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Red Pass

Rumo ao 38

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Vitória de Setúbal 2 - 2 Benfica: Nada Para Festejar

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O Benfica foi ao Bonfim com escassas possibilidades de chegar à Final Four da Taça da Liga. Um cenário que, por ironia do destino ou dos sorteios, era tirado a papel químico do no 2017 quando o Benfica foi fechar o ano no mesmo estádio e encerrar a sua participação na terceira competição do calendário português. 

Na altura tive oportunidade de ir a Setúbal assistir ao jogo e vibrar com a roleta do João Carvalho e com o primeiro golo do Rúben Dias na equipa principal do Benfica. Nesse jogo o resultado foi 2-2 e só serviu para cumprir calendário.

Desta vez, a remota hipótese que o Benfica tinha em ser apurado resumia-se a esperar que o Vitória de Guimarães não ganhasse em casa ao Covilhã. Ora, sabendo-se que a fase final será jogada no cenário mais apetecível para os vimaranenses se imporem, em Braga, era óbvio que o Vitória ia cumprir a sua obrigação. 

Mesmo assim, demorou mais de uma hora a chegar a notícia da vantagem da equipa de Ivo Vieira, tendo o Benfica aproveitado para cumprir também a sua parte e colocar-se em vantagem. Golo de Raul de Tomas que ainda deu alguma emoção a esta cinzenta competição. Depois lá veio a esperada notícia dos golos dos minhotos e aí o golo de Jota já só serviu de fraco consolo, tal como já tinha acontecido na Covilhã. O Vitória de Setúbal aproveitou a desmotivação alheia para empatar o jogo com dois golos inesperados, o primeiro com Zlobin a facilitar e o segundo de Guedes a desafiar todas as leis da precisão de um remate. Bem a equipa de Setúbal a mostrar uma personalidade completamente diferente daquela que mostrou na Luz há umas semanas quando era treinada por Sandro e tinha Acácio Santos a explicar à imprensa que o processo da equipa era óptimo. Está muito bem entregue a equipa a Julio Velázquez que mostra um futebol bem mais digno. 

 

Desta vez não pude ir ao Bonfim, se tivesse ido dava a viagem por bem empregue só de ver aquele golo do puto Jota. Por falar nos golos, vamos já esclarecer aqui uma coisa importante: "bater" no Jota e no RDT porque não festejaram os golos de maneira efusiva é só mais um triste episódio da malta que faz a famosa confusão entre exigência e "demência". 

O RDT marca um golo depois de aproveitar um mau passe do defesa contrário, não tem sido titular, a primeira época fora de Espanha não lhe está a correr bem e ia festejar loucamente um golo na Taça da Liga? Se não o fez em plena Champions depois de um golaço na Rússia ia fazer ali?! 

E o Jota que assina um golão no meio de uma exibição que nem a ele o estava a convencer, sabendo que o Vitória já estava apurado e reparando que só está a conseguir marcar em alturas em que já não chega para ajudar a equipa. Teve o cuidado de agarrar o emblema e beijá-lo no meio daquele contexto. 

Se ambos festejassem iam ser criticados por serem tolinhos e andar a festejar golos que não servem para nada na competição menos importante da época. Isto não é nada fácil de lidar, chiça!

Só para concluir esta não questão deixo o meu exemplo a título pessoal. Raramente festejo um golo de maneira exuberante ao longo da época. No jogo com o Estoril a seguir à derrota em casa com o Porto com aquele golo do Herrera, o Benfica ganhou com um golo do Salvio perto do fim. Nem me mexi. Só senti alivio por cumprirmos o mínimo mas já tinha interiorizado que a derrota no clássico tinha comprometido o campeonato. Isto é criticável? Não é. Como também não é lógico criticar quem festejou, a começar por jogadores e staff no relvado. É uma não questão. 

 

O Benfica termina esta fase de grupos com três empates. Já na época passada só conseguiu chegar à fase final com um golo de Seferovic perto do final da partida na Vila das Aves. O pior veio depois. Eu senti que não somos bem vindos naquela Final Four de apuramento de Campeão de Inverno numa semana de festa do futebol com um circo montado em Braga com a Liga Portugal a mostrar ao país como é bonito o futebol português. Demasiado artificial para mim. Tão artificial que nem me esforcei para viajar a meio da semana e ver a meia final ao vivo. Desconfio daquele show off todo. Acima de tudo, não tenho memória curta e aquilo que vi no Porto - Benfica dessa noite em Braga ainda hoje incomoda-me. Repito, deu para sentir que não somos bem vindos aquele evento. 

Tenho toda a moral para falar da Taça da Liga porque no arquivo vão encontrar muitos textos em que sempre defendi que o Benfica tem que levar a sério a prova e vencer para continuar a somar taças no seu rico Museu Cosme Damião. Quando lhe chamavam Taça da Cerveja, Taça da Carica, Taça Luicilio, quando se diziam aliviados de sair da prova antes do final para não terem desgaste, o Benfica sempre prestigiou a prova. A Taça da Liga cresceu, ganhou dimensão e evoluiu muito graças às sete finais que o Benfica venceu. 

Mas a Liga Portugal não soube aproveitar e cimentar a prova. Não soube ou não conseguiu dar o passo final definitivo para que a competição se impusesse com importância no calendário nacional. As mudanças que foram feitas estragaram a ideia inicial e o formato encontrado é do nível do terceiro mundo. 

O facto do vencedor da Taça da Liga não ter acesso a uma prova europeia mata à nascença o interesse de quase todos os clubes que lutam por essa possibilidade. A calendarização da prova é absurda. Os primeiros jogos só servem para despachar clubes mais pequenos que ainda nem acabaram a pré temporada e avança-se para um sorteio de fase de grupos que é uma mal disfarçada selecção da natureza à espera que os três clubes de sempre confirmem a presença na tal Final Four. Tudo se faz para que Benfica, Porto, Sporting e Braga estejam nas meias finais. É embaraçoso e pequenino.

A competição nasceu com boas intenções, dar tempo e espaço aos mais jovens de aparecerem num nível competitivo mais interessante. Mas, entretanto, foi criado um campeonato de Sub-23 e há as equipas B a jogarem na segunda Liga profissional. A Taça da Liga perdeu-se neste contexto e mantém um regulamento tão labiríntico que faz com que o público desconfie se aquilo é tudo cumprido. No ano passado tivemos aquele caso do Porto no Jamor, agora temos o Portimonense a protestar um jogo. Para trás temos imagens desoladoras de estádios vazios com jogos a horários idiotas desde o verão até agora. Guardo com um certo carinho as imagens de um resumo de um jogo em Barcelos que devia ter umas 100 pessoas envolvidas, já a contar com as equipas. 

O Benfica deixou claro nesta última semana as suas prioridades. Em relação ao jogo da Taça de Portugal com o Braga, Lage manteve Tomás Tavares no 11. E Zlobin. Mesmo assim, com a chamada segunda linha o Benfica tem que ganhar, isso tem que ser uma obrigação. Mas não deu, em especial naquele jogo com o Vitória de Guimarães na Luz, onde ficou claro que não ia ser fácil fazer mais dois jogos em Janeiro. Lá está, depois recordo-me da nossa última presença na Final Four e não consigo ficar demasiado frustrado.

O Carlos Carvalhal tem toda a razão quando diz que isto é para os que precisam de ganhar a vida. Ele e o Rio Ave são a imagem mais simbólica do que é a Taça da Liga actualmente, uma aberração forçado que quer escolher a dedo finalistas e vencedores. É bom para quem precisa disso para ganhar a vida. Ele não precisa e acha que foi ultrapassado um risco demasiado perigoso. Quer bater com a porta. Fica a perder o Rio Ave, fica a perder o futebol português porque o Carlos Carvalhal é do lado bom que ainda há no futebol. 

A Liga Portugal no passado mês de Janeiro não pareceu nada incomodada com outro roubo que aconteceu no clássico do Minho. Este ano não vai ter o Benfica e a sua gente para acenar com fan zones e vendas de bilhetes. Vão continuar sem conseguir encher a Pedreira. Ficam a perder como todas as organizações perdem quando não têm o clube que mais gente arrasta presente. 

Disse-o em Janeiro, repito agora, esta competição deixou de fazer sentido, por tudo o que expliquei e argumentei atrás, e só a Liga Portugal parece não se importar com isso. Continuam apenas e só preocupados em transformar um semana de Janeiro numa festa tosca, artificial a que juntam o ridículo título de campeões de inverno a uma competição que é uma mão cheia de nada. Mas é sempre divertido ver os que mais desprezaram a prova, os que lhe chamaram os nomes mais imaginativos a festejarem loucamente a sua conquista. Ainda vai dar para ver o único clube, do grupo dos protegidos no formato da prova, que não conquistou o troféu a quebrar essa falha e a festejar como se não fosse um alivio ser corrido a meio da competição. 

Uma palavra final para o Vitória de Guimarães que não tem culpa nenhuma deste lodo todo e conseguiu o apuramento de forma bem justa. Que consigam dar uma alegria maior à sua legião de adeptos que bem merece. 

Covilhã 1 - 1 Benfica: Consolação Mínima no Golo de Jota

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Hoje foi mais um episódio de um capitulo que o Benfica tem urgentemente de rever. Falo do capítulo de jogos oficiais contra equipas de escalões inferiores. O Benfica está a criar um ciclo de estranhas dificuldades contra clubes da 2ª e 3ª divisão nos últimos anos. Isto não é um problema deste plantel e desta equipa técnica. Isto arrasta-se e tem vindo a confirmar-se como um problema a cada jogo. Já o tinha escrito por altura do jogo com o Vizela para a Taça de Portugal, a eliminatória com o Cova da Piedade foi a excepção que confirma a regra, os compromissos do Benfica têm sido sempre superados com ares de serviços mínimos, com exibições fracas e resultados escassos, alguns tirados a ferros. Foi assim com Real, Vianense, Cinfães, 1º Dezembro, Arouca, entre outros. No final tem-se aproveitado sempre o resultado final e o apuramento para a fase seguinte. Ainda há um ano na Vila das Aves o Benfica só confirmou a ida à Final Four da Taça da Liga nos minutos finais do jogo com o Aves com um golo de Seferovic.

São demasiados jogos a cumprir serviços mínimos e a colocar o clube a jeito para uma eliminação prematura de uma das Taças. Na verdade não voltou a acontecer "Gondomar" ou "Varzim", e espero que não tenha de voltar a ver tal coisa na minha vida, mas tem havido demasiadas lembranças desses momentos cada vez que o Benfica está a perder contra uma equipa de uma divisão inferior. 

Escrevo isto porque tenho ideia que num passado não muito distante o Benfica apresentava-se na Taça da Liga e na Taça de Portugal nestes jogos com equipas teoricamente inferiores com uma personalidade e uma atitude que lhe valiam noites tranquilas e e vitórias naturais. Aconteceu com Jorge Jesus, aconteceu também com Rui Vitória e mostrava uma equipa forte em todas frentes independentemente das mudanças naturais na Taça de Portugal e obrigatórias na Taça da Liga. Foi assim que o Benfica equilibrou e até se afirmou como clube com mais competições conquistadas em Portugal, as sete Taças da Liga vinham compensar a ausência de vitórias na Supertaça. 

Sinto que nos últimos tempos a intensidade na abordagem a estas partidas diminui e a qualidade de jogo também. Não pode ser esse o caminho. O Benfica tem que ter como prioridade ir somando conquistas, principalmente na Taça de Portugal onde só apresenta três tardes felizes no Jamor nas últimas duas décadas. E agora corremos o risco de entrar no quarto ano de jejum na Taça da Liga. 

Como não ouvi nem li nenhuma declaração de ninguém ligado ao Benfica explicando que o clube desprezava as competições secundárias em Portugal, os jogadores precisam de perceber a importância das mesmas. Os jejuns são perigosos e as ausências no Jamor doem a qualquer adepto. 

Isto não significa que na Covilhã a equipa técnica devesse ter lançado mais jogadores "titulares", mesmo porque a ideia da Taça da Liga é dar espaço aos mais jovens e menos rodados. A questão é que os menos utilizados do Benfica têm que ser sempre melhores que a melhor equipa do Covilhã. Têm que fazer pela vida, mostrar que o clube pode contar com eles, têm que assegurar a qualidade que difere entre o Campeão Nacional e um clube que luta para subir à primeira divisão. E o problema é que dificilmente sentimos isto a acontecer nestes jogos. 

Quando é preciso lançar Pizzi, Vinicius e Taarabt para tentar revirar um resultado na Covilhã é porque o colectivo não funcionou e o objectivo não foi conseguido. Salvou-se Jota que merecia uma noite de contexto mais feliz para celebrar o seu primeiro golo na equipa principal. 

Nada disto deverá pesar na preparação para o jogo do Bessa mas fica uma imagem muito pálida da ambição do Benfica na terceira prova do calendário português. 

Insisto que depois do clube ter somado sete Taças da Liga, o passo seguinte não pode ser o afastamento da prova. 

Importa mesmo reflectir sobre estas exibições nas últimas épocas e voltar a assumir e a cumprir o óbvio e natural favoritismo que o Benfica historicamente tem que ter contra adversários destes. Não é um pedido, é o desígnio do clube mesmo numa prova com um formato de terceiro mundo, com uma calendário aberrante e com uma final four desajustada do contexto do futebol europeu. 

Benfica 0 - 0 Vitória de Guimarães: Quase 40 Mil na Luz Pedem Mais

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Tenho que começar por congratular os benfiquistas que foram à Luz ver a estreia do Benfica na Taça da Liga 2019/20. Quase 40 mil adeptos nas bancadas é muito significativo para assistir a um jogo da terceira competição, em termos hierárquicos, do calendário do futebol português. Tanta vez que critiquei ao longo dos últimos anos o desinteresse do público afecto ao Benfica por jogos oficiais, mesmo que da Taça da Liga, que devo mesmo elogiar a composta plateia do Estádio da Luz nesta 4ª feira. E uma palavra também para os muitos adeptos do Vitória que conseguiram estar a apoiar a sua equipa a meio da semana às 19h tão longe da sua cidade. Grandes.

O jogo despertava interesse por colocar frente a frente duas equipas já bem rodadas esta época, com compromissos europeus, e com promessa de bom futebol. 

Já se sabe que nesta prova os treinadores acabam por mudar bastante o desenho e os nomes das suas equipas e, por isso, dificilmente temos ideias tão organizadas e articuladas como no campeonato. 

A verdade é que foi a equipa de Ivo Vieira, que se confirma como um treinador muito interessante, a mostrar mais qualidade colectiva e com futebol mais convincente. Numa espécie de 4-2-3-1, o Vitória apresentou algumas caras novas. Douglas na baliza, Sacko na direita, Florent na esquerda, Pedro Henrique e Frederico Venâncio como centrais. Depois Agu e Denis como médios mais baixos, Davidson, André Almeida e Rochinha no apoio a Léo Bonatini. Uma boa ideia com lances promissores e que só não deram vantagem aos minhotos porque esbarraram numa bela estreia de Zlobin com alguma infelicidade à mistura. 

Já Bruno Lage lançou Zlobin, a melhor revelação da noite, Jardel ao lado de Ruben, Tomás e Nuno Tavares nas alas. Samaris regressou ao meio, Gedson estreou-se como titular esta época, Taarabt manteve a posição e Caio como extremo. Na frente, Seferovic novamente a titular com a companhia de Jota, eles que inventaram o golo da vitória em Moreira de Cónegos.
Houve muitos problemas para ligar o jogo e para conseguir que Adel, Jota ou Gedson fizessem a diferença no jogo interior. Ideias que foram bem contrariadas pelo posicionamento do Vitória. 

Um 0-0 inquietante e que foi enervando a plateia da Luz habituada a festejar golos.

Na 2ª parte houve mais Benfica. Tomás Tavares soltou-se e apareceu bem ofensivamente, Gedson e Taarabt assumiram mais jogo mas não foi o suficiente para fazer a diferença na finalização. 

Samaris acabou substituído e mostrou um momento de forma pouco interessante, Caio e Jota também não conseguiram agarrar a oportunidade e deram lugar a Rafa e RDT. Para o lugar de Samaris entrou Gabriel, a melhor notícia do dia. 

Com estes três reforços, o Benfica ganhou dinamismo, mais objectividade, velocidade e impôs o seu futebol mais habitual. 

Mas não chegou. Mesmo porque do outro lado foram a jogo Lucas Evangelista, André Pereira e Marcus Edwards, tudo jogadores de boa qualidade. 

O Benfica foi mais forte depois das trocas e mostrou querer ganhar o jogo, esteve perto de conseguir fazer golo em duas ou três oportunidades mas acabou mesmo a zero. 

Os quase 40 mil que foram à Luz deram o sinal que querem ver o Benfica ganhar esta competição, cabe agora à equipa lutar pelo apuramento em Setúbal e na Covilhã. 

Aves 1 - 1 Benfica: De Volta à Final Four da Taça da Liga

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Havia muita expectativa para este último jogo do Benfica em 2018. Era também o último jogo da fase de grupos da Taça da Liga. As duas vitórias na Luz abriam as portas da fase final com confiança. Bastava o empate na Vila das Aves para a equipa de futebol do Benfica entrar em 2019 a lutar por quatro diferentes competições.

Apesar deste contexto, Rui Vitória tinha prometido na conferência de imprensa pré jogo que o Benfica não ia para empatar, ia jogar para ganhar. Aliada a essa promessa estava na memória de todos a goleada ao Braga no domingo que deixava no ar a possibilidade da equipa voltar a exibir-se mais de acordo com as exigências do clube.

Nada disto aconteceu. Mesmo com poucas mexidas no onze, Svilar, Yuri e Seferovic, foram as grandes mudanças, o Benfica voltou ao pragmatismo das exibições cinzentas tendo como única prioridade cumprir o objectivo principal, o apuramento. Mesmo assim, esse objectivo esteve em perigo quando o Aves se adiantou no marcador já na 2ª parte. Foi preciso recorrer a Jonas e alargar a frente de ataque para que aparecesse o golo salvador de Seferovic.

Foi um apuramento sofrido, pouco entusiasmante mas cumpridor. Para se ganhar esta competição é preciso estar em Braga em Janeiro, e isso foi garantido.

O Benfica termina o mês como começou, focado em cumprir objectivos. O bom futebol de domingo fica para provar se tem continuidade em Portimão ou não. 

Acabou-se 2018, o primeiro ano sem registo de qualquer conquista em termos de futebol pela primeira vez em muitos anos. Que não se repita em 2019. 

Benfica 2 - 0 Paços de Ferreira: O Regresso Às Origens

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Entre amigos de sempre, companheiros de bancada, mantenho uma espécie de competição interna de mostrar quem é que não perde um jogo oficial do Benfica na Luz há mais tempo. Eles sabem quem são. Aqueles que se conseguem rir destas parvoíces e destes pormenores. Gente com quem podemos dizer o número de jogos que não vimos na nova Luz e as respectivas justificações para as ausências. Dá sempre para várias horas de tertúlia e algumas risadas.

Geralmente, os motivos são sempre de força maior. Motivos profissionais ou escolares, celebrações familiares ou de amigos, nascimentos ou lutos. 

Era aqui queria chegar. Esta época vi pela primeira vez a Taça da Liga na Luz. Isto porque em Setembro tive que quebrar a corrente de não falhar um jogo na Luz que já tinha alguns anos a fio. Casamento de sobrinhos no Algarve. O Benfica bateu o Rio Ave e a boda foi um sucesso. Tudo bem. 

Tive que mudar a conversa na competição para quantos jogos para a Liga, Taça de Portugal ou Europa é que falhaste nos últimos anos. 

Hoje, foi um dia triste para um desses amigos. Um companheiro de bancada. De bancadas, da Luz, dos pavilhões, dos estádios por esse país fora e até por essa europa fora. Um benfiquista daqueles com quem estamos sempre a aprender, exigente, dedicado e sempre pronto a defender o clube até ao limite. 

Em dia de jogo do Benfica comunicou que perdeu o pai. um dos golpes mais duros que a vida tem para nos dar. Depois de lhe mandar um abraço pensei logo se ele iria ao jogo. Não há choque nenhum em pensar nisto nesta hora, é o maior tributo que lhe posso fazer. 

O Benfica cumpriu a sua parte. Venceu o segundo jogo no seu grupo na Taça da Liga e está perto de voltar à Final Four da competição. Mesmo com várias alterações na equipa, o Benfica ganhou com tranquilidade e naturalidade. Longe dos sustos e da exibição desastrada que se tinha visto com o Arouca para a Taça de Portugal. A comparação é legitima, os adversários são ambos da segunda divisão. O Paços de Ferreira, treinado pelo rei das subidas, Vítor Oliveira, podia tentar uma surpresa na Luz. Foi este treinador que afastou o Benfica há um ano nesta prova. 

Os golos de Seferovic e João Félix deram segurança à equipa que tentou ter sempre o jogo controlado e estar longe de sofrer sobressaltos. 

Apenas 17 mil benfiquistas acharam que o jogo era digno da sua presença. Aplaudiram a equipa no fim.

Entre esses 17 mil adeptos, lá estava o R.S. na bancada. Num dos dias mais tristes da sua vida, teve o consolo de ver o seu Benfica a jogar. Ainda recebeu a camisola do Jonas porque o Benfica tem pessoas que o humanizam. Não foi só esta vitória e este jogo que foi para ti, o Benfica está sempre lá para os dedicados como tu. Como tu estás para o Benfica. Isto só está ao alcance de alguns, no entanto, é esta grandeza que faz deste clube o mais amado do país. Às vezes é bom voltar às origens para se entender isso. 

Vitória de Setúbal 2 - 2 Benfica: O João Carvalho Entende-me

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 João Carvalho faz uma recepção magistral já em plena área do Vitória. Perto da linha de fundo rodopia sobre adversários e num ápice mágico fica virado para dentro de campo podendo assistir na perfeição Seferovic que fez golo. Toda a magia de João Carvalho aconteceu ali à minha frente a uns metros da nossa bancada. Lembrei-me logo daquela roleta do Miccoli contra o Beira Mar na Luz. Também à minha frente.

Porque é que vi as duas? Por sorte? Não. Por convicção. Por exemplo, o que me fazia ir ver um Beira Mar à Luz na altura do Miccoli? O italiano nunca foi campeão pelo Benfica, nunca ganhou nada pelo Benfica, que me lembre. Mas faz parte do imaginário dos adeptos aquele momento mágico contra o Beira Mar. Quantos estavam na Luz? Estavam aqueles que consideravam que era digna a sua presença num jogo oficial do Benfica.

Tal como ontem no Bonfim. Aquela bancada reservada a visitante estava mais bem composto do que em 80% dos jogos para o campeonato que ali se disputam.

Já não contava para nada? Está bem, e então? Quantas vezes em tantos anos que acompanhamos o Benfica já vimos jogos oficiais do Benfica que não contavam para nada? Eu vi muitos. E vivo bem com isso.

 

O que não entendo é a pergunta: Tu foste a Setúbal?!

Fui. E vi o Ruben Dias a marcar um golo pelo Benfica. Aquele momento que esperava há vários anos depois de o ver evoluir em todos os escalões de formação que a BTV acompanhou. Ontem foi noite do menino cumprir o seu destino. Gostei muito de estar lá para o aplaudir. Tal como aplaudi a magia do João. Momentos que já valeram a viagem.

 

Por muito que queiram convencer-me que nós, os que fomos ao Bonfim, é que somos os malucos, não vão conseguir.

Hoje em dia tudo é muito claro. Há uma realidade simples e clara, ir ao estádio e ver a equipa de que gostamos. Depois, há outra realidade, bem mais popular actualmente, que é ficar agarrado às televisões, às redes sociais, às notificações dos smartphones e reagir euforicamente ao maior e mais vergonhoso ataque de sempre concertado entre dois clubes e a maior parte da comunicação social contra o Benfica.

Sim, nós comprámos os jogadores do Rio Ave, sim nós comprámos cinco, ou mais jogos, nos últimos anos. E a seguir vão descobrir que comprámos o Bryan Ruiz, e o Marega e todos os jogos dos últimos 4 campeonatos e corrompemos todas as 12 competições que vencemos das últimas 16 em disputa. Isto enquanto o Sporting soma mais não sei quantos campeonatos ganhos por magia e o Porto vence o prémio nobel da gestão desportiva da UEFA. Eu vivo bem com isto tudo porque prefiro ir ao Bonfim ver o João Carvalho e o Ruben Dias a brilharem num jogo que não conta para nada. Porque vou com a mesma vontade com que fui ver o Basileia na Luz. É a mesma motivação que me fez ir a Vila do Conde ver o Benfica no tal jogo que nós comprámos. Tive oportunidade de ver como foi fácil vencer esse jogo.

 

Enquanto tiver vontade de ir ver os jogos, vivo bem com isto tudo. O João Carvalho entende-me.

Benfica 1 - 1 Braga: Gloriosos 24160

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Há pouco mais de um mês o Benfica recebeu o Braga na Luz para o arranque do campeonato. O Benfica vinha da conquista da Supertaça e conquistou os três pontos contra o Braga.

Repito, pouco mais de um mês depois e o contexto futebolístico está virado ao contrário. O Benfica volta a receber o Braga na Luz mas em luta para inverter um ciclo negativo que teima em manter-se.

Rui Vitória sentiu necessidade de lançar novas caras, novos nomes e algumas estreias no clube, como foi o caso de Krovinovic. Também tentou inovar na organização táctica da equipa.

Júlio César voltou à baliza, Eliseu, André Almeida, Jardel e Ruben Dias, na defesa. Depois, Filipe Augusto e Samaris, com Krovinovic mais à frente e Gabriel na direita, Rafa na esquerda e Raul na frente de ataque.

O mais interessante é que a equipa respondeu de forma positiva, tomou conta do jogo, mostrou vontade e chegou ao 1-0 por Raul.

O que é misterioso é o que se passa depois. Uma espécie de apagão colectivo progressivo que vai deixando a equipa apática a assistir à reacção do adversário até este chegar ao golo. Foi assim com o Portimonense, CSKA e Boavista. Muito estranho.

Dá ideia que psicologicamente a equipa não está estável, sinais mais evidentes à medida que chegamos perto do final do jogo e não se vê objectividade no ataque. Jonas podia ter dado a vitória mas André Moreira negou-lhe o golo e há uma jogada de Gabriel pela direita que é interrompida por fora de jogo inexistente e que dava golo. São pormenores que podiam ter mudado a história do jogo.

As coisas não estão a sair a bem mas hoje viu vontade de mudar o rumo dos acontecimentos, seja pela aposta em novos jogadores, seja pela escolha táctica, seja pela maneira como se chegou à vantagem.

É verdade que o ciclo é delicado mas falamos de três jogos seguidos para três competições completamente diferentes. Marcámos passo em todas elas mas não é o mesmo do que estar três jogos sem ganhar para o campeonato.É uma fase má que a equipa precisa de ultrapassar e hoje voltou a contar com a ajuda dos seus adeptos.

 

(Fotogaleria: João Trindade)

 

24160 que foram dignificar uma competição tratada aos pontapés pela Liga de Clubes. Que justificação dá a Liga para este Grupo ter o seu primeiro jogo depois da 9 da noite e até há pouco tempo nem se saber bem quando é que se disputava o outro encontro. Que competição é esta que tem um calendário completamente baralhado, o Porto adiou o seu jogo por alma de quem?! Um grupo que era para ter o Real mas que foi afastado para entrar o Belenenses que, por sua vez, trocou de lugar com o Portimonense como parceiro de Benfica e Braga. Isto é tudo surreal mas 24160 quiseram acompanhar a sua equipa numa competição que apenas o Benfica costuma prestigiar.

24160 que percebem o momento mau que a equipa atravessa e fizeram um esforço por vir ao estádio aproveitando os preços dos bilhetes baratos.

24160 num jogo de abertura da Taça da Liga na Luz deve ser um recorde, costumamos ser menos.

24160 nas bancadas não chega a ser metade da lotação do estádio e, por isso, temos sempre de perguntar pela outra metade. Parece-me que a equipa precisa do apoio dos seus adeptos mais do que nunca.

Valentes 24160, mereciam mais felicidade naquele último tiro do Jonas.

Que tudo volte ao normal no sábado com o Paços de Ferreira, já noutra competição.