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Red Pass

Rumo ao 38

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Benfica 3 - 3 Shakhtar: Frustrante

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Os anos passam e esta sensação de frustração europeia é sempre igual. 

Eu sou de 1973, aos 10 anos, em 1983, vivi logo uma fabulosa experiência europeia que foi ver todos os jogos do Benfica na Luz até aquela final com o Anderlecht. Em dez anos aprendi a gostar do Benfica, descobri o chamamento do Estádio da Luz, a sedução do vermelho das camisolas, o ritual da multidão a dirigir-se da Estrada de Benfica para o Estádio e as bancadas de cimento. Mas o momento que marcou esta ligação ao clube aconteceu na primeira vez  que me levaram a um jogo das competições europeias à noite. Já tinha vibrado com imagens de um jogo com o Torpedo de Moscovo mas conhecer as famosas noites europeias da Luz foi o clique que faltava para transformar uma simpatia em paixão. A força brutal daquelas torres de iluminação, a atracção pelo desconhecido à volta dos nossos adversários, o peso da responsabilidade de representar o nosso país num compromisso europeu e, o mais forte, o desafio do Benfica tentar recuperar o brilhantismo que popularizou o clube nos anos 60. As primeiras experiências na Luz em noites europeias foram fascinantes por tudo o que rodeava o jogo. Só tive a real consciência do peso futebolístico destas noites em 1981. Já tinha visto alguns jogos mas foi nessa eliminatória com o Fortuna Dusseldorf que me apercebi de toda a responsabilidade que envolve estas noites. O jogo esteve 0-0 até perto do fim e toda a gente à minha volta estava contente. Eu não estava a perceber porque é que um empate animava aquela plateia sempre tão resmungona e exigente. Com calma lá me explicaram que na Alemanha o jogo ficou 2-2 e que existia a regra do golo fora de casa. Mesmo perto do fim, Chalana faz o 1-0 e resolve definitivamente a questão. Fiquei fascinado com aquelas contas e regras. Tenho a certeza que foi naquele momento que a minha devoção pelo futebol subiu de nível. 

Nesta altura já tinha muitos jogos vistos para as provas internas, muitas tardes na Luz e até alguns jogos da Selecção, o golo do Jordão à URSS incluído. Faço este enquadramento para sublinhar que os momentos mais altos enquanto adepto que estava a descobrir o futebol ao vivo eram mesmo as noites europeias.

Seguindo este raciocínio, destaco ainda a meia final de 1981, a seguir ao Dusseldorf. A vitória mais amarga daquela altura, o 1-0 ao Carl Zeiss Jena. Fiquei admirado com a ovação com que a Luz se despediu da equipa reconhecendo o esforço. É que isto não era coisa pouca, estamos a falar de uma plateia que na sua maioria viveu as noites mágicas dos anos 60. 

Isto faz toda a diferença. Reparem que durante a épica caminhada da final da Taça UEFA de 1983 tirei um mestrado naquelas bancadas. Enquanto eu vibrava com a vitória contra o Betis, os mais velhos explicavam que aquele golo da equipa de Sevilha nos tinha matado. Ganhámos lá 1-2. Ao Lokeren ganhámos 2-0, não sofremos golos portanto tinha sido bom. Nada disso, a saída do estádio foi penosa com a multidão a reclamar de um resultado curto contra uma equipa que nem nome tinha para andar ali. Vencemos na Bélgica.

O Benfica - Zurique jogou-se à tarde. Chateou-me aquilo de parecer um jogo banal de campeonato. Demos 4-0 depois de trazer um empate 1-1 da Suíça. Mas sem holofotes ligados não foi a mesma coisa. Seguiu-se a Roma. Uma vitória épica em Itália deixou a Luz em euforia na 2ª mão. O Benfica esteve sempre a ganhar mas Falcão empatou na parte final. Passou o Benfica e o Estádio da Luz aprovou. Finalmente, senti a plateia da Luz convencida. Meias finais com a Universidade Craiova. Noite de nervos e 0-0 no final. Fiquei triste com o nulo mas a voz da experiência dos mais velhos lembrou-me que não era mau de todo, tínhamos de marcar na Roménia para ir à final. Marcámos mesmo. Filipovic empatou aos 53' e a tal regra do golo fora funcionou. 

Final a duas mãos. Não tenho memória do jogo da primeira mão porque não foi transmitido! No resumo fiquei chocado com o falhanço do Diamantino e a expulsão do Zé Luís. Não dramatizei. 

Aquilo que vivi no dia 18 de Maio de 1983 marcou o meu benfiquismo para sempre. Fui para a escola primária com uma bandeira enrolada e um recado da minha mãe a autorizar a minha ida para a Luz a meio da tarde. Fui com o pai dela. O último jogo do meu avô no Estádio. Foi como um passar de testemunho. A desilusão do meu avô no final mostrava que a herança ia ser pesada. 

Cresci a ouvir os feitos do Benfica dos anos 60, das noites inesquecíveis na Luz, das finais da Taça dos Campeões e, acima de tudo, das duas conquistadas. Quanto mais via jogos europeus do Benfica, mais tinha a sensação que não ia ter o privilégio de ver o Benfica europeu à altura do... Benfica. 

Podem acreditar que todos os anos sempre que o Benfica termina a sua prestação europeia eu não me esqueço desse dia. O Liverpool em dois anos seguidos, o Dukla, o Bordéus e por aí fora. São sempre noites amargas. Sempre me fez impressão o pessoal que reagia com naturalidade às eliminações. 

De repente, em 1988 tudo volta a fazer sentido. Nova caminhada épica até uma final europeia. Cinco anos depois da Taça UEFA lá estávamos nós numa final. Desilusão. Começar tudo de novo para cair aos pé do... Liége. Do Liége! 

No ano a seguir lá estávamos nós no auge da montanha russa uefeira. Derrota em Viena. Recomeçar tudo de novo. Apanhar a Roma na ronda 1 da Taça UEFA. Eliminados! Acho que nunca tinha vivido um afastamento europeu logo na primeira noite na Luz. Encarei aquilo como uma anormalidade. Talvez o momento mais baixo. Eu estava habituado a apontar para as finais, não para sair em Outubro. Tão ingénuo. Mal sabia eu que ainda ia ver o Bastia, por exemplo. Ou horrores como o Celta. Ou, pior ainda, estar dois anos sem Europa na Luz. Aconteceu. Doeu. Sem a magia das noites europeias não fazia sentido o futebol do Benfica. 

Felizmente, voltámos à ribalta. Com noites memoráveis como Liverpool ou Manchester United pelo meio. Voltámos a duas finais europeias. Na hora da desilusão a perspectiva já era outra. Trinta anos depois do Anderlecht na Luz, vivi as derrotas com outra experiência. Lembrei-me dos anos que ficámos de fora. O jogo com o Sevilha acaba e o que me passa pela cabeça? Que mais valia ter caído cedo e não tinha de sentir aquela dor. Um ano antes ainda tinha doído mais. Mas depois nas viagens de volta lá me lembrava das noites mal dormidas a seguir ao Carl Zeiss, Dukla, Liége ou Bastia. É claro que se for para cair que seja na final. A nossa vida precisa de vitórias europeias. É a nossa herança. Quem não entender a necessidade do Benfica evoluir na Europa não entende o que é o Benfica. 

Serve tudo isto para dizer que hoje é mais uma daquelas noites. São quase 40 anos a conviver com esta ilusão europeia herdada no final dos anos 70 e alimentada por já ter estado tão perto de concretizar o sonho por cinco vezes. Arredondando, já são cerca de 40 noites de frustração. Quase 40 clubes, são menos porque alguns já repetiram a traição, que nos interromperam a viagem. É muita noite de desilusão. Mais vale sair à primeira? Nem pensar. Mais vale nem lá ir? Já aconteceu e não pode voltar a acontecer. 

É para ir sempre o mais longe possível. 

Nesta eliminatória, o Benfica esteve em vantagem várias vezes. Na Ucrânia quando fez o 1-1 já estava na frente. Sofreu golo logo a seguir. Na Luz houve cheiro a noite europeia a sério. Boa entrada na partida e 1-0 que deixava o Benfica em zona de apuramento. Ataque do Shakhtar e golo. Reage o Benfica, depois do belo golo de Pizzi, um pontapé de canto e grande cabeçada de Rúben Dias. Tudo igualado. Na 2ª parte, boa atitude do Benfica. Pressão alta, roubo de bola na área adversária, passe para trás e grande golo de Rafa. 3-1, resultado certo para avançar na Liga Europa. Mas, mais uma vez, o Shakhtar vai atrás do apuramento e reduziu. Com 3-2, o Benfica ficava a um golo da passagem. A Luz acreditou, a equipa queria mas quando o clube da Ucrânia faz o 3-3 acabou-se a ilusão. Mais uma vez. 

A lição que trago daquela noite de 1981 com o Carl Zeiss mantém-se até hoje, quando sinto que a equipa deu tudo e nos fez acreditar no passo seguinte, aplaudo. A sensação de frustração está lá, como sempre, mas tem de haver reconhecimento. O Benfica fez três bonitos golos, quis seguir em frente. O Shakhtar mostrou argumentos fortes na resposta. Mereceu o apuramento. 

Pensei que isto era simples de perceber. 

Só que quando soou o apito final olhei para as bancadas centrais da Luz, já meio despidas, e fiquei incrédulo com uns quantos adeptos a acenarem com lenços(?) brancos! A equipa a despedir-se das noites europeias agradecendo a presença e apoio do público e metade a assobiar e a outra a aplaudir. A equipa divide-se e metade vai ao Topo Sul aplaudir, enquanto ouve um motivador "Nós Só Queremos o Benfica Campeão", ao som de "Yellow Submarine", e a outra metade já ia no túnel. 

Que final de noite foi este? 

O pessoal dos assobios e dos lenços brancos quer o quê? Despedir Bruno Lage em Fevereiro, é isso? E sugerem que treinador para o jogo com o Moreirense? O Renato Paiva? Para daqui a um ano exibirem outra vez os lenços? Ou estão a pensar no Jorge Jesus que em 2013 insultavam aos 90 minutos do jogo com o Gil Vicente? 

Que é isto?

Que mal fez hoje o Lage? Manteve a defesa. Na ausência de Samaris chamou Weigl e Adel, deu os corredores laterais a Rafa e Pizzi, escolheu Chiquinho para estar mais perto do estreante Dyego Sousa. É um onze assim tão polémico e sem nexo?! 
Ter a eliminatória na mão com 3-1 e sofrer dois golos é frustrante e, até revoltante. Sem dúvida. Mas é motivo para uma assobiadela ou para lenços brancos? Eu acho que não. Acho que é tão parvo como dizer que o Benfica não deve dar importância às competições europeias. 

Não há ninguém que possa dizer que sente mais estas noites europeias. Mas transformar isso em exigência de despedimento do treinador não me parece lógico. 

Segunda feira há um jogo com o Moreirense para ganhar e defender o primeiro lugar no campeonato. Perturba-me pensar que há consócios que a esta hora além da falta de sono por mais um sonho interrompido achem que esta frustração se resolve com o despedimento de Lage. É assustador. 

O Benfica esteve interessado em Bruno Guimarães. O brasileiro seguiu para o Lyon. Esta semana foi o melhor em campo contra a Juventus. Acho que é mais por aqui que devemos reflectir do que sugerir a saída do treinador. 

Penso que não é preciso andar há 40 anos a ser eliminado anualmente, com dois anos de ausência, para saber reconhecer quando a equipa faz tudo para seguir em frente mas mesmo assim é derrotada por um adversário que foi melhor. 

Se a velha guarda que viveu os gloriosos anos 60 soube perceber isso em 1981 naquela meia final da saudosa Taça das Taças, este pessoal que foi hoje à Luz também devia conseguir. 

Shakhtar 2 - 1 Benfica: Para Resolver na Luz

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Que fase má do Benfica! A terceira derrota em quatro jogos sem ganhar é um ciclo horrível mas é preciso detalhar este resultado que pode não ser assim tão mau como a derrota anuncia. 

Tal como em Famalicão o empate foi muito melhor que a exibição e cumpriu um dos objectivos da época, voltar ao Jamor, hoje o Benfica deixou em aberto a resolução da eliminatória europeia para daqui a uma semana na partida da Luz.

Mas o momento não é bom. A equipa só reage a espaços e mete-se a jeito de ficar em desvantagem com facilidade. Um dos grandes mistérios do Benfica actual é a posição do Seferovic. É sempre a primeira escolha a ir a jogo e hoje foi a preferência para o ataque do Benfica. Em troca dá uma mão cheia de nada. Perto dele esteve Pizzi, ficando no lado direito Chiquinho e na esquerda Cervi. No meio Taarabt e Florentino que andaram numa montanha russa na primeira parte a acudir no espaço entrelinhas que o Shakhtar conseguia explorar com facilidade. 

O Benfica não conseguiu impor o seu jogo e acabou por ter que andar atrás do futebol da equipa de Luís Castro. 

O nulo ao intervalo era a notícia menos má. O 0-0 e a exibição de Odysseas que continua a ser determinante para agarrar a equipa em alturas em que parece tudo perdido. 

Na 2ª parte esperava-se uma atitude diferente do Benfica mas acabou por ser mais do mesmo. Os ucranianos ameaçaram, na 1ª parte até marcaram um golo anulado rapidamente pelo VAR, e aos 56' marcaram mesmo. Um passe para a baliza de Alan Patrick assistido por Marlos depois de uma jogada fácil do ataque do Shakhtar. 

Estranhamente, o golo fez bem ao Benfica e a equipa, finalmente, tentou jogar o seu jogo. E 10' depois chega ao golo numa jogada de insistência de Tomás Tavares e Cervi. Golo anulado e penalti visto pelo VAR e confirmado pelo árbitro por falta sobre Cervi. Pizzi aproveitou e empatou o jogo. De repente, o Benfica ficava por cima da eliminatória com a vantagem do golo fora. Era uma boa altura para tomar conta do jogo e tirar proveito da falta de ritmo competitivo do adversário. Mas não. 

Rúben Dias facilita incrivelmente na linha de fundo e Junior Moraes aproveita para dar o golo ao Kovalenko que fez o 2-1. Precisamente na altura em que Vinicius foi chamado e antes de Rafa ir a jogo. 

Curiosamente, o Benfica acaba por cima, a fazer pressão, a trocar a bola e a procurar atacar, o que levanta a questão sobre a atitude da primeira parte. Pareceu ser uma equipa demasiado passiva e na expectativa. 

Da Ucrânia o que de bom se traz é o golo de Pizzi, 1-0 na Luz basta para seguir em frente, mas o Shakhtar tem qualidade mais do que suficiente para marcar também em Lisboa.

Cabe à equipa mostrar em casa o que quer da Europa em 2020. Hoje viu-se muita hesitação nessa vontade. 

Eintracht Frankfurt 2 - 0 Benfica: Falta de Ambição Castigada

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Boas exibições, jogar bem, ganhar e convencer, nada disto pode ser um problema para o Benfica. Bruno Lage chegou à equipa do Benfica e ganhou no Dragão com exibição personalizada, encantou em Alvalade com um 2-4 que soube a pouco, voltou a bater o Sporting na Luz na 1ª mão da final da Taça de Portugal com um resultado demasiado curto para aquilo que a equipa jogou e deu espectáculo na Luz contra o Eintracht há uma semana, esteve perto do 5-1 e levou um traiçoeiro 4-2 para a Alemanha.

Ora, estes resultados juntam-se a outros menos mediáticos e devolveram aos benfiquistas o orgulho e o prazer de ver o Benfica jogar. Colocou o Benfica na rota do título, a Taça da Liga ficou marcada por uma arbitragem vergonhosa, deixou o Benfica às portas do Jamor e das meias finais da Liga Europa. 

Sempre a jogar ao ataque, com uma futebol ambicioso, com uma atitude conquistadora. 

Então, pergunto eu, porque raio se abdica dessa filosofia à Benfica em dois momentos chaves da época?! Em Alvalade, na 2ª mão da Taça de Portugal, fiquei com a clara sensação de falso conforto com uma vantagem mínima. Falharam-se oportunidades que podiam ter dado outro rumo, é certo, mas o pior foi a sensação de nos metermos a jeito. Isto, depois de dois derbys em que o Benfica não foi superior, foi muito superior! 

Agora em Frankfurt a mesma sensação. 

Houve uma pergunta na conferencia de imprensa antes do jogo da Alemanha que levantou a questão da gestão do resultado. Correu mal em Alvalade, teria servido de aviso para a Europa? Lage respondeu que não tinha comparação mesmo pelo espaço de intervalo entre os jogos das eliminatórias. Isto descansou-me, no sentido em que percebi que a lição estava aprendida. Por isto, quero pensar que a estratégia preparada para esta noite era ambiciosa e seria procurar marcar um golo ignorando a vantagem trazida da Luz. 

No papel via Félix na esquerda, Rafa na Direita, Seferovic no centro e Gedson pelo corredor central para desequilibrar. Ligeiramente diferente do que se viu na Luz mas parecia um plano válido. 

O problema foi perceber com o decorrer do jogo que a equipa ia abdicando de pressionar alto, de ter a bola e de procurar criar perigo. Foi um convite para o Eintracht tomar conta do jogo. A tal falsa sensação de controlo e conforto com uma vantagem curta. 

Volto então a dizer que depois de vermos o Benfica a jogar bem, a ser ambicioso e a mostrar vontade de vencer nos estádios dos maiores inimigos da sua história, fica muito complicado de entender esta apatia.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo.

Tem sido tudo tão rápido que não podemos esquecer que esta equipa técnica só lidera o futebol do clube há pouco mais de três meses. Não sei se estas hesitações estão ligadas a tão prematura experiência mas é estranho ver que tudo o que queremos do futebol do Benfica pode ser bem feito contra as equipas mais temidas do nosso calendário e depois se caia numa vulgaridade surpreendente. 

A formula já está descoberta, rapazes! Entrar para ganhar, ter atitude ambiciosa, jogar bem e lutar por uma vitória em cada jogo. Tal com já fizeram em, quase, todos os jogos. 

É que esta exigência dos adeptos clube não é só um capricho arrogante. Esta exigência vem da gloriosa história do clube que tem muitas, demasiadas, noites de infelicidade marcantes. Os benfiquistas quando exigem que a equipa jogue sempre como jogou no Dragão ou em Alvalade para a Liga, por exemplo, é porque sabem que só assim ficam a salvo das maiores injustiças e infelicidades que o futebol tem para oferecer. 

O Benfica acaba eliminado nos 1/4 de final da Liga Europa sem ter sofrido mais golos do que marcou. Sai vitima de uma regra que daqui a uns meses já não estará em vigor. Daqui a uns anos vamos figurar como um dos últimos clubes afastados pela regra do golo fora da UEFA. Um sabor amargo que já vem daquela noite com o Dukla na Luz. Na nossa história figura também a última decisão europeia de apurar uma equipa por moeda ao ar. Passou o Celtic. Como se vê, não nos podemos colocar a jeito destas infelicidades.

Mesmo porque a tudo isto junta-se os famosos casos de arbitragens. Já deixámos de ganhar uma Liga Europa por causa de uma arbitragem terrível em Turim. Mas, lá está, se tivéssemos concretizado uma das muitas oportunidades teríamos sido tão felizes contra o Sevilha. 

Hoje custa mais engolir o golo que abriu o caminho para a reviravolta dos alemães. Perto do intervalo nenhum dos elementos da equipa de arbitragem consegue ver um fora de jogo tão óbvio que o próprio Kostic antes de ir festejar olhou duas vezes para o árbitro auxiliar. Isto numa prova organizada pela UEFA que passou o dia a elogiar o desfecho do louco jogo da véspera em Manchester. E bem. Por muito que tenha custado a Guardiola, o 5-3 foi bem anulado pelo VAR que viu Aguero em posição irregular. É muito complicado de entender que 24 horas depois seja possível uma equipa chegar à vantagem com um golo ilegal. Isto num jogo disputado entre dois clubes já habituados a conviver com o VAR nas suas ligas. Mais uma vez, vamos ficar ligados a um momento de injustiça. 

Estes são os factos de uma noite em que tudo o que podia correr mal, correu. E não foi por falta de aviso. Foi dito e repetido que o ambiente em Frankfurt era fervoroso, que a equipa alemã tinha dignos argumentos e que não se podia facilitar com uma vantagem de um golo e meio. Mais uma vez, ficou a sensação que a equipa do Benfica não se importava de passar com uma derrota por 1-0. Noites de sofrimento e resistência épica acontecem pouco porque acabam traídas por golpe de sorte, de azar, de uma má decisão do árbitro, de uma falha ou seja lá o que for. Noites como aquelas de Turim contra a Juventus são raras.

Ser afastado do sonho europeu pela regra do golo fora, por ausência de VAR e com a sensação que não somos inferiores ao sobrevivente alemão nas provas europeias só é superado em termos de agonia pela tal falta de ambição que todos sentimos. 

Sim, porque andar na Europa no mês de Abril também não pode ser um problema. A carreira europeia no Benfica não pode ser vista como uma chatice. O Benfica também se fez grande por todo o respeito que conquistou na Europa. 

Repito que esta equipa técnica só tem cerca de 3 meses de trabalho com esta equipa. Admito que haja hesitações, erros de avaliação e até erros do treinador. Isso não tem problema. Os últimos dois treinadores do Benfica tiveram ciclos de trabalho muito longos onde puderam errar à vontade. Não exijo a perfeição a Lage ao fim de 3 meses mas garanto que estou intrigado com esta forma de abdicar nas provas a eliminar daquela filosofia tão maravilhosa que nos voltou a colocar na liderança do campeonato de forma quase milagrosa. 

No fundo, não estava a pedir nada de mais para esta noite. Apenas e só que percebessem que o resultado da Luz era traiçoeiro e por isso teríamos de começar tudo de novo na Alemanha e voltar a fazer uma exibição igual ou, pelo menos, ao nível do que costumamos fazer na Liga. 

Fica este amargo de boca de falharmos as meias finais europeias. Que seja uma obsessão do clube chegar lá o quanto antes, é o que peço. 

Sobram as cinco finais do contra relógio do campeonato. Pronto, agora não há mais distracções, nem desculpas, nem tentações. Façam com que as exibições do Dragão e de Alvalade para a Liga não caiam no esquecimento. 

Rumo ao título e que para o ano não se hesite nas Taças nem na Europa. 

Benfica 4 - 2 Eintracht Frankfurt: Euro Félix !

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Apetece-me agradecer. Obrigado, Benfica por uma magnifica noite de futebol. De futebol de ataque, com espaço para pensarmos o jogo, com tempo para analisarmos o adversário e percebermos como podemos ultrapassá-lo. Que noite de futebol na Luz. Que jogo do João Félix! Que prazer que foi viver esta partida, antes durante e depois. 

Quem diz que estes jogos não interessam e que quanto mais depressa o Benfica ficar de fora da Europa, melhor é para a equipa, é porque não conhece o clube. Estas é que são as noites do Benfica. 

Vão lá perguntar a um adepto do Eintracht o que achou dos golos do Félix no Dragão e em Alvalade. Não vão responder. Sabem porquê? Porque lá fora sabem mais de um tal de Rui Pinto do que do João. O nosso campeonato não tem expressão no estrangeiro e a imagem que o futebol português tem transmitido para o exterior é de uma lixeira a céu aberto. Por isso, só hoje é que a Europa descobriu, verdadeiramente, o que vale o puto Félix. 

O Eintracht é a única equipa alemã nas provas da UEFA em Abril. O mediatismo germânico está todo à volta deste duelo com o Benfica. Fazer 4 golos ao Eintracht faz mais pelo prestigio internacional do Benfica numa noite do que 10 vitórias em Santa Maria da Feira com os mesmos 4 golos marcados. É esta a realidade. Com a vantagem de que a seguir ao jogo ninguém vem falar de árbitros, VAR e afins. 

Quem não percebe que estamos a 3 jogos de voltar a fazer história na Europa gosta do clube errado. Por outro lado, quem julga os adversários apenas e só pelos nomes também precisa de se actualizar. Esta equipa alemã é uma das revelações do futebol europeu desta temporada. Hoje mostraram os argumentos que validam esta teoria. Fortes ao nível atlético e físico, duros, com a ideia jogo assimilada e uma grande vontade em marcar golos, este Frankfurt é uma bela equipa de futebol.

Recebi várias mensagens indignadas com o "11" escolhido por Bruno Lage. Li comentários devastadores nas redes sociais sobre a equipa do Benfica. 

Os anos passam e o pessoal não aprende. Há muitas maneiras de pensar o jogo. O facto da escolha não ser óbvia não significa desprezo ou desistência de nada.Pede-se compreensão, respeito e calma. Em vez disso, os adeptos parecem entrar numa espécie de suicídio colectivo baseado num "11" que não esperavam. 

E no final, na conferência pós jogo está lá tudo explicadinho. O Seferovic ficou de fora para evitar haver uma referência óbvia para a defesa, o Gedson entrou para desiquilibrar no jogo entrelinhas e ligar o jogo, Bruno Lage percebeu o desenho táctico do adversário e as consequências de jogar com uma defesa de uma linha de três e reinventou o ataque do Benfica. Mais mobilidade, três jogadores na linha da frente, Rafa, Cervi e João Félix e reforçar o meio do campo onde o adversário é muito forte. 

A desconfiança deu lugar à euforia, o Benfica chegou ao 1-0 de penalti e com expulsão para adversário. Só que os alemães não se retraíram. Em vez de recuar 10 metros, tirar um avançado e lançar um defesa, o Frankfurt manteve-se equilibrado e com a mesma ideia de jogo. Um risco que lhes valeu o empate por Jovic, inevitável. 

Félix inventou uma vantagem antes do intervalo, num grande golo, que moralizou a equipa, apesar do susto do 2-2 anulado mesmo em cima do intervalo.

O Benfica sentiu que podia marcar mais e rapidamente chegou ao 4-1.

Um resultado tão bom que devia ter levado a luz à loucura e não aconteceu. 

Seferovic podia e devia ter acabado com a eliminatória quando falhou o 5-1. Kevin Trap fez uma enorme defesa, diga-se.

Assim, de um resultado confortável passou.se para um 4-2 traiçoeiro e incómodo para o jogo da 2ª mão.

O pior ficou para o fim, com o jogo sempre partido, sempre aberto, com ambas as equipas a tentarem surpreender, o Benfica optou por gerir a posse de bola. Pois, houve uns milhares de benfiquistas que resolveram assobiar a equipa nesse momento do jogo levando Bruno Lage ao desespero.

Quem não entendeu o que se passou na Luz, a riqueza táctica do jogo, a exibição colectiva superior do Benfica, a noite individual de Félix, Gedson e Samaris, a importância da vitória, a qualidade dos golos, a necessidade de posse de bola, não merece o privilégio de viver estas noites europeias. 

4-2 é curto para Alemanha? Pode ser, sim. Mas o Benfica pode marcar em Frankfurt e fazer a sua história. 

Aconteça o que acontecer, esta noite já ninguém me tira.

E acabar a noite no Edmundo, em Benfica, a jantar e a conviver com adeptos alemães do Frankfurt, não há dinheiro nenhum que pague. Quando ganhamos internamente sentimos apenas e só um alivio. Vamos jantar e temos que nos esforçar para não sabermos o que se diz nas lixeiras transformadas em canais interessados em futebol.
Ganhar na Europa é outra coisa. 

Grande noite europeia que se viveu na Luz! 

Benfica 3 - 0 Dinamo de Zagreb ( após prolongamento ): Remontada Arrancada a Ferro

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Vou começar pelo fim. Como reza (quase) sempre a tradição nos jogos na Luz, a ceia aconteceu no Edmundo, em Benfica. Até aqui nada de novo. Uma noite feliz, amigos contentes, conversa prolongada e horas de sono perdidas à mesa. No regresso a casa a surpresa de ter este cachecol vintage bem dobrado em cima da mota.

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Ou foi uma simpática oferta de um benfiquista, hipótese muito remota, ou alguém se esqueceu dele depois de ter ficado a prolongar a conversa à porta do restaurante. Seja como for, fica bem entregue e passará a acompanhar-me. 

Voltando ao principio, ou até ao pré jogo. Cheguei a ler e ouvir que o melhor era cair já hoje para não termos mais que nos distrair do objectivo do campeonato. 

Eu respeito todas as opiniões mas não me podem pedir que concorde com isto. Já o escrevi aqui no blog noutros anos e hoje repito, para mim o Benfica tem de andar nas provas da UEFA até Abril, isto é o mínimo dos mínimos. Quem não entende isto não percebe que o Benfica ganhou o prestigio que tem ganhando na Europa. Uma época normal do Benfica tem que ter jogos das provas da UEFA até Abril, pelo menos. Depois, há as excepções. Um sorteio complicado, uma eliminatória infeliz, uma fase de grupos atípica, enfim, algo justificado para ser uma excepção. Este tem de ser o objectivo, o que é completamente diferente de dizer que o Benfica tem obrigação de eliminar sempre toda e qualquer equipa que apareça pela frente desde que não se chame Real, Barça, Bayern, Manchester ou Juventus. São assuntos diferentes e bem perceptíveis.

Dito isto, é óbvio que o Benfica tinha que eliminar o Dinamo de Zagreb. Era essa a sua obrigação de acordo com o seu historial. Podia custar mais ou menos mas tinha de seguir em frente. 

Custou mais. Bruno Lage manteve-se coerente com a aposta em jogadores menos rodados, renovou a ala esquerda e a dupla de ataque e foi à luta. Teve que chamar reforços do banco, Jonas, Grimaldo e Félix, para conseguir ultrapassar um bem organizado Dinamo que veio disposto a defender o 1-0 da Croácia. Demorou mas o Benfica conseguiu anular a desvantagem, por Jonas, e foi preciso prolongamento para carimbar a passagem aos 1/4 de final da Liga Europa. Pizzi e Rafa fizeram um jogo incrível, e Ferro merece todos os elogios da noite. Fez um golaço que consumou a reviravolta na eliminatória e defensivamente foi um esteio. 

Um apuramento justíssimo e muito importante para que o clube recupere a sua posição europeia. 

 

Houve desgaste? Sim. O treinador terá que fazer alterações para Moreira de Cónegos? Claro que sim. Mas a vida do Benfica tem que ser esta. 

Eu não sei como é que algum benfiquista consegue ser tão racional e objectivo que ao ver a bola rolar numa noite europeia começa a desejar que o jogo corra mal para a equipa ser eliminada e não ter que se esforçar mais até Maio. Eu não consigo pensar assim. Aos 10 minutos já estou desesperado por ver o tempo passar e ainda estar em desvantagem na eliminatória. Talvez sejam traumas de juventude. Daquela noite com o Dukla. Daqueles anos com o Bastia ou o Halmstad, ou talvez até seja daquelas épocas em que não fomos à Europa. Para mim, é impensável torcer para o Benfica sair de competição nas provas da UEFA. 
Foi uma grande noite europeia, à Benfica! Em frente é o caminho. O cansaço físico é superado pela moral vitoriosa psicológica.

Dinamo Zagreb 1 - 0 Benfica: Para Rectificar na Luz

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Foi, claramente, a exibição menos interessante do Benfica de Bruno Lage. Há vários factores que podem explicar esta derrota e o resultado negativo.

Quando se fazem opções claras e todos ficam confortáveis com os riscos corridos, então não há que dramatizar muito. Contextualizando este desafio, é preciso perceber que o Benfica vem do ponto mais alto da época, foi ao Porto roubar a liderança ao rival no campeonato, e precisa confirmar essa liderança na próxima 2ª feira contra a SAD do Belenenses que está num bom momento e venceu o Benfica na primeira volta. 

Assim sendo, Bruno Lage optou por ir a jogo sem André Almeida, Samaris, Rafa e Pizzi. Manteve a dupla da frente e tentou garantir as boas dinâmicas com as presenças de Gabriel, da dupla da frente e do quarteto defensivo, que só teve Corchia como novidade. Ficou a ideia que o Benfica assumiu na Croácia que esta eliminatória é para decidir na Luz. 

No entanto, o balanço final desta primeira parte do duelo com o Dinamo deixa sinais preocupantes. Desde logo a lesão de Seferovic que acabou por afectar toda a manobra ofensiva do Benfica. A partir daqui Bruno Lage teve que ir improvisando. Puxou Gedson da direita para o meio, lançou Cervi, recorreu a Rafa e a Zivkovic. Nenhuma das opções resultou em melhorias dentro campo. Krovinovic foi titular e não aproveitou a aposta, demasiado ansioso e perdido nas movimentações da equipa. Aliás, pareceu-me que o grande problema do Benfica foi mesmo posicional, demasiados jogadores fora das zonas de decisão e dinâmicas perdidas. 

Rúben Dias teve um momento infeliz que marcou o jogo, fez penalti e Petkovic fez o resultado. 

O Benfica teve uma oportunidade por Grimaldo, bom passe de Gabriel e João Félix a deixar passar mas foi a excepção numa noite cinzenta. 

Hoje a equipa não correspondeu ao que foi pensado para o jogo, o Dinamo fez o seu jogo, confirmou a qualidade que tem com bola e sem bola.

O resultado de 1-0 em provas europeias é muito traiçoeiro. Se os croatas marcarem na Luz a tarefa fica muito complicada. Mas o Benfica de Bruno Lage tem mostrado uma capacidade goleadora que dá esperanças para uma reviravolta na próxima semana. Terá de ser um Benfica de campeonato nacional, não poderá voltar a repetir esta versão alternativa de lado b

Fica a eliminatória em aberto, tal como o treinador do Benfica previu antes do jogo mas agora a margem de erro do Benfica é muito curta.

Há alguém que não acredite na remontada na Luz?

Benfica 0 - 0 Galatasaray: Apuramento Tranquilo

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Os ciclos no futebol são engraçados. Bem, na verdade, este ciclo no futebol do Benfica é engraçado. A plateia da Luz fica logo mais tolerante e compreensiva com os contextos das competições. Isto a propósito deste 0-0 desta noite. 

Apareceram cerca de 50 mil benfiquistas na Luz, o que é assinalável se pensarmos que há uns anos era complicado meter mais de 30 mil nos 1/4 de final com o PSV, por exemplo. 

A equipa foi acarinhada de principio ao fim, não houve impaciência, assobios, nem debandada. Nas bancadas percebeu-se que este jogo era a segunda metade de um duelo que o Benfica teve sempre controlado, nunca esteve em desvantagem na eliminatória, e que era o Galatasaray que tinha a responsabilidade de fazer golos. À partida, tudo isto parece absolutamente normal mas nem sempre é assim.

Recordemos aquela noite europeia com o Bordéus para a Liga Europa. Era a primeira mão e o Benfica vencia por 1-0. Sem conseguir fazer mais golos, o Benfica tentou gerir o jogo de maneira a garantir que não sofria golos, o que era importante para a viagem a França. A plateia da Luz, exigente, não perdoava a posse de bola sem criar perigo e os jogadores foram brindados com fortes assobiadelas. Tinha tudo a ver com o ciclo. 

Quando há esta confiança na equipa e no trabalho da equipa técnica, a compreensão é evidente. O jogo estava perto do final e ouvia-se o estádio a cantar pelo Benfica e até houve uma coreografia com luzes de telemóveis a iluminar as bancadas. Percebeu-se que havia uma necessidade da parte dos adeptos em mostrarem que estavam com a equipa e que entendiam o nulo, o primeiro da era Lage. 

Isto dá conforto à equipa. É verdade que hoje o Benfica não foi eficaz na finalização mas chegou a construir jogadas de ataca promissoras e vistosas. Florentino estreou-se a titular na Luz e encantou todos com uma exibição excelente.

Há um jogo muito importante com o Chaves e isso explica a tentação em ir controlando o jogo, a eliminatória e o tempo que corria favoravelmente. 

Foi um apuramento tranquilo, natural e entusiasmante para a próxima eliminatória. 

Entretanto, porque o Benfica também é isto, uma história à parte. Na 2ª feira na Vila das Aves, antes do jogo, conheci um benfiquista que quis partilhar a sua dedicação ao clube. É do norte e foi emigrante na Suíça até há pouco tempo. Agora que voltou, disse-me que o maior objectivo de vida é estar presente em todos os jogos do Benfica porque foi o que mais lhe custou no estrangeiro, não ver o Benfica ao vivo. Prometeu que ia à Luz ver a Liga Europa e levava chocolates da Suíça para o pessoal da BTV. E hoje entregaram-me mesmo um apetitoso e grande chocolate Denner - avelãs. Muito obrigado, isto também é o Benfica, generosidade, bondade e agradecimento.

 

 

Galatasaray 1 - 2 Benfica: Amor é Isto!

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Dá-me ideia que o Galatasaray vai protestar o jogo porque já percebeu toda a marosca que o Benfica anda a fazer nas diferentes competições. Depois de ter dado 10 ao Nacional porque os jogadores de Costinha, esse insuspeito e assumido anti-benfiquista, facilitaram, como ficou expresso pela metade da sociedade portuguesa não benfiquista, hoje o Benfica desenvolveu um plano terrível para vencer pela primeira vez na Turquia. Bruno Lage resolveu lançar uma equipa de crianças, Baby Benfica, segundo a crónica da Marca, para baralhar os turcos. Os jogadores do Galatasaray estavam todos desconcentrados a pensar nas namoradas abandonadas em plena noite de São Valentim. Os putos do Benfica nem sabiam que dia é que era porque , a maior parte deles, nem idade tem para namorar, daí estarem focados em jogar e ganhar. Lamentável, meus caros. Assim, não. Isto não é o meu Benfica. Sempre a inventarem artimanhas para vencer injustamente.

 

Noutra dimensão, vi muita gente preocupada com o facto do jogo atrapalhar o programinha de dias dos namorados. Também vi muito pessoal preocupado com a convocatória para este jogo. Os mesmos que criticaram a falta de rotação antes do Nacional, agora entraram em pânico com as ausências de Grimaldo, Pizzi, Jonas, Fejsa, Jardel, etc... O Benfica não é um clube fácil.

Voltando à malta que vacilou entre ver o Glorioso e o programa de São Valentim, é nestes dias que podem resolver as vossas vidas pelo melhor. Se ouviram o vosso homem ou a vossa mulher a largar questões do género "o Benfica é mais importante do que eu?", então é porque o futuro não é risonho. 

O Benfica não tem comparação, nem é um amor de São Valentim. O Benfica é vida. Mas é vida hoje, que vive uma fase empolgante, como já era no dia 14 de Fevereiro de 2000. Nessa noite, jogámos em Setúbal, numa 2ª feira à noite, e houve quem tivesse a lata de convidar a namorada para jantar nos arredores do Bonfim. E ver o jogo, claro. Relembro só o contexto dessa partida: menos de três meses antes, levámos 7 em Vigo, curiosamente nessa altura ninguém desconfiou de nada. Menos de um mês antes, o Sporting eliminou o Benfica na Luz para a Taça de Portugal, 1-3. E mesmo assim, nesse dia dos namorados de 2000 houve quem achasse mais importante arranjar maneira de arrastar a namorada para as bancadas do Bonfim, do que ir namorar tranquilamente sem viagens Lisboa - Setúbal - Lisboa. Porque o Benfica é maior que qualquer amor. Não é uma opinião é um facto. Portanto, o segredo nunca é comparar, nem ter que optar entre ver o Benfica e um jantar romântico. O segredo é encaixar o amor no meio da existência do Benfica. E nem vale a pena cederem só uma vez porque a médio / longo prazo isso vai acabar. Ou acham que ao abdicarem de ver hoje este regresso à Liga Europa para brilharem num restaurante da moda, com ambiente fofinho vai superar o facto de não terem visto em directo e com atenção a estreia do Florentino a titular do Benfica? Ou a tranquilidade com que Odysseas cresce na baliza? Ou a comovente dupla Ferro - Dias com Corchia recuperado e Yuri a provocar o penalti que Salvio aproveitou? Ou o enorme jogo que Gedson fez, tanto ao meio como na direita, a entrega do Cervi e mágica dupla atacante Seferovic - Félix? 

Acham que algum dia vão perdoar a vossa cara metade que fez beicinho e chantagem só para se sentirem mais importantes que o Benfica? Não vão conseguir. 

Só há um tipo de casais felizes, os que aceitam a existência do Benfica com todo o respeito e com toda a naturalidade. Os que aceitam que o papel mais importante na vida do parceiro ou parceira é aquele espaço temporal que acontece entre o final de um jogo e o começo do próximo. E, caramba, é muito tempo útil para namorar, não me lixem! 

Não se enganem a vós próprios, encontrem o vosso par perfeito, porque a escolha mais difícil e acertada da vossa vida já está tomada, é serem do Benfica. E isso é um privilégio que é preciso saber dignificar. 

É mais fácil do que parece. E olhem para os que não são deste maravilhoso clube, vejam na insanidade mental gradual em que estão a cair. Nós estamos no bom caminho. Pensem nisso.

 

Balanço da "Vergonha" Europeia do Benfica

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 Uma semana depois já podemos fechar as contas europeias das equipas portuguesas nas provas da UEFA em 2016/17.

Uma breve passagem pela imprensa nacional e percebemos logo o que é importante e que conclusões podemos tirar nesta última semana com clubes portugueses em competição.

O Benfica caiu aos pés do Borussia Dortmund sendo a vergonha de Portugal. Uma eliminatória que serviu de pretexto para se abrirem várias frentes de discussão que visam colocar a nu a falta de qualidade do futebol do Benfica, a duvidosa qualidade do plantel e a competência de quem treina a equipa.

Como escrevi na minha crónica de Dortmund, até muitos benfiquistas se sentiram envergonhados com este duelo europeu.

 

Vamos, então, a factos e às contas finais.

Com o desempenho dos clubes portugueses esta época na Liga dos Campeões e na Liga Europa ficamos a saber que brevemente perdemos uma vaga na Champions. Só o campeão nacional tem presença garantida na prova maior, o 2º classificado do campeonato sujeita-se a um playoff e o 3º segue para a Liga Europa.

Para este triste desfecho deve ter contribuído o 4-0 de Dortmund e as pobres exibições contra Nápoles além dos pontos conquistados contra Dinamo de Kiev e Besiktas.

A carreira europeia do Benfica boicotou o excelente contributo de equipas como o Sporting que somou pontos muito valiosos das soberbas exibições contra Real Madrid e Borussia Dortmund. Pontos tão importantes como a superioridade teórica sobre o Legia e aquela ausência leonina da Liga Europa.

Também o Braga esteve impecável nos seus contributos europeus.

Portanto, devemos culpar o Rio Ave e o Arouca pelas saída prematuras, e Benfica e Porto por não terem ganho a Liga dos Campeões.

Para que fique registado, só nestas últimas duas épocas, o Benfica fez 39 pontos em 18 jogos. Coisa pouca comparando com os 29,5 do Porto e os extraordinarios 14 do Sporting!
Portanto, aqui a culpa também é do Benfica.

 

Posto isto, vamos à comparação de reacções com os diferentes desfechos na Champions League.

A saída do Benfica, já se sabe, foi um desastre. Já a do Porto foi incrivelmente digna. Conseguiram só perder por 1-0 em Turim. Ena, quanta dignidade.

O Porto esteve quanto tempo por cima da eliminatória com a Juventus? Ah, não esteve.

E esteve dentro da discussão da eliminatória quanto tempo? Foi só até os italianos fazerem dois golos no Dragão na primeira mão.

O Buffon sofreu imenso neste duplo confronto. Até ponderou pagar a taxa turística no Porto pelo passeio.

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Então, o Porto é afastado num total de 3 golos negativos de diferença, certo? Em dois jogos dos 1/8 de final da Champions somou aproximadamente zero euros de prémios da UEFA.

Ah! Mas jogou quase sempre em inferioridade numérica por expulsões dos seus jogadores. No Dragão o comentador Freitas Lobo achou a expulsão  uma injustiça e no jogo de Turim Bruno Prata não percebeu bem porque é que o Casillas não pode ser substituído por um defesa direito.
Eu entendo, afinal o Porto tem feito todo um campeonato nacional em que a maior parte dos jogos acaba em superioridade numérica, é um conceito que na Europa os deixou baralhados.

 

Já o vergonhoso Benfica atreveu-se a ganhar um jogo que lhe valeu somar 1 milhão e meio de euros. O Benfica esteve mais de meia eliminatória em vantagem e mais de jogo e meio contra o Dortmund na luta pela passagem aos 1/4 de final. Depois, dois golos seguidos deram vantagem aos alemães que acabaram por seguir com naturalidade. Mas, repito, foi mais de jogo e meio com o resultado nivelado.

Perdeu-se dentro de campo mas nas bancadas os adeptos do Benfica golearam. Está bem mas o que isso interessa? Nada. Os outros também deram show e são falados na imprensa.

Ainda ontem se ouviu os adeptos portistas em Turim a apoiar a sua equipa. Como? Saltando e cantando alegremente ao som de "E quem não salta é lampião". Que brilhante apoio à equipa, como referiu um dos narradores que acompanhava a emissão na televisão. Hoje nos jornais também se pode ler que os adeptos azuis atacaram a sede da claque da Juventus. Bem digno. E no pouco que ouvi do relato na Antena 1 falava-se do lançamento de petardos para a bancada dos italianos.

Ora bem, isto comparado com aqueles cânticos de "Benfica, o amor da minha vida" ou "Amo o Benfica", mostra a diferença de cultura dos dois clubes. Por mim, estou bem assim.

 

Finalmente, temos notáveis adeptos do actual campeão europeu de clubes, o Sporting. Título ganho pela enorme exibição de 88 minutos, em espanhol já sabem como se diz, da equipa em Madrid.

Do alto da sua moralidade europeia, riem-se de uma eliminação nos 1/8 de final da Champions. Do alto da sua enorme experiência europeia qualificam uma derrota na Alemanha com gozo. Do alto da sua sabedoria, fazem piadas por se ser eliminado com o Borussia Dortmund.

Logo eles que este ano tiveram oportunidade de mostrar ao mundo como é que se ganha aos amarelos. Quer dizer, perderam as duas vezes mas jogaram muito melhor, claro. Num dos jogos nem levaram com o Aubameyang e apanharam o auge de lesões de Tuchel, não fizeram um pontinho mas foram muito melhores, como é apanágio deles.

O Benfica ainda lhes ganhou um joguinho mas não chega para disfarçar a vergonha que é.

Os adeptos verdes que gozam de um estatuto único na europa do futebol, estão em pré época desde o natal e aproveitam para brincar às eleições, ao melhor marcador e preparam com o afinco habitual a nova época, acham que devem apontar o dedo a quem envergonha o futebol português:

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Ok, quero pedir desculpa ao Doutor e a todos os outros que se sentem assim. Se não fossem os pontos daquela Taça das Taças o Benfica nem à Europa ia, eu sei.

 

Por tudo o que argumento aqui, desejo mais do que nunca que o Benfica entre na tal liga europeia de clubes rapidamente. Estou farto de ser de um clube que envergonha o meu país.
É deixá-los a jogar uns contra os outros e nós vamos à nossa vida. É que o Porto na época passada caiu com o mesmo Borussia que, entranto, ganhou dois jogos ao Sporting. E há pouco tempo a Juventus caiu em casa a um jogo da sua final europeia caseira contra um clube português que acabou a jogar com 9 em Turim.