minhas memórias que recuperei um jogo em que estádio do Rio Ave se vestiu totalmente de vermelho para uma apresentação do Benfica aos adeptos do norte nos Arcos. Foi na pré temporada de 2002/03 contra o Celta. Nem o regresso de Nuno Gomes evitou outra derrota com os espanhóis. 

Porque é que é importante recuperar esse dia de verão de 2002? Porque eu estava em Vila do Conde e fiquei surpreendido com a quantidade de adeptos que foram ao estádio apoiar a equipa. Não por ser no norte, o Benfica sempre teve apoio a norte, mas pela grave crise que o clube estava a atravessar. Em pleno Vietname do Benfica, os adeptos do norte eram tão fieis e dedicados que a Direcção do clube achou pertinente fazer ali um jogo de apresentação. 

Pois bem, esse respeito foi muito importante para o Benfica nunca perder a sua ligação com o povo. Por muito maus que fossem os resultados, o carinho dos adeptos do Benfica nunca faltou. E foi essa resistência que fez possível que o clube recuperasse a sua identidade, o seu destino de vencer e chamar as pessoas à sua passagem. Só isto explica que em 2019 tenhamos ficado com imagens eternas de uma multidão apaixonada por uma equipa, por um emblema, pelo nome do Sport Lisboa e Benfica.

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Estes milhares de adeptos estão ali para mostrar o seu agradecimento a todo o futebol do Benfica. O agradecimento por nunca terem desistido mesmo depois deste país ter condenado o clube na praça pública de todos os crimes e mais alguns, mesmo depois deste país ter manchado o nome do clube nos últimos anos, e acima de tudo, mesmo depois de termos passado os últimos dois anos numa luta suja, titânica e desnivelada com todos os adeptos do único clube maior que o Benfica em Portugal, o Anti Benfica. 

Não se tratava de euforia, não se tratava de festa antes do tempo, não se tratava de deitar os foguetes antes da festa, tratava-se, apenas e só, de uma gigantesca demonstração de carinho, de apoio, de acreditar que o Benfica pode continuar a conquistar campeonatos mesmo que haja um surreal trabalho diário em toda a imprensa para evitar que isso aconteça. 

Meus amigos, esta é que é a força do Benfica. São os milhares que esgotaram o Estádio dos Arcos para apoiar durante o jogo e, arrisco escrever, os outros tantos milhares de benfiquistas que mesmo sem bilhete para entrar no recinto, invadiram a rotunda e as imediações do Estádio para dar este apoio incrível. 

Tudo isto foi importante para dar mais força ao Benfica que, afinal, ia começar a partida com o Rio Ave em 2º lugar na Liga NOS. Estes eram os factos às 20h de domingo. O Benfica tinha muito que trabalhar, tinha que encarar o jogo com toda a concentração para garantir que saía dos Arcos na liderança novamente. 

Foi isso que aconteceu. Tanto se pediu que o Benfica entrasse melhor nos jogos, que aos 3' Rafa fez o 0-1 dando origem a uma explosão de alegria movida pelo alivio de ver recuperado o 1º lugar bem cedo.

Como era de esperar, o Rio Ave deu muita luta e voltou a complicar muito a vida do Benfica. Na Luz chegou a estar a vencer por 0-2, no jogo que marcou a estreia de Bruno Lage e Daniel Ramos em cada banco.

Quando tudo apontava para o 0-1 ao intervalo aconteceu o momento mais polémico. O Rio Ave queixou-se de um penalti de Florentino, o Benfica respondeu com o 0-2.
São momentos marcantes porque há motivos para dúvidas. Daniel Ramos diz que se transformou o 1-1 em 0-2. 

A verdade é que Florentino pôs-se a jeito para ser marcada falta. Mas como já ouvi nesta Liga, a falta começa fora da área e, por isso, nunca seria penalti. Seria um livre perigoso que estava longe de dar o 1-1. Mas mesmo que acontecesse o penalti reclamado e fosse transformado, é preciso lembrar que o Benfica em Braga foi para o intervalo a perder e na Luz com o Portimonense estava empatado. Reagiu sempre bem, como se sabe.

Já o 0-2 parece-me que não tem discussão, João Félix está fora de jogo. Acho muito estranho que o VAR não tenha mandado o árbitro analisar tudo com calma. 
Mas eu também achei muito estranho que o VAR não funcionasse na Luz com a SAD de Belém ou no Jamor com a mesma SAD. E aí não vi ninguém preocupado. Aliás, eu ainda gostava de perceber o papel do VAR em lances que deram 10 pontos a mais ao Porto, como explica o insuspeito Rui Santos, e qual foi o seu papel nas meias finais da Taça da Liga. Mas aqui já não vejo ninguém muito interessado. A época tem sido toda isto, desculpem mas a mim não me vão convencer que os problemas com o VAR começaram em Vila do Conde. Antes pelo contrário, é uma nota de rodapé na quantidade de disparates que vimos por esses campos fora. Terceiro classificado incluído, basta ver o número de penaltis a favor.

 

O Benfica com 0-2 tremeu por culpa própria, não soube matar o jogo e acabou por sofrer o 1-2 que trazia à memória a recuperação muito apreciado do Rio Ave com o Porto naquele mesmo local. 

Pizzi fez o 1-3 e parecia ter resolvido a questão. Só que o 1-4 nunca aconteceu, oportunidades não faltaram, e o Benfica acaba a sofrer com o 2-3 do Rio Ave.

Um belo jogo numa atípica noite quente nos Arcos, cinco golos, emoção e uma felicidade imensa no sentimento do dever cumprido no final da partida.

Ponderei não o fazer mas não resisto. O Benfica nunca falhou com nada ao Coentrão, pois não? Pagou tudo, a tempo e horas. Recuperou o homem, revelou o jogador, apoiou-o sempre em tudo. Fez dele um jogador tão bom que até o Real Madrid achou que estava à altura dos maiores desafios. O Benfica fez do Coentrão um quase ex jogador para um craque do plantel do Real Madrid. Como todos os outros jogadores que saem da Luz para vidas melhores, o clube nunca lhes faltou ao respeito. Infelizmente, este Coentrão quer acabar como começou, uma triste e embaraçosa nota de rodapé no futebol português. Desprezo e que daqui a uns anos não tenhamos que ter mais pena dele do que temos agora.

 

Ir ao norte significa comer bem. Desta vez a sugestão foi a gastronomia da Adega do Testas em Vila do Conde. Atendimento de simpatia superior, carne grelhada de qualidade imbatível. Batata frita caseira, arroz com grelos e enchidos num caldo irresistível. Tudo mais do que aprovado. 

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A última saída da época foi tão cansativa como reconfortante. Uma jornada de benfiquismo para a história deste campeonato e do clube.

Para tudo isto fazer sentido, já sabem, encarar o último jogo na Luz com a mesma seriedade, a mesma convicção e a mesma ambição. Falta menos de uma semana para carimbarmos um dos títulos mais incríveis de sempre. Até lá ficam as recordações de um norte vermelho.

 

Braga 1 - 4 Benfica: O Minho é Benfica!

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Para quem acha que isto de fazer mais de 700 Km's num dia só para estar onde o Benfica joga é uma festa e só divertimento deixo aqui o relato de um final de jogo que devia corar de vergonha todos os responsáveis pela organização do jogo de Braga e do seu policiamento. Num dos momentos mais felizes da temporada, no desfecho de um dos jogos mais complicados deste final de temporada, a euforia marcava aquela bancada superior destinada aos adeptos do Benfica. Uma goleada construída na 2ª parte garantiu os 3 pontos e a liderança a três jogos do fim. É ali, naquele momento, que os adeptos têm o direito de se manifestar, de celebrarem a vitória, de mostrar o seu alivio e contentamento. Devia ser naqueles minutos que a expressão festa do futebol desse sentido à vida de homens, mulheres, crianças, mais velhos e mais novos, todos unidos pelo amor ao Benfica. 

Nada mas mesmo NADA pode justificar a carga policial que testemunhámos das filas mais altas da bancada por ali abaixo, com os policias a baterem descontroladamente em TODOS os adeptos que pagaram para ir ver este jogo da Liga NOS.

Momentos de pânico e de vergonha que deve ter tirado a vontade de um dia voltarem a um estádio a dezenas de crianças, de pais, de homens e mulheres, jovens e idosos. 

Se a justificação era a pirotecnia usada na bancada, e que resultou em imagens incríveis como a que se pode ver abaixo, então isto devia dar até demissão do ministro da Administração Interna. 

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É que não conheço nenhuma lei neste país que diga que o uso de pirotecnia deve ser punida com violência gratuita e indiscriminada. Há castigos previstos, há multas previstas, até há quem todos os dias sonhe em fechar o estádio da Luz, o que não pode acontecer é este espectáculo absolutamente repugnante de violência policial. 

 

Quem organiza os jogos do Braga também devia vir dar explicação aos milhares de adeptos que encheram aquela bancada superior. Porque é que só se usa uma escadaria de acesso à bancada obrigando dezenas de milhares de adeptos a uma espera para entrar e, sobretudo, para sair absolutamente anormal. Repito, só se se pode usar uma escadaria, e portanto, uma entrada, para TODA a bancada. Vergonhoso, irresponsável, desrespeitoso.

E o que dizer dos relatos que nos chegaram do outro lado do estádio onde adeptos do Benfica foram agredidos, muitos tiveram que ter tratamento hospitalar, com invasões de adeptos do Braga até aos camarotes? E agressões adeptos à saída do estádio. Vai tudo assobiar para o ar? Vergonha alheia.

Para terminar este quadro negro, porque raio temos que levar com uma coreografia que não nos deixa ver nada para o relvado até o jogo começar? Era do lado das claques "legalizadas" do Braga? Ok, então façam coreografia em que a altura não ultrapasse as suas bancadas. Na Luz não se tapa a bancada dos visitantes com panos. 

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Como se vê, o respeito pelo adepto do futebol é zero. Tudo se faz para afastar as pessoas dos estádios. Mesmo assim, a Pedreira hoje teve a maior enchente da temporada. E isso deve-se apenas e só a um amor incondicional e irracional que os adeptos do Benfica têm pelo seu clube. É caso único em Portugal, é caso raro na Europa. É uma das principais fontes de inveja e ódio do resto do país. Esta invasão benfiquista a Braga transtornou muita gente e deu um conforto à equipa que pode valer momentos históricos. 

Mandaram 1500 bilhetes para a Luz? A resposta dos benfiquistas foi esmagadora. 

O jogo não começou bem? Não. Até parecia que o empate de Vila do Conde bloqueava o futebol ofensivo do Benfica, quando devia ser o contrário. Ao intervalo a derrota pesava imenso nos pensamentos de quem tanto espera da equipa. Não tínhamos atravessado o país para ver uma exibição tão apagada. O povo benfiquista que invadiu a Pedreira não foi ali para ver o Braga a ganhar com um penalti de Wilson Eduardo. 

A 2ª parte começa com um apoio ainda mais forte da bancadas. Quando aos 52' João Félix viu a bola ser desviada por Tiago Sá para o poste, a Pedreira estremeceu com o bruá dos benfiquistas. A equipa acordou de vez, as bancadas explodiram de vez em apoio furioso para a reviravolta, não houve ninguém naquele recinto que não tenha sentido que ia acontecer remontada.

Aos 59' e 65', Pizzi não vacilou e colocou o Benfica na frente com dois penaltis. 
Pizzi que passou a ser o jogador com mais influência neste campeonato, com 12 golos e 19 assistências. Esteve directamente ligado em 31 dos 91 golos do Benfica. Isto porque além dos golos, ainda fez uma assistência para Rúben Dias aos 69'. 

Rúben Dias que está a fazer uma temporada soberba, bateu hoje o recorde de jogos pelo Benfica numa época, superando... Pizzi. Líder natural da defesa e da equipa. Autoridade do Seixal para a equipa principal do Benfica.

Rafa fechou a contagem regressando aos golos. Aos 90', um grande golo a fechar uma 2ª parte de sonho da equipa. Rafa que também está na sua melhor campanha de sempre, já bateu o ser recorde de golos marcados.

Toda a equipa percebeu o momento do jogo, o contexto do campeonato e a necessidade de vencer num campo complicado. Repetiu os 4 de Moreira de Cónegos e de Santa Maria da Feira, as últimas saídas da equipa.

É muito importante perceber que só com uma atitude superior nos segundos 45' foi possível evitar um drama. Estamos tão perto de ser felizes como de entrar em depressão profunda. Tem que haver equilíbrio. Dentro e fora de campo. Celebrar os 3 pontos e depois esquecer este jogo e começar a pensar que o Portimonense em Janeiro ganhou por 2-0. Levar isto a sério, sem euforias nem fanfarronices. Era importante que todos pensassem assim. Não faltam exemplos de falhanços na recta final do campeonato. De preferência, que nos próximos três jogos haja mais Benfica da 2ª parte e menos da 1ª. 

Antes do grande jogo em Braga, houve desvio até Vila Verde para revisitar um restaurante que devia ser considerado uma das maravilhas de Portugal. O Torres, em Vila Verde, tem uma oferta gastronómica imbatível ao nível da proteína. 
Foi isto que aconteceu:

Longa vida aos senhores benfiquistas do Torres.

Grande dia passado na estrada, mais uma visita ao Minho bem sucedida no dia em que César Brito fez magia nas Antas em 1991. Um dia inspirador que trouxe o Famalicão de volta À primeira divisão. Mais uma viagem ao Minho para a próxima temporada. Aliás, duas, que o Gil Vicente também vem aí. Gastronomia da boa não faltará na próxima época.

Para já, só interessa o jogo com o Portimonenses. Temos um 2-0 para rectificar na Luz.

Só isto interessa.